No debate sobre o futuro da Educação, ouviram-se críticas ao “planeamento central soviético” que persiste no setor.
“Agora que se começam a ver resultados na Educação, fruto do investimento a médio e longo prazo, há o risco de se estar a discutir os cortes que podem destruir esses avanços”. O alerta foi deixado por Paulo Guinote, professor do ensino básico e autor do blogue Educação do Meu Umbigo, durante o painel dedicado ao setor, no âmbito da conferência “Um Estado para a sociedade”, organizada a pedido do primeiro-ministro.
Os resultados mais recentes nos estudos internacionais de literacia, matemática e ciências mostram uma melhoria inequívoca do desempenho dos alunos portugueses. “Não sei se foi um ministro, um secretário de Estado ou uma portaria que ajudaram a este desempenho”, ressalvou Guinote. Mas o investimento na Educação, durante anos acima da média dos países da União Europeia e que em 2010 atingiu os 6,5% do PIB, terá contribuído.
Só que este é um valor, tal como outros números referidos no relatório do FMI que apresenta um conjunto de propostas para o corte nas despesas do Estado, que já não correspondem à realidade. “Eu peço desculpa ao senhor secretário de Estado (Carlos Moedas, presente no debate) mas o relatório do FMI, na área da Educação, está mal feito. Os números não batem certo”, declarou o professor.
Paulo Guinote referia-se à questão da despesa da educação em relação ao PIB – o relatório apresenta dados de 2010 mas sem referir que, desde então, o valor não parou de cair e está agora nos 4% – mas também aos dados escolhidos para mostrar a ineficiência do sistema em termos de resultados. Por exemplo, o estudo do PISA apresentado no relatório refere-se a 2009, quando há dados de 2012, os tais que mostram uma melhoria dos resultados, disponíveis desde setembro do ano passado.
Mais recentemente, outros estudos como o TIMMS e o PIRLS também mostraram uma subida.
A polémica em torno dos indicadores utilizados levou Sofia Galvão, ex-dirigente do PSD e organizadora da conferência que decorre hoje e amanhã, no Palácio Foz, em Lisboa, a esclarecer que foram utilizados os “dados oficiais publicados” mas que “será feita uma atualização”.