Estou com pouco tempo para preencher o post com links a remeter para tudo o que foi aqui ou acolá escrito sobre a questão dos rankings e a relação que eu e o Reitor começámos a estabelecer com a posição em relação à ADD pelos órgãos de gestão.
A teoria/tese seria a seguinte: tendo este modelo de avaliação do desempenho docente sido justificado com a necessidade de melhorar o desempenho dos professores e, indirectamente, o desempenho dos alunos, até que ponto a adesão/adesivagem ao modelo, em particular no seu modelo extensivo não foi prejudicial para os resultados escolares dos alunos, pelo desperdício de tempo e energia?
Foram apresentados casos que demonstram que escolas em que adopção do modelo de ADD foi feita com algum entusiasmo levou à perda de posições nos rankings, em termos relativos e absolutos, relativamente a escolas em que a ADD foi levada a cabo nas calmas.
Alguns comentadores, com destaque para o MAT, encresparam-se um bocado e disseram que isto era a ogica da batata e que seria possível demonstrar o contrário.
O MAT fez um estudo, estimável e que merece atenção, demonstrando que em alguns casos, escolas não adeptas do modelo de ADD também desceram nos rankings.
E exigiu em diversos momentos um pedido de desculpas da minha parte.
É aqui que entra a necessidade de um pouco de rigor e de leitura popperiana.
Vamos lá a tentar entender-nos: a teoria inicial é que o modelo de ADD seria um instrumento para a melhoria do desempenho dos docentes e indirectamente dos alunos, logo dos resultados escolares.
Se é possível fazer análises que provam que escolas com o modelo de ADD a ser aplicado extensivamente desceram de forma sensível no ranking, isso significa a falsicabilidade daquela tese. Nem sequer digo – como Popper – que basta um exemplo contrário para destruir qualquer teoria científica, porque me parece pacífico que a Educação não é uma Ciência, nem pouco mais ou menos, como o H5N1 também já sublinhou num par de comentários.
O facto de podermos fazer análises completamente discordantes, a partir de amostras seleccionadas a olho, com base geográfica ou outra, basta para demonstrar que a implementação do modelo de ADD não trouxe qualquer melhoria significativa ao funcionamento das escolas, no que ao desempenho dos alunos diz respeito. E isso até é possível com casos emblemáticos de aplicação do modelo de ADD.
Ou seja, tal como em outros anos houve escolas a subir, outras a descer e algumas a manter. A implementação da ADD não trouxe qualquer melhoria sensível a nada. Entre as escolas que mais adesivaram e as que menos adesivaram, o balanço tenderá a ser inconclusivo, na melhor das hipóteses para os prosélitos (e não acólitos) da euipa ministerial que está de saída e o seu dilecto primeiro-ministro.
E ao contrário do que alguns comentadores querem fazer crer não é a teoria da adesivagem que está em jogo! O que está em jogo é o balanço da mais agressiva política educativa desenvolvida nas últimas décadas e que serviu, quando deu jeito, para justificar sucessos parciais, mas já se esquece quando se trata de fundamentar os insucessos.
Que fique claro: o que deve estar em causa é a avaliação da política ministerial, infelizmente só possível depois das eleições porque os dados sobre os resultados dos exames, disponíveis desde que a sua classificação foi feita, só foram libertados depois das eleições legislativas e autárquicas.
Cirurgicamente.
Porque se assim não fosse teria sido visível o esplendor do declínio do sector público do ensino no final de um mandato para esquecer, tamanhos foram os erros cometidos e não admitidos por esta equipa ministrial que fez uma aposta em mais escola, mas não em melhor escola.
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