Opiniões – Gabriel Mithá Ribeiro

Desta vez não faço intróito… 🙂

Bê-á-bá da crise. As universidades no olho do furacão

 

Lá Começa A Dança Outra vez…

… para acabar sempre da mesma forma, todos a dar palmadinhas nas costas uns dos outros.

Universidades suspendem colaboração com tutela por divergências sobre orçamento

Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas diz que aos 30 milhões que estavam em falta é preciso somar agora 55 milhões que decorrem do chumbo do Tribunal Constitucional.

 

Interessante

Business School, Disrupted

If any institution is equipped to handle questions of strategy, it is Harvard Business School, whose professors have coined so much of the strategic lexicon used in classrooms and boardrooms that it’s hard to discuss the topic without recourse to their concepts: Competitive advantage. Disruptive innovation. The value chain.

But when its dean, Nitin Nohria, faced the school’s biggest strategic decision since 1924 — the year it planned its campus and adopted the case-study method as its pedagogical cornerstone — he ran into an issue. Those professors, and those concepts, disagreed.

The question: Should Harvard Business School enter the business of online education, and, if so, how?

(continua…)

 

Até Que Enfim!!!

Não é a medida principal (regular a sério a qualidade dos cursos oferecidos desde a sua criação para não se atraírem alunos e propinas ao engano)… mas é a segunda…

Resta saber se haverá CORAGEM para a levar adiante de forma credível.

Fazer exames de acesso ás profissões só têm razão para existir se as Universidades e Politécnicos funcionarem na base da balda…

Expresso, 10 de Maio de 2014

 

Não É Apenas Por Lá

Ou no mundo universitário, pois no não superior as condições são bem mais desgastantes.

Dark thoughts: why mental illness is on the rise in academia

University staff battling anxiety, poor work-life balance and isolation aren’t finding the support they need.

 

É Falarem Com O Relvas E O Sócrates…

… e fazem tudo em poucos fins de semana e o que não fizerem têm equivalência.

Quando o dinheiro não chega para continuar na faculdade

É mais um efeito da crise: há estudantes que se vêem obrigados a desistir da universidade, por falta de dinheiro para fazer face a todas as despesas, e outros que contraem créditos com garantia mútua para evitarem o abandono.

O que queriam? Proletas sem fim na Universidade? A aspirar acima das suas possibilidades?

Arranjem o cartão de uma jota, tornem-se activos militantes em actividades da treta, candidatem-se a uma AE e verão como o curso passa sem doer mesmo nada.

Ou então ainda chegam a governantes e gestores de sucesso antes de acabarem a mini-licenciatura bolonhesa.

 

A Propósito Das Praxes…

The Dark Power of Fraternities

A yearlong investigation of Greek houses reveals their endemic, lurid, and sometimes tragic problems—and a sophisticated system for shifting the blame.

 

Mais Uma “Guerra” De Pólvora Seca

O sentido de “responsabilidade” dos reitores é uma presa demasiado fácil para este desgoverno.

Reitores dão novo prazo para que Governo se pronuncie sobre corte de 30 milhões

 “Não nos passa pela cabeça que não haja clarificação”, diz António Rendas, presidente do CRUP.

A pretensão de se ser diferente no de uma diferenciação positiva, apostando-se num tratamento de preferência em função da dignidade, nos tempos que correm, é digno de um sorriso.

Mas, por outro lado, o compasso de espera faz com que a derrota não seja imediata e permita a esperança em alguma “prenda” daqui a uns tempos, em virtude de uma possível folga orçamental construída em cima dos cortes do Ensino Não-Superior.

 

Pela Universidade

Governo recua e não devolve 30 milhões a universidades

Reitores não ouviram «o que esperavam». Crato vai falar com o primeiro-ministro novamente. Conselho de Reitores alerta para as dificuldades.

(…)

De acordo com o presidente do CRUP, «a situação vai ser analisada mensalmente», mas frisou que espera uma solução por parte do Governo antes do meio do ano, até porque, disse, será o estado a que as universidades vão chegar nessa altura que o vão exigir.

«Há-de haver um momento em que o CRUP decide quando é que vamos passar das reuniões à ação. Acho que esse momento vai acontecer nos próximos meses», afirmou.

Em novembro, quando o CRUP cortou relações com o Governo, Rendas colocou o seu lugar à disposição, e fez depender do evoluir da situação a sua continuidade, tendo decidido manter-se em funções até ao final do primeiro trimestre deste ano.

«Mantenho o que disse desde o princípio, não costumo mudar de opinião. Vou aguardar», disse hoje Rendas sobre a sua condição de presidente demissionário do CRUP, como cita a Lusa.

 

O Sistema Educativo Húngaro

Uma colaboração interessante que me chegou sobre uma realidade distante. Ou não.

Some features of higher education in Hungary

It is essential for every nation to have intellectual elite in order to achieve competitiveness. The actual government takes responsibility in defining the main streams of educational policy. Its role is not limited to providing the necessary means but establishing the institutional framework as well. Finally, for those taking part in education, the existence of certain conditions have to be granted so that anybody deserving to obtain a degree could do so. As a result of the of the financial and economic crisis of 2008 a new approach has been conceptualized, according to which the taxes paid have to be turned into valuable assets – namely, the state expects a certain reciprocity in return for education. The goal is to set up a modern education system that provides students with competitive and up-to-date knowledge that is sought after on the labour market. There is a state of crisis in the field of education because in every state the economic crisis has resulted in the reduction of funds in all areas, including that of education. Every state has to deal with the following questions. Should the lower classes be excluded from higher education? Should mass education be replaced by a system fostering the education of the elite and more specific and high value knowledge be conveyed instead of a generic one?  How can the costs of higher education be reduced? What kind of changes are worth implementing in order to render the knowledge behind newly acquired degrees more competitive than before? Is it worth investing as much in education as much the requital of all these changes justifies it? The theory of human capital can explain how much higher education costs in effect and whether it is worth implementing such investments. This means that the amount invested in education transforms into investment in human capital, which boosts a nation’s economic productivity and competitiveness, hence increasing market value resulting in the increase of incoming capital.

The first university in Hungary was founded in 1367 in Pécs and the University of Óbuda was set up in 1395. Hungarian universities used to be equipped with highly trained educators providing quality education to a few belonging to the intellectual elite. Recently however, public opinion on the role of higher education in society has changed. Since the 2000s Hungarian education has been offering the applicants knowledge that has become easily accessible for almost everybody. As a result of the Act of Higher Education passed in 1993, the number of entrants to higher education has drastically increased. Universities and colleges have been opened where anybody wishing to study could obtain a degree and the actual government has not been willing to limit the spread of mass education. Beside state universities and colleges, privately owned and church-run institutions have appeared as well. The increasing number of students applying to higher education has been a recent phenomenon in the OECD countries as well. In the period between 1990 and 2005 the number of college students quadrupled. Lately this number has been continuously decreasing due to unfavourable demographic changes and the effects of the financial crisis. In line with the idea of economical management of higher education, the reduction in the number of students has been encouraged more and more. Even so, compared to the leading 19 European countries and the average number of entrants in the OECD countries, Hungary is still lagging behind. Based on Hungary’s Structural Reform Programme, the Széll Kálmán Plan, created by the Hungarian government, a further diminishment in student numbers is expected in the near future. A tendency has been observed in the neighbouring countries as well, which shows that number of applicants to higher education has started to slowly decrease, though not as drastically and prominently as in Hungary in the past few years.

Achieving a society based on knowledge is one of the greatest challenges of globalization. The Széll Kálmán Plan, which is part of the government’s educational policy, states the following: “As the structure of the higher education system does not fulfill the expectations of the labour market, the Hungarian government has been wasting tens of billions of HUF each year. If technological education continues to decline the processing industry might suffer from the lack of professional manpower. In the private sector there is an increased demand for technological degrees, yet arts departments have been gaining ground in higher education and their curriculum hardly correlates with actual market demands.” According to statistics the distribution of students before 1989 and the period until the early 2000s was the following: 37% pedagogical studies, 20% technological and engineering field, 10% medical studies and 4-5% in the field of law and humanities. Since the beginning of the 2010s the majority of students, adding up to 25% have been studying economics, 15% have chosen technological and engineering courses while the number of students opting for pedagogical studies have dwindled to less than 7%. Therefore the number of students in the fields of economy and law is significantly higher than in any other European country. As the demand for manpower possessing higher education degree has increased, the institutions have gradually started to broaden the variety of courses on offer. More and more students obtained degrees until the repercussions of the crises have reached the circle of those with higher education background, which resulted in a high rate of unemployment among them. The approach towards the development of the educational sector has taken a turn worldwide. The only reasonable goal has become the creation of a competitive higher education. As the market has shifted towards industrialization, the most viable form of education appears to be theoretical instruction supported by practice which could render the obtained knowledge competitive.

The results of higher education

According to Freidmann it should be in the state’s interest to invest in higher education because intellectually well-trained individuals form a more efficient manpower, even if they do not have the opportunity to work according to their line of studies. Human capital contributes to the productivity of manpower and encourages entrepreneurism. The years spent in education can be turned into higher profits and income in the future, benefiting the state. The concept of manpower becomes more flexible, individuals can be more easily reeducated and their knowledge could be more useful regarding global market requirements. Social mobility, a lower rate of criminality, the better adaption of new technologies and the understanding of social diversity could be the changes that the state can directly benefit from. The resources dedicated to the development of education appear as profitable investments in 15-20 years’ time in any country, hence in Hungary as well. The gross domestic product (GDP) is to measure the efficiency, productivity and market value of various economies. According to studies carried out in the OECD area, countries with higher GDP and higher rate of average wage per capita can afford to spend more on the development of higher education and education in general which in return results in an efficient and profitable economy. This significant correlation indicates that the amount of expenditures and future profits are inexorably linked.

The employment of large numbers of professionals yields more taxes as their wage and income are higher, therefore their contributions paid to the treasury constitute a higher amount. According to statistics one student cost 9.7 million HUF for the Hungarian state in 2008. In contrast, 26.5 million HUF is expected to be paid by professionals in the form of taxes and contributions in the future. These amounts have to be calculated using present value, therefore the results are approximate. It is essential to have the right amount of professionally trained potential employees on the labour market to achieve economic growth. Currently, the situation of fresh graduates on the labour market is unstable as employers are unaware of the knowledge that provides the basis for their degree obtained in the new educational system. The performance of institutions and the demand of the labour market are not properly aligned. Jobseekers with higher education degrees are more likely to find employment; therefore they constitute the smallest part among the unemployed.

The Hungarian government has spent approximately 1% of its GDP on higher education related costs. In an international context this means that the percentage of GDP spent on higher education in Hungary is lagging behind by 0.5% compared to the OECD countries and by 0.3% compared to the 19 leading states of the European Union. In respect to the amount dedicated to education, including primary, secondary and higher education, Hungary ranks last among the OECD countries. This lag can be explained by economic retrogression. The efficient operation of educational systems started to diminish as the economic decline proceeded. The resources have dwindled despite the growing importance of investment in human capital, as economic prosperity can be attained through the acquisition of relevant skills and competences. The educational policy of the current government makes it clear that investment in human capital is given less importance, which will probably further aggravate the position of Hungarian higher education, the funding of which has already been categorized as insufficient based on comparative studies. Funding of higher education in the European countries does not reach half of the funding in the US. Based on the Széll Kálmán Plan the 2012 Hungarian higher education budget was further reduced. Given that the existing infrastructure has to be maintained and requires constant upkeep, this will lead to the reduction in personnel. The reforms induced by the financial crises may backfire in Hungary. Economic growth might be slowed down by the lack of professional manpower and the permanent reductions of funds might decrease Hungary’s competitiveness on the long run.

The quest for a solution

To fill the gaps in the enrollments to higher education, educational policy attempts to attract foreign students. The budget of higher education is being funded by complementary resources brought in by foreign students. The event ₺Pop-up Hungary” was organized by the Hungarian embassy in Beijing in May 2013 to introduce and advertise Hungarian higher education in China. Chinese students with proper economic background are expected to enroll to Hungarian universities which could increase the numbers of Chinese students in Hungarian higher education. This phenomenon is not new, as Hungarian higher education has previously accommodated foreign students mainly in the medical sector. Medical students in Hungary have always been provided with outstanding training and now other fields, such as engineering that have not been well-known are also aiming at attracting students from abroad. This is the field of educational marketing which needs to be further developed and supported by complementary funds. Education could function well as a new branch of business if it could provide the market with high quality and useful theoretical and practical knowledge. Hungary is searching for opportunities and is striving to position itself as an attractive educational centre however; due to economic problems the current solutions are unstable and unsustainable.

István Pomizs PhD candidate, school principal

 

A Ler

Research – Family background and access to high ‘status’ universities (13 November 2013)

At least a quarter of the access gap to the top universities in England, the United States and Australia cannot be explained by academic achievement, according to new research by Dr John Jerrim.

 

Divulgando

SINDICATO DOS PROFESSORES
DO ENSINO SUPERIOR
R. Prof. Vieira de Almeida, 7 – 4N; 1600-664 Lisboa;
Tel: 96 801 48 77; Fax: 21 759 07 01
http://www.federacaodosprofessores.com

Reunião com o Secretário de Estado do Ensino Superior

Uma delegação do SPES – Sindicato dos Professores do Ensino Superior, chefiada pelo seu Presidente, Prof. Doutor Manuel Pais Clemente, reuniu ontem, no Palácio das Laranjeiras, com o Secretário de Estado do Ensino Superior, Prof. Doutor José Ferreira Gomes. Esta reunião realizou-se ao final da tarde, em virtude de o Secretário de Estado ter participado na reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas que decorreu, durante a tarde, na residência oficial do 1º Ministro.

Nesta reunião foram abordados, v. g., as seguintes questões:

– A necessidade da existência de um Estatuto de Carreira Docente do Ensino Superior Privado e Cooperativo.

– A atual situação de redução do financiamento aos estabelecimentos de ensino superior.

– A ausência de incentivos à investigação científica.

– O abandono escolar, nos Politécnicos e Universidades, devido às dificuldades sócio-económicas das famílias dos estudantes.

– A necessidade de se fomentar o cumprimento da escolaridade obrigatória de 12 anos de modo a que ingresse um maior número de jovens no ensino superior e assim se qualifique a população e contribua para o desenvolvimento tecnológico, científico e sócio-económico do País.

– A necessidade de constituição de órgãos regionais de coordenação da rede e da oferta educativa dos cursos superiores e respetivos âmbito, composição e competências.

Lisboa, 27 de novembro de 2013

A assessoria de Comunicação

José Oliveira

 

Ground Zero

Parece que o actual PM vai estar presente na reunião que o actual MEC vai ter amanhã com o Conselho de Reitores, pois parece que há um corte ou suspensão de relações ou de telefonemas ou de mensagens de amor. Não sei, não percebo bem estes floreados e confesso que começo a ter desdém por quem os percebe (incluindo-me no lote).

Parece que essa presença se destina a normalizar as relações dos reitores com o governo, nomeadamente com o MEC, por causa dos cortes.

A um primeiro olhar, diríamos que os reitores precisam do PM para domar o MEC, quando se sabe que o MEC faz tudo o que mandam o PM mandá-lo fazer.

A um segundo olhar, poderíamos dizer que o PM vai à reunião porque impõe maior respeito do que o MEC aos reitores e estes acatarão melhor, desta forma, as duras decisões do MEC. Mas sabemos bem que o actual PM está longe de ser pessoa muito respeitada pelos reitores, sendo mais fácil que ele se sinta intimidado do que respeitado, embora deva levar a ladainha dos sacrifícios preparada

Pelo que não se percebe.

Ou percebe-se.

O actual PM vai à reunião do actual MEC com o Conselho de Reitores para que ninguém perca a face depois do levantar de voz e extremar de posições que não se conseguem manter mais de uma semana, duas no máximo, que esta malta é de punhos de renda e muito educada, deus nos livre se alguma vez vierem a tomar uma posição firme e hirta mais do que o tempo de uma lua nova.

No fim, serão sublinhadas as diferenças que se mantêm, repetir-se-ão argumentos das duas partes, mas devemos assistir a uma normalização. Desejada ardentemente por todos, mas ainda mais pelos contestatários.

Se eu estiver enganado e os reitores não acabarem por compreender a posição do governo em troca de não sei quê., prometo que faço aqui a minha vénia.

Mas duvido.

 

Animado

Tensão no Superior marcou discursos do ministro e do reitor da Universidade do Minho

A iniciar mais um mandato, o reitor António Cunha aproveitou a cerimónia da tomada de posse para desfiar críticas que levaram Nuno Crato a reagir.

 

Mais Um Inquérito Sobre A Humidade Da Chuva

Público, 28 de Setembro de 2013

Adoro quando se fazem inquéritos a coisas perfeitamente evidentes para dar a sensação de que algo se está a fazer acerca daquilo que nada se faz de relevante. Aparentemente, o ministro que tanta trela tem dado ao argumento demográfico, esquece-se que ele não se fará sentir apenas no ensino não-superior.

Mas há algo que julgo mais grave e que passa pela sensação que isto dá de o actual MEC não perceber sequer o que se passa no seu país em virtude do discurso e acção do Governo de que faz parte.

Deixando de lado o tal argumento demográfico, temos as razões sociais e económicas que levaram a uma progressiva menor capacidade de atracção de um Ensino Superior cuja oferta é em larga medida um mercado de ilusões que culmina no desemprego ou em empregos de 3ª linha.

Nuno Crato parece não ter percebido dois fenómenos interligados que não sei se a dita comissão de inquérito também é capaz de não perceber:

• A situação de prolongada crise económica e de erosão dos rendimentos das famílias, quando combinada com deficientes apoios aos alunos mais carenciados, tem consequências naturais na capacidade de prosseguir estudos, em particular quando eles implicam um investimento financeiro substancial, não apenas em propinas, mas em transportes, alimentação e materiais de estudo.

• Por isso, cada vez mais o investimento no prolongamento da escolaridade para níveis bolonheses (com aquelas licenciaturas que de pouco valem sem um mestrado) se apresenta a muitas famílias como racionalmente errado, pois, salvo raros nichos académicos, não parece garantir equivalente vantagem comparativa no mercado de trabalho. Não é um punhado de investigadores de topo exportados para instituições de renome internacional que apagam as dezenas de milhares de licenciados e mestres desempregados.

Um outro fenómeno que, a breve ou médio prazo, pode agravar ainda mais esta redução (em termos absolutos e relativos) de candidatos ao Ensino Superior, resulta das próprias opções do MEC em relação a uma massificação de vias profissionalizantes sem uma continuidade natural na Universidade (os tais cursos de dois anos para salvar os politécnicos só atrairão os incautos) e a uma diferenciação muito precoce do trajecto escolar dos alunos. Nuno Crato parece – e isso é grave – não ter percebido que ao colocar metas de 40%-50% de frequência de cursos alternativos à via “regular” (mesmo que isso seja quase imposto a quem poderia continuar a fazer o seu percurso normal), vai naturalmente desviar muita gente do Ensino Superior. Mas essa é uma opção política e ideológica aceite por muita gente próxima deste Governo e deste MEC, ou seja, de que nem toda a gente necessita ir para a Universidade e que o seu futuro estará nos “ofícios” que se conseguirão através do maravilhoso sistema dual. Assim sendo, é um bocado ridículo ir instaurar um inquérito à diminuição dos alunos que pretendem prolongar a escolaridade para além do Secundário.

Quando uma das opções estratégicas a nível da Educação é um modelo “alternativo” ao que conduz naturalmente à Universidade, quando se produz um discurso político agressivo em relação aos desempregados qualificados, quando as políticas são no sentido do empobrecimento geral e só se fala em crescimento quando aparecem eleições no horizonte, a opção racional das famílias é desinvestir na Educação, pois é isso que vêem o próprio poder político fazer.

Nomear uma comissão de inquérito, só se fosse para responsabilizar os governantes pelas suas opções miserabilistas.

 

Lamento, Mas É Muito Bem Feito…

… e ainda melhor seria se fosse em cheio nas aulas daqueles que, teoricamente, mais contribuíram para isto com as teses desculpabilizadoras da treta e com as teorias que não sabem aplicar.

Lamento se não me sinto solidário com toda a gente.

Aguentem-se!

(…)

Expresso, 27 de Setembro de 2013

 

Quase Coincidências

Os números parecem quase coincidir, embora neste momento a relação causal ainda não exista. Mas, quando se atingirem as metas do Governo/MEC para alunos em cursos de linha paralela à regular, sem estímulo para a frequência da Universidade para muitos dos restantes, o mais certo é descermos para valores ainda mais complicados num país tradicionalmente subqualificado.

Mas como o projecto é o do empobrecimento, incluindo o académico, penso que se está no caminho certo. E então daremos cartas na Europa dos técnicos de restauração,da  informática para totós e da canalização.

João Grancho: “Este ano, cerca de 43% dos alunos já vão frequentar cursos profissionais”

 

Lá Por Fora

 

Universities twice as likely as other employers to use zero-hours contracts

Half of universities and two-thirds of further education colleges use zero-hours contracts, freedom of information requests reveal.

 

Das “Vantagens” Da Menor Concorrência

Mais candidatos conseguem colocação à primeira no ensino superior

Dos que concorreram à 1.ª fase do acesso ao ensino superior, 93% entraram. E 60% conseguiram lugar na sua primeira opção.

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Listas de acesso ao ensino superior (PDF)

 

Se For Como É Costume, A Ameaça Não Passa De Fogo Fátuo

Porque os reitores são pessoas responsáveis e tal e nunca fariam uma coisa dessas, bastando lembrar como há uns tempos deixaram António Nóvoa a avançar sozinho na contestação enquanto a maioria recuava dois passos (em direcção ao coelho).

Tal qual a maioria dos directores quando apertados pela tutela.

E pensar que muita desta gente já arrepelou cabelos e andou a gritar pela revolução e coiso e tal.

Público, 27 de Agosto de 2013.