Eis o articulado da Lei 3/2008, ainda em vigor, curiosamente emanada do Parlamento e não do Governo.
Artigo 18.º
Faltas
1 — A falta é a ausência do aluno a uma aula ou a outra actividade de frequência obrigatória, ou facultativa caso tenha havido lugar a inscrição.
2 — Decorrendo as aulas em tempos consecutivos, há tantas faltas quantos os tempos de ausência do aluno.3 — As faltas são registadas pelo professor ou pelo director de turma em suportes administrativos adequados.
Artigo 19.º
[…]1 — São consideradas justificadas as faltas dadas pelos seguintes motivos:
[vai até à letra k]2 — O pedido de justificação das faltas é apresentado por escrito pelos pais ou encarregado de educação ou, quando o aluno for maior de idade, pelo próprio, ao director de turma ou ao professor titular da turma, com indicação do dia, hora e da actividade em que a falta ocorreu, referenciando -se os motivos justificativos da mesma na caderneta escolar, tratando -se de aluno do ensino básico, ou em impresso próprio, tratando -se de aluno do ensino secundário.
3 — O director de turma, ou o professor titular da turma, deve solicitar, aos pais ou encarregado de educação, ou ao aluno, quando maior, os comprovativos adicionais que entenda necessários à justificação da falta, devendo, igualmente, qualquer entidade que para esse efeito for contactada, contribuir para o correcto apuramento dos factos.
4 — A justificação da falta deve ser apresentada previamente, sendo o motivo previsível, ou, nos restantes casos, até ao 3.º dia útil subsequente à verificação da mesma.
5 — Nos casos em que, decorrido o prazo referido no número anterior, não tenha sido apresentada justificação para as faltas, ou a mesma não tenha sido aceite, deve tal situação ser comunicada no prazo máximo de três dias úteis, pelo meio mais expedito, aos pais ou encarregados de educação ou, quando maior de idade, ao aluno, pelo director de turma ou pelo professor de turma.
6 — O regulamento interno da escola que qualifique como falta a comparência do aluno às actividades escolares,
sem se fazer acompanhar do material necessário, deve prever os seus efeitos e o procedimento tendente à respectiva justificação.
E a coisa continua. O problema não é a ausência de distinção entre faltas justificadas e injustificadas. O problema era a ganga que se lhe colocou em cima.
Como os professores eram considerados burros e não percebiam o conceito, saiu um despacho em Novembro de 2008 que procurava explicar que havia faltas justificadas que não poderiam ter o mesmo efeito das injustificadas:
Considerando que a adaptação dos regulamentos internos das escolas ao disposto no Estatuto do Aluno nem sempre respeitou o espírito da lei, permitindo dúvidas nos alunos e nos pais acerca das consequências das faltas justificadas, designadamente por doença ou outros motivos similares;
Considerando que o regime de faltas estabelecido no Estatuto visa sobretudo criar condições para que os alunos recuperem eventuais défices de aprendizagem decorrentes das ausências à escola nos casos justificados;
Tendo em vista clarificar os termos de aplicação do disposto no Estatuto do Aluno, determino o seguinte:
1 — Das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.
2 — A prova de recuperação a aplicar na sequência de faltas justificadas tem como objectivo exclusivamente diagnosticar as necessidades de apoio tendo em vista a recuperação de eventual défice das aprendizagens.
Ou seja, alguém -muita gente – entre a 5 de Outubro e o Parlamento anda com um certo e determinado défice de literacia em matéria de legislação na área educativa.
Março 20, 2010 at 12:03 am
Como é que eles sabem o que aprovaram, se durante os debates há deputados a ver o Portugalgay no PC?
Março 20, 2010 at 12:07 am
http://www.aventar.eu/2010/03/19/professor-desapareceu-de-sua-casa/
Março 20, 2010 at 12:08 am
Não há regime de faltas que substitua o necessário empenhamento da sociedade no seu todo pelo sucesso da formação dos indivíduos. Até certo ponto perceberia a ideia de acabar com as faltas e co-responsabilizar de uma vez por todas alunos e pais pelo percurso escolar. Manter-se-iam as faltas para fins estatísticos, até porque os pais precisam de saber onde andam as criancinhas. Se o aluno adquire as competências estou-me nas tintas para o facto de ter ou não ido às aulas. Desgosta-me ouvir o sr. Portas dizer que os meninos devem ter faltas porque precisam de se habituar a não faltar ao trabalho. Quando tenho por missão coordenar um projecto a única coisa que me interessa é saber se o trabalho aparece feito e dentro dos prazos. Quero lá saber se os colaboradores picam o ponto.
Março 20, 2010 at 12:23 am
«Ou seja, alguém -muita gente – entre a 5 de Outubro e o Parlamento anda com um certo e determinado défice de literacia em matéria de legislação na área educativa.»
Então não se viu o Trocado? Aquilo não é um défice ao vivo e a cores?
Março 20, 2010 at 12:25 am
#3
E se o trabalho não aparecer feito fazes tu. Bela mentalidade, sim senhor.
Outro anarca.
Março 20, 2010 at 12:27 am
O melhor é chamar o Valter.
Março 20, 2010 at 12:31 am
Que chatisse! Temos um raio de um emprego em que nos marcam faltas!
Que disparate. Interessam é os resultados dos alunos, pois.
Esses passam sempre,não é?
Março 20, 2010 at 12:37 am
O resEdit está aqui e está a dizer que os alunos só precisam de aparecer na escola para serem avaliados. E, já agora, os professores para entregarem os trabalhos e os testes corrigidos… Olha o que se poupava! Será que ainda vai a tempo do PEC?
Março 20, 2010 at 12:38 am
Fritz
Cada um fala de si. Se os seus passam todos parabéns à prima. Já se vai tornando um hábito neste blog de pias gentes o desvio sistemático da discussão para assuntos , por certo relacionados, mas que terão de ser solucionados no âmbito em que se inserem, sem prejudicar outras medidas destinadas a resolver os problemas que inicialmente se discutiam.
Pipa
O que tem isto a ver com anarquismo?
E se o trabalho não aparecesse feito faria eu concerteza. Depois de despedir os colaboradores.
Março 20, 2010 at 12:44 am
PG
Ficaria espantado com o grau de informalidade e liberdade que se goza nas instituições de ensino da Europa do Norte, em especial é claro, no ensino superior e nas áreas que é suposto serem escolhidas por gente que precisa de pensar. Mas é claro que um jovem só chega a uma universidade em condições de agir de forma tão responsável se for educado para isso. Ora o que eu verifico é que à medida que aumenta o número de crianças e adolescentes a frequentar missas de corpo presente em estabelecimentos públicos a malta não descobre mais nada para dinamizar o sistema do que voltar a discutir a metafísica da falta. Da falta de nível da classe docente.
Março 20, 2010 at 1:17 am
La meilleure stratégie pour des réformes structurelles
Click to access CAHIER13.pdf
Março 20, 2010 at 2:05 am
Claro, nível “superior” possuem os nossos deputados, secretários e ministros! É só ver como se comportam no Parlamento. Os alunos, quando vão assistir a uma sessão parlamentar em visita de estudo, ficam completamente horrorizados com a grande falta de decoro e de sentido de estado demonstrado pelos representantes da Nação.
Março 20, 2010 at 8:40 am
Tenho um aluno que é sistematicamente posto na rua numa determinada disciplina. Tem um número de faltas injustificadas que o obrigam a fazer Prova de Recuperação.
Provavelmente, a prova incidirá sobre a matéria que o aluno não aprendeu nessas aulas.
Não aprendeu, nem poderia aprender, porque ia sempre para a rua, claro!
E esta, heim?
Março 20, 2010 at 10:38 am
#13
eu tive um caso mais caricato…
o aluno ultrapassou o número de faltas em Janeiro…
mas o grosso das faltas (4) tenha sido durante o 1º período que acabara de ser avaliado…com positiva…
and now? avalio-o novamente ? ou altero a nota do Natal?
🙂
fantochada!
Março 20, 2010 at 1:05 pm
O resedit faz-me lembrar um Kappo dos campos de concentração de Treblinka…sempre disposto a dizer sim aos senhores…provavelmente é algum reciclado do rato com laivos de Pós Sócrates..é que estes socratinianos já estão a ver o tapete fugir-lhe debaixo dos pés…o maior medo dele é que algum preto lhe faça aquilo que a gente sabe…Fui..Bom fim de semana…
Março 20, 2010 at 5:46 pm
Felizmente para mim o pato a única coisa que me poderia fazer lembrar era o WC Pato, sempre de bico para cima com ares de importante mas no fundo só serve para tentar remediar a falta de uma limpeza como deve ser.
De resto, se era só para dizer que tinha ido escusava.
Tenho no entanto pena de uma coisa: a imagem que vocelência dá da classe. Porque isso também me afecta.
Março 20, 2010 at 5:58 pm
Se afecta use Wc duplodildo com vaselina e com rebordo com borboto.
O que mais afecta a nossa classe é meias lecas com aspiração ma serem jacaré …o pior é que nem lagartos são..não passam de vermes do estrume..
A mim não me afecta nada e quanto ao resto não fale do que não sabe; sei lá se você não é um dos padres que tem andado muito ocupado ultimamente…!
Março 20, 2010 at 6:36 pm
O Tony cá do sítio no seu melhor!!!!!
Março 20, 2010 at 9:07 pm
#13
Ganda exemplo (os alunos não aprendem sem os professores e quando não aprendem de quem é a culpa?). Olhe, eu tive um que não me aparecia às aulas durante semanas (tinha de ajudar os pais na labuta diária). Sabe o que isso é? Vinha fazer as provas de recuperação(e as provas de avaliação sumativa) nas datas marcadas. No fim do ano passou e com uma classificação superior a muitos dos que frequentaram a escola diariamente. Por que é que terá sido?
Março 21, 2010 at 9:35 am
19
As provas foram pensadas para esse tipo de alunos. Infelizmente, eles são poucos.