Uma espécie de Nixon, mas sem o degelo com a China. Ele prefere a Venezuela e a Líbia.
Sócrates vai ser o primeiro chefe do Governo a depor na AR
Apenas tenho uma dúvida: há consequências para o caso de se descobrirem declarações do tipo ruipedro desmentido uma hora depois por Carlos Barbosa?
Ou é só tudo para tuga ver?
Fevereiro 27, 2010 at 11:00 am
É só mesmo pra tuga ver!
Como nas Escolas!
Na minha está a decorrer a Avaliação Externa e aquilo que tenho sido “levada” a fazer e a dizer brada aos céus!
Vivo no País das Maravilhas e não sabia!
Fevereiro 27, 2010 at 11:03 am
“É só mesmo pra tuga ver!”, nem isso, porque há muito que cegou!…
Fevereiro 27, 2010 at 11:06 am
O Padrinho já tem a conclusão da comichão de inquérito:
Comissão de inquérito sobre compra da TVI «não vai dar nada»
Almeida Santos diz que esta é já «a quarta acusação grave contra o primeiro-ministro»
http://www.tvi24.iol.pt/politica/almeida-santos-ps-socrates-pt-tvi-comissao-de-inquerito/1142935-4072.html
Fevereiro 27, 2010 at 11:20 am
PENEDOS OU NÓS
A “comissão” ouviu ontem um tal sr. Penedos, um jovem quadro do PS, promissor como todos os jovens quadros quadrados que o regime produz como cogumelos. O sr. Penedos, à conta do famoso “segredo da justiça”, esteve à conversa com a deputação num estilo “vejam como eu gozo com isto tudo e como vocês são um bando de totós”. Até aqui tem toda a razão. Até agora, segundo o sr. Penedos, os jornais têm-nos fornecido balelas em que o “Penedos” que figura nas transcrições de conversas é outro que não o sr. Penedos cujo jurídico rabo se senta em empresas onde o Estado tem golden shares e onde está precisamente por ser um jovem quadro promissor. E a deputação inalou e engoliu isto como vulgares adolescentes em experiências místico-eróticas. Ainda acabamos a admirar o sr. Penedos e demais seres como o sr. Penedos. Porque, como dizia Gore Vidal de Nixon, eles são o que nós somos e nós somos o que eles são.
Portugal dos Pequeninos
Fevereiro 27, 2010 at 11:25 am
É pá, chamar pioneiro ao homem é que não. É verdade que ele experimentou, mas foi só uma vez, nos tempos da juventude…e já tinha bebido uns copos a mais. Isso faz dele um…pioneiro ???
Fevereiro 27, 2010 at 11:57 am
Pioneiro na aldrabice descarada. Os outros era mais à socapa.
Claro que é só pra Tuga ver.
Fevereiro 27, 2010 at 11:58 am
É, de facto, um grande pioneiro!
Fevereiro 27, 2010 at 12:51 pm
(a repetição deste comentário é justificada pela reacção que despertou em alguns ilustres comentadores e que impossibilitou a discussão da substância da coisa)
Caro Paulo,
sei bem que o MST não é muito querido por aqui, mas permita-me publicitar uns excertos de uma entrevista que deu ao Correio da Manhã onde, com uma enorme coragem, recusa o politicamente correcto do “pachecopereirismo” reinante na comunicação social.
Aconselho vivamente a leitura, porque parece-me uma entrevista necessária de alguém com credibilidade, bom senso e capacidade de análise para perceber o que se está a passar com o país.
Aqui fica:
CM:(…) fez questão de frisar que não estávamos a passar por momentos de censura, ao contrário de outros jornalistas.
Eu já escrevi isso. Que apareça a primeira pessoa e ponha o dedo no ar a dizer ‘eu quis escrever isto e não me deixaram’.
CM:Os casos de Manuela Moura Guedes e Mário Crespo não foram censura?
Você acha? Há um director de jornal que recusa publicar uma crónica e, no dia seguinte, o texto está no site do Instituto Sá Carneiro e, uma semana depois, editado em livro. Eu já vivi num país com censura, já conheci países com censura, e não me lembro de censura assim. E quando vejo a Manuela Moura Guedes ter direito a 20 minutos em directo do telejornal para dizer que há censura… Sinceramente, tomara a líder da oposição birmanesa.
CM:O que se passa então agora entre a classe política e a classe jornalística?
Penso que é preciso dar nas vistas, isso é que vende jornais. Há uma confusão de conceitos, que não sei se é voluntária ou se é negligente, mas que está a ser feita de forma leviana. Expressões como ausência de liberdade, ditadura, são demasiado graves para serem usadas porque um director de jornal recusou publicar uma crónica do Mário Crespo sem que este indicasse qual era a sua fonte. Eu não publicava. Já fui director, e não me considero um ditador nem um censor, e não publicava. Porque se publico um artigo desses, amanhã qualquer jornalista meu pode vir dizer ‘fulano, que não posso dizer quem é, ouviu isto num restaurante’. E o meu jornal é uma coisa baseada em fontes anónimas de restaurante. Não pode ser.
CM:Isso está a minar o jornalismo neste momento?
É um terreno muito perigoso e pantanoso. E as pessoas têm de ter consciência de que vão deslizar por ele abaixo. É como a questão da publicação de escutas telefónicas, que foram colhidas para um processo judicial e depois aparecem num processo jornalístico. Se um dia os jornais substituirem o julgamento dos tribunais será muito grave. Se aceitarmos que o interesse público está sempre à frente da reserva do direito à vida privada, como diz a Constituição, e que invocando o interesse público pode publicar-se as conversas privadas de alguém, o caminho é perigosíssimo. Até porque interessa responder a uma questão? Quem é que define o interesse público? Qualquer director de jornal? Ele é juiz em causa própria? Não escondendo o conteúdo das escutas, e questionei o primeiro-ministro sobre isso, a verdade é que, tanto quanto sei, o Rui Pedro Soares, o centro das escutas, nem sequer é arguido, nem suspeito de crime nenhum. É como uma conversa sua com alguém que era arguido ir parar ao jornal. Não aceito isso. Não aceito como método jornalístico, não aceito em termos de cidadania, de direitos…
CM: as a sua crítica é ao facto de virem a lume conversas que estavam em segredo de justiça?
Isso é o ponto número 1. Ponto número 2 é como se faz um jornalismo com base nisso. No outro perguntavam-me o que faria se me tivessem enviado as escutas. Era muito simples. Pedia ao jornalista que investigasse. Não publicava assim. Agora, ter um amigo no Ministério Público ou na Polícia Judiciária que, à socapa, lhe manda o processo das escutas, isso não tem nada de investigação. Nada. Não venham cá falar do rigor jornalístico. Isso são balelas, tretas.
CM: Quando terminou o ‘Jornal Nacional de 6.ª’, disse que era o fim do ‘jornal nacional de manipulação’…
E disse que era um atentado à liberdade. Nunca vi, em nenhuma televisão do Mundo, um jornal como aquele.
CM: Considera que esteve demasiado tempo no ar?
Acho que nunca deveria ter estado no ar. Pense-se o que se pensar do actual primeiro-ministro, aquilo era um jornal para atacar uma pessoa concretamente. E às vezes perguntava por que não se fazia uma emissão contra o Paulo Portas ou a Manuela Ferreira Leite, outra contra o Jerónimo de Sousa ou o Louçã. Não há nada? Porque não investigam os submarinos ou os dinheiros da Festa do ‘Avante!’. Lembro-me de ter dito à [jornalista] Ana Leal: o que acontece ao vosso jornal no dia em que Sócrates for absolvido? Se a justiça chega ao fim e não apura nada. O jornal morre por falta de objecto. O caso Freeport dura há seis anos por uma única razão: porque ainda não conseguiram entalar o Sócrates. Se fosse o Zé dos anzóis já tinha sido arquivado. Acho inconcebível que um primeiro-ministro viva sob suspeita de corrupção durante seis anos e que os contribuintes estejam a pagar esta investigação. Nós não podemos ser governados por alguém que não sabemos se é corrupto ou não. O Ministério Público tem obrigação de, rapidamente, apurar aquilo. Ou tem indícios, ou não tem indícios. Agora, permitir que o primeiro-ministro seja queimado em lume brando na Imprensa enquanto eles arrastam o processo à pesca à linha, a ver se alguém morde o anzol, é inconcebível. Eu não quero ser julgado assim. Não quero ter um primeiro-ministro julgado assim.
Fevereiro 27, 2010 at 1:02 pm
Estado de direito formal
PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE
Foi finalmente publicado um despacho de não abertura de inquérito proferido pelo procurador-geral da República. É de lamentar que a revelação seja parcial, tardia e feita à revelia da lei. Foram precisos três meses para que os portugueses conhecessem as razões do procurador-geral. E só conheceram um dos despachos proferidos e só parte desse despacho. E ainda por cima conheceram-no pela pior forma, de maneira ínvia e com atropelo da autoridade do Ministério Público. Tudo isto se deveria ter evitado com a publicação tempestiva dos despachos por iniciativa do Ministério Público.
As escutas reveladas pelo Sol constituem prova legalmente admissível de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o primeiro- -ministro, para interferir na comunicação social e afastar jornalistas incómodos, como concluíram os magistrados de Aveiro. O despacho do procurador-geral revela uma escuta que indicia o desconhecimento do primeiro-ministro. Ora, em face desta discrepância, impunha-se abrir um inquérito para investigar quem determinou a compra da TVI pela PT, quando, por que meios e com que objectivos.
O procurador-geral da República argumenta que, mesmo que estivessem provados os factos indiciados, eles não constituiriam qualquer crime. Não tem razão. O crime de atentado ao Estado de direito tem três modalidades: destruição, alteração e subversão do Estado de direito. A modalidade que se indicia nas escutas referidas no Sol é esta última. Há subversão do Estado de direito quando há uma “instrumentalização dos órgãos e processos constitucionais para fins estranhos às funções constitucionais do Estado”, como já escrevi há anos. É o que se indicia no caso. Em face das escutas referidas no Sol, indicia-se que a posição institucional e os poderes funcionais de um membro de um órgão constitucional (Governo) foram instrumentalizados para fins estranhos ao Estado. Como crime de empreendimento puro, o crime consuma-se com a violação ou a tentativa de violação da liberdade de imprensa de um jornalista ou de um meio de comunicação social. No caso em apreço, o bem jurídico da liberdade de imprensa é encabeçado nos concretos jornalistas (Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz) e nos concretos meios de comunicação visados (a TVI, o Correio da Manhã e o Público). Por isso, a lei tutela especialmente o direito de acção do cidadão ou entidade “directamente ofendidos pelo acto considerado delituoso”. É a própria lei que considera que os actos delituosos previstos na Lei n.º 34/87 podem “ofender directamente” cidadãos e entidades! Note-se que o legislador escolheu a palavra “ofendidos” e não “vítimas”, o que tem o significado dogmático de que os tipos desta lei também tutelam bens jurídicos das pessoas singulares e colectivas visadas.
Com efeito, há indícios de factos que subvertem a liberdade de imprensa como pilar do Estado de direito quando se diz, por exemplo, que “O Sócrates perguntou-me se não era melhor correr com o Moniz antes de a PT entrar”. Se a conduta indiciada não tiver relevância criminal, então os jornalistas portugueses ficam inteiramente à mercê das “interferências” do poder político, pois ela poderá repetir-se impunemente. Se esta conduta não põe em causa o Estado de direito, então Portugal vive num Estado de direito formal. Se esta conduta é tolerável em Portugal, então a garantia constitucional da liberdade de imprensa é meramente formal.
Aqui chegados, o procurador- -deral deve abrir um processo criminal, para investigar toda a matéria de facto que se encontra por esclarecer. Em face de indícios de crime público, o Ministério Público não tem qualquer discricionariedade. Tem de abrir um processo. E a sua anterior decisão de não abertura não tem qualquer força de caso decidido. Se o procurador-geral não abrir um processo criminal, os ofendidos têm ainda um caminho. Devem apresentar queixa sobre os factos indiciados com arguição simultânea da inconstitucionalidade da interpretação do procurador- -geral do artigo 262, n.º 2, do CPP, o que obrigará à abertura de um inquérito e à apresentação dos autos a um juiz de instrução. O Estado português não tem apenas uma obrigação substantiva de não violar a liberdade de imprensa, mas tem também uma obrigação processual de investigar qualquer violação da liberdade de imprensa. Se o despacho de arquivamento da notícia do crime for a última palavra do Estado português neste caso, então estão exauridos os meios internos de tutela da liberdade de imprensa e fica o caminho aberto para suscitar a tutela do Tribunal de Estrasburgo.
Esta análise é estritamente jurídica, como foram todas as que tenho feito sobre este assunto. Não faço imputações de segundas intenções aos magistrados envolvidos. Aliás, repudio terminantemente quaisquer extrapolações que ponham em causa a lisura de procedimentos e a idoneidade profissional de todos os magistrados envolvidos. Porque defendo e confio na independência dos tribunais e na autonomia do Ministério Público.
http://www.dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1505052&seccao=Paulo
Fevereiro 27, 2010 at 1:14 pm
# 8
Ó Mat(I),
É bem conhecido o estado demencial do Sousa, vai para uns anitos. Isolou-se. Não fala com ninguém. Berra.
Caso de psiquiatria.
Contaram-me cada uma do tipo, até a última mulher já o deixou e o trocou pelo Zé Pedro dos Xutos.
Não sabe?
Fevereiro 27, 2010 at 1:20 pm
27 Fevereiro 2010 – 00h30
Face Oculta: PSD avança com comissão de inquérito a negócio PT/TVI
Cerco a Sócrates no Parlamento
A ameaça de uma moção de censura se a comissão de inquérito concluir que houve interferências do Governo na tentativa de negócio entre a PT/TVI foi ontem admitida pelo candidato à liderança do PSD, José Pedro Aguiar-Branco, na Antena 1. Como líder parlamentar apenas falou de “consequências políticas”, sem concretizar.
O avanço para uma comissão de inquérito já estava em cima da mesa depois das primeiras contradições das audições na Comissão de Ética. Ontem, Aguiar-Branco anunciou que a proposta social-democrata de inquérito tem como objecto, por um lado, “apurar se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI pela PT e, se o fez, de que modo e com que objectivos”. Por outro, “apurar se o senhor primeiro-ministro faltou à verdade ao Parlamento na sessão plenária de 24 de Junho de 2009”. Em suma, está em aberto, sendo aprovado o inquérito, chamar ao Parlamento o primeiro-ministro. O BE registou com agrado a iniciativa do PSD e o CDS vai apoiá-la. Assim, mal termine a votação final global do Orçamento do Estado, a 12 de Março, o Parlamento terá na sua agenda um tema com consequências políticas imprevisíveis.
O PS reagiu, pela voz de Francisco Assis, e vota contra o inquérito, afirmando que “os que têm vindo a sustentar a tese de que houve tentativa do Governo para coarctar a liberdade de expressão em Portugal não foram capazes de apresentar factos” para o efeito.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=27DCC0F0-0D70-4E6D-8BFC-978EAAB9D1DB&channelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090&h=3
Fevereiro 27, 2010 at 2:35 pm
A mulher do MST deu-lhe um Xuto. 😉
Fevereiro 27, 2010 at 5:23 pm
Ó MAT CU VENDIDO TOMA LÁ:
O enigma indecifrável
O Expresso de hoje dedica duas páginas a uma análise das conversas mantidas entre os suspeitos da Face Oculta, no final de Junho de 2009.
Em 24 de Junho, Rui.Pedro.Soares para Paulo Penedos: ” Disse ao Sócrates que andamos nisto há dez meses e nos últimos dias é que…”
No dia seguinte, o mesmo Rui.Pedro.Soares, segundo o Expresso, “disse sete vezes a Paulo Penedos que Sócrates não tinha sido avisado do negócio da TVI”.
Mas do que parece ter sido avisado foi das escutas que decorriam e em que foi interveniente. Sendo mera especulação, esta afirmação parte de factos que se vão tornando conhecidos embora com pormenores que se vão alterando, sem mudar o essencial.
Segundo o mesmo Expresso, os suspeitos alteraram substancialmente o teor das conversas do dia 24 de Junho para o dia 25 de Junho de 2009. Mudaram radicalmente o discurso no que se refere a pormenores importantes como o conhecimento que o PM tinha do negócio.
Ainda segundo o jornal e ao contrário do que tem sido escrito ( até por aqui), os suspeitos não mudaram logo de telemóvel no dia 25 de Junho. Continuaram com os mesmos, até 1 de Julho. Mas o que mudou foi o tom das conversas e a frequência das mesmas.
Para um investigador amador tal fenómeno não precisa de nenhum inspector Varatojo: os suspeitos souberam, por qualquer modo que andavam a ser escutados.
O Correio da Manhã de hoje insiste na notícia de que houve um encontro “secreto” entre José S. e Rui.Pedro.Soares na sede do Rato, no dia 25 de Junho 2009 e tal resultará de outra escuta em que Paulo Penedos refere o encontro, nessa tarde entre aqueles. Se este facto for verdadeiro, a suspeita sobre o encontro, o tema e o resultado adensa-se perigosamente para um facto fumegante.
Seja como for, parece inequívoco que houve uma quebra muito grave do segredo da investigação criminal no dia 24 ou 25 de Junho de 2009 e tal aconteceu depois de o titular do inquérito de Aveiro se ter encontrado com o PGR.
Os jornais de hoje ( CM, Público e Expresso e ainda o i) não estão com meias medidas sobre as suspeitas que recaem também, naturalmente, sobre o próprio PGR.
Apesar do seu ar agastado de ontem, não deve estranhar tal facto, perante os factos que se apresentam: é assim mesmo que as coisas são. Antes de lhe ter sido dado conhecimento, o segredo de investigação mantinha-se, tal como se manteve depois, relativamente aos media. Mas depois disso, os suspeitos foram alertados.
Qualquer investigador criminal não pode ignorar tal facto sob pena de entender que há pessoas acima de qualquer suspeita.
E o PGR Pinto Monteiro não pode pretender colocar-se acima de qualquer suspeita, naturalmente, porque isso seria ilegal, inadmissível e incongruente.
Portanto, resta aquilo que o Público aflora: uma investigação em que o mesmo terá de ser ouvido como suspeito, tal como outros que serão muito poucos e menos se calhar do que a meia dúzia que tomou conhecimento do seu despacho de 18 de Novembro.
Segundo se refere nos jornais, a quebra de segredo estará a ser investigada desde Julho, no DIAP de Coimbra.
A investigação desta quebra muito grave de sigilo e que comprometeu seriamente as investigações criminais que se desenrolavam, com possibilidade de sucesso como se verifica pelo que se sabe até agora, é difícil e provavelmente destinada ao fracasso. Por várias razões:
Para se saber quem soprou a informação aos suspeitos, deverá em primeiro lugar fazer o que Umberto Eco sugere no seu livro O Nome da Rosa, através do detective medieval Guilherme de Baskerville: a prática do raciocínio abductivo. Ou seja, partir de uma hipótese plausível, mesmo improvável, segundo uma configuração em que intervenha os outros dois tipos de raciocínio: o indutivo e o dedutivo.
O detective deve ponderar a quem aproveitaria a quebra de sigilo naquele momento. A resposta, será, natural e cristalina: ao poder político que se via em palpos de aranha se tal não acontecesse. Perante uma prova evidente de manigâncias várias sobre manipulações de mercado e de empresas públicas e onde o Estado tem participação privilegiada, através de um bando de malfeitores, o próprio primeiro-ministro via-se envolvido, sem escapatória de um atentado ao Estado de Direito, ou na versão mais soft e adormecida, de um atentado inadmissível ao satus quo político.
Já se viu sem margem para dúvidas que aos investigadores do processo principal em que tal foi descoberto não repugnaria nada e tudo aconselharia que se fizesse uma investigação rápida, acelerada e urgentíssima aos factos que se desenrolavam em directo e com intervalo de dias ou horas de concretização ( os contratos estavam prontos). Sugeriram ao PGR que assim se procedesse. E tal não implicaria uma eventual validação de escutas posterior se fosse reconhecida a urgência.
O PGR assim não entendeu, ab initio. Discordou do entendimento dos magistrados de Aveiro e guardou as peças processuais que lhe entregaram para tal. Só as despachou um mês depois disso.
Portanto, aos investigadores da PJ e aos magistrados de Aveiro não deve ser imputada a suspeita de quebra de segredo, por um simples raciocínio dedutivo e indutivo.
Quem resta, de fora, na lista dos suspeitos ? Os que tiveram acesso ao segredo da escuta. Como é que este segredo pode ser violado? Por vários modos e feitios. Através de uma conversa particular com este ou aquele ou aquela. Basta quem alguém que saiba sopre numa simples conversa, a simples informação: o PM e o Vara andam a ser escutados num processo. O PM alertado de tal facto, sabedor do que andou a fazer nesses dias, percebe imediatamente o que foi escutado e com quem falou e porquê.
Daí a reunião no dia 25 de Junho? Porque não, se é um elemento dedutivo importante para uma suspeita, tendo em conta os factos posteriores conhecidos?
Mas sobra ainda a hipótese abductiva: o PGR andou, ele mesmo a ser escutado. Como? Por telefone? Não parece porque o PGR não poderia falar ao telefone sobre este assunto, de acordo com a sua própria presunção inilidível de inocência. Portanto, não falou ao telefone.
Mas…um investigador pode aceitar essa presunção sem mais? Não pode e por isso terá que investigar se alguém que teve acesso ao segredo falou ao telefone no dia 24 ou 25 de Junho e com quem falou. Mas com poucas ou nenhumas possibilidades de sucesso. Sendo magistrados, a autorização de consulta das conversas não tem grande possibilidade de sucesso- a não ser que os mesmos autorizem.
Portanto, resta outra coisa: saber rigorosamente o que fizeram no dia 24 e 25 de Juhno até á hora do almoço. Com quem estiveram, com quem dormiram, com quem se cruzaram e falaram etc. Todos esses pormenores contam para que se possa atingir o resultado desejado: descobrir indícios, apenas indícios sobre o violador do segredo?
Será isto possível num inquérito em que as pessoas envolvidas apenas podem ser ouvidas como testemunhas, obrigadas a dizer a verdade mas cuja declaração pode interromper-se se forem obrigadas a dizer algo que as comprometa?
Perante este panorama que a nossa lei processual penal implica, a resposta à pergunta inicial é esta: Nunca se saberá quem foi o informador de José S. e A. Vara sobre o facto que constitui a maior violação de segredo de justiça que há memória, pelo dano que provocou.
Mas sabe-se quem ganhou as eleições em Setembro. Numa vitória que o vencedor considerou, estranhamente, na altura, “extraordinária”.
De facto, tinha mesmo razão: foi extraordinária, mas falta saber quem lhe deu a mão, escondendo o gesto.
http://portadaloja.blogspot.com/2010/02/o-enigma-indecifravel.html
Fevereiro 27, 2010 at 5:26 pm
Ler o blog Porta da Loja vale cada linha acredite…e o MAT CU VENDIDO não aprende…
o procurador agastado
O procurador-geral, Pinto Monteiro, mostrou-se visivelmente agastado com a manchete do Sol e enfiou um barrete que pode não lhe servir.
O Sol diz apenas que é a Procuradoria que está sob suspeita. E apresenta factos que lhe permitem a ilação.
São falsos esses factos? Não terá legitimidade para suscitar essas suspeitas perante o que se sabe e não foi desmentido, a não ser de modo genérico e equívoco?
Pinto Monteiro, hoje, ás tv´s, na rua, balbuciou as habituais frases de perceptibilidade difícil, mas deu para entender que disse ser a notícia do Sol “completamente falsa; completamente infundada” e que “não tem o mínimo fundamento”.
Mas, afinal o que é que não tem fundamento? A suspeita sobre a Procuradoria? É que Pinto Monteiro ainda acrescenta ser “espantoso…a facilidade com que se insulta”,. mas…será tanto assim? As dúvidas não serão legítimas, tendo em conta o que sucedeu?
Aliás, insultos há muitos e um certo Rui Machete, no outro dia no Prós & Contras não teve pejo em dizer publicamente que os violadores do segredo de justiça são os magistrados. Freittas do Amaral há anos que diz o mesmo. Proença de Carvalho, idem. Não é igualmente ofensivo? E o PGR vai fazer alguma coisa?
Um procurador-geral assume um cargo que tem uma vertente política importante. Hoje, Almeida Santos, veio em defesa do PGR, assegurando a honorabilidade do mesmo. Com amigos assim, Pinto Monteiro não precisa de se defender.
Ou não se lembra do que ocorreu há meia dúzia de anos, com o seu antecessor? Terá havido algum PGR tão detestado, mesmo odiado, como Souto Moura, por certas franjas da sociedade portuguesa que agora, estão muito satisfeitas com a prestação do actual procurador?
E o que dizer de Cunha Rodrigues que foi enxovalhado no fim do mandato? A Souto Moura, queriam mesmo metê-lo num processo crime. E aguentou estoicamente as ignomínias de um certo PS que lhe queira fazer a cama de uma pildra imaginária. Alguém o defendeu nesse tempo? Nem o sindicato do MP o fez. E nunca fez queixa crime de ninguém -que se saiba. Até nisso soube assumir o papel que lhe coube e cumpriu de modo notável.
E no entanto, os factos, agora, objectivamente considerados, são bem mais graves do que àqueles eram imputados…
Então, para lembrança, aqui fica uma imagem que colige algumas manchetes de jornais, com destaque para o 24 Horas de Pedro Tadeu. O mesmo que então dizia que “não seria leitor do 24 Horas” que então dirigia ( veja-se a imagem com um clique para o mostrar).
Exemplar!
Pinto Monteiro para se aproximar deste nível de tratamento jornalístico vai precisar de algum tempo mais. Mas já tem o relógio a contar para trás. Hoje á noite, na tv, dois comentadores de sistema, Resendes & Delgado, disseram que o PGR já não tem grandes condições para continuar…
http://portadaloja.blogspot.com/2010/02/o-procurador-agastado.html
– posted by josé @ 27.2.10 2 comments
Fevereiro 27, 2010 at 5:29 pm
Aparece MAT:
http://portadaloja.blogspot.com/
http://doportugalprofundo.blogspot.com/
http://livresco.wordpress.com
Fevereiro 27, 2010 at 9:00 pm
«Talvez por a sessão da Comissão de Ética de hoje ser a menos importante de todas (Director do Sol!!!), o Canal Parlamento transmite outra discussão muito mais importante para o PS, a SICN não transmite e a TVI24 transmitiu uma pequena parte que é de caixão à cova e coloca a cúpula do PS ao nível de uma qualquer organização corrupta de filme policial. Os tentáculos do PS no BCP e a maneira como tentaram liquidar o jornal é de lhes pegar pelos colarinhos e os meter a todos em prisão preventiva sem recurso, incluindo um tal de José Sócrates.»
Outra coincidência !!!
Colocaram a audição do director do Sol na comichão da AR, parece que á mesma hora que a desta p…
http://www.joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/274794.html
para não darem visibilidade às declarações do Saraiva.
Tudo muito bem manipulado, o normal.
Fevereiro 27, 2010 at 11:30 pm
É só para brincar à transparência e fingir que são políticos