Os assises andam assustados e alguns ex-bloquistas muito animados com a alegada viragem à esquerda do PS de António Costa.
Nada de mais errado e nada de mais divertido do que ver como a amnésia ataca que se farta.
Esta “viragem” mais não é o de que um remake do que Sócrates fez quando andou à “pesca” de valesdealmeidas e outros figurões já então transviados do bloquismo ou do que o próprio Costa fez na CML com o Sá Fernandes, o savonarola dos canteiros da Praça do Império.
Neste caso, o alvo é o europeísta livre Rui Tavares, que dá um perfume de intelectualidade de esquerda, com pitada de rebeldia conformista.
O que está em causa é uma maioria absoluta, a qual depois de conquistada deixará muita gente a salivar em seco.
E essa maioria, curiosamente, pode até ser facilitada pela limpeza forçada dos socráticos mais ortodoxos e histriónicos de muitas listas, apesar da permanência do Galamba do brinco (parece que, a par das tshirts góticas do Miguel Tiago, é dos afrodisíacos mais eficazes nas companheiras das várias bancadas).
Quanto a todos aqueles que auguram um PS virado a alianças à esquerda pela primeira vez na sua história, julgo que poderão esperar sentados e tomar desde já um anti-depressivo dos fortes, tamanho vai ser o rebound.
E o Assis pode acalmar-se e ir para a Europa louvar o Juncker, antes que tenha uma desnecessária apoplexia por cá.
Dezembro 4, 2014 at 7:26 pm
Mas o papel do Assis é mesmo esse: http://lishbuna.blogspot.pt/2014/12/blog-post_66.html
Dezembro 4, 2014 at 7:38 pm
Viragem para a esquerda do PS só mesmo votando em forças políticas à esquerda do PS, acho que já tinha dado para perceber.
Tendo de escolher entre o compromisso claro com o povo de esquerda ou com a corrente burguesa-republicana-maçónica que está na génese do partido e que sempre o dominou, o PS optará sempre e sem hesitações nem remorsos por esta última.
E cada vez me convenço mais que a única alternativa a um PS eternamente nas encolhas quando se trata de desgrudar da direita e retirar o socialismo na gaveta é a construção de uma federação de esquerdas que possa disputar ao PS, não dois ou três lugares no parlamento, mas a liderança política, ideológica e eleitoral da própria esquerda. Tarefa que se antevê quase utópica, eu sei, quando se olha para o estado actual da nossa esquerda e dos seus mais mediáticos representantes…
Dezembro 4, 2014 at 7:43 pm
O PS é um partido de esquerda?
Dezembro 4, 2014 at 7:46 pm
#3
Boa pergunta, livresco.
Acho que ambos sabemos a resposta…
Dezembro 4, 2014 at 7:47 pm
Ora nem mais.
Dezembro 4, 2014 at 7:56 pm
Essa imputação de “viragem à esquerda” dirigida ao PS é, sobretudo, uma manobra ideológica da direita e dos seus aliados (como Assis) – não passando de uma “ficção política” – para condicionar a estratégia de AC, no sentido de este alinhar nas propostas de “consenso” que PC constantemente reitera.
AC poderá eventualmente vir a encená-la (ou acená-la) se quiser dramatizar o apelo ao “povo de esquerda”, na eventualidade, bem entendido, de perceber que a maioria absoluta – que elegeu como objectivo – lhe estará a escapar.
Dezembro 4, 2014 at 8:09 pm
#2,
Dizes para não seguir para a direita e que a curva à esquerda não existe.
É para seguir em frente, fazer marcha atrás ou ficar parado?
( Estás pior que o Guterres, homem…. )
Dezembro 4, 2014 at 8:14 pm
Por aqui, conduzir à esquerda, dá acidente.
Dezembro 4, 2014 at 8:38 pm
Sim o melhor é voltar a votar PSD….
Dezembro 4, 2014 at 8:49 pm
Dezembro 4, 2014 at 8:51 pm
historicamente nunca a direita lutou pelos direitos dos mais pobres.. diga-se o que disser..depois muita coisa se alterou..mas isso é um facto…
Dezembro 4, 2014 at 8:57 pm
Um PS de esquerda, não passa de um oximero.
Dezembro 4, 2014 at 9:05 pm
Tredecim!
Dezembro 4, 2014 at 9:56 pm
#7
Depois de termos experimentado a auto-estrada da direita, com maioria absoluta, e com os resultados que estão à vista, a minha proposta será sempre virar à esquerda, ainda que tenhamos de sair da estrada e desbravar o caminho…
Dezembro 4, 2014 at 10:01 pm
Quero ver-te de catana. Ou foi-se!
Dezembro 4, 2014 at 10:18 pm
Que podem esperar os portugueses da aplicação prolongada do Tratado Orçamental Europeu? Ezta a questão que deveria merecer a atenção de todos os portugueses. Só depois faz sentido questionar o que os partidos andam a fazer.
Ps: curiosamente, Merkel acaba de dar uma ajuda preciosa. Afirmou que na Europa de hoje – feita à sua imagem e semelhança, note-se- os jovens não têm futuro. Cada um que retire as ilacções que quiser.
Dezembro 4, 2014 at 10:19 pm
Que à direita há arrogância de sobra para nos ensinarem o caminho único da falta-de-alternativa, e até já temos sculavebiznis internacionalmente cotadas para esse fim, não é novidade.
À esquerda, demasiado perdida entre o descalabro das ditaduras de leste e o logro de sucessivas terceiras-vias, o que faz falta é a convicção profunda de que o caminho não é esse, ponto de partida para a construção de uma alternativa.
Dezembro 4, 2014 at 10:22 pm
Concordo! “Tatonas para primeiro ministro”, AD para tatonas!
Dezembro 4, 2014 at 10:28 pm
Ou dito de outra forma, o que nos oferece hoje a direita é uma solução chave-na-mão para construir a casa comum de que necessitamos. De acordo com os tratados orçamentais, acordos de comércio livre e outras regulações internacionais do sistema financeiro que o poder e o pensamento neoliberal foram estabelecendo nas últimas décadas.
Acontece que na casa supostamente de todos só haverá lugar permanente para uma minoria de privilegiados, os detentores do capital e dos meios de produção e os seus serventuários directos. Os outros permanecerão de fora ou entrarão apenas como criados de servir e na estrita medida das necessidades.
Já à esquerda, há todo um debate para fazer e um caminho por construir, não pelas elites financeiras e os seus lacaios nos governos e tanques-de-pensar, mas pelos povos, pelos cidadãos…
Dezembro 4, 2014 at 10:30 pm
Adoro quando desconversam, alguma ideia lhes faz comichão na moleirinha…
Dezembro 4, 2014 at 10:36 pm
Também adoro debates de esquerda – enquanto descanso de ser indivíduo.