Matéria interessante de debater.
Não é bem a mesma coisa, como sabemos.
Muito tempo, pouco tempo?
E o quality time? Ninguém o define?
Entre nós, parece que se confundem e baralham coisas diversas e se acha que fazer mais do mesmo é fazer melhor.
Eu prefiro (no geral, esse sempre presente) aulas mais curtas do que 90 minutos, que permitam abordar um tema, de modo claro e conciso, sem cair na erosão do tempo e no esgotamento que leva ao tédio.
Acredito que em algumas actividades, à medida que se chega ou avança pelo Secundário, o tempo longo dê resultados, mas eu sou um daqueles que acreditam na teoria (os ortodoxos chamam-lhe “lei”, um exagero) dos rendimentos decrescentes, pois há unidades de trabalho/esforço que não servem para grande coisa.
Novembro 6, 2014 at 8:40 pm
Para além da duração das aulas, seria interessante reflectir sobre o tempo que os alunos passam na escola, em actividades diversas, num estágio violento de preparação para os absurdos horários dos centros comerciais, supermercados e call centers.
Novembro 6, 2014 at 10:40 pm
É curioso verificar que, para quem tem opiniões tão peremptórias sobre tudo o que diz respeito a educação, não clarifica a sua opinião sobre a duração mai9s adequada do tempo das aulas teóricas: 45 minutos (sem intervalo, devido às aulas de 90), ou os 50 min com 10 de intervalo, como antigamente. E olhe que isto não é de somenos para a qualidade das aprendizagens…
Novembro 7, 2014 at 10:09 am
É necessáruio entender que a escola é não apenas um serviço (com tendência a tornar-se num produto) cultural, mas uma artificialização dos processos naturais de ensino aprendizagem. A escola surge não apenas como resposta à necessidade de qualificação da mão de obra futura, mas também como forma de disponibilizar para a “fábrica” toda a mão de obra possível, incluindo as mulheres. Ao adoptar um modelo conservador, uniformizador e autoritário, não dotou apenas os alunos com os conhecimentos necessários à operação da maquinaria, como inculcou as regras de funcionamento social da fábrica, um sistema de obediência e baixas expectativas sociais.
Nesta perspectiva, a escola criou um modelo que determina a validade dos conhecimentos e quais os processos adequados à aprendizagem, desqualificando tudo o que nesse âmbito acontece fora da sua actuação.
Não se deve então questionar “o tempo de escola” sem definir as funções da escola num contexto de mudança e permanente aprendizagem. Se é aceite que a escola não forma para a vida, já a evidencia de que a aprendizagem acontece sem a escola continua a ser uma excentricidade para a maioria dos mortais. Deixemos então a escola como a conhecemos e adoptemos os modelos geradores de aprendizagem, reflexão, participação, de construção de autonomias autenticas e colectivas que existem e estão demonstrados, de forma a que a escola não tenha tempo, mas sim que todo o tempo seja de aprendizagem, acção, reflexão, e partilha. neste contexto a escola, enquanto um espaço e um tempo definidos passam a ser lugar de encontro de pessoas e ideias, de construção de desafios e novas realidades, partilhadas e não impostas.
Novembro 7, 2014 at 2:19 pm
Este é um dos meus mais velhos cavalos de batalha.
Penso que um dos maiores problemas – senão o maior, porque está no cerne do esgotamento do seu modelo (ao contrário do que é dito em #3) – da nossa escola reside precisamente nesta questão.
Por um lado, a escola não compreende nem respeita a natureza qualitativa do processo ensino-aprendizagem, que requer não muito tempo, não um tempo exaustivo de aulas, aulas longas – como são as de 90 minutos, mormente para as disciplinas mais “teóricas” -, e durante muitas horas – deveriam incidir nos período antes ou depois de almoço.
Por outro, e paralelamente, ainda permanece uma concepção anquilosada, “fabrilista” – para a qual todo o tempo tem que ser “útil” – de infância e juventude, que não compreende as suas necessidades lúdicas e de socialização no grupo de iguais, que requer o seu tempo próprio. E o seu espaço, mas isto já é outro ângulo questão, que também tange à concepção da estrutura e da organização das nossas escolas, que não vou abordar agora.
E, claro, não se pode ignorar que este modelo de escola é solidário com o modelo de sociedade – e o modo como esta concebe o trabalho e se articula com ele – que estamos a construir, questão política mais ampla.
Novembro 7, 2014 at 4:38 pm
Sempre fui contra as aulas de 90 minutos.Todos sabem que os alunos não conseguem ficar concentrados este tempo todo !!!! Imaginem só aulas completamente expositivas durante 90 minutos….aulas por exemplo de biologia,(sem qualquer imagem) em que se fala da constituição das células.
Os alunos de outros países estão ou já estiveram quinze dias de férias….Os nossos é aulas non-stop até ao Natal ! Tudo o que é demais é erro .