O FALSO ARREPENDIDO

Desculpem a insistência, mas é inevitável escrever sobre Sócrates, enquanto os portugueses o não obrigarem a voltar a “ser engenheiro” (Que volte à régua e ao transferidor. Que desenhe casas a sério , seja em Lisboa ou na Covilhã.)

Desculpem, mas aquele ar de falso arrependido que enverga deve ser denunciado até à exaustão. Desculpem lá, mas até domingo, 27, não me posso calar. Porque estou cheio dele. Cheio até aos cabelos!

Ele bem pode vir com aquele ar de “ex-virgem-arrependida” que, agora, é tarde demais. ( Rompeu o “ímen” da credibilidade, santa paciência, que não rompesse).

Ainda se tivesse “pecado” uma única vez… Vá que não vá… Podia ter o benefício da dúvida. ( A coisa passava como um infeliz e ingénuo percalço  …).

O certo é que o homem andou quatro anos a “prostituir-se” politicamente à direita, vergado ao “charme” do “socialismo neo-liberal”  (e autocrático).

E é esse comportamento imoral e dissoluto de “Madalena arrependida” -, que muitos, suponho, irão castigar, sem piedade, no último domingo do mês..

O homem teve todo o tempo do mundo para fazer marcha-atrás na “reforma estapafúrdia e delirante” que tentou fazer no Ensino. Mas não o fez. Preferiu vestir-se de “herói” e “ampará-la” com todo o zelo.

Achou, porventura, que milhares de pessoas unidas contra uma reforma “idiota” defendida apenas por “três”, não passava de  uma “ brisa vinda de leste” ( soprada pelo PCP), que depressa esvaneceria. Julgou que a quantidade numérica de professores insatisfeitos era inversamente proporcional à razão de um hipotético “interesse geral”. E foi esticando a corda a ver se partia do lado daqueles.

Vesgo e obstinado, persistiu na cegueira e no erro. Até que…

Até que a corda lhe rebentou à beira dos punhos… E eis que sente “na pele” o efeito perverso da teimosia.

“Arrependido” (!), caiu de joelhos perante os “esconjurados” de outrora. Pedindo perdão pelos  erros.

Mas será que alguém lhe vai perdoar?

A minha índole cristã até (lhe) perdoaria. Mas o catecismo ensinou-me que o perdão é  um poder só de Deus ou dos sacerdotes. (E como não sou Deus, nem sacerdote…).

“Dos arrependidos está o Inferno cheio” – lá diz o ditado. Sócrates está “publicamente” arrependido. ( Embora, em privado, possa não estar…)

Mas  não desejo que Sócrates se vá “queimar no Inferno”.

Prefiro vê-lo  “queimar-se” ( ou “ser queimado”…) no lume brando da oposição.