Posted by Paulo Guinote under
Bai-Bai!,
Polémicas
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Este meu post deu uma ligeira polémica com o Pedro do Na Sala de Aula.
A polémica foi relativamente educada, mesmo se fui acusado de:
- Acusar o ministro de mentiroso, o que não fiz.
- Induzir milhares de leitores em erro, usando dados errados, o que não fiz.
- Ter falta humildade e não reconhecer erros de palmatória.
- Etc (não me quero relembrar de tudo, pois ainda fico quezilento…).
Num post mais recente destinado a esclarecer-me, o Pedro digna-se escrever isto:
Ora, na minha boa fé tentei esclarecer o Paulo Guinote que o Ministro até poderia ter razão e que, portanto, não tinha muito sentido esta crítica avançada pelo Guinote no seu blogue. Ele bem sabe que é lido todos os dias por milhares de professores e que, portanto, tem ou deve ter algum cuidado quando escreve um post. Induzir em erro milhares de leitores não é coisa bonita que se faça…
Esta acusação é obviamente bem ofensiva e mereceria ser sustentada de forma decisiva. É o que o Pedro acha que faz, pois afirma que:
Ora, depois do debate com Guinote e não conseguindo a sua adesão à minha perspectiva dos números dei-me ao trabalho de pesquisar um pouco sobre o assunto e fui aos dados do GEPE tentar saber então qual o número de alunos matriculados que temos vindo a ter nos últimos anos.
Pois bem, apresento o quadro que se segue, cuja evolução reflete os dados públicos mais recentes sobre o tema.
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É nesta parte que eu deito as mãos à cabeça e sou obrigado a colocar diversas questões:
- A que publicação do GEPE recorreu o Pedro? Porque não apresenta link ou a refere pelo título para irmos lá ver? Eu vou ser amigo e dar-lhe um link muito útil para quem queira estudar os números apenas do consulado de MLR. Estão aqui.
- Porque decide isolar um período que termina em 2007/08 quando existem dados até 2010/11 que eu próprio inclui no meu post e o ministro fala em 2012? Porquê a truncagem da série temporal? Uma hipótese que não quero acreditar ser real… os milhares de aposentações que aconteceram nos últimos anos poderiam atrapalhar a contra-argumentação?
- Mais grave, em termos metodológicos… porque usa os dados agregados do ensino público e privado? É que andamos a discutir a colocação de professores e o número de alunos nas escolas dependentes do MEC e não em toda a rede existente… Não deu pelo seu erro básico? Até pode achar números mais favoráveis, mas a sua pesquisa padece de um erro colossal, diria eu, induzindo os seus leitores em vários erros, um dos quais é de que seria eu a usar mal os dados… no fundo, quando me chama mentiroso… 🙂
Um conselho simples, meu caro Pedro… não me acuse de tropelias que não fiz… não me acuse de usar dados errados, quando eu os apresento e refiro a fonte de forma explícita… não me acuse de induzir em erro, quando o errado é outro. O Pedro parece não estar familiarizado com as nuances das estatísticas portuguesas sobre Educação, aquelas em que as do INE nem sempre coincidem com as publicações do MEC e em que os critérios de apresentação variam de publicação para publicação. Eu sei o que custa pois andei anos a estudá-las para todo o século XX e nem sempre consegui dar-lhes um sentido…
Vamos lá terminar com o conteúdo de um dos mails que troquei com o Pedro durante o dia de hoje (corrigindo as gralhas que a pressa fez pousar no original):
- Uma série temporal tem a extensão que o “estudioso” entender, para efeitos do seu estudo. Mas não devemos ir em busca de um ponto particular que “dê jeito”. Eu fui a 2000 porque esse é o início da série de dados sobre o número de docentes na publicação que usei e porque (por mera curiosidade) as séries que usei no meu doutoramento foram exactamente até 2000.
- Quando se lança um debate ou se mexe com a vida das pessoas não podemos (ou não devemos) usar expressões vagas e argumentos dilatórios como Nuno Crato usou. Não terá mais estima intelectual por ele do que eu, acredite. Por isso mesmo, acho que ele cedeu ao facilitismo argumentativo.
- Ao contrário do que pensa, eu não quis chamar (ou induzir a chamar) mentiroso ao ministro, mas apenas demonstrar que ele está a usar das mesmas “técnicas” usadas nos mandatos anteriores, de tentativa de manipulação da opinião pública. Faço com as intervenções dele o que fiz com as das ministras e secretários anteriores – demonstrar onde fogem ao rigor. E ele fugiu a sete pés do rigor.
- Não nego a quebra demográfica que tem reflexos nas matrículas. Mas não escondo os milhares de professores que se aposentaram nos últimos 5 anos. A quebra relativa, mesmo sem que o ME forneça os números exactos, a partir de cálculos de alguns blogues, é bem maior do que os 14% de alunos.
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