Continuemos com a maravilhosa entrevista de Hélder de Sousa a Marlene Carriço do Observador e apreciemos este espantoso naco de sabedoria, resultante de 25 anos de reflexão:
Com os anos de reflexão que tenho tido nestas funções e nesta vida de quase 25 anos ligado à avaliação leva-me a dizer que é preciso mudarmos o paradigma da forma como olhamos para a avaliação. A vantagem da avaliação não é a de apontar o dedo nem criticar as pessoas. Se há elemento que nos une enquanto seres humanos é a capacidade de errar. Não conheço nenhum ser humano que não erre. Portanto se nós aprendermos com o erro, dissermos porque é que errei e o que é que vou fazer a seguir para não errar a sociedade tem condições para melhorar, e isso do ponto de vista da educação é talvez a mudança que precisamos de fazer.
Vamos deixar de lado a vacuidade do “é preciso mudarmos de paradigma”, porque não há quem para se armar aos cucos, não diga isso sobre tudo e nada, querendo dizer nada sobre tudo.
Concentremo-nos naquela parte do “a vantagem da avaliação não é a de apontar o dedo nem criticar as pessoas”.
A sério?
A sério?
Então o que fez o senhor excelentíssimo doutro ministro com as bocas sobre os 20 erros, acolitado por uma turba desgovernada de sabichões de sofá como o novo guru do DN e a conivência do próprio senhor Iavé?
Não foi, mais do que apontar o dedo, generalizar as críticas aos “professores”, assim todos por igual?
Ou o argumento só serve para o alunos e os professores, ou candidatos a, nem se podem considerar “pessoas”?
e já agora, não me querendo meter no trabalho da jornalista, como é que Hélder de Sousa se escapa de uma entrevista tão longa sem concretizar absolutamente nada sobre provas deste tipo lá fora?
Nem indicou um caso específico de um país em que a prova seja feita, o momento em que é feita, o tipo de avaliação que implica a exclusão de um candidato a professor, o número de examinados, a taxa de “retenções”, os efeitos sobre a “qualidade” dos professores, etc, etc.
Foi uma entrevista “política”, cheia de ideias gerais, umas interessantes (aquelas em que vira o bico ao prego que tem espetado), outras nem tanto, umas vezes diferentes, outras vezes iguais, com perguntas raramente exigentes, quase sempre menos.
E assim se (sobre)vive.
Como se fosse num episódio vagal.
Vagamente.