Algodão doce e pouco mais
O “Contrato de Confiança” destinado a aliciar os portugueses ao voto no PS é especialmente vago no que se refere à Educação, estando repleto de lugares-comuns e fugindo quase por completo a especificar o que pretendem os socialistas fazer caso sejam Governo.
Apontam-se quatro apostas – na inclusão, na qualificação, nos professores e na adaptabilidade – que poderiam ser subscritas por qualquer partido, da Esquerda à Direita, pois são enunciações destituídas de substância. Em todo o documento, apenas se estabelece uma meta (reduzir para 10% o abandono precoce) e se assume uma medida concreta (consultar a OCDE para “uma reavaliação do sistema educativo”). Tudo o mais, são formulações abstractas mas sem qualquer compromisso real.
Não se identificam políticas que se considerem erradas, não se apontam prazos para novas orientações e em nenhum ponto se consegue encontrar um único sinal de mudança de rumo em relação ao modelo de concentração da rede escolar pública ou da sua gestão. As promessas de investimento na escola pública e de diálogo com os professores valem o que valem, pois são dados adquiridos de qualquer caderno de promessas.
A aposta na “adaptabilidade” mais não é do que dizer que será continuada a política partilhada pelos governos da última década de fragmentar o sistema público de ensino sob o falso pretexto do seu excessivo centralismo e entrar na sua municipalização.
Por fim, fica por ali um aroma inicial de crítica à existência de exames na defesa da “inclusão”, mas nada se diz em relação a mudar o sistema actualmente existente. Talvez sirva para seduzir quem já quer ser seduzido, mas… é apenas isso. Muito pouco.
Maio 20, 2014 at 12:15 pm
Uma Mão Cheia de Nada Outra de Coisa Nenhuma
Maio 20, 2014 at 1:40 pm
Para quem reflecte sobre o nosso sistema de ensino, não numa perspectiva ideológica, mas da sua melhoria, que assegure a dignidade da Escola Pública e do que ela significa, as três preocupações fundamentais que se destacam são:
– Dar prioridade à qualidade das aprendizagens.
– Devolver e promover a autoridade dos professores.
– Restaurar a gestão democrática das escolas.
Acontece, porém, que esses três aspectos essenciais foram precisamente aqueles que os anteriores governos do PS – por iniciativa de MLR – puseram frontalmente em causa, com medidas que deram então início à destruição do Ensino Público.
Com efeito, o facilitismo paternalista, a domesticação da classe docente e a entrega das escolas ao modelo de gestão unipessoal são o legado mais visível e nocivo que o PS deixou na área da Educação.
E o pior de tudo, é que na direcção do PS, não há visivelmente consciência crítica em relação a essa herança, nem vontade para romper com ela – MLR ainda é considerada como uma “grande reformadora”… -, e o que resta são inanidades que deixarão a Educação resvalar cada vez mais para um plano inclinado.
Maio 20, 2014 at 1:48 pm
Subscrevo inteiramente.
Da mesma forma que alertei em devido tempo para a sedução de mãos vazias que o PSD exerceu em 2011 sobre os professores cansados e humilhados pelo socratismo, também agora digo exactamente o mesmo que disse na altura, que não devemos vender barato o nosso voto.
E o PS nada fez, nos últimos 10 anos, que mereça o voto dos professores.
Maio 20, 2014 at 2:07 pm
#2
Para o “PS profundo”, julgo que o socratino nunca deixou de ser o “menino de oiro”, o político truculento que dá água pela barba a todos os adversários e que, nunca esqueçamos, deu ao partido a sua única maioria absoluta.
Assim como MLR foi a ministra determinada, que governou a educação às ordens do chefe, assumindo com grande cumplicidade a animosidade e o ressentimento que o socratino-mor, vá-se lá saber porquê, sempre demonstrou em relação aos professores.
Acrescente-se que tanto um como a outra foram políticos que o PSD não desdenharia ter nas suas fileiras…
Maio 20, 2014 at 2:56 pm
Voto PS= 4ª bancarrota.
Todos os outros já mostraram o que valem, também!
Abstenção será o meu voto, lamento é que estes votos, somados não signifiquem lugares por preencher no parlamento e na Assembleia da República. Poupava-se muito dinheiro e paciência para os ouvir.
Maio 20, 2014 at 3:02 pm
Voto no PSD+CDS= MISERIA TOTAL… AFRICA SUBSARIANAA
ABSTENÇAO= OS OUTROS DECIDEM POR TI
Maio 20, 2014 at 3:11 pm
Agora imagine-se que este diário não era “económico” (… a malta continua a pensar que este adjectivo é sinónimo de “de economia” – quem suprimiu de facto o ensino do Latim das escolas portuguesas deveria supliciado, ainda que postumamente), mas desconexo…
Maio 20, 2014 at 4:16 pm
Sistema económic, economia;ele há cada purista .Um dia ainda contam os piolhos que cada pessoa têm ou não pAra dizer se é ou não uma epidemia..
Maio 20, 2014 at 4:21 pm
Faz-me sempre muita confusão esta crença no voto, como se a legitimação ritual de quem nos pastoreia, de 4 em 4 anos, aliviasse a sujeição do povo ao capitalismo e ao pagamento de impostos coercivos para manter a máquina burocrática e repressiva do Estado.
Mas cada burro é sempre livre de escolher o dono que lhe coloca a albarda e o conduz ao burródromo, perdão, à mesa de voto.
Maio 20, 2014 at 4:33 pm
#9
A legitimação faz-se sempre, com muitos votos ou com poucos.
E a partir do momento em que os abstencionistas se limitam a não ir votar, nada fazendo de concreto para contestar o poder quem os “pastoreia”, estão a ser tão conformistas como os que votam nos partidos da situação.
Já a opção entre destinar os “impostos coercivos” apenas às funções de soberania, ou repressivas, se preferir, ou usar alocar a maior parte das receitas do Estado aos serviços públicos de educação, saúde e assistência social prestados aos cidadãos, ou seja, optar pelo Estado liberal ou pelo Estado social, essa é uma escolha que está ao alcance dos cidadãos e que necessariamente se faz através da participação eleitoral.
Maio 20, 2014 at 4:54 pm
Voto no ps = importar areia para o deserto / 0,000000000000000000001
Maio 20, 2014 at 5:54 pm
Mas afinal de contas a abstenção prejudica quem?
O povo?
A ver se eu entendo:
– Ao não votar eu beneficio os partidos da situação.
– Ao votar, não devo votar nos partidos da situação.
– Ao votar em branco ou ao anular o meu voto, beneficio os mesmos.
– Resta-me então, para demonstrar o meu descontentamento, votar em qualquer partido que não os da situação, mesmo que não queira votar em nenhum outro partido por não concordar com os seus programas políticos.
Interessante esta visão das coisas…
Penso que a democracia é construída de outra forma. Porque uma coisa é o direito ao voto e outra é a liberdade do voto.
Uns pretendem que, para que os seus cheguem ao poder, seja colocada em causa a liberdade.
Em nome de um pretenso direito que nada mais é do que um mesquinho interesse.
…
Maio 20, 2014 at 6:11 pm
#2 Concordo em absoluto!
#10 e 12 Votar em branco não equivale, na minha opinião, à abstenção. O cidadão participa, exerce o seu direito, mas nenhuma das candidaturas o satisfaz. Não se pode comparar a quem prefere ir para a praia ou considera que tudo isto é uma grande chatice.
Maio 20, 2014 at 6:19 pm
#13,
Mas o efeito é o mesmo para o António: não contribuímos para lá colocar a CDU.
…
Maio 20, 2014 at 6:22 pm
Eu até gostava que o António experimentasse.
Maio 20, 2014 at 6:50 pm
Ora bem, não pretendo com as minhas reflexões emitir juízos de valor sobre o voto de cada um ou as diferentes e legítimas formas de qualquer cidadão, porque assim o entende, se abster.
Eu apenas constato duas coisas:
1. Quem não vai votar ou quem vota branco/nulo está a permitir que os outros decidam por si.
2. O abstencionismo activo, dos votos em branco teria um significado concreto se nos parlamentos ficassem vazios os lugares correspondentes a esses votos. Como isso não sucede, estes votos acabam por ser tão irrelevantes para a conversão em mandatos como os dos abstencionistas que não comparecem nas mesas de voto.
A política faz-se com políticos e tem, tal como a natureza, horror ao vazio. É ingénua e irrealista a tese de que não votando e apelando à abstenção, ou seja, aumentando de eleição para eleição o número de descontentes que exprimem dessa forma que não se sentem representados por qualquer dos partidos existentes, isso possa por si só levar a uma regeneração da política ou crie espaço para novos partidos.
Basta aliás observar a forma como nos partidos do poder a mediocridade, a corrupção, o clientelismo e o oportunismo continuam a alastrar, apesar dos evidentes sinais de descontentamento, de alheamento entre governantes e governados e de crise do próprio sistema democrático.
A mudança na política que quase todos desejamos só pode fazer-se, na minha maneira de ver, de duas formas possíveis: ou dentro do sistema, elegendo outros políticos e votando noutras políticas, ou construindo uma alternativa mais ou menos revolucionária que rompa com o sistema.
Mas revolucionários vejo poucos à minha volta, e os exemplos recentes das primaveras árabes, das ex-jugoslávias ou das ucrânias também não são propriamente muito motivantes…
Maio 20, 2014 at 6:55 pm
#12
Sempre a querer lançar a confusão…
Não coloquei em causa a liberdade de voto, como aliás ficou e fica bem claro. Do que eu falei foi das consequências de determinadas opções em relação ao voto.
Maio 20, 2014 at 7:01 pm
Quais e porquê?
Maio 20, 2014 at 7:03 pm
Relê.
Maio 20, 2014 at 7:14 pm
“Mas revolucionários vejo poucos à minha volta” “votando noutras políticas” “ou” “mais ou menos”.
Relido.
Maio 20, 2014 at 7:14 pm
Mas votando ou não nunca sou eu que decido…são sempre os aldrabões(de todos os quadrantes políticos, sem excepção), que lá vão parar. Ao longo dos últimos 40 anos já todos lá passaram, por isso não são credíveis. Abstenção, sim!
Maio 20, 2014 at 7:18 pm
#21
Alguns até lá passaram sem qualquer voto.
Maio 20, 2014 at 7:39 pm
A teoria do AD é simples maniqueísmo: quem não está por mim (leia-se, o colectivo que recolhe a minha bênção), está contra mim e todos os que continuam a acreditar que burros sã os outros que desprezam os corruptos e os vendedores de ilusões.
Assim se vai legitimando o que já não é reconhecido como aceitável por uma grande maioria, mas que a propaganda consensual do regime (incluindo o PCP) aconselha a seguir e a acatar.
Como romper com um jogo viciado? Não participando nele!
Maio 20, 2014 at 7:52 pm
Também não se percebem os partidos anti-europa, os quais não se abstêm de apresentar deputalhada para aqui.
Maio 20, 2014 at 9:21 pm
#21
Partindo do princípio de que são todos aldrabões, porque é que tanta gente séria e exigente que não se revê nos partidos e nos políticos que temos não é capaz de organizar uma força política alternativa com a qual possa recolher os votos dessa imensa massa de descontentes?
#23
Não chega. Participando nele ou não, o jogo continuará sempre.
Das duas, uma.
Ou vai a jogo e ganha, ou encontra forças para derrubar o tabuleiro onde se joga.
Maio 20, 2014 at 9:24 pm
Gostei daquela parte do todos.
Revolucionariamente escrevendo.
Maio 20, 2014 at 11:07 pm
Eu gosto é dos líricos de bancada.
Não querem nada nem ninguém mas não saem do sofá.