O combate a Sócrates produziu muitos encavalitados de ocasião. Da Educação à Economia, passando pelos escribas nas várias áreas mais friccionantes.
A passagem do tempo, vai revelando quem andou por lá por convicção e quem andou a fazer fretes ou, se o não foi, apenas a mostrar-se bem informado quando o não estaria. e, sim, muitos fomos enganados pela “assertividade” demonstrada em sucessivas análises que, percebe-se agora com escasso esforço, estavam bastante truncadas no seu insight.
Tinham razão no que diziam, mas estavam longe de dizer tudo o que era já então verdade. Acreditando que, como aqueles jogadores compulsivos, os seus ídolos conseguiriam um golpe de asa final que os faria continuar a apresentar-se como modelos de sucesso e não como madofes da periferia? Só que eles já eram multados, lá fora e até cá dentro, por muitas das manigãncias que iam fazendo, mas que praticamente ninguém, incluindo JGF, pareciam interessados em fazer saber com clareza.
José Gomes Ferreira faz hoje um auto-elogio em nome do Jornalismo Económico (assim com maiúsculas) que é algo que ele confunde com opinião sobre a Economia e as Finanças, por causa do caso espírito Santo.
Os problemas com o grupo eram conhecidos, mas pelos vistos apenas no estrangeiro, desde 2011. as necessidades financeiras do grupo e do banco foram sendo ocultadas do “grande público”, só chegando à superfície pequenas ondas da grande agitação.
As culpas pela crise financeira foram sempre atribuídas aos gastos com o Estado Social, ao “peso do Estado”. A “pura ficção” de que JGF falava em 2011 era já extensível aos heróis privados de opinadores económicos como ele, Camilo Lourenço ou Medina Carreira. E a defesa que ele sempre fez do actual Governo, circunscrevendo os males à “despesa pública” e fazendo, acredito que por inépcia, um voo rasante sobre os problemas da dívida privada dos bancos, é muito pouco abonatória da profundidade dos seus conhecimentos sobre o que se passava efectivamente no país, como um todo.
Escreveu mesmo um livro – tal como outros – em que, parasitando o ambiente de crise, fez um retrato parcial da realidade, não abordando o descalabro financeiro da banca privada nacional, esse sector de sucesso a que ele deu sempre espaço, de forma reverencial, nos seus programas televisivos de entrevista a “notáveis”. Falar sobre o chumbo nos testes de stress feitos em meados de 2011? Só de passagem e sempre tudo envolvido em garantias que não era nada de grave.
JGFerreira deveria ter a humildade de admitir que, se não sabia do que se passava, então é porque falhou enquanto “jornalista”, pois estava mais preocupado em ser comentador de sucesso, bem relacionado com os “rich and famous”.
O que eu gostaria mesmo é o que pensará o seu actual colega no Expresso, Pedro Santos Guerreiro, sobre esta forma de auto-branqueamento daquele que ainda é um dos pseudo-gurus mediáticos (com o insuportável Lourenço ou o paradinho no tempo Medina) da análise da situação económica do país, na perspectiva-joné “os ulricos&salgados é que são os maiores e os portugueses uma cáfila de preguiçosos à cata de prestações sociais logo que ficam, desempregados e viciados no feicebuque e nos bifes do lombo macio”.
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