Confesso, Francisco Assis mal me consegue divertir, de tão bacoca a postura, em termos globais e específicos. Até porque é daquelas pessoas que tropeça em si mesmo, em especial quando envereda pelo que deve pensar ser subtil e não passa de pueril.
Repare-se que no mesmo texto em que escreve…
Senão vejamos como as coisas se têm vindo a passar em vários planos discursivos: a análise crítica cede lugar à proclamação da denúncia; a imaginação social e política transforma-se na arte da repetição de litanias muito superficiais; o próprio humor é frequentemente rebaixado à condição de um palrear zombeteiro a raiar os limites da cretinice.
(…)
No limite, a recusa da complexidade, o enaltecimento sectário de uma identidade, a invocação de receitas mágicas colocam-nos perante o fantasma de uma infantilização geral das nossas sociedades. É óbvio que não tem necessariamente que ser assim mas, infelizmente, há razões pertinentes para temer que possa vir a ser mesmo assim. Olhemos à nossa volta, liguemos a televisão, viajemos pelo mundo da blogosfera, concentremo-nos na leitura dos jornais – salvo raras excepções tudo parece dominado por um espírito do tempo marcado pela prevalência de uma associação assaz confusa entre moralismo ingénuo, exibicionismo opinativo mal fundamentado e sectarismo ideológico naturalmente intolerante. Não é, pois, de estranhar que o sentido do compromisso seja objecto de execração, que a subtileza seja repelida e que a graçola atrevida tome o lugar da sátira exigente e culta.
… escreve também este naco de prosa que, supõe-se, ele considerará muito inteligente, subtil e tudo o mais:
A indicação de Jean-Claude Junker para a Presidência da Comissão Europeia constituiu um importante avanço no projecto europeu e abre novas perspectivas políticas imediatas. Se há projecto que não é compreensível à luz de um modelo interpretativo básico é precisamente o projecto europeu. Não podia, aliás, ser de outra forma dada a diversidade que o integra e estrutura.
Não está em causa a razão, ou não, antes pelo contrário, da indicação de Junker. Apenas que Assis não consegue ir além de Assis e Assis só consegue pensar o que os outros pensam. Não consegue ter pensamento autónomo. É um homem do “compromisso”, essa arte profunda dos pântanos políticos que faz carreiras de sucesso, para desgraça de tantos de nós…
É um epígono da litania absolutamente bacoca.
Um chato, em resumo, incapaz de ver mais além do que lhe mandam ver.
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