Educar não é difícil. É ter momentos terríveis – PÚBLICO – http://www.publico.pt/sociedade/noticia/educar-nao-e-dificil-e-ter-momentos-terriveis-1680821
Mário Cordeiro, pai de cinco, avô de cinco. Não lhe digam que é um pai-avô. Habitualmente fala de papas e birras. Desta vez falou da sua infância, de ver os agapantos com o pai. Na badana do livro mais recente, dizem que é o pediatra em quem os portugueses mais confiam.
– Educar não parece muito difícil para si. Como as crianças se transformaram numa espécie de bem raro, também a educação ficou transformada numa coisa dificílima. As crianças deixaram de estar naturalmente ali, que era o que acontecia nas famílias numerosas não há muitos anos, para passarem a ser os pequenos ditadores, os reis da casa.
= Criou-se esse mito da criança ditadora. Nem sempre é assim. Às vezes são os pais que se antecipam ao desejo da criança. Eles dão e a criança não recusa. Dão o chocolate antes de a criança pedir. Muitas vezes nem sequer expressou o desejo: já o teve.
A educação: não é ser uma coisa difícil, é ter momentos terríveis. Momentos de dúvida. Momentos em que nós, que não somos de plástico, não sabemos lidar com a situação, não sabemos compreender o outro, em que o outro não está em estado emocional para dialogar. Finalmente, em caso de conflito de interesses e impossibilidade de consenso, é preciso impor regras. É talvez a base da educação.
– Mesmo que as crianças não entendam os motivos da proibição?
= Muitas vezes vemos educar como sinónimo de proibir, limitar. Não é. Educar pode ser estimular e dar.
– Pode esboçar alguns princípios básicos?
= Primeira coisa, transformar conceitos abstractos, como respeito, amor, solidariedade, dignidade, rigor, que não se medem, não se pesam, em exemplos que mostram: “Ah, isto é respeito.” Cumprimentar o vizinho que vem no elevador, segurar a porta para o senhor que vai entrar, perguntar se quer ajuda para levar o saco. Perguntar se a sua mãe, que está doente, está melhor. Algumas pessoas dirão aos filhos: “Tens de respeitar a professora, o vizinho, a avó.” Mas depois não consubstanciam isto. Para crianças que aos seis, sete, oito estão na fase do concreto, que não têm ainda a fase simbólica completamente estabelecida, é difícil perceber.
A segunda coisa é ser-se muito coerente e avisar: se isto vier a acontecer, haverá aquela consequência. E explicar porquê. Outra é analisar os comportamentos e não a pessoa. É necessário que nós, enquanto pais, façamos o percurso de passar de vítimas com vontade de linchar o outro, e de humilhar, de descarregar tudo o que somos, para o estatuto de juiz que aprecia os factos. Se houve ou não houve dolo, se há atenuantes ou agravantes. Implica uma maturidade psico-afectiva muito grande. Caso contrário, estamos a dizer aos nossos filhos: “Não gostamos de ti.” Quando o que temos que dizer é: “Amo-te, mas não gostei nada do teu comportamento.”
– Quando se fala de sanção, e se explica, está-se a introduzir a palavra justiça.
= Sim. Que faz parte da ética, do conceito do bem e do mal. Mas qualquer justiça desproporcionada é má.
(Público, 4 jan – Artigo de: Anabela Mota Ribeiro e Enric Vives-Rubio)
Pois comigo não foi assim… roubaram-me o telemóvel, deixado à porta da sala, enquanto estava a decorrer uma aula (a funcionar em pleno, e tudo ameno – no corredor, tudo sossegado). Mau prenúncio?!
Creio que foi coincidência e azar, só isso. 😛
Janeiro 5, 2015 at 7:28 am
BOM DIA!!!!!!!!!!
Janeiro 5, 2015 at 9:32 am
Bom dia! Bom Ano! Entrem e recomecem a vida na escola com alegria e esperança!
Janeiro 5, 2015 at 10:31 am
Educar não é difícil. É ter momentos terríveis – PÚBLICO – http://www.publico.pt/sociedade/noticia/educar-nao-e-dificil-e-ter-momentos-terriveis-1680821
Mário Cordeiro, pai de cinco, avô de cinco. Não lhe digam que é um pai-avô. Habitualmente fala de papas e birras. Desta vez falou da sua infância, de ver os agapantos com o pai. Na badana do livro mais recente, dizem que é o pediatra em quem os portugueses mais confiam.
– Educar não parece muito difícil para si. Como as crianças se transformaram numa espécie de bem raro, também a educação ficou transformada numa coisa dificílima. As crianças deixaram de estar naturalmente ali, que era o que acontecia nas famílias numerosas não há muitos anos, para passarem a ser os pequenos ditadores, os reis da casa.
= Criou-se esse mito da criança ditadora. Nem sempre é assim. Às vezes são os pais que se antecipam ao desejo da criança. Eles dão e a criança não recusa. Dão o chocolate antes de a criança pedir. Muitas vezes nem sequer expressou o desejo: já o teve.
A educação: não é ser uma coisa difícil, é ter momentos terríveis. Momentos de dúvida. Momentos em que nós, que não somos de plástico, não sabemos lidar com a situação, não sabemos compreender o outro, em que o outro não está em estado emocional para dialogar. Finalmente, em caso de conflito de interesses e impossibilidade de consenso, é preciso impor regras. É talvez a base da educação.
– Mesmo que as crianças não entendam os motivos da proibição?
= Muitas vezes vemos educar como sinónimo de proibir, limitar. Não é. Educar pode ser estimular e dar.
– Pode esboçar alguns princípios básicos?
= Primeira coisa, transformar conceitos abstractos, como respeito, amor, solidariedade, dignidade, rigor, que não se medem, não se pesam, em exemplos que mostram: “Ah, isto é respeito.” Cumprimentar o vizinho que vem no elevador, segurar a porta para o senhor que vai entrar, perguntar se quer ajuda para levar o saco. Perguntar se a sua mãe, que está doente, está melhor. Algumas pessoas dirão aos filhos: “Tens de respeitar a professora, o vizinho, a avó.” Mas depois não consubstanciam isto. Para crianças que aos seis, sete, oito estão na fase do concreto, que não têm ainda a fase simbólica completamente estabelecida, é difícil perceber.
A segunda coisa é ser-se muito coerente e avisar: se isto vier a acontecer, haverá aquela consequência. E explicar porquê. Outra é analisar os comportamentos e não a pessoa. É necessário que nós, enquanto pais, façamos o percurso de passar de vítimas com vontade de linchar o outro, e de humilhar, de descarregar tudo o que somos, para o estatuto de juiz que aprecia os factos. Se houve ou não houve dolo, se há atenuantes ou agravantes. Implica uma maturidade psico-afectiva muito grande. Caso contrário, estamos a dizer aos nossos filhos: “Não gostamos de ti.” Quando o que temos que dizer é: “Amo-te, mas não gostei nada do teu comportamento.”
– Quando se fala de sanção, e se explica, está-se a introduzir a palavra justiça.
= Sim. Que faz parte da ética, do conceito do bem e do mal. Mas qualquer justiça desproporcionada é má.
(Público, 4 jan – Artigo de: Anabela Mota Ribeiro e Enric Vives-Rubio)
Janeiro 5, 2015 at 11:23 am
Good Morning!!!!!
Janeiro 5, 2015 at 6:31 pm
Foi um dia com vontade de não o ser…( os alunos até são mesmo a melhor parte ; ),
Janeiro 5, 2015 at 7:36 pm
Bom dia!
http://cybercook.com.br/cuscurel-portugues-forum.html?cod_forum=30924
Janeiro 5, 2015 at 7:49 pm
Foi um bom dia. Tive que os mandar embora – ao fim de quatro horas a aturarem-me.
E recebi um “até Quarta, senhor Professor!”
Janeiro 5, 2015 at 8:07 pm
Pois comigo não foi assim… roubaram-me o telemóvel, deixado à porta da sala, enquanto estava a decorrer uma aula (a funcionar em pleno, e tudo ameno – no corredor, tudo sossegado). Mau prenúncio?!
Creio que foi coincidência e azar, só isso. 😛