Os Custos Comparados da Educação – Público/Privado
Posted by Paulo Guinote under
Educação,
Público/Privado,
Prestação De Contas
[37] Comments
Boas Paulo,
Sobre um assunto que está na berra, a IGE disponibilizou o relatório de auditoria a algumas escolas privadas (11 de um total de 93) com contratos com o ME. Anexei-o ao email. Interessantes são também os despachos (acede-se a eles através do relatório) que regulam o financiamento das escolas privadas, substancialmente mais vantajoso que o financiamento das públicas, por exemplo, quantas mais actividades extra curriculares tiverem maior é o financiamento, nas públicas tenham 0 ou 20 actividades não recebem nada por isso. Para comprovar esta desigualdade anexei também o relatório de contas de um agrupamento de escolas de Cascais (disponibilizado no respectivo site).
Destaco alguns excertos:
Em 60% dos EEPC da área de influência da DREN foram registadas desconformidades associadas ao processamento de salários de pessoal docente, decorrentes de erros no cálculo do tempo de serviço e consequente efeito, quer na progressão, quer na aplicação do correspondente nível remuneratório, em desrespeito pelo articulado do Contrato Colectivo de Trabalho do Ensino Particular e Cooperativo e respectivos anexos. (pág. 22)
Em 20% dos EEPC da área de influência da DREN, as horas de bonificação para o desempenho de funções pedagógicas foram incorrectamente atribuídas, por estas não se encontrarem justificadas em conformidade com o projecto específico de cada escola.
Em 10% dos EEPC da DREN procedeu-se ao abono do salário ao director pedagógico, desrespeitando os termos em que o mesmo se deverá processar. (pág.22)
Em 10 dos 11 estabelecimentos de ensino existia psicólogo(a), contudo, em 2 destes observaram-se desconformidades relativamente ao cálculo da remuneração.
(pág.22)
O custo médio dos alunos que frequentaram os estabelecimentos de ensino auditados foi de €4.469,34. (pág. 26) [Repara que no agrupamento público que te mostrei como exemplo o custo por aluno foi de € 3.979,79 (pág. 3)]
– – – – – – – – – – – – –
Parece-me evidente a desigualdade de financiamento entre escolas públicas e privadas,com vantagens para as últimas. As segundas quanto mais “autonomia” usarem e mais “criativas” forem mais recebem, não precisando de recorrer a receitas próprias, as primeiras recebem dinheiro para os salários, para a água, para a luz… para o resto que vendam rifas e que recorram aos pais.
Abraço,
D.A.
Anexos:
Novembro 25, 2010 at 1:57 pm
Então o post dos QUINZE milhões?
Parabéns ao Paulo e a todos os umbiguistas!
Novembro 25, 2010 at 2:46 pm
Olha aqui estão umas contas que me interessam. Tenho uma caixa de comentários onde se prega exactamente o contrário, e bem me parecia que era um dogma de fé.
Novembro 25, 2010 at 3:23 pm
E depois vêm-me com a treta que o ensino privado é muito melhor e mais barato que o público. Estou farta de ver comparar alhos com cebolas…
Novembro 25, 2010 at 3:24 pm
[…] This post was mentioned on Twitter by Luis Azvdo Rodrigues, Paulo Guinote. Paulo Guinote said: Os Custos Comparados da Educação – Público/Privado http://bit.ly/eKpZzx […]
Novembro 25, 2010 at 3:27 pm
Alhos e cebolas só para o carapau de escabeche…
Ou para um refogado.
Cada um no seu lugar como o previsto. Dá, muito bem, não dá, congela-se. Maravilhas das novas tecnologias… Como jovem atalanticista, gosto muito de pexe.
Novembro 25, 2010 at 3:58 pm
Não sendo neo-liberal, nesta situação apetece-me sê-lo: o que é privado é privado, o que é do Estado é do Estado.
Assim não me importo de exercer uma actividade privada, pois não corro riscos, já que o Estado me protege as costas. As escolas privadas devem exclusivamente funcionar à custa das mensalidades dos respectivos alunos, excepto se na sua área, ou melhor perto da sua área, não existir oferta de ensino público.
POr isso compreendo assim muita indignação do lobby ensino privado em Portugal, quanto aos cortes orçamentais dos quais foram alvo.
Novembro 25, 2010 at 4:01 pm
15 milhões!
Parabéns Paulo e já agora muitas felicidades para ti e LONGA VIDA PARA O UMBIGO.
Novembro 25, 2010 at 4:30 pm
Mais uma vez caímos no domínio obscuro das estatísticas.
Se em média nada há a dizer (domínio da abstracção pura), já quanto a casos concretos o caso muda de figura.
Porque existem muitos aldrabões no domínio das IPSS e Particular/Cooperativo, isso não quer dizer que todas sejam uma fraude e que o custo de aluno saia mais caro em todas elas.
Isso é falso e recorre ao argumento falacioso usado pelo governo para fazer politiquice e para castigar o justo pelo pecador.
Façam inspecções, punam os corruptos e fechem as instituições que não cumprem com a lei.
Novembro 25, 2010 at 4:52 pm
#8
Uma coisa é certa, anda aí muito privado financiado pelo estado que não o deveria ser.
Primeiro, porque se é privado quem lá quer andar tem mais é que pagar do bolso, pois está a rejeitar colocar os filhos na escola pública. Ou seja, está a rejeitar a oferta gratuita do estado.
Segundo, porque é discrimatório para as famílias que não têm um privado à borla ali à mãe de semear. Se uns têm privado à borlix, porque não podem ter os outros também se afinal também pagam as contas desses privados?
Terceiro, porque é estúpido o estado andar a financiar duas escolas com o mesmo serviço.
Novembro 25, 2010 at 4:53 pm
à mão de semear…
Novembro 25, 2010 at 5:01 pm
[…] umas achas para a fogueira, no blogue do Paulo Guinote. Eu sei que os dogmas de fé não se discutem, como o temos feito nesta casa, mas não custa nada […]
Novembro 25, 2010 at 6:05 pm
Então o privado é negócio, ou não é?
Se é negócio, porque é que eu tenho de pagar o negócio de cada um?
O dono do café da minha rua também pede pedir subsídio para o preço da bica?
Novembro 25, 2010 at 6:21 pm
Conheço umas contas de merceiro parecidas…
Alguém me explica onde para a verba das amortizações(não confundir com reparações e manutenções)? Ou será que as escolas nascem à borla? (
Independentemente da origem mais que duvidosa das contas, acho que por 3.979,79 aluno, o negócio é possível.
Novembro 25, 2010 at 6:46 pm
#13
Supostamente, quando o Estado faz um contrato de associação é porque a escola privada já lá está, e nesse caso fica mais barato contratar-lhe o serviço público educativo do que construir o Estado uma escola de raiz.
Foi assim que começou este negócio. Claro que depois alguns tubarões viram as oportunidades que havia, o que isto rendia e ainda o que escorre por fora, como neste post se demonstra, e vai de construir novos colégios, alguns quase paredes-meias com escolas públicas muito longe de estar sobrelotadas.
De qualquer forma, o espaço físico, as instalações, são sempre propriedade privada. O Estado paga apenas o serviço que nelas é prestado.
Novembro 25, 2010 at 6:50 pm
#14
O que ainda piora o negócio, pois paga mais e nem com as instalações fica.
Novembro 25, 2010 at 7:01 pm
# 13
Vai-me desculpar mas o que diz não tem pés nem cabeça(contabilisticamente falando).
Todo o equipamento, tem um tempo de duração, durante o qual terá de ser amortizado.
Nas escolas do Estado, feitas depois do 25 A, qual foi o tempo de duração médio? Quantas já não foram completamente remodeladas ou mesmo substituídas?
De toda esta polémica há um dado curioso. Este governo, conhecido por manipular tudo o que é número, conhecido por mentir e inventar estatísticas, conhecido pela sua aversão doentia a tudo o que é verdade, pariu apenas, em toda as sua existência, dois números correctos. O custo por aluno no privado e no público.
Vocês, professores do Estado, portugueses de primeira, são de facto uns pândegos.
Novembro 25, 2010 at 8:19 pm
#13 e #16
O presidente da Associação de Escolas Privadas alega que o estado não gasta dinheiro com a construção de escolas privadas. Afinal, anda há décadas a pagar as amortizações.
—
O que estes dados revelam é gravíssimo:
– As regras de financiamento das escolas privadas são substancialmente mais vantajosas do que as das públicas. Não admira a diferença que apresentam ao nível dos equipamentos/instalações, dado as públicas receberem verbas irrisórias para estas despesas.
– As privadas recebem mais do Estado do que as públicas. Embora gastem bem menos em salários.
Pode ser que agora os defensores “do privado mais barato” tenham mais pudor nas mentiras que têm dito/escrito.
—
Paulo, obrigado pela publicação.
Novembro 25, 2010 at 8:26 pm
Os comentários 13 e 16 não são feitos pela mesma pessoa?
Agora fiquei confuso.
Agora uma outra coisa: estão a existir reuniões em escolas privadas pelo país, em que as direcções estão, a coberto dos cortes nos financiamentos, a apresentar situações bastante gravosas aos seus docentes.
Haverá forma de demonstrarem que essas condições não podem diminuídas com a redução das margens de lucro?
Novembro 25, 2010 at 9:08 pm
#18
São da mesma pessoa. Optei por mencionar os 2 por se referirem às amortizações relativas à construção de escolas privadas.
Novembro 25, 2010 at 9:12 pm
Atenção!
Parece-me que se está a falar do privado com contrato do estado, certo?
Novembro 25, 2010 at 9:36 pm
#9
Concordo. Há privados que não merecem ser financiados.
Contudo, há os que demonstram ser excelentes opções, com resultados acima da média.
Sabe, eu também pago impostos, logo como tenho filhos em idade escolar, estes também têm direito à gratuidade do ensino, especialmente quando a oferta pública não é suficiente e/ ou não merece a minha confiança.
Com bom grado pago as mensalidades para o bem dos meus filhos, mas não é justo pagar então os mesmos impostos, e ainda não poder deduzir as despesas em sede de IRS. Pagar duas vezes, NÃO!
Sabe, quando a escola pública que ainda tem vagas é um antro de marginais, qualquer um pensa duas vezes.
Mais, se tenho uma escola à mão de semear, o senhor também pode ter. É fazer o que fiz…mudei-me.
Em relação ao seu útimo ponto, o estado tem a obrigação de financiar as duas escolas por terem projectos de vida diferentes e por haver carências de infraestruturas em determinadas zonas do país.
Novembro 25, 2010 at 9:40 pm
#20
Sim.
Novembro 25, 2010 at 9:42 pm
#18
Os professores são vergonhosamente explorados e humilhados em muitos desses colégios onde o contribuinte paga as despesas e o patrão arrecada os lucros.
O Alberto João tem muitos defeitos, mas parece que na Madeira as colocações de professores nos colégios com contrato de associação também vão a concurso público.
Como diz a MFLeite, quem paga, manda!
Novembro 25, 2010 at 9:52 pm
#21
Se mudou de terra problema seu, ninguém tem nada a ver com isso. É uma opção, sua, diga-se.
.
Sabe, eu também pago impostos, logo como tenho filhos em idade escolar, estes também têm direito à gratuidade do ensino, especialmente quando a oferta pública não é suficiente e/ ou não merece a minha confiança.
A senhora acha que o estado tem a obrigação de pagar a sua esquisitice??
Sim senhora, aí está uma esperteza…
.
Em relação ao seu útimo ponto, o estado tem a obrigação de financiar as duas escolas por terem projectos de vida diferentes e por haver carências de infraestruturas em determinadas zonas do país.
Ouça lá, não acha também que o estado tem a obrigação de lhe dar tudo o que quer só porque lhe apetece??
Já agora…
.
Ele há com cada uma.
…
Novembro 25, 2010 at 9:57 pm
Nestas escolas os alunos são produtos.. e os professores gestores desse produto..eu por mim acabava com a entrada nas universidades através das notas….tinham de passar…após isso entrevista e exame de admissão nas universidades..fim..iam ver o que acontecia a essas escolas privadas onde o essencial é o ensino a balde preparar para os exames e fim…
Novembro 25, 2010 at 10:07 pm
#25
~
Penso o mesmo.
Novembro 25, 2010 at 10:27 pm
Novembro 25, 2010 at 10:29 pm
#25
Mais nada.
Novembro 25, 2010 at 10:30 pm
#28
Mas bastava alterarem a percentagem da nota do secundário para a obsessão dos 18 e 19 a tudo deixar de ter razão de existir.
Novembro 25, 2010 at 10:31 pm
#25
Novembro 25, 2010 at 10:50 pm
#18Os comentários 13 e 16 não são feitos pela mesma pessoa?
#18
São da mesma pessoa. Optei por mencionar os 2 por se referirem às amortizações relativas à construção de escolas privadas.
Oh pá tu és muuuuuuuuuita esperto.
Novembro 25, 2010 at 10:51 pm
#31,
Estava mais a ser irónico, mas ’tá bem!
Novembro 25, 2010 at 11:12 pm
Estas contas são parecidas com as que o governo usa para nos enganar.
O autor esqueceu-se de um pormenorzito: o custo por aluno do ensino privado engloba aluguer e manutenção das escolas. O preço por aluno no público exclui o valor da construção e manutenção das escolas.
Sejamos sérios.
Novembro 25, 2010 at 11:13 pm
Pronto, está bem, não se diz aluguer de imóveis, diz-se arrendamento.
Novembro 25, 2010 at 11:45 pm
#31,
Estava mais a ser irónico, mas ‘tá bem!
Cum caraças!!!
Era para o que veio a seguir, aquele que tem o desviozeco…
Novembro 25, 2010 at 11:47 pm
#35,
Anda por aí um desvio na numeração.
Abraço,
Julho 20, 2011 at 11:39 pm
não tomando partido…
numeros são numeros e são apresentados conforme conveniencias… Sendo (algumas) das escolas “cooperantes” ou contratadas do estado, como preferirem, o que é certo é que saem sempre mais barato e com meno peso no orçamento de estado… no entanto a escassez de vagas no publico… faz com que todos os contribuintes paguem as vagas a que apenas alguns, mais ou menos necessitados, ocupam… não seria mais correcto passarem todas a escolas ao ramo privado, passando a subsidiar as familias em sede de rendimentos tornando sua e apenas sua a responsabilidade da escolha da educação para os seus….