Se os cursos foram criados à força, por pressão da tutela, que quer assim aliviar os encargos financeiros, transferindo parte da carga lectiva para fora das escolas…
… e não venham dizer que a culpa é dos professores, porque foi o MEC que decidiu atropelar todas as alternativas ao amado vocacional de inspiração teutónica, não autorizando a criação de outros cursos ou a abertura de turmas de outras variantes que já estavam no terreno, algumas delas com provas dadas no encaminhamento dos alunos.
Ensino vocacional descarta interesses dos alunos
Fevereiro 24, 2014 at 5:15 pm
Confirma-se: este ensino “vocacional” não corresponde às vocações dos alunos, mas, antes, à vocação do MEC para produzir formação a martelo e baratinha.
Desde que não pese no orçamento e disfarce os problemas do insucesso e do abandono escolar – e já agora, se possível, também o do desemprego jovem -, qualquer coisa serve.
Mas para esta indigência atroz ainda é preciso uma coisa chamada “MEC” e o respectivo titular?
Por que é que não perdem de vez o pudor (como fizeram com a “recuperação” do Relvas”) e chamam a isso simplesmente uma Secretaria de Estado Da Economia e Finanças?
Fevereiro 24, 2014 at 9:26 pm
Ora bem, professor num concelho pequeno, ainda não experimentei por cá as maravilhas do ensino dito vocacional, mas temos tido outras experiências afins, como os PCAs, os CEFs e os cursos profissionais.
E tenho constatado que se formos demasiado exigentes em relação ao perfil vocacional dos alunos se torna impossível conseguir o número mínimo necessário que o MEC exige para a abertura do curso.
Portanto, há sempre uns quantos que vão para ali, não porque seja a informática ou a cerâmica ou a jardinagem a vocação da vida deles, mas porque há a plena consciência de que, apesar de tudo, estarão melhor ali do que na via de ensino regular que pouco ou nada lhes diz e onde vão acumulando insucesso escolar.
Isto só se resolveria se uma real autonomia funcionasse nestas coisas e as escolas pudessem abrir este tipo de percursos a grupos mais pequenos de alunos, que eventualmente se poderiam agrupar em disciplinas comuns, mas que teriam uma componente vocacional e técnica orientada para aquilo que efectivamente querem aprender e gostam de fazer.
Tem custos acrescidos, dirão os contabilistas do MEC. Às vezes nem tanto, pois é nestes cursos que muitas vezes se rentabilizam recursos humanos que de outra forma ficam desaproveitados em horários-zero ou com componente lectiva incompleta. E os custos maiores serão sempre, a prazo, os de estarmos a formar uma larga percentagem de jovens que, obrigados a permanecer na escola onde não encontram uma resposta adequada às suas necessidades, não adquirem competências nem para o estudo nem para o trabalho.
E alguns deles nem bons hábitos de cidadania e relacionamento interpessoal, acrescente-se…
Fevereiro 24, 2014 at 10:56 pm
Bem, como antigamente soía, vamos lá por partes…Eu conheço, pelo menos, um caso em que, não só, foram escrutinados “os interesses dos alunos” (por psicólogo), como o curso terá sido “desenhado” em “conformidade”. Tudo óptimo, não é verdade? Pois! E qual eram os interesses dos alunos? Adivinhem lá! Adivinhem! Jardinagem? Ora essa! Cozinha e Pastelaria? Eh! Pá, isso não! Foi realizado um inquérito e as áreas que os alunos indicavam eram (supense!..): Informática (pasme-se!) e…Desporto (surpreendente!). E ainda faltava uma área, já que eram necessárias três…E o curso abriu? Sim! Mas virado um pouco mais para as “artes”…