A Culpa Fenece Sempre Virgem


Após demorado estudo da vida política nacional, estou em condições de afirmar que permanece entre nós, década após década, uma arreigada cultura de desresponsabilização e auto-desculpabilização.

Os custos para o país são muito dificilmente calculáveis, mas andarão por um valor equivalente aos biliões desperdiçados em fundos comunitários mal geridos e destinados apenas alimentar clientelas que, como retribuição, atestam os oleodutos financeirtos das campanhas eleitorais. A nível nacional e local. Aguarda-se o nível regional para novo nível de sorvedouro e passa-culpas.

A legislação relativa à BCE tem autoria política e assinaturas em conformidade.

Passos Coelho tentou refugiar-se várias vezes em mais uma mentira, desculpem, desconformidade em relação aos factos, um inconseguimento factual, portanto.

… porque vai ser difícil fazer cortes aos reformados e funcionários públicos que compensem mais este sucesso de mais um dos nossos empresários de sucesso e de referência para os nossos opinadores e governantes liberais.

Plano de redução do Estado não teve o impacto anunciado pelo Governo

Tribunal de Contas critica aplicação do PREMAC, o plano de redução dos serviços do Estado lançado pelo Governo em Setembro de 2011. Diz que foi mal preparado, com resultados previstos empolados e terá um impacto muito reduzido.

A propaganda é muitas vezes assim.

Até porque a “redução do Estado” tem sido encarada do ponto de vista da varridela e não de uma reorganização dos serviços e alteração de procedimentos.

E há os bolsos cheios.

DN30MAi13

Diário de Notícias, 30 de Maio de 2013

… o primeiro-ministro ter convidado e o ministro das Finanças ter mantido um punhado de secretári@s de Estado que lesaram muito mais a coisa pública do que as centenas de milhar de funcionári0s do Estado que querem despedir ou reduzir o salário para encobrir o que aqueles fizeram?

Não adianta dizer que a culpa foi do engenheiro, porque se as coisas eram incorrectas então est@s senhor@s, tão imbuídos do espírito de serviço à coisa pública, deveriam ter-se demitido e denunciado o atropelo.

E já agora, sua excelência luminosa e irradiante em finanças públicas e economia, o Presidente da República, tão provido de sumidades a assessorá-lo, não sabia de nada, nunca teve uma palavra sobre a coisa, um aviso, deu posse às pessoas em causa (como deu ao secretário franquelim do bpn) só descobriu agora e ainda não teve oportunidade de se pronunciar?

Carris ganhou 15 milhões cortando salários e aumentando bilhetes e perdeu 17 milhões com os swaps

Quem ganhou?

Exacto, os ulricos&salgados

Saem uns quantos ajudantes de ministro do Governo (será que não os reencontraremos em belas prateleiras antes do governo, digo, ano acabar?) e tudo fica como se de nada se tratasse?

Finanças alertaram em 2008 para problema nos “swaps”

Swapgate. Buraco duplicou desde que foi identificado, em 2011

Empresas contrataram “swaps” que acumulam perdas potenciais de cerca de três mil milhões de euros.

Ou de gestores manifestamente ineptos e irresponsáveis?

Metros de Lisboa e Porto perdem dois mil milhões na roleta financeira

Empresa somam dois mil milhões de euros de prejuízos com contratação de produtos de risco. Empresas terão de endividar-se ainda mais para pagar “swaps”.

Ou será que lixar a vida a milhões de pessoas não tem accountability?

Porque no caso de Gaspar ninguém votou nele seja para o que for…

DN21Fev13

Diário de Notícias, 21 de Fevereiro de 2013

E já agora, como ficarão aqueles analistas e comentadores que garantiram que ele não falhou praticamente em nada?

 

Erro do Ministério da Educação leva à anulação de quase 200 concursos de professores

Se até eu que gosto de os ver enterrarem-se nas suas próprias asneiras acho que há quem já devia estar fora há muito tempo…

Não é a primeira vez que a DGAE/DGRHE entra em roda livre…

Em tempos seriam santanices… nos tempos que correm a culpa é sempre de… sabe-se lá! A responsabilização é só para os outros.

Serviços jurídicos do Parlamento analisam possível lapso na lei dos duodécimos

Reforma administrativa: erro informático «esquece» três freguesias

Ucha, Várzea e Vila Seca, todas do concelho de Barcelos, não aparecem nem na lista das agregadas nem na lista das inalteradas

… não passam propriamente por gravíssimas despesas de funcionamento ou grandes encargos com os trabalhadores. Afinal serultam jogos financeiros em que os gestores se envolvem, arriscando o dinheiro dos outros e  fazendo um rombo de 3 mil milhões.

E depois a culpa do défice é dos médicos que ganham muito, dos professores que são uns privilegiados e dos aposentados que são uma praga.

Responsabilizar tais génios da gestão? Impensável.

O Expresso e Artur Baptista da Silva

Esclarecimento de Nicolau Santos, diretor-adjunto do jornal Expresso sobre o caso Artur Baptista da Silva que se diz ser das Nações Unidas. O Expresso resolveu despublicar a entrevista datada de dia 15 devido às fortes suspeitas de burla que recaem sobre Baptista da Silva.

E a tal coisa da accountability, da avaliação do desempenho, etc e tal? É só para os outros?

A verdade é que a imensa credulidade de muita gente perante alguém que lhe apareça anunciando-se funcionário (de 2ª ou 3ª linha) de uma organização ou empresa internacional.

Derretem-se logo.

Não é o primeiro caso. Em outros fez-se sempre o possível por não investigar a sério o que certas luminárias económicas – em especial próximas do actual Governo – fizeram exactamente lá do sítio onde vieram.

Claro que isto só é possível em ambientes de mentalidade terceiro-mundista onde se baba admiração por qualquer um que varra os corredores da Merril Lynch ou do Banco Mundial ou da OCDE, desde que diga que é coordenador de qualquer coisa.

Ninguém está livre de erros destes mas colocar nesta notícia o cartão de apresentação do homem é patético, pois cartões destes até já se conseguem fazer em casa sem grande esforço.

A verdade é que não foi feito nenhum background checking.

Claro que assim se torna bem mais claro certo pacovismo das altas esferas do nosso jornalismo de referência (o barrete foi enfiado por vários), as mesmas que por vezes pressionam as bases para a plantação de notícias sem qualquer fundamento ou então truncadas na informação fornecida.

Podia exemplificar com o caso da Economia (o caso mais frequente) e da Educação (aquele em que me é mais fácil detectar os fretes), mas é Natal, fiquemos por aqui.

Então há responsáveis pelo erro ou não?

Construção da A26 entre Sines e Beja foi equívoco técnico

Será possível saber se houve alguma relação com quem ganhou com tal erro, como nos contos policiais…

Enquanto se insistir em atribuir as culpas à instituição ou ao colectivo, nunca é possível responsabilizar ninguém.

Ora, não estamos a falar de uma centenas de euros em horas extraordinárias mal pagas que podem levar à demissão do director de uma escola, estamos a falar de muitos milhões e é um bocado manhoso afirmar-se que a evolução destes valores é sempre arriscada porque, exactamente, quem aprova estas operações deve ter sempre isso em conta…

Berardo. CGD aceitou 176 milhões de euros em acções do BCP que hoje valem menos de sete milhões

Ex-ministro admite ‘erro’ sobre comboio da Ponte

O ex-ministro das Obras Públicas João Cravinho afirmou hoje que houve um «erro» na previsão da procura do comboio da Ponte 25 de Abril, no contrato de concessão com a Fertagus, admitindo que podia ter sido evitado.

(…)

Admitindo que «o erro podia ter sido evitado», o ex-governante socialista defendeu que tinha que «haver uma partilha do risco de tráfego» sob pena de não haver concorrentes à concessão.

«O risco de tráfego era uma espécie de Adamastor», afirmou, referindo que o risco de tráfego era o «terror dos concorrentes eventuais», explicou.

Desde a exportação para o BERD que só por distracção me convence de alguma coisa.

A confissão da rendição do interesse público aos privados é evidente. Inflaccionaram as previsões para atrair concorrentes, mas quem pagou o risco foi o Estado.

Relatório sobre fogo do Algarve sem conclusões

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