Qualificação


 

Agora – o alemão todo kü do esboroado bloco:

 

Eine Regierung die Deutscher als die Deutsche ist

 

Mais uma Carta de Guia de Casados, versão anti-chumbo, uma versão da especificidade da pilhérica prova.

Na passada 4ª feira foram publicados 50 despachos (do 1028 ao 1077) de autorização de funcionamento dos tais Centros para a Qualificação e Ensino Profissional.

Uma coisa é notória… o esforço para que estes centros e o dinheiro que canalizam deixassem de passar pelas escolas públicas.

Há outras clientelas a satisfazer, sendo que seria interessante analisar algumas das organizações que ganharam esta lotaria.

Clicar na imagem para aceder.

Em termos de dados e indicações bibliográficas é um bom estudo. A parte das recomendações (menos técnica e mais política) pode ler-se, mas não é essencial por aí além.

Ou onde ser licenciado compensa?

A última estatística é de 95.000 licenciados sem emprego.

Colocando algum rigor na oferta…

School league tables to exclude thousands of vocational qualifications

Schools can still offer range of courses but only results in most rigorous qualifications will count under government plans.

Página 19:

Address early school leaving and improve the quality of secondary education and vocational education and training, with a view to raise the quality of human capital and facilitate labour market matching.

Página 23:

4.10. The Government will continue action to tackle low education attainment and early school leaving and to improve the quality of secondary education and vocational education and training, with a view to increase efficiency in the education sector, raise the quality of human capital and facilitate labour market matching. To this purpose, the Government will:
i. Set up an analysis, monitoring, assessment and reporting system in order to accurately evaluate the results and impacts of education and training policies, notably plans already implemented (notably concerning cost saving measures, vocational education and training and policies to improve school results and contain early school leaving). [Q4-2011]
ii. Present of an action plan to improve the quality of secondary education services including via: (i) the generalization of trust agreements between the Government and public schools, establishing wide autonomy, a simple formula-based funding framework comprising performance evolution criteria, and accountability; (ii) a simple result-oriented financing framework for professional and private schools in association agreements based on fixed per-class funding plus incentives linked to performance criteria; (iv) a reinforced supervisory role of the General Inspectorate. [Q1-2012]
iii. Present an action plan aimed at (i) ensuring the quality, attractiveness and labour market relevance of vocational education and training through partnerships with companies or other stakeholders; (ii) enhancing career guidance mechanisms for prospective students in vocational educational training. [Q1-2012]

Lamento, mas concordo bastante com as partes que destaquei. Só tenho uma reserva: isto deveria ser implementado, desenvolvido e monitorizado por técnicos externos. Se lá colocarem ou mantiverem capuchas e derivados vão continuar a vender escaraminhão escrofuloso por lebre de primeira qualidade.

O que é essencial: a qualidade da formação, não a quantidade de certificados.

Acham que são as dos certificados dos CNO?

A qualificação é o segredo para sobreviver no mercado laboral

O futuro do mercado laboral passa por empregos mais qualificados nas áreas das energias, ambiente, tecnologias de informação, saúde e turismo, defendeu hoje em entrevista à agência Lusa o presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Aliás, nunca repararam que a esta variável está directamente associada a vaidade ostensiva, os decibéis do tom da voz numa conversa e a arrogância em muitas situações do quotidiano?

Sei que posso estar a generalizar um tanto ou quanto abusivamente e que existe um número razoável de excepções, mas como é normalmente dessas paragens chico-espertas que sopram aqueles ventos mesquinhos que gostam de aviltar os professores, nada como não dar a outra face e devolver na mesma moeda.

Qualificação dos patrões é bastante inferior à dos trabalhadores

Ainda mais do que de habilitações académicas, a população portuguesa padece de um défice enorme e antigo de literacia funcional. Mesmo quando completa a escolaridade básica, parte importante da população portuguesa tem graves lacunas para entender instruções de preenchimento de impressos, de utilização de medicamentos ou vários tipos de equipamentos ou para fazer cálculos razoavelmente básicos. Há poucos dias, desesperava eu para ser atendido quando cliente e funcionária procuravam entender-se sobre um troco, mesmo com recurso à máquina de calcular, porque a operação não era apenas x-y.

A relação de muita gente com a compreensão do discurso escrito, com operações matemáticas básicas ou com a estruturação de um raciocínio lógico é algo que se aproxima do santo graal.

Por isso é utópico tentar encontrar nos sistemas educativos actuais dos países mais avançados as panaceias para o nosso atraso. Pelo contrário, é preciso saber analisar o trajecto histórico da Educação nesses países, para perceber como se construiu o sucesso. Não para o replicar – há soluções diferentes, consoante os contextos – mas para entender que o sucesso é o resultado de um processo longo, por vezes já enraízado há muitas gerações na sociedade, não o efeito como que mágico e instantâneo de uma qualquer fórmula.

Embora seja aparentemente pessimnista esta minha visão, acho que, ao contrário do que se possa pensar, foram feitos ganhos enormes com a democratização do ensino até perto do final do século XX, mesmo tendo em conta os muitos erros cometidos.

O que me parece é que neste arranque do século XXI se aposta cada vez mais numa ausência de memória e num olhar sincrónico que toma por causa o que é consequência.

José Sócrates continua a sua investida na área da Educação como parte da estratégia pré-eleitoral, fingindo ou sinceramente não percebendo que algo mudou e a sua estratégia comunicacional já não funciona como chegou a funcionar até ao início de 2008.

Desta vez o pretexto é a abertura de muitas mil vagas (126.000 diz-se) para cursos profissionais no Ensino Secundário.

Declara-se que esta é a via para corrigir um erro histórico. E acrescenta-se que também é para cumprir metas sugeridas pela OCDE.

O que José Sócrates parece querer ignorar, e na sua esteira Maria de Lurdes Rodrigues e cada vez menos crédulos úteis, é que a estratégia da quantidade (mais 38.00 vagas de um ano para o outro) dificilmente é adequada à situação de um país que tem imensa dificuldade em absorver a mão de obra existente e duvida com toda a a razão de qualificações e certificações produzidas aos baldes.

Quando o primeiro balanço do programa Novas Oportunidades é bastante esquivo em detectar pontos positivos na iniciativa (para além daquele pormenor da auto-estima), muito menos o rigor do ensino ministrado, seria o momento certo para apostar numa estratégia de consolidação da oferta e não propriamente de expansão de um sistema que pode garantir algum sucesso estatístico em matéria de qualificação e até combater algum abandono escolar precoce, mas à custa de uma mistificação, possível pela completa ausência de estudos sobre a inserção dos alunos de curso de CEF e EFA no mercado de trabalho para além dos estágios iniciais.

Muitos cursos ditos profissionais decorrem sem condições que possam, elas próprias, ser consideradas profissionais. Quem conhece o sistema por dentro sabe das suas imensas imperfeições, as quais não se combatem esticando ainda mais o que existe, antes de colmatar as falhas que existem.

Anunciar 126.000 vagas, 116.000, 136.000, 106.000 ou 146.000 é absolutamente irrelevante e apenas serve para satisfazer a agenda eleitoralista do primeiro-ministro.

Um primeiro-ministro que, ele sim, está sempre muito satisfeito consigo mesmo.

O que pode não ser histórico, mas é certamente um erro.

New qualifications are rushed in too quickly, says exam watchdog

Ofqual wants two-year pilot studies before new courses are introduced
New qualifications are introduced into the national education system before they have been properly tried out, the chief exam regulator said today.

In future, new or changed qualifications and exams must not be launched unless they have been thoroughly tested for at least two years, said Kathleen Tattersall, head of Ofqual.

She understood the desire of ministers to put changes into action as soon as possible. “But the old adage more haste, less speed needs to be born in mind. What value is it in the long run to have too little time to develop good specifications and assessments, and to iron out problems?”

Though Ofqual is not yet two years old, it has picked up a clear message, Tattersall said, “the need to get things right first time, and not to endanger the wellbeing of students by launching qualifications without proper preparation and piloting”.

Curriculum 2000, which introduced AS levels, showed the risks of hastily introduced reforms. Schools and colleges had little time to prepare and the awarding organisations – Tattersall was previously in charge of the AQA exam board – were worried that it had not been fully thought out.

“In the event, the period after the first awards in 2002 proved to be turbulent for all concerned, leading to considerable political fallout and shaken confidence in the qualification.”

The chief regulator was launching her first report, which sets out proposals for piloting new or changed national qualifications and avoiding such debacles.

Broadly, any new national qualification with a radically different structure or an innovative approach to assessment or subject matter should be piloted, particularly if large numbers of candidates are expected to take it up, she said.

Acredita nisto quem acreditar que os cursos do Fundo Social Europeu ajudaram a qualificar efectivamente a população portuguesa nos idos de 80 e 90.

Não há um empolamento estatístico a prazo através da Novas Oportunidades?

Não. De forma alguma. Os indicadores estatísticos só podem melhorar quando a realidade melhora. À medida que mais portugueses vão melhorando a sua qualificação é natural que isso tenha reflexos nos indicadores estatísticos que medem o nível de qualificação da população.

As Novas Oportunidades não criam circunstâncias desiguais? Fazer o secundário em três anos ou em meio ano é bem diferente.

Por norma, não é possível ter a certificação de competências do 12.º ano em seis meses. Se isso acontecer, é porque estamos perante adultos com percursos profissionais muito qualificados, ou a quem já faltava muito pouco para concluir o secundário. A hipótese de um indivíduo trocar um percurso pelo outro não se coloca: um jovem que tenha saído precocemente do sistema de ensino tem um percurso profissional demasiado curto para ter certificadas em alguns meses as competências adquiridas no mundo do trabalho.

Paulo Pedroso defende criação de uma instituição reguladora das qualificações

Alunos “maiores de 23” não estão nos cursos que garantem mais e melhores empregos

Mas o que interessa ao nosso primeiro e à sua dilecta ministra, mail’os outros satélites é que existem estatísticas de «qualificação» para exibir e citar a Estratégia de Lisboa e mais umas banalidades típicas ou zorrices opinativas.

Claro que há sempre o argumento do próprio primeiro que, depois dos 23 andou numa instituição que não assegurava grande empregabilidade e é o que se vê…

Mas o que chateia, lá isso chateia, é que, depois destas vagas de conversa fiada em torno da educação, qualificação  e formação profissional (assim mesmo com letra minúscula), que já tem raízes superiores a vinte anos e que tanto desafogo deu a algumas bolsas (que não dos formandos) desde os fundos do FSE, é que depois ninguém responsável teve culpa de nada, a culpa foi dos portugueses ignorantes que foram na conversa, dos professores que coiso e tal e aquilo que já sabemos.

daqui a dez anos estaremos a lamentar outra oportunidade perdida e a tentar perceber para onde foram verdadeiramente os dinheiros do QREN.

Mas o que interessa mesmo é que as derrapagens ocorram nos sítios certos, demonstrando toda a qualidade do planeamento e gestão daqueles que nos dirigem e dos que são por eles contratados para as suas obras do regime.

Desde o CCB, para nos ficarmos pela fase europeia, que o Estado serve de lauto alimento apenas para alguns. Enquanto isso, discutem-se tostões com a arraia-miúda.

O documento em si (efasec) tem diversos aspectos perturbadores que espero destacar quando tiver um pouco mais de tempo. A lista de autores também. É que há quem faça uma perninha por todo o lado e depois é complicado…

Por acaso já tinha isto aqui há uns dias e as declarações do nosso primeiro relembraram-me…

Espreitem lá o Diário da República de hoje, tenham paciência, desçam até ao último lote de diplomas, os do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e deliciem-se com a variedade de cursos oferecidos e, se tiverem mesmo um pouco de insónias, leiam os intróitos dos despachos, os planos de estudos, etc, etc.

No meu caso, fiquei com curiosidade em saber quantos mais cursos destes andarão por aí a a ser criados e aprovados, ao mesmo tempo que o ministro Gago declara que é preciso racionalizar a oferta de cursos superiores. Eu sei que estes são meramente «pós-secundários», mas…

Mais 50 mil vagas para cursos profissionais este ano

Ensino. Lugares disponíveis para alunos que optem pela via profissional estão a aumentar. Objectivo é cursos profissionais serem metade da oferta no secundário em 2010. Tecido empresarial acolhe bem esta aposta
(…)
No próximo ano lectivo haverá mais 50 mil vagas nos cursos profissionais do ensino secundário. A aposta do Governo na formação técnica, que dá equivalência ao 12º ano e permite ingressar directamente no mercado de trabalho, abrange este ano os 95 mil alunos. Informática, energia e electricidade, área social e turismo e lazer são as áreas onde os jovens a partir do 9º ano poderão encontrar mais vagas nas escolas profissionais e nos estabelecimentos de ensino.

Eu gostava é que fosse feita uma avaliação do impacto destes cursos, por exemplo um ano depois de concluídos, para percebermos que influência tiveram no destino profissional dos alunos. Ou se em muitos casos, mais não passa do que de fazer uma espécie de Ensino Secundário na pista mais curta e rápida.

Porque se isto não passa de um expediente para dar diplomas e certificados sem ganhos efectivos em termos de ganhos no mercado de trabalho, tudo não passa de um truque como outro qualquer para as estatísticas.

Porque o conhecimento directo e os testemunhos que nos chegam sobre a criação e funcionamento destes cursos, apesar do esforço de muitos dos docentes envolvidos, roça o caricatural.

E faz lembrar o que se passou com o Ensino Superior no período do crescimento selvagem. Tudo valia. Depois vimos no que deu, com as Modernas, Internacionais e etc.

Não é só por cá…

Cartoons de Daryl Cagle e Jeff Parker.

Enquanto o nosso Antero anda menos produtivo…

Claro que falo de estímulo para os formandos masculinos. Para as discentes chegará o próprio Ronaldo.

Mais informações, com o folheito completo, aqui. E há mais aqui, se forem simpáticos ao ponto de abrirem a janelinha das hipóteses de cursos.

E o agradecimento devido ao DA pelas referências absolutamente inestimáveis…

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