… e, se possível, ter o mínimo de riscos para os “lutadores”. Porque a guerra é a guerra, mas aleijar-se custa. É o que me suscita esta reacção do Advogado do Diabo no Proflusos a uma proposta que fiz ontem de passagem.
É a mesma lógica dos “lutadores” que aceitam ser tudo e mais alguma coisa, porque “é o que está na lei” e “podem existir consequência”.
Com “lutadores” destes, o Otelo tinha entregue um requerimento em papel selado de 35 linhas para planear o 25 de Abril e o Salgueiro Maia tinha feito outro para vir de chaimite até Lisboa.
É por estas e por outras, que hoje não fiz greve por obediência fundamental ás minhas tripas e ossos que, eu nunca o deveria ignorar, me dizem sempre o que não devo forçar-me a fazer. Quando não lhes obedeço é que fico mal comigo mesmo.
De que adianta ir para “lutas”, quando ao lado temos quem se atira para a primeira cova, ao risco de um tirinho que faça dói-dói?
Mas aposto uma coisa: o tão legalista Advogado do Diabo quase certamente achará que é inútil contestar a constitucionalidade dos cortes salariais. Nesse caso, argumentará ao inverso de hoje, mas isso é a marca d’água de muita gente.
Até hoje tomei decisões incómodas e desalinhadas com o formalismo do aparato legislativo do ME (caso dos OI, desde o 1º momento e da própria FAA), mas nunca me passou pela cabeça bater em retirada se me ameaçassem com algum procedimento disciplinar. Aliás, transmiti isso a quem de direito, em devido tempo. Quem anda à chuva molha-se. Eu sei disso. Outros sabem disso, mas preferem as pantufas secas e o refúgio atrás de siglas que desresponsabilizam os indivíduos em virtude de decisões do colectivo.
Ao contrário do que diz o Advogado do Diabo, quem não é responsabilizável é toda aquela série de gente quem nem sabemos quem são, mas decidem o que se convoca ou não. Eu, em nome individual, sou responsabilizável. Até que invente um colectivo.
Novembro 24, 2010 at 4:24 pm
Deixa lá e não ligues porque a tua greve é feita de outra forma nos outros 364 dias.
E muito bem.
Novembro 24, 2010 at 4:26 pm
Não posso estar mais de acordo .
Não tinha lido a proposta feita de passagem , mas sugeri-a na escola . Acharam que não era legal ! 🙂
Tive vários alunos que fizeram greve … 🙂 🙂
Novembro 24, 2010 at 4:36 pm
#1,
Hoje estou em atitude zen.
É daqueles dias em que estou do género “atirem-me com tudo o que têm, que eu espero até vocês poisarem”.
Acho que há demasiada gente a precisar de exorcizar fantasmas, fazer catarses colectivas e, em alguns casos, fazer prova de que estão vivo(a)s.
Não sendo o meu caso, observo com evidente bonomia esta enxurrada de “lutadores” que só por razões de humildade, se acobertam em críticas corajosas.
Quem não faz greve é porque está bem?
OK.
Então ainda bem, que todos os que me criticam amanhã estarão melhor.
Novembro 24, 2010 at 4:37 pm
O PG põe, aqui, à disposição de quem queira consultar os decretos e circulares e pareceres e a diarreia legislativa que aparece e que muitos de nós desconhecemos. Mais que não fosse,só por isso, seria de bom tom não insultarem. Dá para perceber ou será tão difícil?!
Novembro 24, 2010 at 4:39 pm
#4,
Isso nem é relevante… este blogue também serve para se expelir a bílis.
Se o não fizessem aqui, onde o fariam’
Nos sites sindicais não podem… nos dos “lutadores” moderam comentários, eliminam-nos e chegam a bloquear utilizadores.
Ao menos aqui, podem despejar a sua “dimensão humana” que eu aguento…
Novembro 24, 2010 at 4:41 pm
Ok mas isto é um umbigo, não é um penico.
Novembro 24, 2010 at 4:41 pm
PG conheço as tuas razões! Apesar de ter feito greve estou de acordo contigo. Há por aqui uns “cantores” que só cantam em coro ou a coberto de um nome falso. Será que cara a cara tem a mesma coragem? Claro que não…
Novembro 24, 2010 at 4:48 pm
Há muito que
Novembro 24, 2010 at 4:48 pm
Tu estás sempre em “greve”. Esquece e desliga.
Novembro 24, 2010 at 4:55 pm
Há muito que deixei de acreditar na união dos professores, com ou sem sindicatos.
Ressuscitei umas suaves esperanças aquando das grandes manifestações mas passaram depressa (as esperaças, clsro).
Mas hoje fiz greve precisamente porque os intestinos, fígados,rins, coração e demais orgãos andam como os mercados, nervosos.
Precisava de lhes dar algum remédio, ainda que de placebo se trate. Eu sei que sim.
Novembro 24, 2010 at 4:58 pm
Ah! E já me f— com esta m—- toda.
Novembro 24, 2010 at 5:19 pm
“Be yourself, no matter what they say”
Novembro 24, 2010 at 5:45 pm
Obrigada Helena.
Até que enfim um homem interessante,Sting, e uma canção belíssima. Para desenjoar das glândulas mamárias exuberantes de alguns “posts” atrás.
Novembro 24, 2010 at 6:29 pm
Paulo Guinote
“A luta deve ser ordeira
… e, se possível, ter o mínimo de riscos para os “lutadores”. Porque a guerra é a guerra, mas aleijar-se custa.”
A forma de luta que o Paulo Guinote propõem, e que eu critico é que se encaixa nesta sua declaração”
Recordando, e pelas suas proórias palavaras, a proposta foi:
“Uma ideia absolutamente “estúpida”:
Não poderia existir uma convocatória geral para o 102?
Isso é que baralhava o sistema todo…
Uma greve paga.
Sou parvo, eu sei!”
(https://educar.wordpress.com/2010/11/23/opinioes-ana-silva/#comment-484226).
Esta sim é uma forma de luta com “mínimo de riscos para os “lutadores””.
Adoptar como forma de luta uma greve que afinal não é uma greve, sem as consequências de uma greve, em que se vai inventar uma desculpa para se faltar não é, para mim, ética e moralmente aceitável.
O Paulo Guinote leu muito mal o que eu escrevi no Professores Lusos.Não critiquei a legalidade da proposta. Indiquei problemas de ordem legal na sua proposta. Tente informar sobre esses problemas e eventuais consequências do mesmo. Para que quem estiver disposto a aderir a essa eventual forma de luta esteja muito bem informado dessas possíveis consequências.
O “legalista” Advogado do Diabo, exactamente por ser “legalista”, pensa que se deve contestar a legalidade/constitucionalidade dos cortes salariais. E vai faze-lo, se tal for necessário. Irá fazer algo que o Pauo Guinote já sugeriu/aconselhou fazer.
O “legalista” Advogado de Diabo não esconde quando está em luta contra alguma coisa. Não luta fingindo que não está a lutar. O “legalista” Advogado do Diabo para decidir aderir a determinada forma de luta analisa muito bem todas as eventuais consequências dessa forma de luta. E quando resolve adoptar-la não têm medo de assumir as consequências. Assume-as! Não inventa desculpas para não assumir as consequências!
Novembro 24, 2010 at 7:35 pm
“Com “lutadores” destes, o Otelo tinha entregue um requerimento em papel selado de 35 linhas para planear o 25 de Abril e o Salgueiro Maia tinha feito outro para vir de chaimite até Lisboa.”
😆 😆
Novembro 24, 2010 at 7:37 pm
Lá perguntam os prof lusos:
“Qual seria o motivo COMPROVADAMENTE impossível de prever para evitar o tal pedido de autorização antecipado?”
Então vamos lá ser inteligentes. Não se pode estar mal disposto de manhã e, por vias disso, não se conseguir sair de casa??
😆
(Não se riam, que já me aconteceu… Falo a sério.)
Novembro 24, 2010 at 7:39 pm
“Artigo 17.º
Suspensão
A pena de suspensão é aplicável aos trabalhadores que actuem com grave negligência ou com grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres funcionais e àqueles cujos comportamentos atentem gravemente contra a dignidade e o prestígio da função, nomeadamente quando:
(…)
h) Prestem falsas declarações sobre justificação de faltas;”
Como se prova que não estive mal disposto logo pela manhã e que até vomitei e tudo???
…
Novembro 24, 2010 at 7:41 pm
#16
E digo já que não achei graça nenhuma ter que pôr um 102 pela manhã, pois não fui passear para lado nenhum!
Novembro 24, 2010 at 7:52 pm
#17 e 18
Prova o colega se for ao médico.
E nesse caso não inventou uma doença, para inventar uma justificação para justificar uma falta que fez como forma de luta.
Novembro 24, 2010 at 7:58 pm
#19,
Pronto.
Fazemos greve quando nos mandarem, da próxima vez.
Nem se fala mais em fugir ao figurino…
Ainda bem que há quem defenda a legalidade da contestação.
Só espero não o ver a defender coisas “à grega”.
Novembro 24, 2010 at 8:00 pm
#19
Também se vai ao médico por se vomitar??
E vai daí, quando tiver que pôr um penso rápido no dedo também lá vou.
Novembro 24, 2010 at 8:01 pm
#19
Mas se for ao médico e trouxer de lá uma declaração, já não justifico com um 102.
DDAAAHHHHH!!!
Novembro 24, 2010 at 8:03 pm
#20
“Pronto.
Fazemos greve quando nos mandarem, da próxima vez.
Nem se fala mais em fugir ao figurino…”
Olha que se não cumprires és castigado. 😆
Novembro 24, 2010 at 10:14 pm
Pois, greve é greve.
E na última greve que fiz e que tinha anunciado no meu blogue, a DRELVT deu-se ao trabalho de requerer cópia do meu recibo do mês seguinte para confirmar o desconto do dia. Estava lá, claro.
Imaginem a alegria que tive quando um dia, ao consultar o meu processo, deparei com uma tal peça. Preocuparem-se assim comigo!
E hoje fiz greve e fui para a rua. Participei numa bela manifestação – muitos jovens adultos, muitos acompanhados pelos seus filhos pequenos. Cartazes com boas denúncias e propósitos. Bombos a marcar os passos sem mandantes. Alguns bonitos cantares de resistência.
E, PG, não vi montras partidas nem carros a arder.
Novembro 25, 2010 at 12:46 am
«Não poderia existir uma convocatória geral para o 102?»
A discussão que já houve sobre esta pergunta ajuda a perceber melhor como é difícil encontrar formas de luta originais. Estamos todos fartos de sindicatos, de greves de um dia, de acordos, de ver sempre as mesmas caras e bigodes, de ADD… mas convinha ter presente que depois de Platão, Cristo e Galileu, não se disse nada de novo.