O Império Da Matemática
Posted by Paulo Guinote under
Língua Portuguesa,
Matemática Impura
[19] Comments
Ainda há quem não tenha percebido que quem não lê com mestria e compreende o que lê, comunicando de forma eficaz, dificilmente consegue dominar as restantes matérias.
O trabalho revela também que, em Portugal, a língua materna ocupa uma percentagem menor no currículo nos quatro primeiros anos do que a generalidade dos países. Apesar de, na última revisão curricular, de 2012, a redução dos tempos lectivos se ter feito acompanhar do reforço das chamadas “áreas fundamentais”, Portugal continua a dedicar “uma percentagem de tempo ao Português (literacia) inferior à de grande parte dos outros países”. “Não temos menos horas de literacia, português, do que a generalidade dos outros países. O que acontece é que cá o Português tem menor percentagem no conjunto do currículo, sobretudo nos quatro primeiros anos”, frisa Maria Isabel Festas.
E depois temos aqueles excelentes governantes a errar as contas ano após ano, mês após mês, discurso após discurso.
Novembro 6, 2014 at 1:16 pm
Algumas notas de reflexão suscitadas pelo problema da desproporção, quer das horas da matemática em relação ao restante currículo, quer entre o investimento horário aí realizado e os resultados conseguidos.
(Não vou repisar o que – muito bem – se diz no post sobre a importância que têm as lacunas na área da expressão para o insucesso na matemática).
– O trabalho intelectual desenvolve-se primacialmente no plano da qualidade – que implica ou mobiliza, designadamente, a atenção, a compreensão e a retenção – e não no da quantidade, da acumulação e da rotina mecanizada.
– O ensino da matemática é seguramente uma das áreas onde a examocracia está a produzir mais estragos (pedagogia de adestramento, rotinas de treino, e por aí fora). O matemático holandês Hans Freudenthal escreveu sobre isso: “O exame torna-se um objetivo, o que vem para o exame um programa, o ensino de matéria para o exame um método”…
– No 1º Ciclo, onde incide sobremaneira o desequilíbrio em questão, é também onde se regista o maior nº de docentes formados nas ESES e Politécnicos.
Novembro 6, 2014 at 1:27 pm
Mais uma ajuda para o ensino…
“Portugueses usam mais as redes sociais do que a média europeia” (Público).
Novembro 6, 2014 at 1:58 pm
De entre um ensino de matemática para formar diletantes e um “adestramento” que sirva para criar rotinas de trabalho e estudo e clarifique objetivos,venham os exames.
Novembro 6, 2014 at 3:26 pm
#3
Já ouviu falar da falácia do Falso Dilema?…
Novembro 6, 2014 at 3:30 pm
É por isso que há por aí (por todo o lado) muita malta a enganar-se braviamente nas continhas: http://lishbuna.blogspot.pt/2014/11/porque-e-que-estas-merdas-ja-nem-sequer.html
Novembro 6, 2014 at 3:52 pm
O que chateia mais é que no 1º ciclo, onde nas matérias nucleares continua a imperar a monodocência, estas questões deveriam ser relativamente pacíficas.
Ao contrário dos outros ciclos, onde redistribuir a carga horária das disciplinas pode colocar em causa o emprego de milhares de professores das disciplinas sacrificadas, aqui essa questão não se põe.
Mas ainda estamos prisioneiros de uma lógica imposta desde os tempos do socratismo, a de fazer reformas de cima para baixo, impondo-as como factos consumados aos professores, dos quais se constrói uma falsa imagem de classe demasiado corporativa, privilegiada, avessa à mudança e incapaz de participar na discussão em torno das mudanças que se apontam como inevitáveis.
E Crato continuou nesta linha do nós-é-que-sabemos, substituindo parte da ganga eduquesa e sociologesa que pelas suas ideias simplistas acerca do milagre da multiplicação dos exames e do empobrecimento curricular, remetendo as manualidades para os cursos ditos vocacionais.
Que não se fazem reformas educativas contra os professores e que sem profissionais motivados nem os melhores líderes conseguem concretizar as suas ideias de génio, era algo que já todos deveriam saber há muito tempo.
E se calhar até sabem, mas obviamente não é isto que lhes interessa…
Novembro 6, 2014 at 3:56 pm
#5
Ora aí está como elas se fazem.
Com um presidente com um pouco mais de carisma do que o Barroso e com um peso político muito superior, nada como colocá-lo de rabo preso logo no início do mandato, não vá o homem convencer-se de que está no cargo para mandar alguma coisa…
Novembro 6, 2014 at 4:04 pm
#4:
Nunca ouvi.
Vem nos livros sobre matematica divertida?
Novembro 6, 2014 at 5:02 pm
Só para perceber as nossas diferenças, na Holanda ensinam-se, até ao equivalente ao 6ano, o Holandês, o francês, o alemão e ,com certeza, o latim! Coitaditos, como é que ainda resistem, as pobres crianças!
Novembro 6, 2014 at 5:29 pm
“Ainda há quem não tenha percebido que quem não lê com mestria e compreende o que lê, comunicando de forma eficaz, dificilmente consegue dominar as restantes matérias.”
Indiscutível.
Mas é preciso esclarecer que compreender o que se lê tem de ir mais além que a narrativa.
Os conceitos não são narrativas.
Os conceitos apreendem-se ao nível da frase.
Por isso a sintaxe é a chave.
Por não termos isto em consideração, há décadas de alunos que não compreendem os enunciados.
E para os quais os Lusíadas são chinês.
Novembro 6, 2014 at 5:50 pm
Os conceitos apreendem-se ao nível do intelecto.
Novembro 6, 2014 at 5:56 pm
#11
Nesse caso, como todos temos intelecto, nem sequer precisamos de ir para a escola.
Novembro 6, 2014 at 6:01 pm
Se vissem o que se ensina neste momento em gramática… até temos uma terminologia gramatical imposta por Diário da República!
Novembro 6, 2014 at 6:06 pm
Português essa língua estrangeira que os portugueses nascidos em Portugal têm que falar, ler e escrever… e fazer testes.
Novembro 6, 2014 at 6:07 pm
Sem conhecimentos de Português qual é o aluno que é capaz de resolver problemas matemáticos?
Novembro 7, 2014 at 2:28 pm
#8
Não, vem nos livros sobre lógica…
A sério.
Novembro 7, 2014 at 4:55 pm
#16:
E verdade! Mas tambem vem nos livros de matematica divertida do Martin Gardner,embora com outros nomes.
Novembro 7, 2014 at 5:09 pm
#17
Se calhar, por ligar tanto a “livros divertidos”, passou ao lado do essencial da questão…
Novembro 7, 2014 at 6:02 pm
Talvez, mas voce e que o especialista em comecar os comentarios com: ” Aqui, a questao essencial e…” .