O “Correio da Manhã” escreve que o BPN colocou os créditos concedidos a Duarte Lima, ex-parlamentar do PSD, e ao Grupo imobiliário Pousa Flores, de que eram accionistas o ex-ministro da Saúde do PSD Arlindo Carvalho e José Neto, antigo secretário de Estado no 4º Governo Provisório, na sociedade Parvalorem, veículo do Estado que concentra o chamado crédito mau do banco vendido ao luso-angolano BIC. Ao todo, o Estado português terá ficado com quase 80 milhões de euros de créditos de Duarte Lima e do Grupo Pousa Flores considerados de difícil recuperação ou até incobráveis.
(…)
O dinheiro público preso ao Banco Português de Negócios chegaria para pagar os subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos até 2015, altura prevista pelo Governo para a sua reposição gradual. Até agora o Estado já gastou com a nacionalização do BPN 3,5 mil milhões de euros, mas no pior dos cenários o banco vendido ao BIC, por 40 milhões, poderá custar aos bolsos dos contribuintes 8,3 mil milhões. Uma fatura que pode variar de acordo com o que render os despojos do BPN que ficaram nas mãos do Estado.
O custo final é, para já, impossível de contabilizar com precisão, mas os portugueses podem saber detalhadamente o ónus que arriscam a pagar de uma despesa contraída, sobretudo, por bancários, administradores e políticos e cuja data-limite de pagamento está afixada para 2020. Nessa altura, daqui a oito anos, as sociedades veículo criadas para abrigar o “bad bank” (as coisas más do banco, que o Governo retirou do negócio da venda) terão de estar liquidadas. Até lá, os impostos dos contribuintes vão pagar uma instituição bancária que “cheira” a fraude e que já levou ao banco dos réus 16 arguidos, entre eles José Oliveira e Costa, que presidiu o banco entre 1998 e 2008.