Não é assunto novo aqui no blogue. Devaneios sobre o quotidiano de proximidade e sobre o aparente vazio existencial de uma geração que pouco difere de outras, apesar de alegadamente mais instruída e de ter famílias mais do que remediadas.
Coisas que avisto da janela e, mesmo quando não incomodam directamente, não deixam de merecer atenção, já que mais ninguém se parece preocupar.
Eu re-explico. Perto do meu domicílio há uns pontos de encontro nocturnos (mas cada vez mais também vespertinos) de um grupo de “jovens” se por jovens considerarmos malta dos 15-16 anos a tipos com barba rija e pelo menos um já mais careca do que eu.
Juntam-se, na falta de melhor opção, nas traseiras de prédios de habitação com espaços comerciais diurnos, que os ocultam das ruas principais. Falam, agarram-se aos telélés, berram novidades sobre a sua vidinha para quem os quer ouvir, bebem, urinam a bebida, fumam, cospem o que fumam e, pelo cheio de uns dos locais, devem andar preocupados em estrumar os canteiros de que destruíram quase toda a vegetação.
Em redor, nos próprios prédios, ninguém parece preocupar-se com o nojo em que os espaços em causa estão à vista de qualquer um. Há mesmo quem venha à varanda fumar, vê o que se passa e recolhe-se no seu remanso, ou porque acha normal ou porque receia represálias se fizer alguma intervenção.
Não é por falta de caixotes do lixo que isto se passa. É mesmo por chunguice, por porcalhice de quem não faz isto na porta das suas casas. Isto quando lá pela 1 ou 2 da manhã não decidem que é giro atirar as garrafas para a calçada e vê-las e ouvi-las partirem-se, deixando os estilhaços de vidro espalhados por uma zona pedonal. Se adianta telefonar para as forças policiais? Pois… não entremos por aí… há muito disto por aí e nem é considerado especialmente grave. Quanto muito faz-se tinóni e o pessoal dispersa por uns minutos e regressa.
Eu, limito-me a ir registando idas e vindas, para que mais tarde não neguem a autoria de algum desmando maior, caso venha a acontecer para os meuis lados.
Só que me impressiona a total apatia de quem tem lojas com porta para este esterqueiro ou quem vive ali mesmo e nada diz ou faz.
Pacheco Pereira tem razão, estes são os anos do lixo.
Dezembro 28, 2013 at 3:37 pm
Geração enrascada e rasca?
– O círculo vicioso da pobreza material-pobreza de espírito. O legado mais terrível destes “anos de lixo”.
A Educação não constitui um valor fundamental?
– Mas quando ela é percebida como uma “despesa” pelos poderes públicos e quando as famílias se demitem dela e a entregam àqueles poderes…
Dezembro 28, 2013 at 3:42 pm
“Falam, agarram-se aos telélés, berram novidades sobre a sua vidinha para quem os quer ouvir, bebem,urinam a bebida, fumam, cospem o que fumam e, pelo cheio de uns dos locais, devem andar preocupados em estrumar os canteiros de que destruíram quase toda a vegetação.”
Ou seja, fazem exactamente o mesmo que os ricos, os pobres, os velhos, os de meia-idade e os estrangeiros.
Dezembro 28, 2013 at 3:43 pm
Para além de imitarem os católicos, os muçulmanos, os protestantes, os homens, as mulheres e os outros.
Dezembro 28, 2013 at 3:52 pm
#2 e 3,
Não sou tão negativo em relação ao civismo geral, embora o panorama não seja o melhor.
Dezembro 28, 2013 at 4:22 pm
Se isto está assim é também porque o condomínio se demite. Seria impensável na Suécia. Depois dos abusos de fim-de-semana as câmaras limpam com afinco. Á segunda de manhã está outra vez resplandecente quando se vai para o trabalho.
Dezembro 28, 2013 at 4:36 pm
Esta posta está cheia de evidências do teu falhanço como pessoa. Em vez de desperdiçares o tempo e o talento a alimentar este mural dos infelizes, invejosos, falhados e ressentidos, podias usar ambos para melhorares a tua vida e dos que de ti dependem. Mas não. Preferes desperdiçar o tempo a lançar lama sobre todos os que odeias, em vez de dedicares o teu tempo e talento a coisas úteis e produtivas. Não me espanta que, à beira dos 50 anos de idade, vivas ainda num bairro pouco recomendável – tu é que colocaste as fotos! -, rodeado de falhados. Quase tudo o que defendes neste blog vai no sentido de reforçar e generalizar as atitudes que agora pareces condenar. Ainda vais a tempo de arrepiar caminho. Mas será que os danos de carácter, provocados por uma vida de ressentimento e inveja, ainda podem ser reparados? Oxalá! Não te quero mal e é por isso que aqui venho de vez em quando, na esperança de que ainda sejas recuperável.
Dezembro 28, 2013 at 5:48 pm
Na Quinta da Marinha e nos bunkers acede-se por nascimento. A única maneira de um empregado de call center destacado para um blogue lá entrar é de libré.
Historicamente, quando um estado abre falência os criados de libré aparecem pendurados nas árvores. Sendo assim, a notícia da falência do estado foi largamente exagerada. Ou não estarias aqui. Reza para que não abra falência, ó incauto.
Dezembro 28, 2013 at 6:17 pm
#2, #3
Só o fazem os porcos, os que não sabem (con)viver com os outros.
Dezembro 28, 2013 at 6:32 pm
Coloquem as fotos nos facebooks dos pais.
Dezembro 28, 2013 at 6:47 pm
#6,
Obrigado pelo seu contributo.
Para a próxima é tentar mais em jeito do que em vómito.
Porque o desejo de ofender e malhar é tanto que se ridiculariza a si mesmo.
Faltou um pequeno toque acerca da obesidade e outro sobre a incapacidade financeira.
Tente de novo.
(está enganado, rico, alguns destes meninos são filhos de gente com pretensões a qualquer coisa… não sabem é educá-los, mesmo que andem no St Peter…)
Dezembro 28, 2013 at 6:52 pm
#8
Passeio com a família, por entre caixotes de lixos atulhados devido à greve e à pouca adesão aos apelos para que se retivesse o entulho em casa por mais uns dias, e pergunto: onde é que se meteram os limpos?
Dezembro 28, 2013 at 7:22 pm
Da proxima vez que isto acontecer, o Guinote desça as escadas, dialogue progressistamente com os jovens e a seguir cante-lhes uma canção do Zeca! É que nisto, como em tudo o resto, só no respeito pelos direitos dos jovens, e sempre sempre de punho erguido, se podem encontrar as boas soluções!
Dezembro 28, 2013 at 7:27 pm
#12,
Vai para aquele sítio que bem sabes (a seara ondulante com o teu amiguinho…) e desampara-me a loja.
Dezembro 28, 2013 at 7:48 pm
#13
Talvez não se tenha dado conta, mas este post está, de acordo com os cânones do esquerdismo/progressismo, na fronteira do fascismo puro e simples. Faz lembrar este tipo de discurso, se é que me faço compreender:
http://blog.france3.fr/politiquefranchecomte/2013/08/30/pour-le-front-national-les-voyous-font-la-loi.html
Muita cautela, ao entrar por estes territórios, caro Guinote. Não se esqueça que anda por aqui gente de esquerda, que pode reagir muito mal a um post “fascizante” como este.
Dezembro 28, 2013 at 7:50 pm
Guinote/Marine Le Pen: O mesmo discurso?
«Les honnêtes gens, les ouvriers, les retraités, les commerçants, les artisans, les professions libérales, etc… n’ont qu’à bien se tenir, les voyous sont devenus quasi intouchables!»
Dezembro 28, 2013 at 8:09 pm
Se há algo que falta ao comentador que assina “Rio de Prata” é discernimento das questões relacionadas com a História. Passar-lhe-ía pela cabeça, alguma vez, que na Alemanha da República de Weimer (1918-1933) o Partido Nacional Socialista chegou a reivindicar esporadicamente a liderança de movimentos grevistas, o que aconteceu quando as suas milícias foram impotentes para travar as greves?
Quem está a enfraquecer a democracia é quem não respeita os princípios da administração pública, recorrendo a todas as formas, desde a mentira descarada, ao incumprimento de compromissos internos (feitos perante os eleitores), à colocação em lugares de responsabilidade de pessoas incompetentes (nepotismo) e por aí fora, que a lista é demasiado longa.
Dezembro 28, 2013 at 9:42 pm
Muito disparate em tão pouco espaço até faz impressão
Seria mais fácil constatar que educação e instrução não são a mesma coisa e que os exemplos de incivilidade e de desprezo pelos outros são o nosso quotidiano político, mediático e até familiar.
Mas parece que a urbanidade e a integridade agora são categorias patológicas e não mais simplesmente humanas.
Estranho país este…