C/conhecimento:
Exmo. Sr. Presidente Da Assembleia da República
Grupos Parlamentares
Carta Aberta
Exma. Sr.ª Deputada Manuela Melo
Bancada Parlamentar do P.S.
Membro da Comissão de Educação
Agradada pela vossa demonstrada exigência de objectividade e veracidade na informação de que a Sra. Deputada carece (tanto mais na sua qualidade de membro da Comissão de Educação do Parlamento) a propósito do Estatuto do Aluno e em concreto das situações relativas às faltas destes (conforme informação pública perante afirmações de presidentes de Conselhos Executivos); vejo eu, e assim, um caminho para a obtenção de respostas inequívocas (finalmente). Respostas estas que permanecem (tristemente)“obscuras” mas para as quais, acredito a Sra. Deputada ter resposta objectiva (que a não tendo, porventura em tempos idos, presumo que com idêntica frontalidade, tenha já solicitado o adequado pedido de esclarecimento, decorrente igualmente de uma séria preocupação com instrumentos legais aprovados por essa bancada parlamentar bem como com aqueles que deles decorrem. Assim, passo a expor:
Consta (entre outra) a seguinte informação, num Esclarecimento às Escolas – emanado da DGRHE, a 9 de Fevereiro de 2009 (que remeto em anexo):
“1. Os objectivos individuais são um requisito obrigatório quer para a auto-avaliação quer para a avaliação a cargo do Presidente do Conselho Executivo; (…) Assim, sem objectivos individuais fixados, não é possível avaliar o desempenho dos professores… “
a) Estão correctas as citações, atrás referidas, na informação da DGRHE?
b) Se estão, em que artigo da Lei, e nomeadamente do Decreto Lei 15/2007, se encontra consubstanciada a entrega dos objectivos individuais, por parte do docente, como um requisito obrigatório? (agradeço a redacção do mesmo). Igualmente, em que artigo da Lei, e nomeadamente do DL 15/2007, se concretiza que a não entrega dos Objectivos Individuais por parte do docente, inviabiliza a sua avaliação do desempenho? (agradeço, mais uma vez, a redacção do mesmo).
c) Se não está, foi pedido à DGRHE um desmentido público da afirmação?
d) Confirma, então a Sra. Deputada a veracidade e o rigor da informação enviada pela DGRHE?
e) Caso V. Exa. certifique o exposto na alínea anterior, confirmará com facilidade que no ano lectivo anterior, na já vigência do Decreto Regulamentar 2/2008 [1], o processo de avaliação dos professores contratados foi generalizado. Este processo de avaliação, do qual resultaram as menções previstas na Lei e o preenchimento de cotas (nomeadamente, de Excelentes e Muito Bons) decorreu, factual e comprovadamente, com a auto-avaliação e a avaliação do Presidente do Conselho Executivo SEM QUE TIVESSE HAVIDO LUGAR à fixação de objectivos individuais por parte dos docentes.
Desta forma:
e.e.) Se a Sra. Deputada anuiu na questão exposta na alínea d) – e explicitamente em a) e b)- entenderá, porventura, que o processo de avaliação decorrido e validado no ano lectivo anterior não se encontre conforme a Lei. Neste sentido que diligências deverão ser tomadas para a reposição da legalidade e para a correcção das iniquidades/ injustiças e arbitrariedades havidas?
e.e.e.) Caso a Sra. Deputada não tenha anuído nas questões precedentes (o que, sinceramente, não creio), poder-se-ia depreender considerar a informação enviada às Escolas pela DGRHE, em Fevereiro deste ano, como potencialmente “abusiva, ameaçadora e sem suporte legal”. Assim sendo e considerando a possibilidade da gravidade e de prejuízos decorrentes, para os cidadãos professores, para as escolas mas também para um Estado de Direito, que proporia dever ser feito?
Respeitosamente,
Lisboa, 07 de Maio de 2009
Mª João Pires Fernandes
(Cidadã e contribuinte Portuguesa e Professora da Esc. Secundária de Sacavém)
[1] Que não sofreu alterações relativas ao assunto em epígrafe, nem com o, na altura chamado, “Memorando de Entendimento” nem, à posteriori, com o 1-A/2009 – fácil de comprovar pelas exclusivas menções ao Decreto Regulamentar 2/2008 no supracitado Esclarecimento da DGRHE)
Maio 10, 2009 at 8:29 am
Parabéns Colega Maria João!
Adorei…
Em primeiro lugar, a carta está muito bem elaborada (o que não era o caso do requerimento da dita)…em segundo, a Ironia do discurso é tão eficaz que ela (a nova MM)vai ter o domingo estragado,!
Maio 10, 2009 at 9:31 am
Aiiiiiiiiiiiii!
Que esta vai doer!
Maio 10, 2009 at 9:34 am
Hum!, vou esperar sentado.
Maio 10, 2009 at 10:10 am
A hipocrisia de alguns é imune a quaisquer cartas por muito elaboradas que sejam… de qualquer forma os meus parabéns à colega pela iniciativa.
Maio 10, 2009 at 10:21 am
Excelente argumentação num excelente texto, sem comparação possível com a legislação muito mal redigida proveniente do ministério. Comparar um e outra é um pouco como comparar a obra prima do mestre com a prima do mestre de obras.
Maio 10, 2009 at 10:27 am
Um contributo para as acções de guerrilha.
Muito bem. Obrigada pela coragem e pelo trabalho.
Maio 10, 2009 at 10:32 am
Parabéns, Maria João!
Na mouche. 🙂
Maio 10, 2009 at 10:58 am
Vamos esperar pela frontalidade da Sra.Deputada e pelo seu desejo de verdade.
Parabéns Maria João.
Maio 10, 2009 at 11:03 am
Eu vou comprar um banco.
Gosta mais de esperar sentado.
Maio 10, 2009 at 11:04 am
gosto.
Maio 10, 2009 at 11:15 am
Sete estrelas!
Maio 10, 2009 at 11:43 am
Boa..resta saber se ela estará aberta…depende do que se entender por aberta…
Maio 10, 2009 at 12:10 pm
A demagogia instalou-se nas sinapses dos que se servem do poder. Esperar deles honestidade e humildade é tempo perdido. Mas a carta é útil para nós, para reforçarmos a nossa razão.
Obrigada por a ter escrito, Maria João.
Maio 10, 2009 at 1:18 pm
Transcrição do mail que acabei de enviar à senhora deputada:
A propósito de um requerimento que fez recentemente à Ministra da Educação, relativo à actuação do Conselho Executivo de determinada escola, venho por este meio e na qualidade de cidadão eleitor, contribuinte e professor do ensino público, tomar a liberdade de lembrar à senhora deputada que a função para a qual foi eleita é a de fiscalizar a acção governativa.
De facto, para fiscalizar os cidadãos e os funcionários do Estado existem polícias, inspecções, tribunais e muitos outros serviços públicos.
É lamentável este facto, ainda mais tendo em conta que a senhora deputada pertence a um grupo parlamentar que usa e abusa da maioria absoluta para caucionar toda e qualquer medida governativa, sem qualquer capacidade de ouvir os cidadãos e as outras forças políticas ou construir consensos que possam melhorar a acção governativa. Um grupo de deputados que, na sua quase totalidade, parece entender o conceito de lealdade em relação ao primeiro-ministro que os incluiu nas listas de deputados e não em relação ao povo que os elegeu.
Com os votos de que o grupo parlamentar do PS, que tão medíocre se mostrou no entendimento e no cumprimento das suas funções, seja, em resultado das próximas eleições legislativas, substancialmente reduzido, apresento a V. Exa os meus cumprimentos,
António Duarte
Professor
Maio 10, 2009 at 1:22 pm
Pim!
Maio 10, 2009 at 1:25 pm
e que tal publicar este textinho em orgãos de comunicação social?
Maio 10, 2009 at 1:30 pm
“Comunicação social”? Não é futebol.
Maio 10, 2009 at 1:34 pm
Muito bem!
Ando à semanas a tentar que o nosso pequeno grupo de meia dúzia, que tb foi notificado da mesma forma, se pronuncie neste mesmo sentido…
Pensava eu, na minha ingenuidade, que seria o que havia de lógico a fazer…
É que das duas uma:
ou o doc. legal “Notificação” é deveras legal e corresponde à verdade, logo o Pce/D não pode aceitar nem tratar de mais nenhuma documentação de quem não entregou objectivos individuais – estaria claramente a desobedecer à lei, agindo fora dos trâmites e alcance da mesma,
ou, o doc. legal “Notificação” não tem fundamentos legais, não corresponde à verdade,tratando-se apenas de uma forma ilegal, coerciva e danosa de prejudicar e punir toda uma classe de profissionais que, afinal, só “ousaram” cumprir à letra, as Leis que o próprio Ministério da Educação tão competentemente emanou – em todo o caso, o Pce/D continuará impedido de aceitar/receber/tratar qualquer doc. respeitante à avaliação/auto-avaliação!
PORQUÊ! Por razões de ordem legal – uma NOTIFICAÇÃO tem efeitos…LEGAIS. Ainda não foram levantadas, anuladas, ou o quer que seja, no concreto, em cada escola.
Na minha, pelo menos, gostaria ver esclarecida esta situação, por escrito, oficialmente, COM CARIMBO BRANCO…
Já não me chegam palmadinhas nas costas (ainda bem que não foram nas minhas…)e frases paternalistas nas reuniões(“não estamos cá para tramar ninguém”)- é que noutra também se disse que “a situação não é clara”…
Para mim, para mim é confrangedoramente clara… no entanto, não sou advogada e ando muito triste.
Parece-me bem que vou ter que pedir que me ajudem a pôr isto de uma forma mais formal, por assim dizer, que me dêem a vossa opinião.
Maio 10, 2009 at 1:40 pm
Ajudo no verbo haver, se tal me for permitido.
Maio 10, 2009 at 1:48 pm
Tché!, não resisti, desculpem.
Maio 10, 2009 at 2:39 pm
# 18
Li num dos Blogs, não sei se no do Ramiro Marques, que o Sr. Sec. Valter Lemos, “marimbando-se” para a providência cautelar do Tribunal de Coimbra,instruiu os PCEs para continuarem a notificar. Se calhar, os PCEs estão com medo de ser substituídos pela respectiva DRE,como aconteceu já em outras escolas.
Eu respondi à notificação pedindo os fundamentos legais da mesma. Eviaram-me a fotocópia das instruções da DGRHE. Isto aconteceu muito antes da providência cautelar decretada pelo tribunal de Coimbra. Eu valorizo a providência cautelar. Aguardo calmamente os resultados da Acção Principal posta pelo Sindicato.
Apesar das acções colectivas, há decisões que são individuais, mesmo não sabendo exactamente que consequências virão. Os PCEs não estão mais seguros das suas decisões que os outros professores. Não sei se as fotocópias da pág. da DGRHE os ilibam de responsabilidades num tribunal.
Maio 10, 2009 at 2:55 pm
Silvie
VOU CONTAR-LHE a minha situação: faço parte de um mt pequeno grupo que não entregou os OIs e nã0 fui notificada. Alguns colegas foram-no e mesmo por 2 vezes Não entendo isto e nem quero entender… Parece que para a PCE uns desobedeceram à lei e outrs não. Eu não desobedeci e sinto-me mt bem…
Quer um conselho? Não ligue e deixe andar…
Maio 10, 2009 at 3:46 pm
Desde o início me pareceu que esta chachada de avaliação do desempenho ia dar em nada. Deitam fora as notificações, dão Bom a toda a gente e informam a comunicação social que pela primeira vez na história avaliaram os professores.
Para quem criticava o modelo anterior e exigia uma avaliação rigorosa, não está mal…
Maio 10, 2009 at 4:18 pm
#14
Boa!
Estão convencidos que a maioria dos eleitores desconhece as funções dos deputados.
Maio 10, 2009 at 4:48 pm
#14 16 17
E que tal como publicidade?
O mesmo para a carta da Mª João. Eu contribuo.
Há sempre alguém que diz NÃO!
Maio 10, 2009 at 5:26 pm
Quero ver como é que ela “descalça esta bota”. 🙂
Maio 10, 2009 at 7:17 pm
Aguardo com curiosidade a resposta da srª deputada MM.
Parabéns Mª João pela sua carta aberta e obrigada pelo exercício democrático!
Maio 10, 2009 at 10:13 pm
Lá está. Não podendo haver avaliação sem objectivos… então a avaliação de 2007/2008 é ilegal (e não abrangeu apenas contratados, houve professores dos quadros que foram avaliados nesse ano, sem objectivos, porque tinham completado o módulo de tempo de serviço necessário).
Maio 10, 2009 at 11:07 pm
Estão à espera da frontalidade da deputada?
Esperem sentados, pois esta “gente” carece dessa virtude.
Maio 11, 2009 at 12:10 am
#19
E ainda bem que ajudou…
Claro que é um à com h…
Peço desculpa por esta incorrecção ou outras. Tratou-se mais um desabafo, que se escreve sem se reler, do que qualquer outra coisa. Estava com pressa, morreu um amigo. Só agora voltei.
Maio 11, 2009 at 12:17 am
Maria João
PARABÉNS!
Teresa
Maio 11, 2009 at 4:03 pm
Pena a autora não ter utilizado o português: até a deputada visada teria conseguido ler…