Até o Expresso, em editorial, se queixa da coisa.

Logo o Expresso que tão bons serviços tem prestado à causa educativa em Portugal, com os seus articulistas eméritos sempre em defesa da sua amada Ministra reformista e regeneradora da Qualidade do Ensino em Portugal.

Só que, como gente discreta, gostariam que as artimanhas fossem feitas com um pouco mais de discrição e sem que os fios não ficassem à vista de todos.

Porque assim é difícil fazer acreditar que tudo se passou de forma normal.

E nem sequer há como culpar os professores, pois não são eles que fazem as provas de aferição, que elaboram os critérios de classificação ou que depois os vão alterando de modo a ficarem cada vez mais generosos.

As classificações negativas em Matemática diminuíram para menos de metade de um ano para o outro.Em Língua Portuguesa aproximamo-nos rapidamente dos 100% de sucesso.

Tudo estaria no melhor dos mundos se não soubessemos que é tudo uma enorme mistificação. Que muitos já sabiam desde o início, mas cuja voz foi ignorada, os «pessimistas de serviço», os «que progrediram sem mérito», os «absentistas», etc, etc. Que jornais como o Expresso fizeram os possíveis por desacreditar, a começar pelo seu actual director. E pelo seu opinador superstar.

Mistificação essa que foi sendo preparada ao longo de três anos e de que era necessário apresentar «resultados» o mais depressa possível.

Que tudo isto estava a ser feito apenas para o retrato estatístico oficial sabiam e denunciaram aqueles que querem verdadeiramente que o sistema de ensino público seja de qualidade.

Quem disse o contrário, os amesquinhou e tentou silenciar agora, no mínimo, deveria reconhecer o seu erro. E não apenas juntar-se, de forma disfarçada e pouco convencida, ao coro de protestos quando isso já é cómodo e popular.

Não é que sejam mal-vindos e mais vale tarde do que nunca, mas pelo menos gostaríamos de saber se há arrependimento e se ele é sincero ou apenas instrumental.