E ficar provavelmente cansado disso até ao resto da vida…

Agora mais a sério: estou a pensar ir então às duas manifestações que se adivinham para a primeira quinzena de Novembro. Não me parece que seja bem recebido pelos promotores de uma delas se for reconhecido (mas levarei um boné enterrado até aos olhos…), mas como são eles que dizem que nos devemos «unir», espero que à chegada não me mandem desunir ou desandar. Porque há gente assim, que quer unir, mas depois trata mal quem aparece e não tem a vestimenta com a cor certa.

Mas eu explico melhor o meu interesse pessoal em participar nas duas, que passo a enumerar pela sequência como devem acontecer:

  • A manifestação da Fenprof – se a Plataforma vai a reboque da agenda de Mário Nogueira logo se vê – parece-me uma iniciativa interessante do ponto de vista da defesa dos direitos laborais. De um ponto de vista restrito, a questão dos concursos atinge-me pouco, mas atinge em força a minha cara-metade que, a passar a lei o que está no projecto, a faria recuar imenso em termos de estabilidade profissional. Quanto ao novo modelo de gestão, dircorsando dele, a Fenprof foca-se muito no detalhe do director e menos no da municipalização, pelo que aqui não estamos em absoluta sintonia. Quanto á avaliação do desempenho não percebo a mposição sinical. Aceitou fazer parte de uma comissão paritária e rever o modelo apenas a partir de Junho/Julho, pelo que contestá-lo agora, do ponto de vista das condições de trabalho, é estranho. Ou lhes faltou visão há seis meses ou então seria bom renegar o Entendimento. De qualquer modo, julgo que tenho algumas razões para participar, desde que a não marquem para uma sexta-feira. Para não ter o Pai da Nação e a Ministra ou o SE Lemos a apontar-me quantas horas de faltas dei e quantas crianças e famílias defraudei.
  • Quanto à manifestação de dia 15, cuja data já conheço, tenho interesse em participar porque tenho afinidades com a sua lógica, que ultrapassa as questões laborais e entra por territórios mais abrangentes, até mais do foro ético e deontológico. Mais do que mera contestação laboral, é a expressão de uma preocupação com o funcionamento das escolas e com as condições do trabalho pedagógico com os alunos e o desenvolvimento das suas aprendizagens. Um docente até pode ter condições para fazer o seu trabalho burocrático pelo ME, mas depois ser impedido de dar o seu melhor como professor mesmo, exercendo a docência – a «mais nobre actividade de um professor» nas palavras sábias que conhecemos – em condições precárias. E a manifestação de dia 15 passa mais por aí, uma vertente não tão redutoramente laboral como a da Fenprof. E porque a manifestação de dia 15 é uma expressão de um descontentamento e insatisfação para conhecimento da sociedade e opinião pública e não uma fase pré-formatada de uma estratégia destinada a ganhar pretensos pontos numa mesa de negociações. Não me parece que os promotores de dia 15 queiram tornar-se os «interlocutores válidos» e muito menos exclusivos com o ME, pois sabemos até que ponto o ME não negociou até hoje a sério com ninguém e só cedeu quando a pressão veio de fora dos tais exclusivos «interlocutores válidos».

De tudo isto decorre que já marquei na minha agenda os sábados, dias 8 e 15, para uma passeata familiar até Lisboa.

Quem não tiver essa oportunidade, deve escolher a manifestação mais do seu agrado.

Porque assim até seremos mais, porque cada grupo manifestará as suas preocupações, no fundo com elementos comuns, mas com tónicas diversas. Uns mais para «dentro», outros mais para «fora».

Porque a diferença, o pluralismo e a liberdade devem ser merecedore(a)s de respeito.