Coreografia


O debate público local surge tarde e com tudo já pré-decidido. Os “especialistas” convidados são os consultores da autarquia no processo e todos pró-pró-pró e pagos para dizer amén-nossa-senhora.

A convocatória é feita a uma semana de distância e gostava de saber se a urgência do verbo tem equivalência na divulgação.

Enfim… ainda tentarão passar por muito democratas e que consultaram o “povo”.

MunicipalObidos

 

A posição do PS em relação a esta matéria é semelhante a diversas outras. Não tem nada de alternativo a dizer ou propor, mas fica bem dizer que está contra.

Quando chegar ao poder, continuará a fazer o que está a ser feito, como o PSD continuou as políticas do PS em matéria de Educação. E nem sequer dando grandes justificações.

Aliás, António Costa, na sua aliança com os Ruis do Porto (o laranja e o independente), está de acordo com tudo isto e até mais, pois desde que foi autarca (como o outro) descobriu as maldades do poder central (que não viu enquanto ministro) e as imensas potencialidades do poder local.

E tudo isto não passa de uma imensa palhaçada, em que os especialista do PS apoiam autarcas do PSD e vice-versa, nos seus “projectos”.

O Partido Socialista está contra a proposta de descentralização de competências para as autarquias, que está a ser negociada pelo Governo com alguns municípios, mas há autarcas socialistas que não recuam nas negociações. E há até quem já venha a público exigir respostas ao próprio partido sobre o tema.

“Não temos de nos preocupar com o caminho pré-eleições”, afirmou o presidente da Câmara de Águeda, Gil Nadais, esta manhã no Parlamento, deixando uma questão entre muitas afirmações sobre o assunto: “O que é que o Partido Socialista pensa sobre a descentralização de competências?”

A mesma pergunta, minutos mais tarde, repetida pelo socialista António Gomes Ferreira, coordenador do grupo de políticas e organizações educativas dinâmicas educacionais da Universidade Coimbra, que está a colaborar com um município social-democrata na discussão do projeto-piloto de descentralização de competências na área da educação. “O que o Partido Socialista pensa sobre isto?”. “Respostas até aqui”, prosseguiu o socialista, foram “zero”.

“Temos de dizer que não [ao modelo proposto pelo Executivo] por alguma razão”, atirou o professor, que deixou mais algumas perguntas no ar: “Como é que o PS vai trabalhar com os municípios que assinem estes contratos?”

Mas as perguntas ficaram sem respostas concretas. Nesta conferência promovida pelo Partido Socialista para debater a transferência de competências na área da educação para as autarquias, a secretária nacional do PS responsável pelo poder local, Maria da Luz Rosinha, voltou a dizer que o “Partido Socialista não está de acordo com o atual modelo, nem com o calendário, nem com a forma como está a ser tratado” pelo Governo, embora esteja “absolutamente de acordo com a transferência de novas competências para as autarquias”. A dirigente socialista defendeu um debate mais alargado sobre o tema, “em que ninguém seja excluído”.

Mesmo se a guerra entre PSD e CDS (de que o exemplo maior são as declarações do tipo “vocês sabem que eu…” de Paulo Portas) é moderadamente divertida.

Quanto a este deputado justiceiro, o seu currículo político deixa muito a desejar em demasiadas matérias.

De qualquer modo, querer que Casanova de Almeida dê a cara por algo incómodo é o mesmo que esperar que Maomé venha da montanha com um saco de toucinho para o almoço dos amigos.

O deputado do PSD Duarte Marques quer que o Secretário de Estado da Administração Escolar dê a cara pelos erros na colocação de professores.

 

… sobre os protestos de autarcas quanto ao encerramento de escolas.

Sei que estarei a ser pouco justo com alguns, mas a verdade é que a maioria, no fim, ou amocha e assina ou assina desde que lhe passem o cheque e os miúdos que se lixem.

Pelo que… nem vou perder muito tempo, pois já vi isto em anos anteriores e em mais de 90% dos casos foi folclore.

… para acabar sempre da mesma forma, todos a dar palmadinhas nas costas uns dos outros.

Universidades suspendem colaboração com tutela por divergências sobre orçamento

Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas diz que aos 30 milhões que estavam em falta é preciso somar agora 55 milhões que decorrem do chumbo do Tribunal Constitucional.

Assunção Esteves faz as pazes com Vasco Lourenço

(…)
Chegou 15 minutos depois da hora inicialmente prevista e foi recebida à porta por um afável Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril. “A ideia era vir almoçar mas não deu”, confessou antes de entrar no elevador com o coronel, que a levou para uma breve visita guiada pelo edifício da Associação, na rua da Misericórdia, em Lisboa.

Estão a decorrer negociações para a regulamentação dos concursos de professores. Não tenho dado grande atenção ao assunto porque perdi, num passado mais ou menos recente, qualquer interesse num processo que é uma formalidade que pode ser torpedeada por despacho ou portaria a qualquer momento.

Sei que isso não me ganha muitos amigos, mas se existir novo processo de vinculação extraordinária sem ser integrado num concurso nacional com regras claras, apenas se acrescenta distorção a algo que o MEC pretende desregular e localizar com argumento pífios.

Aliás, o MEC nem sequer está muito interessado em negociar, mas apenas em cumprir o preceito legal de ouvir os sindicatos e seguir em frente. A FNE protesta mas daí não tira consequências, enquanto a Fenprof se mantém onde sempre esteve, neste caso com boas razões.

Já não tenho grande paciência para isto. Há uns anos iria ler as propostas e contra-propostas e tentar apontar as incongruências (como exigir aos contratados a classificação mínima de Muito Bom para efeitos de renovação de contrato, quando eles não podem ter mais do que essa classificação), as armadilhas, as omissões.

Neste momento, tudo isso é escusado porque nenhum documento é mais do que um simulacro, a desmentir à primeira curva do caminho.

E a vida é demasiado importante para se perder tempo com palhaçadas.

… porque, afinal, sempre são mais longos do que os relvados.

Decreto-Lei n.º 43/2014

Cria os cursos técnicos superiores profissionais, como formação superior de curta duração nãoconferente de grau..
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O preâmbulo é daquelas peças auto-justificativas divertidas, destinadas a explicar que o que aí vem é igual ao que já existe, só que abrindo mais a porta para o financiamento destinado à formação ir para as empresas.
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Curta
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A formação é superior, mas não confere graus, apenas minutos. Valoriza-se a investimento feito, mas muda-se o nome à coisa, pois sempre circula novo papel timbrado.
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Isto não é nenhum preconceito contra este tipo de formação, apenas a constatação de que já existia nos seus aspectos essenciais e que isto é uma manobra de diversão.

Preparem o caldeirão… que o João Ratão vai a caminho…

Pub17Mar14

Público, 17 de Março de 2014

Farto de conversa da treta… se a coisa é para 2015 e se o problema tem mais de uma década, porque andam agora apressados? Já sabemos e também já sabemos que a FNE até já assinou, não pode é dizer que as negociações coreográficas estão ser feitas depois das que são a “sério”.

A dirigente da Federação Nacional de Educação (FNE), Lucinda Dâmaso, afirmou esta quarta-feira que saiu “com mais dúvidas do que com informações” da primeira reunião com o ministério para a negociação do diploma sobre os concursos de colocação dos professores. “Estamos a falar de um assunto essencial para a vida profissional e pessoal dos docentes – não vamos abordá-lo com pressas e em cima do joelho”, afirmou ao PÚBLICO, criticando a forma como o Ministério da Educação e Ciência (MEC) está a conduzir o processo. A Federação Nacional de Professores (Fenprof) não se queixa da falta de tempo e já identificou pontos de divergência, como a continuidade da contratação de escola, que contesta.

… preferindo dar espaço no site oficial a terceiras pessoas para respostas de nível duvidoso (como aconteceu há dois meses em relação ao André Pestana), arrisca-se a não ter moralidade para protestar quando lhe dão na mesma moeda:

Por volta das 15h30 decidiram que, como o Ministro da Educação Nuno Crato não ia marcar presença junto ao MEC por estar numa reunião no Palácio das Laranjeiras, os manifestantes dirigir-se-iam a esse local para lhe entregar o documento em mãos.

No entanto, o acto foi recusado, pelo que Mário Nogueira teve apenas oportunidade para falar com a assessora de imprensa de Nuno Crato.

Exp8Fev14

Expresso, 8 de Fevereiro de 2014

Pelo contrário. Apenas revela que ainda há mais gente imbecil do que parece e que está bem distribuída pelo arco da governação, reforçando-se a noção de continuidade no cavar do abismo nacional.

A reacção do desgoverno actual à polémica sobre os quadros de Miró foi mandar circular informação sobre a responsabilidade dos desgovernos anteriores em relação à mesma matéria.

Não há que enganar: isto não é resultado de investigação jornalística activa… é apenas a divulgação de informação disponibilizada para tentar neutralizar as acusações do “outro lado”.

O que falha nisto tudo?

Que o que está em causa vai muito para além das polémicazinhas de cabeceira entre rosa e laranjas. Basta analisar o currículo político do actual SEC para se perceber que se sempre floresceu em tempos de laranjal, nunca perdeu oportunidades em tempos de roseiral.

A questão não é uma polémica entre PSD/CDS e PS. Filisteus são todos eles e dos hipócritas, pois mudam de posição conforme o seu posicionamento e fingem sensibilidade cultural apenas quando convém. Ouvir uma canavilhas sobre esta matéria dá um certo enjoo, por exemplo, que não me lembro de um contributo relevante dela como governante seja para o que for.

Isto é uma questão entre quem tem algum bom senso e a clique que nos governa em modelo de rotativismo, unida na sua forma coreográfica de encenar um olhar diferente sobre a Cultura ou o País.

Os quadros de Miró podem sem um “luxo”, mas já sabemos que tudo o que não sirva aos piresdelimadacervejola são coisas espúrias e desnecessárias no entender desta malta grunha.

Mas são mais um símbolo de uma forma de conceber o interesse público como mera contabilidade, sem visão de investimento e valorização patrimonial.

Por exemplo, o que escreve hoje Avillez Figueiredo no expresso é uma falsidade… se não se venderem os quadros não teremos de os pagar. Eles já estão pagos e, pelo contrário, podem ser valorizados.

Exp8Fev14dO que Avillez Figueiredo não, nem nunca ousaria por evidfente falta de frontalidade, é apontar claramente o dedo à origem do buraco do BPN e aos que o motivaram e continuam sem, como devedores à SLN, pagar os empréstimos que sacaram em seu tempo e são muito mais onerosos do que os quadros de Miró.

Chamar míopes a esta gente é ofender-me, que sou mesmo míope.

Quanto à jogada mediática, porreiro, pá, que o Expresso alinhou, mas a verdade é que nada disso interessa quando o que está em causa é muito mais importante do que os falsos arrufos entre montenegros&zorrinhos, jovens sóifertes&galambas, a discordar nos intervalos entre almoços e jantares em conúbio.

Portugal não tem uma estratégia contra a corrupção

Comissão Europeia está preocupada com a corrupção no financiamento partidário e “funcionário públicos eleitos”

Mas não há a teoria transversal ao “espectro politico” de que basta ser “eleito” para ser impoluto, inimputável e acima de qualquer crítica?

A voz do povo não lava as fatinhas, os isaltinos e os valentins melhor do que o melhor dos omos?

Não há movimentos políticos “independentes” baseados no princípio do “foi eleito, é honesto cumó dalai lama?”

… por parte de quem é mais responsável entre os responsáveis. Aqueles cortes de relações nem chegam a ser arrufos, são apenas pedidos públicos de afecto.

Reitores realçam «espírito de cooperação» com Governo

 

Parece que o actual PM vai estar presente na reunião que o actual MEC vai ter amanhã com o Conselho de Reitores, pois parece que há um corte ou suspensão de relações ou de telefonemas ou de mensagens de amor. Não sei, não percebo bem estes floreados e confesso que começo a ter desdém por quem os percebe (incluindo-me no lote).

Parece que essa presença se destina a normalizar as relações dos reitores com o governo, nomeadamente com o MEC, por causa dos cortes.

A um primeiro olhar, diríamos que os reitores precisam do PM para domar o MEC, quando se sabe que o MEC faz tudo o que mandam o PM mandá-lo fazer.

A um segundo olhar, poderíamos dizer que o PM vai à reunião porque impõe maior respeito do que o MEC aos reitores e estes acatarão melhor, desta forma, as duras decisões do MEC. Mas sabemos bem que o actual PM está longe de ser pessoa muito respeitada pelos reitores, sendo mais fácil que ele se sinta intimidado do que respeitado, embora deva levar a ladainha dos sacrifícios preparada

Pelo que não se percebe.

Ou percebe-se.

O actual PM vai à reunião do actual MEC com o Conselho de Reitores para que ninguém perca a face depois do levantar de voz e extremar de posições que não se conseguem manter mais de uma semana, duas no máximo, que esta malta é de punhos de renda e muito educada, deus nos livre se alguma vez vierem a tomar uma posição firme e hirta mais do que o tempo de uma lua nova.

No fim, serão sublinhadas as diferenças que se mantêm, repetir-se-ão argumentos das duas partes, mas devemos assistir a uma normalização. Desejada ardentemente por todos, mas ainda mais pelos contestatários.

Se eu estiver enganado e os reitores não acabarem por compreender a posição do governo em troca de não sei quê., prometo que faço aqui a minha vénia.

Mas duvido.

Não somos uma democracia jovem, somos uma democracia já bem madura, que incorporou todos os mecanismos da luta política avançada pelos moldes do mundo avançado.

A corrupção inscreveu-se no funcionamento normal das instituições, por via de carreiras políticas fabricadas sobre os compromissos e os negócios.

Os poderes político-partidário e económico-empresarial entrelaçam-se com carinho, numa dependência mútua que fabrica uma realidade vendida aos cidadãos comuns como inevitável.

Seja no seu verso como no seu reverso.

A situação incorpora a oposição e a norma contém as alternativas. As alternativas anseiam à norma e as oposições, mesmo as alternativas, anseiam ser, antes de mudar seja o que for, ser situação.

Nada como ver a forma como uma oposição indignada e apresentada como radical se entretém semanas a discutir onde pode contestar em segurança, merecendo elogios de responsabilidade pela sua postura, e como uma oposição tida por alternativa e ainda mais indignada se junta ao sábado perante um parlamento deserto, após combinar coma polícia quantos degraus pode subir na escadaria para demonstrar o seu desespero. A preocupação está na filmagem, se passou na televisão, porque se acredita que a realidade só muda se for televisionada, pois já nem de revolução se fala. Mas ao ser marcada com antecedência e conhecido o guião, esta é uma contestação tão ou menos virulenta do que um debate encenado ao pormenor nos estúdios.

Temos uma democracia madura, realista, nada ingénua ou idealista. Hegel acima de Marx, mesmo quando se grita por Marx nas ruas. A síntese é quase perfeita, os sobressaltos cada vez mais esporádicos, a singularidade aspira a rotina.

Nada que não tenha já sido observado e teorizado, mesmo para paragens onde a contestação se mostrou mais agressiva, insistente e vocal.

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Em boa verdade, no fim do dia de ontem, todos os envolvidos estavam satisfeitos. Uns cumpriram a sua obrigação de contestar e mostrar que a “indignação está viva” e os outros continuaram na sua vidinha, em nada alterada pelo cronograma do evento.

Se há alternativas? Pelo que se percebe, nem uma boa contestação com pedrada, tiros e apoios externos, serve para mudar a má vida dos que mais sofrem e os mecanismos de dominação política em democracia formal ou mal amanhada. As Primaveras passam quase imediato a Invernos, mesmo que com braseiros à mistura.

Estamos com o sistema político e representativo bloqueado?

Talvez… é bem possível que sim. E tanto mais bloqueado quanto as regras se cristalizam. As da acção-reacção ou ainda mais as da acção-inacção e vice-versa.

Estamos condenados a isto?

Não necessariamente, mas certamente que sim enquanto tudo for tão previsível, enquanto os actores estiverem dependentes uns dos outros para terem significado.

E sabemos pelo passado mais ou menos recente que o confronto é apenas por posições.

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… é bom que pensem mais umas quantas vezes em truques melhores.

João Almeida quer suspensão total das subvenções a políticos

É bom lembrar que este foi o gajo que o PSD deixou pendurado a defender o novo corte nas pensões de sobrevivência.

A proposta agora feita faz lembrar uma habilideza imaginada por assessores saídos directamente da blogosfera insurgente, dos 31s ou parecida

PSD acusa FMI de “hipocrisia institucional”

Este Marco António Costa é um cromo daqueles que, naquela postura de nenhum cabelinho fora do sítio, voz colocadinha e barbinha ali rente a fingir que é espontânea, todo engomadinho só se consegue encontrar neste estado de impureza política e moral nas margens do menezismo.aparelhismo, debruado a tachismo autárquico.

Zero substância, aposta total na forma. Como o filho do outro.

O PM que não toca num fio de cabelo dos direitos adquiridos das grandes negociatas dos privados com o Estado (energia, banca, etc) está em Castelo de Vide a dizer que é absurda a defesa dos direitos adquiridos de trabalhadores, desempregados e pensionistas.

Cada vez isto me faz mais lembrar este filme.

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