A estratégia do actual desgoverno é já bastante clara, até porque se as eleições estiverem lixadas não haverá mais tempo para fazer a obra.
A ideia é vingar o PREC, tirar completo desforço de todos aqueles que se considera terem sido beneficiados ali por meados dos anos 70 e em alguns momentos posteriores e reconduzir Portugal a uma situação de penúria ou pelintrice a fazer lembrar os tempos saudosos em que só alguns podiam gabar-se de ser “algo” e em que eram ainda mais fácil distinguirem-se da arraia-miúda.
Em termos de serviços públicos começa a verificar-se uma degradação assinalável em virtude do desinvestimento financeiro, da não actualização de alguns meios técnicos (excepto no caso do fisco) e da activa hostilização dos meios humanos para que se afastem ou aceitem a precarização e proletarização sem grandes protestos.
Se sempre foi esse o plano e apenas andámos algum tempo enganados?
É possível (há malta que tanto grita fogo que, de quando em vez até acerta), mas também é possível que a coisa se tenha descontrolado com um excesso de hubris do séquito de Passos Coelho, daquele relvettes e borginhos muito liberais que querem um Estado magro desde que lhes paguem para serem gestores públicos e poderem desmembrar e privatizar as empresas que poderiam ser lucrativas no sector público ou desde que os contratem como consultores de coisa nenhuma.
Já assistimos a isto na Inglaterra dos anos 80 com a mamã espiritual destes rodriguinhos e insurgentes afins de economia de algibeira, a firme e hirta Margareta. Recuperar daqueles danos foi complicado e nunca foi conseguido por completo. E por cá é o que se pretende.
Com um PS entalado entre o complexo de ser “responsável” e a deriva socrática, que tarda em apresentar alternativas ou em ir além da crítica contra aquilo que iniciou, o país precisaria de uma “terceira via”, de uma alternativa à esquerda, que não fosse aprisionada pelos egos imensos de gente que precisa ser vizir em lugar de qualquer vizir e ter uma plataforma ou movimento em que esteja na fila da frente, fazendo lembrar uma velha passagem de A Vida de Brian.
Mas voltemos ao início… o anti-PREC acelerou muito para além de qualquer troika e este ano de 2015 – apesar de todas as cortinas de fumo da propaganda – será o ano da demolição do que foi sendo construído durante as últimas décadas e está a ser feito de um modo que pretende ser mais ou menos irreversível.
Os danos na Segurança Social, no funcionamento da Educação e da Saúde já são bem evidentes, mas o pior, mesmo o pior, ainda está reservado para este ano, com a cumplicidade de grande parte de um poder local que acede a tudo em troca de um envelope financeiro.
Para quem possa achar que o pior já passou, eu diria que o pior está ainda para vir, porque há menos de nove meses para concluir o que terá sido pensado para dois mandatos.
Janeiro 21, 2015 at 9:33 pm
Não sabia que bastasse descontar. Eu não tenho lábia desfigurada pelo marfim!
Janeiro 21, 2015 at 9:50 pm
Está aqui a resposta sobre os CTT
http://www.jornaldenegocios.pt/informacao_financeira/cotacao_ficha.html?section=fichaValor&loadSect=fichaValor&isin=PTCTT0AM0001&plaza=51&indexId=psi20&indexCode=50102159
Janeiro 21, 2015 at 10:14 pm
Este programa ideológico anti-PREC evidencia exuberantemente a capacidade performativa da ideologia.
Assumindo como mote “ir para além da troika” (referencial programático para o próprio PSD, PC dixit) , e a coberto da austeridade assim expandida e “naturalizada” (em termos apresentados como sendo da ordem da “inevitabilidade”), o governo empreendeu uma campanha moralista de cariz punitivo (“os piegas têm de abandonar os sus hábitos despesistas, filhos do socialismo constitucionalista”) que, reconheça-se – e aqui se observa a sibilina eficácia da ideologia -, teve um grande sucesso, ou não seja comum ouvir gente dizer que “todos tivemos culpa na crise, gastávamos o que não tínhamos nem podíamos”, interiorização e condicionamento pela culpa (fácil de instilar e propagar numa população que de há muito respira nessa cultura), gente que, pobre dela, se tinha aproximado um pouco mais dos padrões de vida da europa mais rica (objectivo entretanto tornado culposo quando, no fundo, era o melhor motivo para se estar na UE).
Janeiro 21, 2015 at 10:41 pm
Não me parece que seja uma reação anti-PREC. Estes que nos governam são os filhos do PREC e foram aprender com os liberais dos países do Norte. Conservadores até á náusea veem na economia o instrumento de poder sobre as massas do seu pais (que desgraçadamente é do Sul e só serve para esbulhar).
Os do anti-prec estão arrumados ás boxes, reformados ou mortos são os pais destes. Ver o PP e a Manuela, grandes críticos deste desgoverno.
Estes são filhos dos self-made men ou dos que escaparam com fortuna. Criados com todo o conforto nunca trabalharam já que ingressaram no partido quando jovens. Formaram-se aí com a cumplicidade dos papás que querem ver os filhos triunfar e adquirir o poder que eles nunca tiveram ou perderam. Parasitas da sociedade, obtêm o poder por culpa das elites que neste pais funcionam numa lógica de perpetuar os seus nos cargos políticos. É a partidocracia.
E por aí a fora.
Janeiro 21, 2015 at 10:57 pm
“A ideia é vingar o PREC, tirar completo desforço de todos aqueles que se considera terem sido beneficiados ali por meados dos anos 70 e em alguns momentos posteriores e reconduzir Portugal a uma situação de penúria ou pelintrice a fazer lembrar os tempos saudosos em que só alguns podiam gabar-se de ser “algo” e em que eram ainda mais fácil distinguirem-se da arraia-miúda.”
Eu não sou de História. Mas parece-me que isto é, de raíz, toda uma nova teoria sobre o actual “motor da história”. Adeus “luta de classes”, adeus Marx, agora temos a “vingança das classes humilhadas”… E até já tem um novo Engels… o Farpinhas!
Janeiro 21, 2015 at 11:16 pm
Em Loures a água ficou mais barata este ano.
Janeiro 21, 2015 at 11:22 pm
Se a TAP não for privatizada, ficará na bancarrota, garantem o governo e seus apoiantes mais ou menos convictos. Onde já se viu privados a sério nteressados em empresa à beira da bancarrota? Quem quer o governo enganar?
Quanto à necessidade de capitalização, que dizer do monumental aumento da frota nos últimos anos. O gestor do estado sabe fazer contas? A tutela anda a dormir?
Janeiro 21, 2015 at 11:25 pm
Vão fazer disto uma nova califórnia..
http://portugues.notimerica.com/politica/noticia-mexico-estado-da-california-pedem-imigraco-infantil-seja-tratada-com-um-enfoque-humanitario-20140729183930.html
Janeiro 21, 2015 at 11:43 pm
“Para quem possa achar que o pior já passou, eu diria que o pior está ainda para vir”
Também acho. Primeiro, porque Sócrates tornou o retorno extremamente difícil, depois, porque Coelho e companhia não se mostraram capazes de inverter significativamente o rumo do abismo económico (e não só) finalmente, porque se seguirá o Chamuça acompanhado de parte da máfia socrática.
Janeiro 21, 2015 at 11:55 pm
Tudo bem programado!
Repito, em parte, o que já escrevi em post anterior.
Desregulando, acentuando as discrepâncias e intensificando os conflitos, reduzindo recursos, subtraindo meios, concentrando exigências,…, deixam os serviços públicos (as escolas, entre tantos outros) sem capacidade de dar resposta… em ruptura!
A isto deveriam chamar os tais defensores das economias de escala aplicadas às áreas sociais que prestam serviços sociais considerados considerados básicos – pacóvios engalanados de subúrbio europeu (que regurgitavam, por exemplo e entre outros, com as vantagens dos agrupamentos de escolas): deveriam chamar, dizia eu, deseconomias de escala – neste caso, intencionalmente provocadas (óbvio que jamais o admitirão) com a finalidade da expansão das “economias privadas” e das muitas negociatas para clientelas e amigalhaços que mais não fazem do que, continuamente e sem fim ou sem travão à vista, empobrecer os portugueses.
Ao que não é nada alheio:
– usurpação da administração pública por cargos de nomeações político-partidários,
– o esvaziamento da coesão territorial e social com a profusão dos pequeninos poderzinhos/interessezinhos politico-partidários locais fora do controle quer da opinião pública nacional quer de uma sindicância/ fiscalização e responsabilização permanentes pelas entidades que a constituição prevê,
– a divisão e intriga continuada para colocar em confronto as populações nas mais variadas formas de organização sócio- económica e profissional,
– o retalho dos recursos endógenos do país (dos portugueses), em que este investiu (erário público) e desenvolveu para venda a quem não tem (nem tem que ter) qualquer preocupação com o território nacional e o bem-estar das suas populações,
– uma legislação profusa, intencionalmente obscura, contraditória, em constante reformulação, mal redigida,
– entidades reguladoras disto, daquilo, daqueloutro e de outros tantos que subtraem milhões sem regularem coisa nenhuma,
– um desrespeito consolidado no tempo per relatórios, avaliações e pareceres do tribunal de contas (mas não só)
– serviços inspectivos que mais do que avaliar e agir em função da aplicação da lei pouco mais servem do que validar as intenções dos governos e/ou directivas político-partidárias,
– tribunais que não funcionam, seja por constantes reorganizações, por falta de recursos, por incapacidade perante tanta conflitualidade (preparada a montante),
… não tem fim
Janeiro 22, 2015 at 1:14 am
De facto, o PREC teve o efeito de um engenho nuclear ao destruir a nossa economia e o quadro dos nossos valores tradicionais, mormente os da Família e da Escola. Por isso, tudo o que contribua para eliminar os seus resquícios é bom e deve ser louvado. Ponto.
Esclarecedora foi a sua prosa: “… o país precisaria de uma “terceira via”, de uma alternativa à esquerda, que não fosse aprisionada pelos egos imensos…”.
Candidate-se, homem. Avance! Não tema!
Janeiro 22, 2015 at 1:26 am
#11
Já esqueceu a fórmula que consubstancia os princípios da ideologia do estado novo:”Deus, Pátria e Família…
Janeiro 22, 2015 at 9:46 am
O Jorge Cunha deve ter tido uma bruta cunha.
Janeiro 22, 2015 at 10:02 am
Os neurónios são os terminais do sistema capitalista.
A luta de classes deu lugar à luta de marionetas e os zombies são os novos líderes do Capital.
O motor da História gripou e não tem arranjo.
Janeiro 22, 2015 at 10:12 am
Bom dia!
#11 Ponto de ordem
Tomando como base os dados publicados pela OCDE relativa às economias da Europa a 15, dos EUA e do Japão, podemos observar o seguinte.
Na década de 1971-1980, onde se inscreve o PREC em Portugal, o crescimento médio anual do PIB na Europa a 15 abrandou. Passou de quase 5% verificado na década anterior para 3%. O crescimento do PIB não parou de abrandar nas décadas seguintes. Na década de 2001-2010 a Europa a 15 já só crescia ao ritmo de 1.7%. Semelhante contracção da economia se verificou nos EUA e no Japão. Foi aliás no Japão que a economia se afundou mais depressa. Passou-se de 11% verificado entre 1961-1970 para 4.5% entre 1971-1980.Actualmente, o Japão cresce abaixo do 1%.
A década de 1971-1980 foi a última onde se verificou um aumento dos custos salariais. A partir daí foi sempre a descer. Foram reduzidos 11% na Europa a 15, 4% nos EUA e 14% no Japão.
De realçar que a redução dos custos salariais foi concumitante ao crescimento do PIB, apesar de em ritmo mais lento. A conclusão que se impõe nada tem a ver com a grosseira demonstração de ignorância em #11 (talvez por isso a opinião não venha assinada). A conclusão é outra: a economia sofre porque o poder de compra da maioria da população nos países “do ocidente” está a ser afectado. Sem poder de compra, não há mercado que resista (exceptuando o mercado especulativo dos capitais).
Janeiro 22, 2015 at 10:14 am
#15
Confirmar dados nos quadors publicados, por exemplo, aqui:
http://resistir.info/portugal/pedro_carvalho.html
Janeiro 22, 2015 at 11:14 am
#15
Correcção importante:
“A conclusão é outra: a economia sofre porque o poder de compra da maioria da população nos países “do ocidente” está a ser afectado. Sem poder de compra, não há mercado que resista (exceptuando o mercado especulativo dos capitais).”
Não sei a que raio de “economia” é que o Ferrão se refere , uma vez que a acumulação de Capital em 1% da população mundial não pára de crescer, em contraposição aos outros 99%, registando-se, por isso, um excelente comportamento no sistema capitalista.
A exploração é o motor da economia e da sociedade, e não a luta de classes, como erradamente Marx nos fez crer, logo nunca a “economia” se portou tão “bem” como nos últimos anos. O mercado é apenas um meio, o lucro, a acumulação de riqueza, o fim, e portanto não há crise para o poder da elite, uma vez que os escravos nunca estiveram tão controlados e manipulados como agora o estão: Bilderberg, nós os que morremos como zombies, te saudamos!
Janeiro 22, 2015 at 11:21 am
#5
O seu problema não me parece que seja “não ser de História”. É, antes, de mostrar não ser de alguma coisa que promova saber e capacidade pensante.
Nos termos indigentes em que comenta, nem há lugar para grande discussão…
Janeiro 22, 2015 at 11:38 am
#11,
O PREC destruiu a Família?
🙂
Os valores familiares eram assim tão fraquinhos, aí pelo Cavaquistão?
Quanto ao resto, o meu imenso ego não contempla a hipótese de disputar primeiras filas na grande união das esquerdas e ser mais um em bicos de pés.
Janeiro 22, 2015 at 11:40 am
#4
Se ler o que, por exemplo, um “ideólogo” da direita como Rui Ramos tem escrito, percebe que há lá todo um lastro de ressentimento cultural e ideológico perante uma realidade histórica – cuja visão ou desenvolvimento vêm sendo condicionados pelo PREC e seus valores remanescentes “marxistas “, de “esquerda” – que ele considera dever ser “reescrita” ou inflectida/”corrigida” noutra direcção.
É nesse “caldo de cultura e ideologia” – neles preenchido com um suplemento de preconceitos sócio-culturais e classistas, embebidos de ultraliberalismo imberbe – que se inspiram e navegam os aprendizes de feiticeiro insurgentes, delfins da governação e afins (Lombas, Raposos, etc).
Janeiro 22, 2015 at 8:57 pm
#15
Ferrão, o post original não tinha nada a ver com economia mas, já que se focou nela e está tão prenhe de números, escreva aqui a taxa de crescimento do nosso PIB durante o “marcelismo”. Note que este repto não faz de mim um fascista, já que, liberal que sou, prezo valores contrários.
(os meus comentários são sempre assinados; pergunte ao PHd Guinote)
Janeiro 22, 2015 at 9:15 pm
Taxa essa graças negros cá no continente e a outros negros lá no ultramar nos tempos do marcelismo.
Janeiro 22, 2015 at 9:43 pm
#21
O crescimento do PIB nessa época era elevado, mas não por causa do marcelismo: foi assim em todas as economias capitalistas até a crise petrolífera de 1973 ter interrompido uma dinâmica de crescimento que vinha do pós-Segunda Guerra Mundial e parecia até então imparável.
Se quer contextualizar seriamente a realidade, experimente desta forma: as elevadas taxas de crescimento económico no mundo capitalista, entre 1950 e 1973 são o resultado de uma conjugação virtuosa de medidas de política económica que hoje se encontram proscritas: proteccionismo moderado, controle dos movimentos de capitais e do investimento externo, forte investimento público e privado, planificação económica (sim, poucos sabem, mas até no Portugal salazarista existiu o equivalente aos planos quinquenais…), crescimento da massa salarial.
A estagnação económica e os crescimentos anémicos que temos desde os anos 80 do século passado são o resultado da imposição das políticas neoliberais, e isto está mais do que demonstrado por economistas honestos. Os que não andam em busca de um qualquer lugar num conselho de administração ou de uma cátedra numa escola-de-negócios…
Janeiro 22, 2015 at 9:48 pm
#21:
Três economistas, entre eles um perito em contas nacionais, dizem que políticas da crise “expropriaram” rendimentos dos trabalhadores
Crise tirou 3,6 mil milhões aos salários e deu 2,6 mil milhões ao capital
21/06/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
Entre o início da crise financeira de 2007/2008 e o final de 2013 assistiu-se, em Portugal, a uma transferência de riqueza do factor trabalho para o capital de grandes proporções, indicam vários economistas.
Pedro Ramos, professor catedrático da Universidade de Coimbra e antigo director do departamento de contas nacionais do Instituto Nacional de Estatística (INE), fez os cálculos e apurou que o peso do trabalho por conta de outrem e por conta própria desceu de 53,2% do produto interno bruto em 2007 para 52,2% em 2013.
Já o excedente de exploração (rubrica que reflete a remuneração do factor capital) – apesar da grave crise que se abateu sobre o Estado, os bancos e as pequenas e médias empresas – aumentou o peso na economia de 27,8% para 29,7% do PIB. As rendas, que traduzem grosso modo o valor da remuneração do imobiliário, avançaram de 5,8% para 6,2%.
Cálculos do Dinheiro Vivo com base naqueles dados, evidenciam que, em termos nominais, o factor trabalho (no qual até já está contabilizado o enorme aumento de impostos dos últimos anos) conseguiu perder 3,6 mil milhões de euros. Já o excedente do capital engordou 2,6 mil milhões de euros.
As contas do economista foram apresentadas em primeira mão, esta semana, no colóquio “A transferência de rendimentos do trabalho para o capital”, organizado pelo Observatório sobre Crises e Alternativas, ligado à Universidade de Coimbra.
Nesse encontro, Pedro Ramos, especialista em contabilidade nacional, avançou com esta análise “pouco comum”: o PIB na ótica dos rendimentos. As abordagens normais publicadas pelo INE (óticas da procura e da oferta) não permitem este tipo de análise mais fina.
O ojectivo, disse o ex-quadro do INE, é tentar dar pistas mais sólidas sobre o que já há muito se suspeitava: a crise, e em especial o programa de ajustamento da troika, permitiu extrair valor ao factor trabalho ao mesmo tempo que enriqueceu o capital. “Estranho”, um “fenómeno novo”, referiu.
“Sabemos que nas crises económicas as empresas têm prejuízos, as crises atingem os acionistas. Existe portanto perda de valor ao nível dos excedentes de exploração”, observou o académico.
Não foi o que aconteceu. “É especialmente estranho que exista, nesta crise, um aumento do peso do excedente de exploração, rubrica que no fundo reflete a remuneração do capital na economia”, observou. Mais: também as rendas do imobiliário reforçaram o peso seja em proporção do PIB, sem em termos nominais. O ganho foi de quase 451 milhões entre 2007 e 2013.
O catedrático de Coimbra recuperou também as estatísticas relativas a 2010 para ter uma noção daquilo que aconteceu durante o programa de ajustamento. Os resultados são ainda mais cristalinos: o peso do factor trabalho na economia caiu dois pontos percentuais; o do factor capital subiu dois pontos.
Para Pedro Ramos, todos estes factos reforçam a convicção de que “está a acontecer uma transferência de riqueza do trabalho para o capital”.
Como? Através do desenho de políticas com esse objetivo, diz aquele economista, que foi acompanhado no diagnóstico por outros especialistas.
O factor capital está tão imparável que, em 2013 atingiu um peso recorde (29,7% do PIB) na série histórica compilada por Ramos, que remonta a 1995.
José Castro Caldas, investigador do Centro de Estudos Sociais de Coimbra, e Eugénio Rosa, economista da CGTP, também provam que as políticas seguidas durante os anos do ajustamento extraíram valor ao trabalho de forma pronunciada.
Castro Caldas estima que “as alterações ao Código do Trabalho tenham levado a uma transferência de valor do trabalho para o capital na ordem dos dois mil milhões de euros.
Eugénio Rosa fez contas à função pública e concluiu que este grupo de trabalhadores foi “expropriado” em cerca de oito mil milhões de euros no período em análise por via de cortes remuneratórios, perdas de regalias, aumentos de descontos, etc.
http://www.dinheirovivo.pt/economia/interior.aspx?content_id=3983489&page=-1
Janeiro 23, 2015 at 12:38 am
#23
Concordo, obviamente, com o que escreveu nos dois primeiros parágrafos. É matéria factual.
Todavia, a “conjugação virtuosa de medidas de política económica”, como refere, apenas se tornou proscrita, para nós, com a adesão à UE. Até então, manteve-se exequível. E só não o foi porque… tivemos.o PREC!!!
Daí a sucessiva divergência relativamente aos países europeus e da OCDE em geral.
Janeiro 23, 2015 at 12:41 am
#24
livresco, então o senhor traz para aqui coisas do Observatório do Boaventura e Carvalho da Silva?
Não sente vergonha?
Olhe, vá ler o que diz o Mitá Ribeiro aqui:
http://observador.pt/opiniao/doutores-em-delinquencia/?fb_ref=82c22745d5074544bf048d00ebdc7f63-Facebook