A (DES)MOTIVAÇÃO E O ESCARAVELHO
Sem nunca o poder experimentar, por ser impossível, Arquimedes ( sábio grego) estava cheio de convicção, e carregado de fé, quando afirmou:
“Dêem-me um ponto fixo no universo e farei mover o mundo”.
O sábio disse-o ao perceber o potencial de força que existe no uso de uma alavanca.
Inspirado no célebre dito de Arquimedes, mas desde o subsolo da sua altíssima sabedoria, eu diria, analogicamente, o seguinte:
“Dêem-me muito dinheiro e eu serei o melhor gestor do universo.”
E porque é que eu digo isto?
Digo-o porque o peso do dinheiro na motivação das pessoas é cada vez mais uma omnipresente realidade.
Ouve-se muito dizer: “ os portugueses têm fama de trabalhadores nos países de emigração, e em Portugal é o que se vê.”
Como diria a minha Tia-avó: “ Perda fora”!
Ou, traduzido para a modernidade: “Olha a novidade!”
Basta um centímetro cúbico de compreensão para se perceber a razão da coisa assim ser: é o dinheiro, senhores!
É que, no estrangeiro, paga-se a quem trabalha, enquanto, em Portugal, paga-se a quem não mexe uma palha. No estrangeiro, o ordenado mínimo proporciona uma existência digna; em Portugal, possibilita a sobrevivência.
Ora se não valorizam devidamente o trabalho como querem que as pessoas (perdoem o plebeísmo) verguem a mola?
Se com o trabalho que fazem não passam do pão e do vinho, bem fazem os trabalhadores não se estafarem demais. Que se estafe quem ganha pra gastar no último modelo da BMW ou da Mercedes; quem dorme no Ritz e vai de férias para as Caraíbas.
Não andará longe da verdade quem disser que o grande marasmo económico em que vivemos se deve à desmotivação de quem quer trabalhar mas não se quer sentir “burro de carga”. Nem será nenhuma aberração dizer que o rendimento mínimo alastrou porque as pessoas não aguentam mais a distância que vai da pobreza (de quem suja as mãos com trabalho) ao luxo (de quem as “suja” com o dinheiro).
Por isso, não será nenhuma heresia afirmar que os patrões e empresários ( felizmente, nem todos) enquanto vão nadando em dinheiro, vão mergulhando na culpa.
Muito do desemprego existe, não por não haver emprego, mas porque a desmotivação paralisa quem quer trabalhar.
Os empresários deste país têm que mudar a sua mentalidade egoísta. Em vez de distribuírem o lucro por quem o ajudou a gerar, gastam-no em luxos exagerados e inaceitáveis. Em vez de retribuírem os seus trabalhadores com salários motivadores, que os levariam a trabalhar mais e melhor, “convidam-nos” à indolência e à preguiça.
Mas o que é estranho é que o lucro das empresas deste país nunca existe para o lado do fisco, nem do trabalhador!
Todavia, esse mesmo lucro vai chegando para engordar miríades de empresários, certos políticos e chefes administrativos, que tal como Arquimedes, mas com intenções menos éticas, são mestres no manuseamento de “alavancas”.
Esses senhores, que não se importam de subornar ou de se deixar subornar, não inventaram “alavancas” para melhorar a vida dos homens ( como o fez Arquimedes); utilizam-nas, antes, para minar sociedades inteiras.
Esses senhores, estão para as sociedades modernas, como o escaravelho esteve para os batatais, quando chegaram os químicos. São uma peste.
Não será urgente para a maioria da sociedade criar um “produto” qualquer, que se misture com água, para não ficar muito caro, e destrua de vez essa praga?
Cunha Ribeiro
Novembro 11, 2009 at 7:21 pm
Até há o caso exemplar de um empresário em Portugal que foi condenado a prisão por dívidas ao fisco, porque usou esse dinheiro para pagar aos operários…
Novembro 11, 2009 at 7:27 pm
Neste país é o “”salvem-se os socretinos e amanhem-se os outros””.
Quem é honesto e trabalha, lixa-se…valha-nos as nossas consciências (mas essas não dão pão para matar a fome, a quem a tem).
Parabéns, Cunha Ribeiro, pelo artigo!!!
Novembro 11, 2009 at 7:39 pm
Até hoje só o pobre do João Cebola foi parar aos calabouços ..um empresário com nome da praça e dono de um império..enfim é a bosta de pa+si que temos..ás vezes penso q8ue a mãe do Afonse henri
Novembro 11, 2009 at 7:40 pm
…Henriques tinha razão…não fosse um estrangeiro catalisar o espírito de alguns nobres e hoje ainda fazíamos parte da Espanha..e não sei se seria assim tão mau…
Novembro 11, 2009 at 7:42 pm
Gostei de ler!
Novembro 11, 2009 at 7:48 pm
já esteve pior no tempo da escravatura; mas também não éramos 6 mil milhões como somos hoje (quase 7).Dá que pensar….
Novembro 11, 2009 at 7:58 pm
#4-E quando é que desenterram o Afonso para lhe analisarem o ADN? Parece que não querem…
Novembro 11, 2009 at 8:32 pm
boa noite
gostei do texto, uma delícia de se ler.
Novembro 11, 2009 at 8:33 pm
Cunha Ribeiro, quando ouvi a notícia de que éramos dos países menos produtivos, pensei o mesmo que tu: mudem-se os “gestores” e patrões. Vivemos num país em que estar feliz no trabalho é mal visto, “quanto pior, melhor”.
Enquanto estas mentalidades pequeninas não mudarem, assim continuaremos.
Guardemos o melhor de nós para quem merece e, na grande maioria dos casos, não são definitivamente os nossos chefes.
Novembro 11, 2009 at 8:52 pm
Novembro 11, 2009 at 8:57 pm
Cunha Ribeiro em Portugal 90 por cento dos ditos empresários são chulários…e fico-me por aqui para não ser acusado de malcriado…curiosamente o Luxemburgo onde mais de 10 por cento da população é portuguesa tem dos melhores níveis de vida do mundo..e o ordenado mínimo anda à volta dos 1700 euros…
Novembro 11, 2009 at 9:31 pm
Antes que venha o FAFE desfazer-se em “elogios”, deixem agradecer os elogios do BRICALHÃO, da MARGARIDA e da ANGélica ( os mais explícitos, claro).
É que, confesso, sabe bem ouvir elogios… E eu ando a precisar…
Novembro 11, 2009 at 9:40 pm
Cunha Ribeiro, gostei mto de ler o teu texto! 🙂
Novembro 11, 2009 at 9:42 pm
O Fafe é bom rapaz. Tem aquele ar de rafeiro, mas tem bom coração. E ainda ficava melhor com uma pedra atada ao pescoço
Novembro 11, 2009 at 9:46 pm
REB
Agora sim, já posso dormir em paz. Boa noite amigos.
Novembro 11, 2009 at 10:03 pm
Bom texto , Cunha. Só um pequeno reparo:
«Os empresários deste país têm que mudar a sua mentalidade egoísta. Em vez de distribuírem o lucro por quem o ajudou a gerar, gastam-no em luxos exagerados e inaceitáveis.».
Não deixando de te dar razão, há ainda outra despesa que não aparece nos livros:não te esqueças que nem todos os corruptos se contentam com 10 mil euros… E ainda têm que pagar os vencimentos dos ex-governantes, sobra pouco para motivar quem produz.
#11
Buli, hoje estou do contra. Se não houvesse lá tanto português a trabalhar…
«No Luxemburgo residem oficialmente 67.800 portugueses, mas o número real deve ascender a 80 mil.
Os portugueses representam 16 por cento da população do Luxemburgo e 20 por cento da população activa.»
http://diario.iol.pt/noticias/tabaco-fumo-tabaco-luxemburgo-portugueses/926083-291.html
«Portugueses do Luxemburgo produzem mais 177 por cento que trabalhadores em Portugal
Terça-Feira, 26 Fevereiro de 2008»
http://www.mundoportugues.org/content/1/2131/portugueses-luxemburgo-produzem-mais-por-cento-que-trabalhadores-portugal/
Portugueses do Luxemburgo produzem mais 177 por cento que trabalhadores em Portugal
Terça-Feira, 26 Fevereiro de 2008
Novembro 12, 2009 at 12:56 am
07 Novembro 2009 – 22h00
Investigação: PJ ouviu principais figuras do PS durante períodos eleitorais
José Sócrates escutado dezenas de vezes
O universo da Comunicação Social esteve sempre presente nas dezenas de conversas entre Armando Vara e José Sócrates, escutadas pela Polícia Judiciária de Aveiro e anexas a certidões que se encontram desde Julho passado na Procuradoria Geral da República. O primeiro-ministro e o ‘vice’ do BCP falaram sobre as dívidas do empresário Joaquim Oliveira, da Global Notícias – que detém títulos como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a TSF –, bem como sobre a necessidade de encontrar uma solução para o ‘amigo Joaquim’. Uma das soluções abordadas foi a eventual entrada da Ongoing, do empresário Nuno Vasconcellos, no capital do grupo. Para as autoridades, estas conversas poderiam configurar o crime de tráfico de influências.
Outro assunto abordado nas inúmeras conversas escutadas e transcritas pelas autoridades foi a venda da TVI aos espanhóis da PRISA. Os temas ‘Manuela Moura Guedes/José Eduardo Moniz’ também foram falados, sendo evidente que o casal não era do agrado do primeiro-ministro José Sócrates.
(…)
http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&contentid=76DDEBAC-EFFF-4685-A132-93B9A0D4445D
Novembro 12, 2009 at 1:03 am
Excelente post!!!
Novembro 12, 2009 at 3:03 pm
http://www.queixasdeprofessores.blogspot.com/2008/07/queixa-3.html