… na maior parte das coisas, tendo ficado para os detalhes superficiais e menos relevantes o conflito e as reformas entre os governos que se sucederam nos últimos 20 anos ou mais.
Com muitos retoques na “operacionalização”, há muito que o poder político tem seguido políticas muito parecidas em diversos aspectos da “governança”.
Falta de compromisso só entre os mandantes e os que se querem dóceis executores. Entre a elite política, a divergência que se aparenta nos discursos em trono da “Escola Pública” raramente se traduziu em rupturas em políticas como a alegada “racionalização” da rede escolar, a opção por um modelo de gestão unipessoal e o desejo de domesticação dos docentes ao serviço do sucesso dos alunos, o progressivo alargamento da avaliação externa das escolas e alunos. Podemos concordar ou discordar, mas dificilmente poderemos achar que estas políticas mudaram na última década ou mesmo mais.
O que podemos discutir é como, com os constrangimentos de cada conjuntura, se desenhou a forma de atingir esses objectivos.
Compromisso não tem faltado. pelo menos entre quem manda. O problema tem sido comunicar com os zecos de uma forma civilizada, sem ser através da cadeia hierárquica, com o argumento de que as escolas não são dos professores, mas sim dos alunos e que a responsabilidade por definir as políticas é dos políticos.
Enquanto assim for, enquanto o debate e o compromisso ficarem apenas nos círculos habituais, nada mudará de essencial. O diálogo com as escolas passou a ser encarado como um diálogo apenas com as lideranças, sendo que o conselho de Escolas levou recentemente um belo corte, afunilando ainda mais a representação das diferenças. Enquanto esse diálogo não descer, de uma forma não centralista à moda soviética, às bases que devem concretizar as políticas, tudo avançará mais devagar ou nem sequer avançará.
Ahhhhhh…. o debate com os especialistas também é muito útil. Pois. Em especial para todos se reencontrarem, cumprimentarem, darem palmadinhas nas costas e redistribuírem os assentos pelas cadeiras.
Sou suspeito, pois há muito tempo considero que David Justino – goste-se ou não das suas ideias e eu desgosto de algumas – foi dos poucos ME, com Marçal Grilo, que estava preparado para o ser. O problema é saber até que ponto pode chegar agora como presidente do CNE, perante um Governo em profundo ataque de solipsismo.
Todos nós temos uma ideia do que pretendemos para a educação dos nossos filhos. Resta saber se o País tem uma ideia do que pretende para a educação das novas gerações. É esta dúvida que me leva a crer que há falta de sentido de futuro para a educação em Portugal.
Não faltam diagnósticos, não faltam medidas nem propostas, não faltam ideias nem concepções ideológicas, não faltam debates nem polémicas. Neste particular aspecto somos claramente excedentários.
O que nos falta é uma base de convergência sobre alguns objectivos a atingir e uma estratégia de longo prazo que não tem estado ao alcance da alternância política. Falta-nos cultura de compromisso que nos liberte da tensão do imediato e permita conferir continuidade e estabilidade às políticas estruturantes do sistema educativo.
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