E quanto estamos a pagar de juros por esses cofres cheios, quanto?…
Ah, mas o Draghi já nos elogiou como exemplo do “sucesso” das políticas de austeridade.
Teve foi azar quando, ao elogiar a “rápida descida do desemprego” no nosso país, ficar embatucado pela interpelação de uma deputada do BE que lhe fez notar que tal descida se ficou a dever em grande medida aos mais de 300 mil emigrantes.
Como é que os criadores desta política que propaga a miséria, que falha redondamente nos próprios termos que a poderiam justificar – as dívidas não param de crescer, as economias contraem e entram em recessão – e tornou a UE uma zona de conflito entre credores e devedores, poderiam vir agora reconhecer o insucesso da sua criatura sem perderem a face?
Mas há algo mais tangível e poderoso por detrás dessa mistificação política: o actual status quo austeritário está a beneficiar objectivamente os interesses dos credores, e por isso estes lutam com todas as armas (veja-se a vingança que têm conduzido contra à Grécia e a chantagem que têm exercido contra o seu legítimo governo – o que lhes interessa o exercício da democracia?) para o manter.
Até o insuspeito Vítor Bento, finalmente, o descobriu: “Os Excedentários acabam por ficar a dispor de um excesso de competitividade que é subsidiado pelos sacrifícios dos Deficitários, obrigados a um ajustamento unilateral. Esta forma de ajustamento tem, portanto, envolvido uma efectiva transferência de bem-estar social (incluindo emprego) dos Deficitários para os Excedentários”. (http://observador.pt/especiais/eurocrise-uma-outra-perspectiva).
Não sei se repararam no pormenor (ou pormaior) importante da tirada da Exma Srª Ministra da Fazenda: a almofada (fofinha) financeira é para problemas dos mercados (os tugas que usem uma almofada de feno ou desamparem a loja e vão morrer longe).
Oportuna revisitação de um clássico, neste caso da propaganda salazarista.
Eu acrescentaria que o objectivo de Salazar, no contexto histórico em que governou, fazia sentido, independentemente de se concordar ou não.
Amealhava reservas de ouro com um objectivo, para com isso fortalecer a moeda portuguesa.
Hoje isso não faz sentido algum, primeiro porque Portugal não tem moeda própria, segundo porque enquanto Salazar entesourava ouro que pertencia ao Estado, estes de agora andam a acumular reservas de dinheiro emprestado e do qual se pagam juros.
Salazar impôs austeridade e com isso equilibrou as contas públicas.
As reservas de ouro foram-se formando porque havia superavit orçamental, ou seja, o Estado recebia mais do que gastava.
A direita actualmente no poder copia em parte – até, por vezes, no tom moralista – a austeridade salazarista, mas revela-se incapaz de, como fez o “mago das finanças”, acabar com os sucessivos défices orçamentais.
Março 23, 2015 at 11:00 pm
Não se deve subestimar o poder da propaganda, sobretudo daquela que é aparentemente mais infantil. Tem resultado.
Março 23, 2015 at 11:28 pm
Cofres cheios à conta de tanto suor e lágrimas…
E quanto estamos a pagar de juros por esses cofres cheios, quanto?…
Ah, mas o Draghi já nos elogiou como exemplo do “sucesso” das políticas de austeridade.
Teve foi azar quando, ao elogiar a “rápida descida do desemprego” no nosso país, ficar embatucado pela interpelação de uma deputada do BE que lhe fez notar que tal descida se ficou a dever em grande medida aos mais de 300 mil emigrantes.
Como é que os criadores desta política que propaga a miséria, que falha redondamente nos próprios termos que a poderiam justificar – as dívidas não param de crescer, as economias contraem e entram em recessão – e tornou a UE uma zona de conflito entre credores e devedores, poderiam vir agora reconhecer o insucesso da sua criatura sem perderem a face?
Mas há algo mais tangível e poderoso por detrás dessa mistificação política: o actual status quo austeritário está a beneficiar objectivamente os interesses dos credores, e por isso estes lutam com todas as armas (veja-se a vingança que têm conduzido contra à Grécia e a chantagem que têm exercido contra o seu legítimo governo – o que lhes interessa o exercício da democracia?) para o manter.
Até o insuspeito Vítor Bento, finalmente, o descobriu: “Os Excedentários acabam por ficar a dispor de um excesso de competitividade que é subsidiado pelos sacrifícios dos Deficitários, obrigados a um ajustamento unilateral. Esta forma de ajustamento tem, portanto, envolvido uma efectiva transferência de bem-estar social (incluindo emprego) dos Deficitários para os Excedentários”. (http://observador.pt/especiais/eurocrise-uma-outra-perspectiva).
Março 23, 2015 at 11:29 pm
*em recessão ou em deflação
Março 24, 2015 at 10:58 am
Não sei se repararam no pormenor (ou pormaior) importante da tirada da Exma Srª Ministra da Fazenda: a almofada (fofinha) financeira é para problemas dos mercados (os tugas que usem uma almofada de feno ou desamparem a loja e vão morrer longe).
Março 24, 2015 at 11:00 am
Oportuna revisitação de um clássico, neste caso da propaganda salazarista.
Eu acrescentaria que o objectivo de Salazar, no contexto histórico em que governou, fazia sentido, independentemente de se concordar ou não.
Amealhava reservas de ouro com um objectivo, para com isso fortalecer a moeda portuguesa.
Hoje isso não faz sentido algum, primeiro porque Portugal não tem moeda própria, segundo porque enquanto Salazar entesourava ouro que pertencia ao Estado, estes de agora andam a acumular reservas de dinheiro emprestado e do qual se pagam juros.
Março 24, 2015 at 11:06 am
Salazar impôs austeridade e com isso equilibrou as contas públicas.
As reservas de ouro foram-se formando porque havia superavit orçamental, ou seja, o Estado recebia mais do que gastava.
A direita actualmente no poder copia em parte – até, por vezes, no tom moralista – a austeridade salazarista, mas revela-se incapaz de, como fez o “mago das finanças”, acabar com os sucessivos défices orçamentais.
Março 24, 2015 at 11:02 pm