Vivo num país pequenito com 10 milhões de criaturas, mais coisa, menos coisa, que se atravessa de lés a lés em poucas horas (nem um par delas se for à largura) e que me dizem há uns 15 anos ter entrado na era moderna das auto-estradas, IC’s e IP’s e mais recentemente na maravilhosa idade tecnológica das informações à velocidade da luz.
Dizem-me isso tudo e dizem-me como é rápido fazer um cartão único numa remota repartição do interior raiano, enquanto todos sabemos que o braço longo do fisco agora chega à mais escassa das carteiras (mesmo se falha ainda algumas das grandes) na mais distante aldeia sem escola ou centro de saúde.
Mas, apesar disso, dizem-me que precisamos de descentralizar, desconcentrar, localizar as políticas educativas e a contratação de pessoal docente e não-docente para as escolas, porqu o sistema é “pesado”, “centralista”, quiçá mesmo “opressor”.
Estranho é que isso se passe nesta idade – como já disse – de maravilhosos zorrinhos multimédia, quando em simultâneo se diz que a quebra demográfica afecta as escolas e reduz a necessidade de professores. E em que existe menos informação a tratar agora do que há 10 anos, quando era feito tudo com caneta e papel.
E que isso se passe depois de uma década de propaganda ministerial contra os serviços regionais do ME, que justificou, a modos de exemplo, a extinção dos CAE (mas justificou a permanência de uma espécie de sub-caes) a favor de um sistema uniforme e transparente na colocação de professores.
Vivo num país, em que um concurso para docentes acarreta o tratamento informático de uma massa de dados ínfima para qualquer computador, mesmo doméstico, de qualidade.
Mas os illuminati de aspiração pseudo-neo-liberal, acham que o Terreiro do Paço e a 5 de Outubro isto e aquilo. Curiosamente muitos são os mesmos que – defendendo a localização e «liberdade de escolha» no sistema educativo público – depois se assanham contra a regionalização administrativa, porque dizem que é uma medida que perturba a unidade e coerência nacionais (estou a pensar em blasfemos e atlânticos, claro).
Com o que eu concordo.
Agora até há Barretos que são contra as «autoridades difusas», mas depois defendem sistemas opacos, desregulados e retalhados, em que ninguém fica a saber exactamente o que se passa dois concelhos adiante.
Tudo isto me parece muito dinâmico, para não lhe chamar coisa pior.
Eu, pelo menos, assumo-me centralista, sem complexos.
Não uso um duplo padrão para estas coisas.
E sempre achei que há muito maior transparência numa lista única e pública, do que em trezentas e nove.
Mas lá está, eu tenho este tipo de esquisitices.
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