É este o título de um texto a publicar, em princípio, amanhã, no Público.
Como a maior parte dos textos que peço para serem publicados em papel e não apenas online, nasceu de um daqueles momentos de irritação que me toldam o bestunto quando o nível do disparate sobre um dado assunto atinge a estratosfera.
Escrito quase como uma resenha histórica dos concursos na última década e meia, embora à mistura com a produção dos testes a aplicar a 5 das minhas turmas, atingiu uma dimensão impossível de enquadrar num artigo de opinião num jornal, caminhando mais para um pequeno ensaio.
Desatei a cortar, cortar e a versão longa tinha mais de três páginas A4 e de 6500 caracteres, o que ainda é muito quando se quer transmitir uma mensagem clara pela concisão, embora o espaço até existisse, se necessário fosse. Mais uns advérbios, adjectivos e ápartes deitados abaixo e ficou com menos de 6000 caracteres, ou seja, mais maneirinho e digerível, de forma a não adormecer os leitores leigos na poda.
Eu sei que muita coisa ficou de fora e que há dezenas ou centenas de comentadores que fariam melhor e diriam tudo com maior acerto, visando o algo com olho mais arguto.
É normal. Até eu, amanhã, acharei que podia ter escrito melhor.
Mas, já agora, quero desenvolver um pouco um dos assuntos que ficou diluído no meio do resto.
Trata-se da peregrina ideia de fazer a “avaliação curricular”, definida por um@ director@, valer tanto quanto a graduação profissional, resultado de anos de estudos superiores e anos de trabalho efectivo.
Dizem-me que há distorções nas classificações dos cursos e das profissionalizações, argumento com o qual concordo, mas não julgo suficiente para se poder equiparar tudo à satisfação de critérios semi-aleatórios, como ter leccionado turmas de CEF, PCA, PIEF, trabalhado em escolas TEIP ou com alunos NEE. Isto para não falar de outros critérios bem mais manhosos que podem ser alegados sem que ninguém os tenha certificado.
Porquê?
Porque o facto de se ter feito uma coisa, não significa que se fez isso bem. Pode ser que sim, pode ser que não. admito a bonificação de um valor por cada experiência deste tipo, mas não considero razoável que valha tanto quanto a velha graduação profissional.
Dizem alguns “novos” que há “velhos” acomodados, que nada fazem de diferente, que se arrastam pela escola, que escolhem horários, que deixam o pior para quem chega. Mas também dizem alguns “velhos” que há “novos” que são o máximo a engraxar as direcções, que fazem floreados com escasso valor e muito fogo de artifício e que revelam uma arrogância sem especial razão de ser.
Eu acho que há de tudo e que generalizar, só para denegrir, está errado. Eu não sei se sou velho ou novo, mas penso que estarei mais do lado dos velhos e a verdade é que estou à espera de conhecer muita gente “nova” que já tenha tido horários totalmente preenchidos com turmas de PCA e apoio individualizado a alunos NEE. Ou que em 10 anos, o peso relativo mais baixo deste trabalho no horário seja de um terço das horas lectivas (ou não).
E isso de nada me serve se eu concorrer para outra escola, num concurso de mobilidade interna.
Como não me servirão de absolutamente nada as 10 participações em debates, conferências, jornadas, que tenho vindo a fazer desde o final de Setembro até ao início de Dezembro, todas elas relacionadas com História ou Educação. E só não foram mais porque uma veio a não se realizar, outra foi adiada e uma ainda está com data por marcar. Umas melhores, outras piores, admito. Umas com mais entusiasmo, outras mais cansado, após um dia ou semana com aulas a deitar por fora.
Mas, de qualquer maneira… eu também gostaria de ter “avaliação curricular” em cima da minha graduação profissional, se a justiça dessa avaliação é assim tão grande.
Também quero que a minha experiência de trabalho com turmas de PCA, em escolas TEIP, assim como com alunos NEE me dê um valor adicional à alegadamente vetusta “graduação profissional”, esse grau zero da inteligência para as pessoas inteligentes que usaram esse mesmo critério para designar os professores titulares ou que escrevem muito sobre a “qualidade” dos professores, quando eu quiser concorrer para onde bem entenda.
E como eu, muitos mais “velhos” que já fizeram de tudo um pouco e continuam a fazer e depois são obrigados a ouvir e ler “bocas” do mais sem vergonha que pode existir sobre o seu desempenho.
Querem justiça e equidade nos concursos de contratação?
E que tal transparência?
E, porque não, igualdade para todos nessa coisa da “avaliação curricular”, pois a avaliação do desempenho que temos é talvez a maior das palhaçadas e mistificações que andam encobertas pelas nossas escolas públicas.
Eu também quero “avaliação curricular” a contar para a nota e não estou a falar de um qualquer “Muito Bom” dado por um qualquer avaliador externo, escolhido de uma lista de nomes, por causa de duas aulas assistidas com olho e meio fechado.
Ou tratamos disto tudo, com justiça mesmo, de cima abaixo ou então não andemos com fingimentos.
Há coisas erradas, mas as regras de contratação, tal como estavam antes desta rebaldaria criada em tempos do PS e elevada ao desvario pelo PSD/CDS, não eram das mais graves. Arrisco mesmo dizer que eram das coisas mais transparentes que existiam.
Até ter sido lançado este imenso manto de opacidade com base em falsos pretextos e necessidades inventadas.
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