No meu caso foi hoje pelas 14.30 quando entre uma reunião de grupo disciplinar e outra de departamento de Língua Portuguesa, acedi ao meu mail e tinha lá uma mensagem do JMC dando-me conta da notícia da publicação da portaria (port476-2007.pdf) que determina a suspensão – finalmente – da TLEBS cuja implementação de forma generalizada, após revisão, fica para 2010/11.
Afinal a palavra de um secretário de Estado que se quer pessoa responsável ainda vale um chavo nesta terra. Quanto ao outro isso não é coisa que interesse muito a praticamente ninguém.
A felicidade foi dupla por motivos gerais – esta é uma decisão acertada, embora muito tardia e com algumas pontas soltas – mas também particulares, porque confirma os dotes de futurólogo com que me mimosearam, de forma desnecessariamente escarnecedora, algumas mente iluminadas pela “razão” suprema há um par de meses.
Abril 18, 2007 at 4:56 pm
Há dias felizes… e há coincidências.
Boa, Paulo, agora será mais fácil.
Abril 18, 2007 at 5:20 pm
É a vitória do facilitismo e do populismo e o prémio para quem não quer cumprir.
Estão de parabéns os que tantos barulho fizeram para que isto acontecesse.
Eu, por mim, vou contactar o Ministério para saber se agora sou forçado a ensinar o que, entretanto, aprendi que está errado: complementos circunstanciais, compostos por aglutinação, perífrases e afins.
Viva o país real, que opta sempre pela via mais fácil apesar da fumaça de exigência e rigor que esta ministra tem querido criar. Assim se vê que, quando chega a hora de escolher conteúdos para o ensino, vence sempre o discurso eduquês do facilitismo.
Abril 18, 2007 at 5:25 pm
Este não é o caminho mais fácil meu caro Pedro.
E já agora, certamente saberá que o que aprendeu como certo que substituiria o errado que diz assim ser, também tão certo não estaria.
E ainda saberá – ou talvez não – que a suspensão tardia da TLEBS com o ano quase a findar é um presente envenenado, que tardou imenso porque grupos de interesses instalados nos corredores do ME – aqueles grupos de pressão de que nunca se fala, que nunca surgem à luz do dia, mas que condicionam muito as medidas do Ministério, quantas vezes no sentido da asneira – pressionaram imenso para não perder a face.
Neste caso a reavaliação de todo o processo – com um faseamento no tempo e etapas claras – é algo que deveria ser aplaudido por todos.
Menos pelos “interesses”, claro.
Ou pelos crentes convictos, como parece ser o seu caso.
Tem esse direito.
Como eu e tantos outros temos direito à opinião contrária, desde que fundamentada.
Meu caro, se aprendeu que algo estava errado, chegou a questionar-se se o que lhe ensinaram de novo estava certo?
Eu sou originariamente de História e por isso mesmo estou habituado a manipulações do conhecimento devido a objectivos nem sempre confessáveis.
Abril 18, 2007 at 5:37 pm
Pois… falta mesmo é a fundamentação. A única crítica fundamentada que vi foi a de João Andrade Peres que a construiu muito bem, misturando a terminologia com a base de dados, tomando assim o todo pela parte e propondo um acréscimo imenso de termos.
Não sou crente convicto, mas recuso-me a ensinar erros (sejam da nova ou da antiga terminologia – esta que agrada tanto os seus defensores).
Abril 18, 2007 at 5:47 pm
Meu caro Pedro Manuel Mendes – que entende por “terminologia” que tanto defende? A listagem da portaria?
Abril 18, 2007 at 7:31 pm
Meu caro Pedro, na TLEBS que nos queriam impor não existia uma diferenciação entre terminologia “científica” e aquilo que era suposto ensinar-se aos alunos e muito menos um escalonamento por ciclo de ensino.
Não seria realmente mais simples estabelecer a tal “terminologia” e depois reformular os programas como agora se prevê?
Não será este o caminho lógico e natural?
Abril 18, 2007 at 9:00 pm
A decisão de suspender a TLEBS é um gesto muito acertado e só peca por tardio. Honra e enobrece quem a tomou, por não ter sido insensível às vozes dissonantes. Camões, o grande Camões também soube ouvir a oposição da época. Mais: deu-lhe voz e fê-lo com grande deferência: “Mas um velho de aspeito venerando…”.
Quanto à Ciência…, desde há séculos que todos sabemos que não há “sol nascente” ou “sol poente”. Desde há séculos que ouvimos dizer “estrela da manhã” ou “estrela da tarde”, quando, na verdade, é de um Planeta que se trata (Vénus). Mas nenhum “cientista” rasga as vestes perante a impropriedade dessas expressões. Felicito-o, P.G., pela sua “luta”. Saudações.
Abril 19, 2007 at 10:19 am
»Perífrases e afins»? Balhamedeus! Então as perífrases são o quê? Ou deveriam ser o quê? Pois nem as perífrases se salvam?
Abril 19, 2007 at 10:21 am
Já agora que falamos nisto: em vez de uma terminologia toda nova (e cheia de asneiredo) por que motivo não se reformula a já existente, uma vez que é assim tão desadequada, cotejando-a, por exemplo, com a que é usada no Brasil? Temos ou não interesse em ter uma língua comum?