Ontem, à noite, na TVI24, Augusto Santos Silva deu largas à sua proverbial e periódica pesporrência analítica que serve, como em quase todos os analistas, para acertar contas pessoais e políticas e não propriamente para “analisar”.
Na ocasião, dizia ele que Passos Coelho foi levado para o poder num andor que quatro personalidades seguravam: Paulo Portas, Jerónimo de Sousa, Mário Nogueira e Francisco Louçã.
Para além do ressabiamento geral quanto aos que chumbaram o PEC IV (que foram todos os partidos da oposição, coisa que alguns fazem por ignorar ou amputar da realidade), nota-se ali um ódio particular aos professores que ele quis injustamente personalizar em Mário Nogueira, o líder sindical que tão boas relações tinha com Isabel Alçada/Alexandre Ventura durante o segundo governo do engenheiro Sócrates, com quem se entendeu e acordou em mais de uma ocasião.
Singularizar Mário Nogueira foi apenas uma forma de apontar o dedo aos professores em guerra com Sócrates, desde os tempos de Maria de Lurdes Rodrigues no ME,
E revela como esta gente do grande centrão partilha as ideias e projectos.
Mas voltando ao essencial eu gostaria de deixar claros alguns pontos sobre esta matéria, enquanto cidadão e professor:
- Varrer o engenheiro e a sua clique do poder foi um imperativo de higiene política básica. Apoiei essa varridela e fá-lo-ia outra vez, pois considero que foi obra meritória e patriótica. Percebo que Santos Silva discorde, mas, afinal, cada um defende a sua facção como pode.
- Quando se diz que Passos Coelho chegou ao poder de modo instrumental e apenas como forma de afastar Sócrates, parece ignorar-se que Sócrates chegou ao poder de modo instrumental e apenas como forma de afastar Santana Lopes.
- Considero que varrer Passos Coelho e a sua clique é outro imperativo de higiene política básica. É obra meritória e patriótica. Apoiarei essa varridela sem problemas, só que receio muito que se estejam a perfilar para a sucessão os ressabiados como Santos Silva que, apanhando-se lá. continuarão a obra do engenheiro e, pelo que se vê, aprofundarão a sua acção de bullying profissional sobre a classe docente. O grande consenso em torno da obra de pseudo-balanço das políticas educativas de MLR serviu para que eu percebesse em quem não dá para confiar.
Julho 16, 2014 at 1:48 pm
Há algum desconforto em analisar estas realidades em termos de varredura.
E esta imagem do varrer este ou aquele mantém-se desconfortável quando a imagem é válida para o facto de se se varrer um se ter de levar de volta com o lixo de outro, tal como quando se varre em corrente de ar constante, sem se fecahar as portas.
A análise de personagens políticas em termos de ressabiamento não ajuda muito.
Assim sendo, varrer e ressabiar não ajudam a perceber a coisa.
Julho 16, 2014 at 3:24 pm
#0,
Concordo.
Claro que existem uns Antónios Duartes por aí que são capazes de achar que com o Al Drabone do Pinócrates e mais uns 19 PECs, as coisas estariam melhores hoje em dia. Não estariam, estariam pior, pois a loucura do ingenheiro em negar o óbvio e em seguir com o endividamento iria provocar muitos mais danos.
Teixeira dos Santos foi obrigado pelos banqueiros a forçar Sócrates a fazer o que não queria.
O problema é que, como todos sabemos, fosse o PS ou o PSD no poder, grande parte das tranches serviriam para “limpar” toda a sujeirada feita com/pelos bancos.
Daí que na altura – continuo a considerar – fosse fundamental tirar de lá um tresloucado, mesmo sabendo que o que viria não seria a solução dos nossos problemas.
Mas aguardo as indicações do António Duarte para saber em quem votar para tirar de lá os actuais escroques.
…
Julho 16, 2014 at 5:11 pm
Parabéns pela brilhante opinião que partilhou. Concordo consigo a 1000%
Julho 16, 2014 at 5:49 pm
Definitivamente, somos o povo do fado, pior, da fatalidade!
Aparentemente, toda a gente sente que estonteamos num vertiginoso círculo vicioso, que atualmente gira entre Passos-Sócrates-Passos…
Mas quase ninguém admite rompê-lo!
Como é possível?!
Julho 16, 2014 at 6:33 pm
#0:
Excelente.
Outro excelente post entre muitos.
Julho 16, 2014 at 6:36 pm
Muito bom, caro PG.
Por muito que custe a muitos, o engenheiro e o Passos são feitos da mesma massa que o raio do diabo amassou e que nos tramou e continua a tramar.
Prever o futuro não é possível. Mas é possível preveni-lo!
Julho 16, 2014 at 7:43 pm
Só para poder encontrar uma classificação zoológica adequada…
Augusto Santos Silva foi ministro da Educação de um governo guterrista, certo?
Se assim for, então, tudo bate certo.
Julho 16, 2014 at 10:16 pm
É tudo farinha do mesmo saco como diz o povo.