Carta Aberta do
Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino ao
Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação
Senhor Secretário de Estado
Não pode deixar de nos preocupar – enquanto inspectores da carreira técnica superior de inspecção da educação – a notícia inserta na página 9 do “Público” de hoje, 11 de Novembro, com o título “Governo não avança para já com processos disciplinares a quem recusar avaliação” – a serem autênticas as declarações que a agência “Lusa” lhe atribui, Senhor Secretário de Estado, e que o jornal transcreve. “O ministério da Educação não fará nada para aplicar esses processos [disciplinares] neste momento”, terá dito o Senhor. Mesmo que tenha dito apenas isto, é óbvio que o Senhor Secretário de Estado já disse demais. Ao dizê-lo, faz recair sobre os docentes, ao mesmo tempo, uma ameaça e uma chantagem – e infecta com um acriterioso critério de oportunidade um eventual desencadeamento da acção disciplinar. Como se lhes dissesse: «”neste momento” ainda não vos posso apanhar, mas não esperam pela demora…». Por que é que “neste momento” o Ministério não fará nada?… Porque entende que “neste momento” a acção não é oportuna. E pode a tutela reger-se, nesta matéria, por critérios de oportunidade?… A resposta é: sim, pode. E quais são eles? Bem, as coisas aqui complicam-se, porque a resposta fica eivada de uma fortíssima carga subjectiva, uma vez que, nesta matéria, não estão taxativamente definidos limites que impeçam um elevado grau de discricionariedade. Digamos que, no essencial, mais do que por condicionantes legais, são as condicionantes éticas que devem filtrar a oportunidade do recurso a critérios de oportunidade. E é neste domínio que devem ser apreciadas as suas declarações, Senhor Secretário de Estado. Mesmo na hipótese de comportamentos de docentes poderem configurar infracção dolosa da lei – nada impede que, por critérios de oportunidade ou outros, se decida não agir disciplinarmente sobre eles, agora ou em qualquer altura. A própria lei consagra essa possibilidade. Mas para tal os critérios têm de ser transparentes e publicitáveis, sob pena de – no caso ora em apreço – a oportunidade servir de biombo ao oportunismo e a discricionariedade servir para esconder a arbitrariedade. Em rigor, não estando nós dentro da sua cabeça, não sabemos por que é que o Senhor Secretário de Estado entende que este não é “o momento”, mas algo nos diz que este seu juízo de valor se relaciona com o facto de no passado dia 8 terem estado na rua 120.000 professores em protesto contra o Ministério da Educação…Por outro lado, quando e se “o momento” surgir, quem vai fazer o quê? Vão os Senhores Presidentes dos Conselhos Executivos, ou os Senhores Directores Regionais da Educação, ou a Senhora Ministra da Educação, instaurar processos disciplinares às centenas ou aos milhares?… Vamos nós, os Inspectores da Inspecção-Geral da Educação, instruir processos disciplinares às centenas ou aos milhares?… Isto é: vamos tentar resolver(!) pela via da acção disciplinar problemas que possuem a sua raiz claramente fora dela – correndo o risco de instrumentalizar e governamentalizar a Inspecção, sem honra nem glória para nenhuma das partes implicadas e, no limite, com prejuízos para todas elas? Não se pode pedir aos Inspectores da Inspecção-Geral da Educação que retirem do lume as castanhas que outros lá colocaram. Basta de alimentar fantasmas que Professores e Inspectores, e mesmo algumas tutelas, há muito lutam para que desapareçam, particularmente desde o 25 de Abril de 1974! O Senhor Secretário de Estado provavelmente desconhece – e para que o conhecesse bastava que lesse Camões – que uma lei não é justa porque é lei, mas porque é justa, e que o que há de mais permanente na lei é a sua permanente mudança, e que mesmo esta já não muda como “soía”, e que, se assim não fosse, o Código do saudoso Hamurabi continuaria em vigor; o Senhor Secretário de Estado, se alguma vez o soube, esqueceu tudo o que leu do sempre presente Henry David Thoreau e da sua “desobediência civil” O que há de doloroso em tudo isto – e ainda mais num Ministério da Educação – é que, no fundo, estamos confrontados com um problema de cultura, ou de falta dela. Perante isto, os critérios de oportunidade, ou as suas declarações, Senhor Secretário de Estado, ou a potencial instrumentalização e governamentalização da Inspecção – tornam-se, a prazo, questões irrelevantes. Mas temos também a obrigação de, no imediato, sabermos lidar com a circunstância, e de compreendermos a gravidade que ela assume. Não questionando a legitimidade dos governos no quadro do Estado de direito democrático, a verdade é que, exactamente por esse quadro, as Inspecções da Educação são inspecções do Estado e não do governo, e não podem deixar de funcionar sob o registo de autonomia legalmente consagrado. Citando aquele que foi o primeiro Inspector-Geral (da então Inspecção-Geral do Ensino), “a Inspecção, isto é, cada Inspector, está condenada/o a ser a consciência crítica do sistema”. Entre nós, Inspectores de todas as inspecções da educação, costumamos dizer que, não raramente, andamos “de mal com os homens por amor d’el-rei e de mal com el-rei por amor dos homens”. Uma exigência, Senhor Secretário de Estado: os Inspectores da educação querem ser parte da solução, não querem ser parte do problema. O Senhor Secretário de Estado e o Ministério da Educação – o que é que querem?…
Pel’A Direcção do S.I.E.E.
José Calçada
(Presidente)
Porto, Novembro, 11, 2008
Novembro 13, 2008 at 8:24 pm
Ainda há alguém que percebe o que está a acontecer!
Novembro 13, 2008 at 8:36 pm
E os chantagistas são os professores?
Excelente exigência, excelente pergunta final.
Novembro 13, 2008 at 8:44 pm
Dito isto, não tenhamos medos!!!!!
Não nos deixemos intimidar: EXCELENTE NOTÌCIA!
Novembro 13, 2008 at 8:47 pm
Bravo!
Novembro 13, 2008 at 8:52 pm
Parabéns ao Presidente José Calçada!
Novembro 13, 2008 at 9:08 pm
http://diario.iol.pt/sociedade/inspectores-professores-educacao-avaliacao-ultimas-noticias-iol/1012877-4071.html
13-11-2008 – 18:08h
Educação: Inspectores também querem fim da avaliação
Alegam que o modelo definido pelo Governo «não é exequível»
O presidente do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino (SIEE), José
Calçada, defendeu esta quinta-feira a suspensão do processo de avaliação de
desempenho dos professores, alegando que o modelo definido pelo Governo «não é
exequível», noticia a Lusa.
«Não tenho a menor dúvida de que o processo deve ser suspenso. Não estou sequer
a emitir juízos de valor sobre a qualidade ou falta de qualidade do modelo
[definido pelo Ministério da Educação], mas apenas a dizer que ele não é
exequível. No que respeita aos inspectores, é absolutamente inexequível»,
afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa.
O problema, adiantou José Calçada, é que o modelo definido pelo Ministério da
Educação (ME) prevê que os cerca de oito mil professores titulares com funções
de coordenador de departamento ou do conselho de docentes sejam avaliados por
inspectores com formação científica na mesma área, mas estes não existem em
número suficiente.
Em Outubro do ano passado, o SIEE tinha já defendido uma suspensão do processo
de avaliação de desempenho, garantindo que o mesmo só poderia avançar caso a
Inspecção-Geral de Educação contasse com, pelo menos, o triplo dos funcionários.
Novembro 13, 2008 at 9:09 pm
Assim paga o Sócrates aos seus acólitos…:
Rangel é consultor externo para projecto de canal ZON
19h35m
A Zon, proprietária da TV Cabo, confirmou esta quinta-feira que Emídio Rangel foi contratado como “consultor externo para o projecto de uma eventual candidatura ao quinto canal”, afirmou fonte oficial da empresa à Lusa.
“Emídio Rangel está neste momento como consultor externo da Zon para um projecto de uma eventual candidatura ao quinto canal”, afirmou a fonte.
Questionada sobre se Emídio Rangel se manterá posteriormente a trabalhar no quinto canal, fonte da Zon limitou-se a afirmar que o fundador da SIC “está a trabalhar na possível candidatura”.
O jornal Público avança na edição desta quinta-feira que Emídio Rangel foi contratado pela Zon para apresentar até ao próximo dia 21 de Janeiro a candidatura ao quinto canal de televisão generalista, que será a primeira televisão digital terrestre em Portugal.
O regulamento do concurso para o quinto canal de televisão foi publicado a 31 de Outubro no Diário da República.
O prazo para a entrega das propostas começa sexta-feira e a decisão do vencedor, que cabe à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), deverá ser tomada em Abril de 2009.
A licença para o quinto canal será atribuída por 15 anos, sendo renovável por períodos iguais.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1043833
Novembro 13, 2008 at 9:30 pm
Quem aderir à Zon, estará a contribuir para o ordenado do Rangel. Porreiro, pá!
Novembro 13, 2008 at 9:32 pm
Faz-me crer que ainda há gente de bem, de valores e de valor.
Ainda existe Integridade e capacidade de Indignação.
Vivam todos aqueles (instituições, grupos, indivíduos) que se demarcam dos Interesses Mesquinhos, das Ameaças mais ou menos veladas e das Conivências Silenciosas.
Vivam os actos de Dignificação, de Verdade e de Esclarecimento Público.
Haja coragem na Defesa de Valores, na Defesa das Convicções e, sempre, na Defesa do Rigor e da Justiça!
Novembro 13, 2008 at 9:40 pm
Dois agrupamentos de escolas do Barreiro decidiram suspender o processo de avaliação de desempenho de professores por tempo indeterminado, exigindo respostas da ministra da Educação, noticia a Lusa.
Os agrupamentos de escolas do Álvaro Velho e da Quinta da Lomba decidiram em reunião suspender o processo e enviar moções onde colocam várias dúvidas em relação ao processo.
«Foi suspenso o processo pelas dúvidas que levanta e pelo carácter burocrático que tem, no fundo, por aquilo que todos têm apontado. A moção foi aprovada com duas abstenções em mais de 100 professores, mas de pessoas que não estão a favor de continuar com o processo», disse à Lusa Maria Edite Almeida, vice-presidente do conselho executivo do agrupamento de escolas Álvaro Velho.
A responsável referiu que a moção aprovada será agora enviada aos órgãos competentes de modo a obter respostas às dúvidas apresentadas, podendo depois a suspensão ser levantada.
O agrupamento de escolas da Quinta da Lomba também suspendeu o processo de avaliação depois de uma reunião, de onde também surgiu uma moção. «O processo foi suspenso depois de uma moção aprovada, que se não foi aprovada pela totalidade não faltou muito. Exigimos esclarecimentos e toda a burocracia rouba tempo para aquele que é o trabalho essencial, o trabalho com os alunos», disse à Lusa Cristina Inverno, vice-presidente do agrupamento.
Uma fonte do agrupamento de escolas Alfredo da Silva afirmou à Lusa que também foi suspenso o processo, mas o conselho executivo recusou-se a prestar declarações. A Agência Lusa contactou os restantes agrupamentos de escolas no concelho do Barreiro, mas até ao momento não foi possível obter declarações sobre o assunto.
Novembro 13, 2008 at 9:42 pm
Se bem me lembro, já em tempos, José Calçada foi dos primeiros a manifestar-se:
http://ferrao.org/2007/10/jos-calada.html
Novembro 13, 2008 at 9:52 pm
Gostei de ler Maria Lisboa, realmente este homem merece a nossa admiração.
Novembro 13, 2008 at 9:58 pm
Parece-me que o medo está a esvair-se.
Novembro 13, 2008 at 9:59 pm
Fico ansiosa por ler posições similares da maioria dos conselhos executivos.
Novembro 13, 2008 at 10:00 pm
Esta tomada de posição pública honra a democracia e o Estado de direito.
Honra os subscritores.
Novembro 13, 2008 at 10:08 pm
Lamentável. Que se apurem os factos.
http://www.fliscorno.blogspot.com/2008/11/lamentvel-que-se-apurem-os-factos-com.html
Novembro 13, 2008 at 10:24 pm
Quando iniciei funções na qualidade de professora tive o previlégio de durante uma semana (ou mais) ter na minha sala de aula um senhor inspector. Nada tinha a ver, naturalmente, comigo. Tratava-se de um processo da colega que fui substituir. A pedido dos pais.
O senhor inspector pediu-me autorização se lhe permitia que ele trabalha-se dentro da minha sala por não existir outro espaço onde trabalhar. Anui de imediato. Foi uma enorme mais valia. Tive boleia todos os dias numa Diane cor amarela (interessante que poucos meses teria eu uma Diane amarela, oferta de família). E uma excelente companhia e apoio nos primeiros passos no Ensino que, como todos os sabemos, é sempre fonte de algum stress e desconforto. É como tirar a carta de condução. Ficamos sem os “instrutores” do estágio pedagógico.
Talvez por este facto ou não, com raríssimas excepção, sempre tive os inspectores da Educação em grande consideração. E recordo inspectores pedagógicos de grande gabarito intelectual e técnico. Do melhor.
Fico, naturalmente, muito satisfeita com este testemunho e posição.
A IGE está de parabens.
Novembro 13, 2008 at 10:25 pm
privilégio
Novembro 13, 2008 at 10:27 pm
Toda a IGE está de parabéns!
Novembro 13, 2008 at 10:36 pm
A supervisão dos professores é isenta, profissional e competente(ao contrário do descalabro da banca)!!
Trabalham com as escolas, estão no terreno,conhecem os problemas!
Parabéns IGE!
Novembro 13, 2008 at 11:43 pm
Sempre íntegro, José Calçada!
Parabéns!
Novembro 13, 2008 at 11:56 pm
[…] Aqui […]
Novembro 14, 2008 at 12:04 am
Bravo! Mil vezes BRAVO!!!!
Ainda há gente com honra e com eles no sítio. Fico mais descansada.
Novembro 14, 2008 at 12:27 am
Isto para mim foi do que de mais importante se escreveu, nos últimos dias!!!
Novembro 14, 2008 at 1:01 am
É de uma importância incalculável.
Muito agradecida pela coragem manifestada em vir ao terreno dizer publicamente o que pensam os inspectores.
Um grande aplauso!
Novembro 14, 2008 at 1:16 am
Homens de tomates!
Novembro 14, 2008 at 1:19 am
A solução para o impasse que se chegou na questão da avaliação de professores está no modelo simplificado que se usou para, no último ano lectivo, avaliar os professores contratados. Generalize-se o modelo simplificado de avaliação a todos os professores durante este ano lectivo e, durante este tempo, resolva-se e melhore-se o sistema que se quer por definitivo. É uma saída airosa para todos e, acima de tudo, beneficia as escolas e o país.
Novembro 14, 2008 at 1:23 am
A BOLA DE NEVE ESTÁ IMPARÁVEL 🙂
Novembro 14, 2008 at 1:23 am
Já não há respeito! 😛
Novembro 14, 2008 at 1:25 am
Isto é o máximo!
Novembro 14, 2008 at 1:26 am
Está tudo dito!
Será que a ministra da educação vai achar que José Calçada é um dos que está a contribuir a mando, sabe-se lá de quem, para o país andar para trás 30 anos?
Como é que é possível continuarmos a suportar tanta asneira, ao mesmo tempo que damos aulas? Como é que de tanta coisa que temos dito, escrito e feito ainda não se vêem resultados? Temos que continuar, não é?
Então vamos lá!
Novembro 14, 2008 at 1:29 am
A avalanche já teve início.
Novembro 14, 2008 at 1:37 am
Só ameaçam os cobardes e este Jorge é um
Novembro 14, 2008 at 1:39 am
32.
sim, mas é preciso que em cada escola os mais corajosos se cheguem à frente e façam parar o processo…com moções já não vamos lá.
Novembro 14, 2008 at 1:58 am
Infelizmente, em algumas escolas estão a dar continuidade ao processo. O medo entorpece… Disse-me uma colega de outra escola:
“Hoje tive a minha aula assistida.”
“E que tal, correu bem?”, perguntei
“Sim, a professora gostou”
Passei-me.
“A professora? A TUA COLEGA que tem mais 2 ou 3 anos de serviço que tu gostou? E na tua escola não se faz nada? Olha à tua volta… Moções, manifestações…”
Apatia total.
Diz que chora muitas vezes… Que está esgotada…
Preparou a aula como quando estava em estágio e diz que a professora gostou… Dá aulas há mais de 15 anos…
Lamentável…
Infelizmente ainda há muitos exemplos destes.
Espero que, quando o modelo cair, estes colegas façam finalmente uma moção, mas a pedi-lo de volta só para eles…
Novembro 14, 2008 at 2:11 am
Para que serve a IGE?
Para consumir recursos públicos, digo eu.
Com a revisão do actual modelo de avaliação era bom que fosse retirada de cena.
Os inspectores não têm competência para avaliar os professores. Só precisam de dominar as leis e muita palha das ciências da educação, estão completamente afastados dos programas em vigor. Regra geral não gostam de dar aulas. Conheço um ex-inspector (actual PCE da ES António Nobre) que é uma completa nulidade, a dar aulas(o que já não faz há mais de 20 anos) e na gestão da escola.
Novembro 14, 2008 at 2:17 am
36,
Impressionada com o seu ego.
Vê-se logo que percebe do que fala.
A ME ainda não reparou em si?
Novembro 14, 2008 at 2:20 am
36,
Não denegriu também a PCE do Infanta Dona Maria?
Para si vale tudo?
O DA é o “máior”!
Novembro 14, 2008 at 2:33 am
Os inspectores da educação têm no Dr. Calçada um profissional da melhor qualidade.
Como pessoa é um fantástico ser humano, capaz de nos mostrar o seu melhor em situações dificeis e onde a dignidade e a justiça são valores que lhe calçam como uma luva.
Obrigada Dr Calçada, o senhor honra as suas funções e todos os seus colegas com quem temos convivido ao longo destes anos nas escolas.
Excelente!!!
Novembro 14, 2008 at 2:37 am
O QUE OS PAIS DEVEM SABER…
.O governo privilegia o ensino privado em relação à escola pública. Até as actividades extra-curriculares no 1º ciclo estão a ser geridas por empresas privadas em vez de ser o estado a colocar os professores directamente.
.O Estatuto do Aluno premeia os absentistas , os professores estão impedidos de reprovarem os alunos por faltas e são obrigados a realizarem “n” provas de recuperação aos alunos que não colocam os pés nas aulas.
. O professor é responsabilizado pelo abandono escolar dos alunos, sendo penalizado na sua avaliação caso algum aluno abandone a escola. Que culpa terá um professor se tiver uma aluna que engravide? E se tiver alunas de etnia cigana, que segundo a sua cultura, saem da escola por volta dos 12, 13 anos?
.Os pais, os alunos e os professores sabem que o Governo anda a distribuir diplomas do 9º ano e do 12º ano a torto e a direito, numa formação feita em 6 meses, dando o nome de Programa Novas Oportunidades ao truque de construção de números para a estatística, desvalorizando o esforço dos alunos que fazem a escolaridade normal.
.Tudo isto tem consequências avassaladoras para a quebra da qualidade de ensino. Para quê estudar muito, perguntam os alunos diligentes, se o prémio é igual para todos?
.Se os absentistas relapsos não reprovam por faltas e ainda têm direito a que os professores andem atrás deles, acenando-lhes com provas de recuperação, por que razão hei-de dar-me ao trabalho de ir às aulas, perguntam os alunos cumpridores?
.A luta dos professores contra o novo ECD, a avaliação burocrática de desempenho e o regresso dos directores às escolas é também a luta dos pais contra a aniquilação da democracia nas escolas.
.O ME desvaloriza as funções lectivas dos professores. O professor, está afogado em funções administrativas, burocráticas, de prestação de contas às diversas instâncias burocráticas, apoio social e ocupação de tempos livres. São essas função não lectivas, e a realizar fora da sala de aula, com exigência de um sem número de reuniões, que está a destruir a profissão docente.
.Os professores dizem ao país que querem ensinar e que estão a ser impedidos de o fazer por uma legislação injusta, iníqua e prejudicial para os alunos.
.O facilitismo dos exames transformaram num único ano, os alunos de fracos a Matemática em muito bons a Matemática.
.As consequências deste escândalo serão grandes: os alunos mais esforçados ficarão a saber que não vale a pena esforçarem-se muito; os alunos pouco esforçados ficaram a saber que o pouco esforço até compensa. É claro que todos eles ficarão a perder.
.As médias de acesso aos cursos mais elitistas sobem e os docentes sentem-se pressionados a exigir ainda menos.
.É um ciclo vicioso que, no fundo, espelha o retrato do país que estes senhores estão a criar, um país medíocre, cheio de desigualdade, mentiras, pobreza e injustiças.
.O Governo premeia os alunos dos privados, para que um dia sejam estes os dirigentes, e desvaloriza a escola pública de forma a que estes passem de ano sem esforço. Para que um dia sejam “mão de obra barata” com um diploma de escolaridade obrigatória, mas sem cultura suficiente para saberem lutar pelos seus direitos. Isto acontecia no Estado Novo; não se podia dar muita escolaridade ao povo, para que este não de revoltasse contra a ditadura.
.O professor generalista, é um professor que chegará no ano lectivo de 2010/2011. Será essa a altura escolhida para a concretização do plano traçado pelo estudo do Conselho Nacional de Educação, titulado “A Educação Básica dos 3 aos 12 anos”. Será criado : o professor faz-tudo.
. Passará a haver como no 1º ciclo, um único Professor no 2º ciclo do ensino básico que leccionará Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia de Portugal e Ciências da Natureza).
.São estas as razões que levaram os professores à rua!
.São estas as mudanças que a escola sofreu e que a comunicação social não divulgou!
.OS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO E OS PROFESSORES, LUTARÃO JUNTOS, PARA SALVAR A ESCOLA PÚBLICA!
Novembro 14, 2008 at 2:55 am
http://www.1.bp.blogspot.com/_3zVgQCbpCmA/SRzGP6dLTWI/AAAAAAAAAXU/perJS6sWlg0/s1600-h/pomba.jpg
Novembro 14, 2008 at 3:01 am
Novembro 14, 2008 at 3:09 am
DA # 36
É patético o que diz. Está a mandar bitaites sem perceber nada de nada do assunto.
“Para que serve a IGE?
Para consumir recursos públicos, digo eu.”
IDIOTICE! A IGE é o organismo dentro do ME dos IMPRESCINDÍVEIS.
(e já agora leia o texto postado para ver se cresce a aprende a ser gente)
“Com a revisão do actual modelo de avaliação era bom que fosse retirada de cena.”
DISPARATE GRAVE: Tomara ser SEMPRE E SÓ AVALIADO POR UM INSPECTOR DE CARREIRA.
“Os inspectores não têm competência para avaliar os professores. Só precisam de dominar as leis e muita palha das ciências da educação, estão completamente afastados dos programas em vigor. Regra geral não gostam de dar aulas. Conheço um ex-inspector (actual PCE da ES António Nobre) que é uma completa nulidade, a dar aulas(o que já não faz há mais de 20 anos) e na gestão da escola.”
A MAIORIA DOS INSPECTORES TINHAM UMA EXCELENTE PREPARAÇÃO A TODOS OS NÍVEIS. Actualmente, desconheço. Consta que existem alguns problemas,também. Não sei.
Novembro 14, 2008 at 3:50 am
Não vai demorar muito e ainda vou ler alguns a chamar alguns nomes a José Calçada.É que ele é presidente de um sindicato.Será que este sindicato não está do lado do poder como já li em relação a outros sindicatos?Claro que estou a ironizar.
Novembro 14, 2008 at 10:58 am
Sindicato IGE + Bispos + toda a oposição + algumas vozes do PS + João Jardim + algumas (cada vez mais!) vozes na comunicação social + alunos… and still counting!!
Será que está alguém na presidência da República?!…
Era bom também que algums associações de pais começassem a fazer ouvir sua voz discordante…
Novembro 14, 2008 at 11:08 am
O facto de a IGE deixar claro q não se deixa instrumentalizar pelo poder político devia fazer corar os boys de vergonha (se a tivessem)!!!
mas q lição de ética!!
Novembro 14, 2008 at 9:15 pm
Os meus parabéns ao autor desta carta…
Novembro 14, 2008 at 9:20 pm
Quink na minha escola foi hoje votada a suspensão por quase 90 por cento dos profs…vai haver pedagógico na próxima semana para a moção ser ratificada…
Novembro 15, 2008 at 12:39 am
Ainda bem que a IGE também percebe que não é a política ou o sindicalismo que move os Professores. Mas, pelos vistos, é a política que move o Governo contra os Professores. É bom saber que podemos contar com a isenção da IGE. E como isenta que é, sabe ver lá de cima o que (nada) vale este modelo de avaliação. Por isso, quer ser parte da solução (entenda-se, mudança de modelo). Nós, Professores, também. Porque sempre fomos avaliados e queremos ser justamente avaliados. O que este modelo, decididamente, não garante.