Eu sei que é tentadora a explicação sistémica para explicar o “insucesso” das reformas educativas.
O nosso sistema educativo é maneirinho… não é nada descomunal. Que fala em centralismo estalinista é, quase sempre, ou idiota ou desonesto do ponto de vista intelectual.
Mas se é centralizado, como se explica que acabassem com os CAE e as DRE, que eram estruturas regionais e locais? Ou com as equipas de apoio à escola?
Não eram elos de ligação aos contextos locais?
Funcionavam mal? Em parte ou no todo?
Querem que explique porquê?
Porque eram, em grande parte, estruturas que seguiam uma lógica de matriz clientelar feudal, prateleiras para clientelas partidárias e muitos incapazes de dar aulas e que assim iam descansar (o que por vezes era uma benção para as escolas se depois não aparecessem a dizer que sabiam como se deviam fazer o que não faziam).
Mas se funcionavam mal era simples… corrigiam-se os procedimentos, não se matava a criatura em nome da “racionalização” ou da “implosão”.
Uma administração educativa descentralizada ou desconcentrada não é aquela que tem o MEC no topo e os directores a mandar, de forma autocrática, em cada escola/agrupamento.
É toda uma outra coisa.
E é algo que exige responsabilização, definição de metas e meios adequados para os atingir. Sem caciquismos. Mas acabar com a “cultura do caciquismo” é algo que desgosta a qualquer aparelho partidário.
Abril 2, 2014 at 4:11 pm
Não gostas que os comentadores insistam muitas vezes no mesmo ponto de vista, como seja o caso de recente opinião sobre intervenção do António Duarte. Estaremos todos de acordo que os “aparelhos partidários” são todos iguais é mais um chavão do que uma verdade. O que eles são, de facto, é todos diferentes.
Experimenta dar uma volta ali por Avis, Chamusca, Benavente; eventualmente, a partir de agora, por Loures e veremos como são bem diferentes… Estás há muito tempo mergulhado num “banho” que te terá dado essa experiência. O problema foram os vargas do percurso…
Abril 2, 2014 at 4:56 pm
Eu ía sugerir a Coreia do Norte mas Loures ou uma qualquer tertúlia sindical também servem.
Abril 2, 2014 at 5:04 pm
#1,
Em :Loures?
Aquele concelho em que o Bernardino se aliou ao ex-autarca das Caldas onde o GPS se instalou em grande parte com o apoio do município?
É desse que estás a falar?
O meu “caldo” é o de conselhos em que certos partidos “puros”, em tendo a maioria absoluta, se tornam autocráticos como quaisquer outros, promovendo apenas os que são seus fiéis e embelezando as coisas com umas “flores”, se necessário cor de laranja.
Abril 2, 2014 at 5:10 pm
É, sem dúvida, um dos problemas principais.
O Estado só teria de garantir (mas garantir mesmo) o acesso universal à educação (e haveria muitas maneiras de o fazer).
Monitorizaria e avaliaria os resultados, reagindo em conformidade.
Quanto ao resto, autonomia total das escolas.
Se assim fosse, tudo o resto se resolveria por arrasto:
– os currículos;
– as metodologias;
– a formação de professores.
Não haveria outro remédio!
Abril 2, 2014 at 5:47 pm
Aquilo que dizem sobre o “sistema de ensino” podem dizê-lo igualmente sobre a tal EPIS, organização que reproduz os mesmos alegados defeitos do sistema sobre o qual pretende actuar.
Também é uma organização de cúpula, cheia de empresários do regime, altos patrocínios e ex-ministros responsáveis pelas tais “grandes reformas”. Eles estão lá para ditar as regras e para aparecer na fotografia da “responsabilidade social” e depois arranjam quem no terreno tente aplicar as brilhantes ideias…
Abril 2, 2014 at 8:06 pm
#4,
Sim. Também acredito nos ovos do coelhinho da Páscoa.
NA Suécia, muito mais desenvolvida do que nós nestas matérias, essa teoria esbarrou de frente com a realidade.
Só que lá souberam fazer marcha-atrás.
Cá, em começando, continuam até se estamparem, mas sempre negando estar estampados.
Abril 3, 2014 at 12:48 pm
Autonomia?
Bonito… cada um escolher o que quer… por isso o país está assim!
O MEC não quer é trabalhar!
Abril 3, 2014 at 12:53 pm
Currículos ao gosto de cada um…
Metodologias à vontade de…
Professores escolhidos por cada um (sabe-se lá com que critérios)…
Isto de autonomizar…
Enquanto professora deixa-me desconfiada, mas enquanto mãe deixa-me seriamente preocupada com o futuro!