Daquelas que gostaria de ver respondidas no debate e não apenas sob a forma de gráficos que nada explicam, isto se estiverem sequer bem feitos, ou de tiradas de vitimização e agressividade absolutamente deslocadas, que se tornaram a imagem de marca da nossa Ministra da Educação quando acossada ou simplesmente quando não sabe que responder. Questões que Fátima Campos Ferreira poderia lembrar-se de colocar hoje, caso não se limitasse a analisar a questão apenas pela via da retórica discursiva.
- Os indicadores estatísticos usados pelo ME em várias intervenções têm sempre a mesma origem ou variam conforme as conveniências? E quando os secretários de Estado e a Ministra dizem coisas desencontradas, como resolvemos as contradições? Com base na hierarquia? E entre secretários de Estado que critério usamos?
- O investimento em Cursos Técnico-Profissionais está ser feito com que tipo de apoio técnico e com que nível de equipamentos nas Escolas? Será possível ter cursos de restauração sem arcas e balcões frigoríficos ou fogões ou desenvolver outros cursos sem que existam laboratórios apropriados?
- Esses cursos visam uma efectiva qualificação dos alunos ou apenas dar-lhes a garantia de uma via rápida para concluirem o Ensino Básico e/ou Secundário, visto que as retenções são super-ultra desaconselhadas nos anos não terminais?
- Acha o ME que será atribuindo um ou dois quadros interactivos por Escola que os resultados em Matemática vão miraculosamente subir? E que o Plano Nacional de Leitura se desenvolve apenas acrescentando mais umas centenas de obras à lista recomendada de títulos?
- Estará o ME em condições de garantir que as provas de aferição e exames que serão feitos no final deste ano lectivo, serão concebido(a)s com rigor e sem a tentação de baixar a fasquia de modo a alcançar um aumento do sucesso graças a jogadas de secretaria, como o exame do 9º ano de 2006/07?
- Que resultados apresentam os cursos e formandos das Novas Oportunidades em termos de melhoria da sua situação profissional ou de saída do desemprego, não valendo no cálculo os estágios finais de alguns cursos? Ou o desemprego à saída desses cursos não passa, como no caso dos recém-licenciados e candidatos à docência, de uma “situação dramática” e um “problema do país” que não compete ao ME resolver?
- O alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos é uma medida para anunciar de quando em vez ou é uma prioridade séria? Se é uma prioridade, o que falta para calendarizar a sua implementação? Calcular os encargos? Afastar entretanto do ensino os professores “mais caros” e contratar novos já nos moldes actuais?
- Que novo modelo de organização da escolaridade obrigatória defende o ME para os 12 anos de escolaridade? Quantos ciclos, com que duração e com que perfil de competências à saída? Ao fim de 2 anos no cargo ainda não sabem?
- Em matéria de formação de professores vai mesmo avançar-se para os cursos exclusivamente vocacionados para a docência e destinados a criar o chamdo “professor generalista” para seis anos de escolaridade, sendo que a Ministra avisou que não há falta de docentes para os actuais 1º e 2º CEB mas sim para disciplinas técnicas específicas do Ensino Secundário?
- Os contratos de autonomia que foram assinados são contrados de autonomia ou são operações que visam apenas reforçar o controle dos órgãos de gestão sobre o pessoal docente e obrigar a atingir níveis de sucesso, seja lá como for?
Há muito mais questões que poderiam ser formuladas mas não o vão ser, ou se o forem que não terão resposta directa, mas agora preciso eu de ir trabalhar e não me apetece continuar a fazer o trabalho de casa que outros deveriam fazer, caso não se preocupassem em não ser incómodo(a)s.
E se repararem nem sequer coloquei em menhuma das questões o problema do Estatuto de Carreira, visto que as asneiras, equívocos e indefinições do ME não se esgotam aí. Muito pelo contrário, infelizmente.
Setembro 17, 2007 at 12:28 pm
Fátima Campos Ferreira já tem este formulário na sua posse?
Boa sorte, PG.
Setembro 17, 2007 at 3:29 pm
Até agora, o que tenho ouvido falar em relação ao prolongamento da escolaridade obrigatória para 12 anos (ou 12.º ano ?), é a de que vai permitir aos jovens “estarem mais tempo na escola” (SIC, M Lurdes).
Parece-me que nesta declaração ingénua está contido todo um programa deste Governo para a Educação, e não só:
a) atrasar a entrada no mercado de trabalho
b) esvaziar os Cursos de Formação Profissional, substituindo-os pelo embuste dos Técnico-Profissionais
c) apelar à bovinidade dos Encarregados de Educação que cada vez mais confiam os filhos aos cuidados do Estado
d) corrigir algumas taxas de “(in)sucesso”
e) contribuir para a insanidade mental dos docentes
f) agradar aos sindicatos porque assim haverá a hipótese de empregar mais uns milhares de docentes.
Como se pode ver, só nesta medida está todo um programa de encher chouriços, tão ao agrado da nossa Nomenklatura e que comove grande parte da nossa sociedade. Brilhante.
Setembro 17, 2007 at 4:21 pm
A alínea f) não sei se funcionava para mais do que uns nichos de mercado.
Quanto à alínea c( quer-me parecer que a escola a tempo inteiro anda mais a reboque dos pais não terem tempo – por causa do horário laboral (veja-se o caso dos próprios docentes, apanhados num catch 22 – para ficarem com os filhos do nque o contrário.
Porque assim, dando abrigo à criançada e jovens, já é possível justificar melhor os flexihorários alongados.
Setembro 17, 2007 at 6:34 pm
Tal como o António referiu, não há forma de esta lista chegar ao programa? Dava jeito que estas perguntas fossem respondidas, pelo menos… Mas se nem nos “deixam” ir reflectir nas conferências sobre “nós próprios” quanto mais sermos tidos e achados neste debate…
Mesmo assim, vou ver e ouvir o que haverá de novo (se houver algo de novo).
Setembro 17, 2007 at 8:14 pm
Tentei encontrar no site da RTP um mail do programa – que sei existir – mas dev o estar demasiado agitado com o reinício das aulas e não dei com ele.
Setembro 17, 2007 at 8:30 pm
Não consigo suportar Fátima Ferreira. É arrogante, não consegue ser imparcial e vê-se bem qual a sua equipa…
Setembro 17, 2007 at 9:05 pm
É o FéCéPê.
😛
Setembro 17, 2007 at 9:43 pm
O F.C.P. é o menos – o modo como se deixa endrominar pelos políticos é que me chateia…
Coloquei este post no Blog Geopedrados, com citação de origem e autor…
Setembro 17, 2007 at 11:06 pm
Não verei este programa.
Nenhuma informação relevante será revelada.
Tenho uma planificação de curriculo alternativo para elaborar.
De qualquer maneira, uma pergunta que poderia ser feita à “querida líder” seria sobre a vocação necessária para o cargo que ocupa, agora que tanto se fala sobre a vocação dos professores…