… para poupar uns tostões, é porque já não há mais nada do que a aridez economicista a guiar uma acção desprovida de interesse pelos alunos.
Há mais razões do que bons resultados para evitar o encerramento de escolas pequenas.
E há muitas formas de obstar a um seu eventual isolamento, reforçando laços com outras escolas do agrupamento (não foi para isso que os criaram?) e equipando-as de forma satisfatória, de modo a tornar atractiva a fixação de populações jovens.
Mas o país é para fechar fora das cidades, longe do litoral ou de alguns locais para férias, pelo que é inútil ir em busca de coerência nas palavras do actual MEc e dos que o antecederam e que fazem fila a reclamar a primazia no encerramento de escolas, ou porque começaram o processo (Roberto Carneiro), ou porque o recomeçaram (David Justino) ou porque fecharam mais (M. L. Rodrigues).
Como declarei para a peça, não há demonstração empírica de que “aqueles” alunos das escolas encerradas melhoraram os resultados nos centros acaixotados escolares. As médias valem o que valem e não me digam que é melhor para as crianças… elas podem habituar-se, como eu a uma dor de dentes na falta de um dentista, mas daí a ser bom…
Diário de Notícias, 7 de Julho de 2014
Julho 7, 2014 at 2:56 pm
Negócios com a educação à parte. É fácil gerir assim as amizades?
Julho 7, 2014 at 2:57 pm
Mas apreciei que certos “bois/vacas fossem chamados(as) pelos nomes”…
Julho 7, 2014 at 3:23 pm
Para o governo, desde que os grandes grupos económicos e financeiros, maioritariamente sediados nas áreas urbanas litorais, tenham condições para prosperar – e como não hão de tê-las, se o governo tudo faz para incrementar as possibilidades da exploração? -, o resto do país é paisagem ou simples irrelevância. Cavaco Silva, relembre-se, foi o principal responsável (enquanto PM) pela implementação deste processo.
A Educação, preocupação sempre menor na ortodoxia economicista e tecnocrática dominante (não passa de “despesa”…), é, sobretudo agora, (mais) um instrumento do processo de empobrecimento generalizado em curso (esse que, precisamente, facilita as condições da exploração). Com a sua degradação economicista e mercantilista, ajuda a empobrecer e deteriorar as condições da população em geral e, em particular, as das gentes do interior, duplamente penalizadas assim.
Na perspectiva do governo, os bons resultados das escolas do interior (e, no fundo, das outras em geral) não têm relevo: são poucos alunos e, principalmente, alunos que, pela sua proveniência (também social e económica), não contam para a elite dos “empreendedores” e dos seus projectos, que o governo privilegia e acarinha. Mão de obra para alimentar a precariedade ou vegetar à sombra do assistencialismo não precisa de grandes habilitações (senão ainda acabará exportada, dada a sua pouca serventia doméstica) e por isso, quanto menos despesa der, melhor.
É isto que está em jogo, que está aqui em causa. O resto são tretas.
Julho 7, 2014 at 3:43 pm
Quando não se consegue ver a educação como um investimento, medra à lei da barbárie e da desigualdade. Serão os autores desta destruição da escola os primeiros a sofrer as consequências deste desinvestimento? Não. Serão os vindouros. Os “liberais” apenas falam de “produtividade”, tenha ela as formas que tiver! E o interior de Portugal se vai fechando pouco a pouco.
Julho 7, 2014 at 3:47 pm
Em primeiro lugar, convém colocar muitas reticências à análise estatística que o jornal tentou fazer. Dizer que numa escola do 1º ciclo se fizeram dois exames, e se obteve uma média de 3,5, significa o quê? Que havia apenas um aluno no 4º ano e que esse aluno tirou 3 num dos exames, Português ou Matemática, e 4 no outro. E as restantes escolas que aparecem no top têm todas menos de 10 alunos a fazer exames: um universo muito reduzido para que os resultados tenham consistência em termos estatísticos.
Em seguida, saliente-se a incongruência do ministro examocrata, agora preocupado com a “socialização” das crianças, ao estilo da “pedagogia romântica” que em tempos tanto criticou.
Alerte-se também para as negociatas que, ligadas aos negócios da camionagem e da construção escolar, estas decisões sempre propiciam.
E reafirme-se, agora e sempre, os princípios que deveriam nortear toda esta discussão:
1. O primado do superior interesse das crianças que, parece-me a mim, não estará nem na deslocação diária de dezenas de quilómetros em direcção a um caixote escolar nem no confinamento à escola isolada com mais meia dúzia de meninos (aliás, as escolas de muito pequena dimensão penso que já encerraram todas há vários anos);
2. O princípio de boa gestão de recursos que manda rentabilizar as instalações escolares já existentes, nas quais se investiu nas últimas décadas e que, com os meios tecnológicos e organizacionais actualmente existentes, podem prestar um bom serviço educativo;
3. Finalmente, cada caso é um caso, e num determinado contexto o encerramento de uma escola com 20 ou 30 alunos pode ser uma medida vantajosa e consensualmente aceite pela comunidade educativa, enquanto noutras situações essa opção pode revelar-se uma péssima decisão. Em qualquer dos casos, parece-me um campo favorável ao exercício da autonomia local no qual o MEC andaria muito bem ao não se intrometer.
Julho 7, 2014 at 4:01 pm
E agora os idosos e as crianças que podiam usufruir de ferias uma vez por ano sendo as mesmas subsidiadas pela segurança social acabou…as colonias de férias vao deixar de os receber …
Julho 7, 2014 at 4:04 pm
Será que o ministro nunca viu o filme Estre e avoir?Pois..é mais do género de ver Sartana contra todos ou o Massacre no Texas ou mesmo o Hostel.
Julho 7, 2014 at 4:07 pm
# 5
Teoricamente, mas só teoricamente, não serão os pais e, até, as próprias crianças quem saberão quais os seus interesses?
Julho 7, 2014 at 4:09 pm
Julho 7, 2014 at 4:12 pm
# 5 Na Finlândia os miúdos andam em escolas pequenas. Não me lembro de ouvir dizer que as escolas finlandesas eram más. Muito pelo contrário. E quando lhe falam no assunto, os finlandeses sublinham as vantagens de a escola ser pequena… Não consigo perceber desde quando é que pequeno tem de ser sinónimo de mau…
Julho 7, 2014 at 5:01 pm
#10
Isso não é para “perceber”.
A grande questão, para não dizer a única, que aqui em causa é esta: para o governo, Educação é despesa; logo, quanto menos Educação, menos despesa.
Enquanto não se sair deste paradigma economicista – com a mudança de políticas e de protagonistas -, não há volta a dar a esta situação.
Julho 7, 2014 at 5:07 pm
A notícia será um “aproveitamento despropositado” de uma “conjecturável ambiguidade”. A implosão continua, a eito. http://atentainquietude.blogspot.pt/2014/07/uma-conjecturavel-ambiguidade-do-mec.html
Julho 7, 2014 at 5:30 pm
# 11 Essa parte eu percebi. E concordo com tudo o que disse…
Julho 7, 2014 at 5:31 pm
Estou a ver na SICNOT JDS a defender a municipalização com a certeza que o estado continuará a pagar.
Julho 7, 2014 at 5:44 pm
http://atentainquietude.blogspot.pt/2014/06/a-negrura-cratica-sobre-investigacao-e.html
Julho 7, 2014 at 5:44 pm
vi tudo a eito…
Julho 7, 2014 at 6:25 pm
O fim de muita da investigação neste país…tempo negros estes..CIMBRA BRAGA AVEIRO UTAD COVILHÃ..CENTRALIZAM TODO O INVESTIMENTO NO PORTO E EM LISBOA…TIPO MEGA OS PARDIEIROS DAS PRIMÁRIAS CENTRALIZADAS..
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=750701&tm=8&layout=121&visual=49
Julho 7, 2014 at 6:49 pm
#14,
O JDS é um adepto da municipalização, desde que a FNE possa meter o nariz.
Já não há pachorra para tanto frete a abrir e fechar os anos lectivos.
Julho 7, 2014 at 7:11 pm
Coveiros de um país!
Raça maldita!
Julho 8, 2014 at 1:05 am
Gostei muito de ler este post do Paulo. Por agora, não tenho nem uma linha a acrescentar.