Matemática Impura


Mas por acaso fazem-se novas turmas por causa de mais uns repetentes? Com turmas a 30 cabe de lá tudo um pouco, nem sequer as lâmpadas consomem mais.

A unidade de custo, como nos contratos com os privados, é a turma e essa tem o mesmo valor com 27 ou 29 alunos. Aquilo de multiplicar os 4.000 euros é aritmética preguiçosa para espantar os tios patinhas.

Engana-se quem quer ser enganado.

Chamaram-me a atenção para este artigo da revista Educação e Matemática nº 129 (EM129_pp03-10), no qual se demonstra como o IAVE deixa um bocado a desejar em matéria de produção de exames e testes intermédios, neste caso para o 12º ano.

Agora que são autónomos é que ninguém mais os consegue chamar à razão…

 

Alargaram o prazo para terem mais pedidos e depois gastam mais do dobro do que previram com o deferimento de metade dos ditos pedidos?

Que raio de fórmula usaram?

Metade dos pedidos aceites custam o dobro do que tinham previsto?

Phosga-se… peçam ao Núncio a calculadora. Ou ao São Tomé.

Rescisões por mútuo acordo na Educação custaram mais do dobro do previsto

Ainda há quem não tenha percebido que quem não lê com mestria e compreende o que lê, comunicando de forma eficaz, dificilmente consegue dominar as restantes matérias.

O trabalho revela também que, em Portugal, a língua materna ocupa uma percentagem menor no currículo nos quatro primeiros anos do que a generalidade dos países. Apesar de, na última revisão curricular, de 2012, a redução dos tempos lectivos se ter feito acompanhar do reforço das chamadas “áreas fundamentais”, Portugal continua a dedicar “uma percentagem de tempo ao Português (literacia) inferior à de grande parte dos outros países”. “Não temos menos horas de literacia, português, do que a generalidade dos outros países. O que acontece é que cá o Português tem menor percentagem no conjunto do currículo, sobretudo nos quatro primeiros anos”, frisa Maria Isabel Festas.

E depois temos aqueles excelentes governantes a errar as contas ano após ano, mês após mês, discurso após discurso.

É esta semana! É esta semana.

Mas eu pensava que no início disto tudo só faltavam colocar 2%… e agora ainda faltam 9%?

Faltam colocar 9% em horário completo – Ministério da Educação

 

… porque atribuir zero à graduação mais baixa, implica que toda a gente com menos de 9,5 seja excluída do concurso.

É mais simples (e mais óbvio) atribuir apenas o valor 20 ao valor máximo e fazer a conversão proporcional a partir daí, não atribuindo esse zero a ninguém, por ser injusto e implicar a exclusão de inúmeros candidatos (todos os que tenham menos de 47,5% do valor máximo, bastando haver um candidato com uma graduação de 40 valores para um com 19 ser excluído com base na lei dos concursos) sem que exista razão para isso.

E explica: “Verificando-se que uma das escalas (a relativa à graduação profissional) é aberta (porque não tem limite superior) e a outra é fechada (sempre entre 0 e 20), a única solução é procurar, no universo de todos os professores concorrentes, quais os valores máximo e mínimo de graduação profissional; tomar o valor mínimo de graduação profissional para zero da escala e o valor máximo como 20; converter proporcionalmente as notas graduação profissional de todos os professores para esta nova escala de 0 e 20; e, finalmente, calcular a média aritmética (com estas harmonizações) das notas da graduação profissional e da avaliação curricular”.

Já concordo com isto:

Não vejo, por isso, que razões possa ter o MEC para não a divulgar, assim como não entendo a demora na reelaboração das listas – com computadores isto resolve-se numa hora”, afirmou Jorge Buescu, frisando que a matéria “faz parte de um bem estabelecido ramo da Matemática e Teoria da Decisão, a Análise Multicritério, desenvolvido precisamente para concursos em que é necessário ponderar vários critérios”.

O problema mesmo é o tal critério de exclusão abaixo dos 9,5 valores. Acho que a minha solução leva a menos exclusões de acordo com a lei.

Claro que o raio da lei pode ser alterada…

Sociedade científica e associação de Matemática “chumbam” fórmula do MEC

A forma como o MEC ordenou milhares de professores para a contratação pelas escolas não é legal, nem justa, nem transparente, concordam os vice-presidentes da Sociedade Portuguesa de Matemática e da Associação de Professores de Matemática. Entretanto, o Ministério mantém que não há erro, lamenta a Fenprof.

(…)

O vice-presidente da SPM, Jorge Buescu, analisou três casos propostos pelo PÚBLICO. E afirmou, depois de vários cálculos, “que todo o processo deveria ser muito mais transparente”. “Com todas estas incertezas é muito difícil extrair conclusões válidas”, disse, sublinhando que “considera essencial e urgente que o MEC revele não só a fórmula utilizada, mas também os dados concretos de cada professor, para que sejam eliminadas todas as dúvidas geradas por este processo”.

Erro na fórmula matemática aplicada na colocação de professores, por Fernando Zamith (Docente do Ensino Superior – Universidade do Porto)

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O PSD tem, por agora, mais deputados (108) do que o conjunto PS/Bloco/PCP/Verdes (98).

E adicionalmente há a tentação pelo Pântano Central, dos amados, marquesmendes, daniéisbessas, moraissarmentos e aquela gente toda contratada para opinar na comunicação social e para apelar ao sentido de responsabilidade do homem seguro.

… como é habitual neste ciclo político a SPM acha que sim e a APM que não. As ciências inexactas são assim. Dependem das facções.

Caderno 1Caderno 2 – CritériosCritérios adaptados, para quem quiser consultar.

O envolvimento directo do ministro no debate em torno do programa de Matemática quando se sabe que não é parte neutra no assunto e que está de um dos lados contra o outro.

Ou então é melhor assim, já não sei, assumir abertamente a liderança da facção  que tomou o poder.

Moderno-moderno, moderno como pré-pós-moderno ou apenas moderno? O que significa, para o Ensino Básico, o programa ser moderno quando tanto se criticaram as modernices e modas?

Crato garante: programa de Matemática será “curto, simples e moderno”

Agora uma questão que não é propriamente menor… até que ponto um ministro se deve imiscuir tecnicamente na justificação de um programa disciplinar, mesmo sendo de sua dilecta afeição?

Vai fazer o mesmo em relação a outras disciplinas?

Tenho sempre receio quando me meto com alguém do Arrastão. O mais certo é levar na tola com toda a força como empedernido cripto-fascista e retrógrado professor do antigamente.

Mas há que reagir a coisas que, enfim, atropelam qualquer bom senso.

Sérgio Lavos tem muito por onde criticar Nuno Crato, até no campo da Matemática, mas dificilmente o poderá fazer nestes termos:

O génio discreto que dá pelo nome de Nuno Crato continua na senda de uma revolução silenciosa. Não interessa que as mudanças que foram acontecendo nos últimos anos tenham levado a que Portugal fosse subindo paulatinamente nos rankings internacionais de educação. Não importa que, por exemplo, os resultados mais recentes de alunos portugueses em testes internacionais de matemática tenham mostrado que a aposta em programas de aprendizagem progressiva, inspirados nos sistemas finlandês e sul-coreano, tenha vindo a ser um assinalável sucesso. Não, Nuno Crato  tem um problema com a realidade (e nisto limita-se a ser igual aos seus comparsas de Governo).

Ora bem… quanto a problemas com a realidade não sei quem levará a melhor: se o ministro que mjuda um programa que ainda não foi devidamente implementado e avaliado se quem atribui a um programa generalizado em Setembro de 2010 aos 1º, 3º, 5º e 7º anos os resultados dos alunos do 4º ano em testes feitos alguns meses depois, no primeiro semestre de 2011.

Quer-me parecer que leram que o programa é de 2007, somaram 4 anos, deu 2011 e catrapás… causalidade directa… novo programa progressista (com inspiração sul-coreana, a sério?), melhores resultados.

Sorry, não foi nada disso.

Nuno Crato tem feito muitas asneiras, caramba que tem e eu não tenho sido dos mais meigos. mas… por caridade… não torturem a cronologia até ela lhes dizer o que outros querem que a estatística diga…

Um dos cavalos de batalha dos defensores dos cortes nos salários dos professores e no aumento do seu horário de trabalho passa pelos rácios, esse valor que parece brotar de uma qualquer 6ª dimensão.

A matéria é de especiosa esquisitice.

Se não, vejamos o DN de hoje:

DN1Dez12a

Temos uns rácios inferiores aos da OCDE, apesar dos professores portugueses darem mais horas de aulas e receberem, em média, menos. O valor apresentado ainda nem contempla os cortes mais recentes e sei do que falo porque se aplica à minha situação pois, graças aos congelamentos, entre nós os 15 anos de carreira equivalem a efectivamente uns 20.

E depois há aquela coisa estranha de ninguém conhecer professores que no 2º ou 3º ciclo tenham em média 7 ou 8 alunos como se deduz dos tais rácios (sendo uma média, isso quer dizer que os meus 100 alunos terão como reverso mais de 10 professores com zero alunos, não sei se estão bem a ver…).

Pelo que se fica sem perceber como é possível encontrar casos de professores com 200 e 300 alunos como se descreve na peça das páginas 32 e 33 do Expresso de hoje, porque isso implicaria, para cada um desses casos, várias dezenas de professores sem qualquer aluno.

A acreditarmos em certas médias. E rácios.

Exp1Dez12

Há em tudo isto uma certa estranheza… porque se fica com a noção de que certos números não têm qualquer relação directa com a realidade observável.

Ou temos professores e alunos de Schrödinger, que ora estão, ora não estão, sendo meras probabilidades estatísticas, ou então não percebo absolutamente nada disto.

Autores do programa de Matemática temem que alunos sejam prejudicados por causa das metas

Os autores do programa de Matemática para o ensino básico, actualmente em vigor, estão contra as metas curriculares e temem que estas tenham “consequências negativas para a aprendizagem dos alunos”. Para Filipe Oliveira, um dos autores das metas, estas servem para “estruturar um programa vago e pouco rigoroso”.

Sempre conheci gente que se gabava da objectividade e rigor da Matemática como exemplo para as restantes ciências em que há muito debate e subjectividade nos temas.

No entanto, por cá, existe uma interessante guerra de tribos. A tribo APM e a tribo SPM…

Poderia ser incompreensível, mas…

Usando os dados reais de uma escola ou agrupamento ou de escolas virtuais, a partir de modelo teóricos construídos.

Artigo 11.º
Fórmula de cálculo
1 — Em cada ano letivo, o crédito de tempos (CT) é calculado de acordo com a seguinte fórmula CT = K × CAP + EFI + T, em que:
K é um fator inerente às características da escola ou agrupamento;
CAP corresponde a um indicador da capacidade de gestão dos recursos;
EFI corresponde a um indicador da eficácia educativa;
T é um parâmetro resultante do número de turmas da escola ou agrupamento.

A fórmula tem variáveis (em especial o EFI) que o são de forma quase imprevisível, enquanto outras são relativamente estáveis (K e T, por exemplo).

Isto significa que a oscilação maior resulta dos resultados dos alunos em exame, o que no caso de escolas e agrupamentos com turmas apenas até ao 9º ano farão recair o peso do crédito de horas em especial em dois grupos disciplinares.

O EFI tem um cálculo feito a partir dos dados do MISI, em Agosto, sendo usada três tabelas.

Só que, no caso da tabela 3 que usa uma espécie ou variação da aplicação do método do valor acrescentado, os cálculos implicam a comparação com o ano anterior.

Ora, como sabemos, os exames entre nós têm padecido de problemas crónicos de oscilação de critérios de dificuldade, pelo que este tipo de comparação implica a estabilização desses critérios para ser possível começar a criar uma base estatística fiável.

Por exemplo, em meu entender, não é possível fazer uma comparação entre os dados do presente ano lectivo com os do ano anterior, em virtude da introdução de exames em substituição das provas de aferição (com escalas de classificação diferentes) e porque se notou, a partir dos testes intermédios, que há borrasca no horizonte em Matemática, sendo de prever que os resultados caiam, condicionando o EFI.

O que significa que, para 2012-13, é prematura a introdução desta metodologia para calcular o crédito horário. Por falta de consistência nos dados a usar para as comparações. O MEC sabe, por certo, isto e deveria ter previsto um período transitório para esta medida.

3 — O tempo resultante do indicador de eficácia educativa (EFI) pode, até ao limite do seu valor, ser subtraído à componente letiva dos docentes dos quadros ou dos que renovaram contrato, por redistribuição de serviço letivo, desde que fique assegurado o início das atividades letivas aos alunos das respetivas turmas na data legalmente prevista para o efeito, sendo exclusivamente remetidas para contratação as horas letivas que resultem dessas turmas.
4 — O tempo referido no número anterior pode, ainda, ser utilizado para efeitos de contratação de docentes.

A mantê-la, o mais certo é a maioria das escolas terem crédito zero. Aliás, sem que exista confiança na produção de exames, basta ligeiros acertos anuais nos critérios de exigência de meia dúzia de exames e as escolas ficam tramadas.

As piores, mas também as melhores.

 

 

 

O ministro da Educação volta a revelar algum desconhecimento sobre as condições concretas e quotidianas do funcionamento das escolas em questões que aconselhariam a não emissão de juízos de valor apenas com base em números.

Vejamos:

Um em cada quatro dos alunos sujeitos a um plano de recuperação não alcança os seus objectivos, um número considerado hoje “elevadíssimo” pelo ministro da Educação.

A mim espanta – se não conhecesse as coisas – é que três em quatro alcancem. No final do ano lectivo passado fiz parte da equipa que despejou os dados dos planos dos alunos do 2º ciclo na base de dados MISI, pelo que conheço de muito perto como as coisas acontecem, não apenas por fazer parte dos Conselhos de Turma que produzem esses planos de recuperação.

Mas como sei que muitos planos existem apenas porque um docente indicou um aluno para apoio na sua disciplina… também sei que muito objectivos são alcançados desde que o aluno vá a essas aulas e melhore um pouco. E seja preciso, no 3º período, trabalhar para as metas

O que deveria existir nesta matéria é uma análise diversa, de acordo com as características de cada plano, da que é feita. Porque uma coisa é um plano para um aluno com enormes problemas de comportamento e desempenho e outro é um plano porque dado(a) docente que defender-se ao máximo e propõe meia dúzia de alunos para apoio embora lhes dê o malfadado 3 menos (uma ficção real da avaliação) no fim do período.

E deveria fazer-se uma análise do percurso dos alunos cujo currículo é todo ele um plano de recuperação (caso dos PCA) me como é que funciona a sinalização e acompanhamento desses alunos.

Se os planos de recuperação conseguissem que 3 em cada 4 alunos em risco se safassem ao insucesso e abandono seria muito bom.

Mas a realidade é ligeiramente mais complexa do que isso.

E com a escolaridade para 12 anos, tudo isto vai distender-se até final do Secundário e teremos candidatos à Universidade (e posteriormente alunos, que a caça anda apertada em nome da sobrevivência de muito curso, departamento e etc) com planos de acompanhamento daqueles que pedem maior envolvimento parental na superação das dificuldades, um caderno diário actualizado, etc, etc.

Para não falar nos PIT, que nunca mais acabam, eles mesmos herdeiros daquelas coisas que se chamavam Provas de Recuperação. Tudo coisas feitas em nome de algo que coiso.

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