Em matéria de Educação foi um tempo de continuidade. Ao mandato de falsa e negociada pacificação das escolas de Isabel Alçada seguiram-se os meses de adaptação de Nuno Crato ao lugar, com meias medidas, a maior parte delas na sequência do passado mais ou menos recente.

No estatuto de carreira, no modelo de avaliação, na reorganização da rede escolar, nos concursos, mesmo na reforma curricular procuraram-se soluções não muito agressivas mas que pouco se distinguiriam de um qualquer governo cujo projecto para a Educação fosse conter custos. Apenas a revogação do documento sobre as Competências do Ensino Básico e uma investida sobre as Novas Oportunidades, tudo já em final de ano são medidas com uma marca mais específica e coerente com o discurso anterior de Nuno Crato.

Mas ficam muitas dúvidas sobre o futuro e a perturbação é incontornável num sector fustigado por um conflito permanente desde 2005. Não há reformas de sucesso na Educação sem a colaboração de todos os actores em presença. Enquanto tivermos um CNE a atribuir sempre o ónus do insucesso aos professores e quase nunca às famílias e alunos, enquanto tivermos grupos de opinião ligados ao Governo a fustigar os professores ao mais pequeno pretexto e enquanto o MEC se limitar a declarações de circunstância, sem uma clara solidarização pública, as escolas e os professores são têm forma de recuperar a confiança arrasada ao longo de anos na tutela. Quanto muito tentam agarrar-se a fios de esperança que quase todos sabemos serem ilusórios.

Apesar disso resta uma capacidade estranha de trabalho e resistência numa classe profissional que os meninos de gabinete e task -force ou think-tank insistem em apresentam como acomodada e conservadora.

Ficam aqui apenas dois exemplos, entre muitos possíveis, acumulados ao longo do ano.

Num caso é um relatório de autoavaliação que ousa ir além do figurino e no outro o caso de uma escola que insiste em apresentar resultados muito acima da média na poreparação dos seus alunos.

Anexo: Ficha de auto-avaliação 1-2-3 ciclos