Reflexões natalícias…
O Natal é uma boa ocasião para, aproveitando a relativa calma da quadra festiva, e à luz dos valores de solidariedade e generosidade que a festa cristã evoca, olhar a forma como a sociedade em que vivemos, e em particular a elite política, económica e financeira que hoje domina o país, em estreita ligação e quase completa subserviência aos ditames dos “mercados” e das organizações internacionais, pratica esses valores.
No caso português, foi o fim da ditadura em Abril de 1974 que criou as condições para a progressiva melhoria das condições económicas e sociais de grande maioria da população: aumentaram-se os salários e melhoraram as condições de trabalho, universalizou-se a protecção social e foi criado o Serviço Nacional de Saúde. Alargou-se a escolaridade obrigatória e democratizou-se o acesso ao ensino, incluindo o universitário.
Contudo, a estabilização democrática do regime em torno de uma partidocracia muito permeável ao clientelismo e à corrupção cedo favoreceu a gradual recomposição dos grupos económicos anteriormente existentes, somando-se aos que se foram entretanto constituindo, todos eles alimentados pela política de privatizações a preço de saldo e, a partir de certa altura, pelas ruinosas parcerias público-privadas. A abertura da economia ao capital estrangeiro e a liberalização do mercado de capitais trouxeram investimento externo, mas também facilitaram a migração dos lucros para outros países e outras economias em relação aos quais a nossa dependência aumentou. Ao mesmo tempo que os subsídios europeus a fundo perdido ajudavam a desmantelar parte do sector produtivo, o crédito fácil e barato incentivou a importação e o consumo em vez da produção e do investimento, alimentando muita despesa inútil e improdutiva, quando não geradora de corrupção e favorecimentos pessoais.
Estas opções políticas, nada generosas nem solidárias, resultaram, e é aqui que pretendo chegar, num agravamento das desigualdades sociais, onde os mais ricos enriquecem ainda mais e a sua riqueza tem cada vez mais uma origem financeira e especulativa, enquanto o desemprego, a precariedade e a exploração do trabalho empobrecem os mais desfavorecidos e colocam na dependência directa dos subsídios estatais e dos depauperados cofres públicos tantos portugueses que deveriam poder viver do seu trabalho, se outras fossem as políticas.
Corolário de tudo isto tem sido a progressiva afirmação de uma ideologia neoliberal que exalta a liberdade individual como valor absoluto, ainda que essa liberdade seja usada para oprimir e explorar o próximo, e concebe a vida económica e social como uma competição entre indivíduos, na qual cada um zela unicamente pelos seus interesses e da qual se supõe que nasçam, de geração espontânea ou com a ajuda da “mão invisível” dos sagrados e omnipresentes mercados, a prosperidade colectiva e a paz e harmonia universais.
Não vale a pena insistir muito no carácter utópico do liberalismo, que a História aí está para demonstrar, mas interessa acentuar a forma como os ditos liberais lidam com o recrudescer das desigualdades e da pobreza extrema: nada de aumentar a despesa pública com os pobres e desvalidos, de gastar “o dinheiro do contribuinte” com os que “não querem trabalhar”. Considerado pelos liberais um mau gestor, mesmo quando até gere bem, o Estado também não é capaz, segundo eles, de ajudar apenas os necessitados, acabando a subsidiar os “preguiçosos”. Por isso, a melhor solução, para esta gente, são os “bancos alimentares” e outras instituições similares, dirigidas por bons burgueses altruístas que organizam a dádiva “a quem precisa”, ao mesmo tempo que dão também dinheiro a ganhar a toda a rede de distribuição que comercializa as doações dos cidadãos e ao próprio Estado que não prescinde de cobrar os seus impostos. É a caridade tornada uma virtude, como nos tempos da miséria, em vez de ser encarada como aquilo que efectivamente é, uma vergonha num mundo que produz riqueza mais do que suficiente para que todos possam ter direito ao seu sustento e a uma vida digna sem terem de os mendigar.
Os meus votos natalícios vão no sentido de que saibamos encontrar rapidamente uma alternativa a esta falta de alternativa continuamente anunciada e que nos condena a um futuro sem esperança, sob a sina do empobrecimento e do endividamento. Do fatalismo resignado e da subserviência aos senhores, sejam eles os que sempre foram ou os novos cleptocratas promovidos a investidores e empresários, mesmo que oriundos de antros de corrupção, miséria e violência entretanto elevados à categoria de países emergentes. Do egoísmo e da ganância arvorados em critérios supremos de afirmação e realização pessoal e que claramente contradizem os valores cristãos que tanto liberal “conservador nos costumes” gosta de defender nas alturas tidas por convenientes.
Um Bom Natal e um Novo Ano em que todos os homens e mulheres de boa vontade consigam começar a construir um futuro, não apenas de paz e de esperança, como é sempre de bom tom desejar, mas também de progresso social e de justiça…
António Duarte
Dezembro 23, 2013 at 10:53 am
N_natal, ainda se escreve com maiúscula? Já deixei escapar por aí em baixo, que me irrita o N_natal… talvez por estar velha, porque quando era nova adorava, talvez porque as circunstâncias da vida me levaram entes muito queridos por este período. Por isso eu arrumava pro lixo este último trimestre do ano…
Dezembro 23, 2013 at 11:00 am
quanto ao seu post António Duarte, PARABÉNS, com todas as maiúsculas. Aliás gosto sempre das suas opiniões… espero que o dono do blogue não se ofenda, porque às vezes ele irrita-me… mas vocês os dois fazem um comentário bicéfalo, muito interessante…
Faltou, na minha opinião, uma abordagenzita ao ‘dividir para reinar’ … aliás acho que este ‘método’ vai alastrar no próximo ano, espero que não acrescentado pela ‘bufaria’, coisas em que nós somos experientes… acho lamentável que não tenhamos conseguido ser mais CIDADÃOS, neste pós 25 de abril.
Os meus respeitos ao postador e ao dono aqui do pedaço
Dezembro 23, 2013 at 11:35 am
Boa reflexão, se o António me permite.
Bom Natal!
Obrigado, Paulo, por este espaço continuar a ser aberto!
Muitos, provavelmente, gostariam que o António Duarte não andasse (escrevesse) por aqui. Já uma vez aqui expressei a opinião de que a sua escrita/opinião é um dos grandes contributos para a riqueza e pluralidade deste blogue.
Dezembro 23, 2013 at 12:18 pm
Que maçador!
Dezembro 23, 2013 at 12:30 pm
Meras banalidades.
Dezembro 23, 2013 at 1:20 pm
Dezembro 23, 2013 at 1:20 pm
Excelente texto, António.
Apesar de discordar muitas vezes de ti, considero-te uma das mais-valias deste maravilhoso espaço.
Pena é que não assumas, inequivocamente, a tua escolha relativamente à alternativa que desejas que encontremos…
Todo o teu discurso assenta numa lógica que é de fácil aceitação.
Para quem está descontente com estes sucessivos desgovernos e com as “leis” que regem este mundo e que apenas ampliam as diferenças e os hiatos entre ricos e pobres, é natural e simples concordar contigo.
Mas acho que devias assumir claramente qual a tua escolha: dizer em quem achas que devemos votar para conseguir a mudança que tu e muitos de nós queremos ver realizada.
Aqui, neste espaço, assumi o que considerava fundamental nas últimas eleições: votar em qualquer partido que contribuísse para tirar de lá José Sócrates. Mesmo que para isso arriscássemos um governo de maioria da dita direita.
E continuo a achar que, dos males, o que hoje temos é o menor. Ou seja – e por mais que pretendas dizer que sinto o contrário -, não me arrependo de ter tomado a opção que tomei. (E, já agora, deixa dessa coisa de dizer que eu considerava estes tipos “sérios”. Uma coisa é tê-los considerado mais sérios – ou menos desonestos, tanto faz – do que o grupo do “ingenheiro”; outra coisa é fazer questão de dar o benefício da dúvida a quem chega; e outra ainda mais diferente é considerar um absurdo não entender que governar durante um programa de apoio financeiro é diferente de governar “livremente”.)
Daí que, retribuindo os teus votos de umas festas felizes, espero que assumas claramente em que achas que devemos votar nas próximas eleições.
Porque essa coisa de viver criticando os rosas, os laranjas e os azuis, viver defendendo os Nogueiras, Arménios e Jerónimos e ao mesmo tempo não assumir o voto nos vermelhos, sempre com o argumento de que não tens cartão, é de quem não quer ter amanhã o peso da responsabilidade de ter apelado, claramente, ao voto no PCP.
Ou seja: tu apelas mas dizes que não apelas… não vás amanhã correr o risco de pelares.
E, caro António, apelos camuflados não são próprios de quem evoca Gandhi, Luther King ou Mandela…
…
Feliz Natal, António.
Dezembro 23, 2013 at 1:33 pm
Com uma campanha avassaladora fizeram esquecer a dívida privada, a dívida da banca ao exterior, que em muitos países é superior à dívida pública, como é o caso de Portugal, e conseguiram esconder que uma boa parte do crescimento da dívida pública se deveu à crise – injecção de dinheiro público na banca, nos subsídios de desemprego e prestações sociais, injecção de dinheiros públicos para tentar estimular a economia.
Conseguiram também fazer esquecer a responsabilidade da banca nesta crise e o facto de que o posterior aumento de impostos e o corte nas despesas sociais foram a outra face dos milhões que foram canalizados para o sistema financeiro.
Ao longo destes anos temos estado a resolver os problemas da dívida privada à custa da dívida pública.
O Militante
Dezembro 23, 2013 at 3:24 pm
Um excelente Nata e para si António, cujos ‘posts’ concordo 99% e um Feliz Natal para o autor do blogue Paulo. Continuem porque têm mais apoio que imaginam, pela qualidade dos ‘posts’ e pela qualidade das vossas intervenções.
Dezembro 23, 2013 at 4:20 pm
Em relação às opiniões do António, que considero sinceramente uma mais valia para este espaço, concordo bastantes vezes com o diagnóstico – como é este caso -, embora possa discordar de alguma soluções que ele perfilha.
E nessa procura de soluções é que reside, justamente, o problema. A esquerda, sobretudo por incapacidade própria (falta de visão estratégica de fundo, sectarismo, imobilismo ideológico, etc.), não consegue erguer uma alternativa, credível e mobilizadora, à altura desta situação a todos os títulos excepcional (até no sentido de “estado de excepção”, como pretendem o governo e os seus mandantes para subverterem o regime democrático).
Dezembro 23, 2013 at 4:50 pm
A construção de uma alternativa é algo que cabe a todos os portugueses, não apenas de uma parte. Para tanto seria desejável evitar exclusões à partida. As decisões do governo e os pressupostos subjacentes são bem conhecidos, dada a pujança – em kilowotts de radiação dos emissores de televisão e rádio públicas, secundadas pela privada e pelo número de artigos na imprensa. Já as alternativas, para serem conhecidas, obrigam a um esforço bastante maior. Os poucos órgãos que lhes dão eco são publicadas com muito esfoço pelos seus editores, com meios tremendamente mais modestos. Tendo tido oportunidade de conhecer esse esforço hercúleo desde muito cedo, prefiro não me dar ao luxo de o ignorar, muito menos de fingir que não existe. Quem acompanha essa construção recolhe o prazer suplementar de ser surpreendido a cada passo por “momentos de lucidez” esporádicos que afectam até os mais declarados adversários. Mas não deve haver ilusões. É algo que exige muito esforço.
“Mobilização” é uma palavra. Nessa qualidade, custa tanto a pronunciá-la ou escrevê-la como qualquer outra. Quem pretender ir mais além deve preparar-se para uma aventura com muitas surpresas, quase todas desagradáveis. Em pouco tempo, aqueles que quiserem persistir compreenderão o significado da expressão “verbalismo”.
Dezembro 23, 2013 at 4:53 pm
Tal como na mitologia Cristã, para Antonio Duarte reinava o Paraíso em Portugal após o 25 Abril, até a serpente do neoliberalismo nos ter condenado à miséria e nos ter expulso do Caminho certo.
Por mais voltas que a gente dê, existe sempre o caminho do Bem, representado pela crença do A D, e o Mal,representado pelo neoliberalismo.
Mas tal como na mitologia religiosa, o Paraíso do 25 Abril não passa de uma crença e de uma representação de Evangelistas e Apóstolos, porque a exploração do homem pelo homem nunca acabou e a alienação apenas subiu de nível.
Mas para manter a fé, há que pintar a realidade e espalhar a Palavra do velho marxismo e transformar Álvaro Cunhal num Santo.
Dezembro 23, 2013 at 6:49 pm
Mais um momento de “verbalismo” (será este termo um reflexo da 11ª Tese sobre Feuerbach?), como diz o A. Serrão…
“O acordo (sobre o abaixamento do IRC) foi um acordo político de fundo que amarra o PS a sistemáticas pressões governamentais e outras, para que passe a ser parte do “consenso” que legitime a actual política. O que está em causa é algo que seria, se as classificações ideológicas tivessem alguma correspondência com a realidade, inaceitável por um partido socialista, como o é para um social-democrata, moderado que seja. O sentido de fundo do “ajustamento” está muito para além do resolver os problemas mais imediatos do défice ou da dívida, mas traduz-se numa significativa alteração das relações sociais a favor dos senhores da economia financeira, em detrimento daquilo que a maioria da população, classe média e trabalhadores, remediados e pobres, tinham conseguido nos últimos 40 anos.
O que marcará com um rastro profundo Portugal para muitos anos é acima de tudo essa transferência de poder, recursos e riqueza na sociedade. Ela faz-se pela mudança de fundo no terreno laboral, com a aquiescência do PS – recorde-se que aceitou sem críticas o acordo assinado pela UGT -, com a fragilização das relações entre trabalhadores, o elo mais fraco, e o patronato, o esmagamento da classe média pelo assalto à função pública, aos salários, reformas e pensões. A destruição unilateral dos “direitos adquiridos” destinou-se não apenas a garantir essa enorme transferência de recursos, mas acima de tudo a enfraquecer o poder social dos trabalhadores, dos funcionários públicos, dos detentores de direitos sociais.
No passado podia haver pobres, estes tinham, porém, a possibilidade de ter uma dinâmica social e política para saírem da pobreza, uma capacidade de inverterem as relações sociais que lhes eram desfavoráveis. Eram pobres, mas não estavam condenados à pobreza. Era isso a que se chamava “a melhoria social”, num contexto de mobilidade e num contrato social que permitia haver adquiridos. Agora tudo isso aparece como um esbanjamento inaceitável, e o que hoje se pretende é que os pobres, cada vez mais engrossados pela antiga classe média, sejam condenados à sua condição de pobreza em nome de uma crítica moral ao facto de “viverem acima das suas posses”, perdendo ou tornando inútil os instrumentos que tinham para a sua ascensão social, a começar pela educação, pela casa própria, e a acabar nas manifestações e protestos cívicos, as greves e outras formas de resistência social. É um conflito de poder social que atravessa toda a sociedade e que se trava também nas ideias e nas palavras, em que a comunicação social é um palco determinante, com a manipulação das notícias, a substituição da informação pelo marketing e pela propaganda. E o PS escolheu estar ao lado dos “ajustadores”.
Pode-se argumentar que a “cedência” do PS permitiu algum alívio às pequenas e médias empresas, e que por isso há um ganho de causa. Talvez, e isso seria bom, se fosse apenas isso. Mas o que o PS cedeu é muito mais do que isso: é um contributo decisivo para manter a actual política em tudo o que é fundamental, a começar pela prioridade do alívio às empresas e aos negócios em detrimento das pessoas e do consumo. O PS enfileirou no núcleo duro do discurso governamental, mais sensível às empresas do que às pessoas, aceitando que, a haver abaixamento dos impostos, ele deve começar pelas empresas e não pelos indivíduos e as famílias, pelo IRC e não pelo IRS e pelo IVA.
Eu conheço a lengalenga de que os benefícios às empresas, à “economia”, são a melhor maneira de beneficiar as pessoas, e que é a “vitalidade” da economia que pode permitir todos saírem da crise. Em abstracto, poderia ser assim, no nosso concreto, não é. Chamo-lhe “lengalenga” porque no actual contexto a inversão muito significativa dos poderes sociais torna muito desigual a distribuição de benesses oriundas deste tipo de medidas, reforça os mais fortes como um rio caudaloso e chega tardiamente e sem mudar nada, como um fio de água, aos que mais precisam. E a outra verdade que tem que ser dita é que este tipo de acordo no IRC vai tornar mais difícil que haja uma diminuição significativa do IRS ou do IVA, ou seja, quem vai pagar os benefícios a algumas empresas são outras empresas mais em risco e as pessoas e as famílias.
Numa altura em que a campanha eleitoral para as europeias e a, mais distante, das legislativas são já um elemento central das preocupações partidárias do PSD e do CDS, o PS deu-lhes um importante trunfo político, e um sinal de que não confia nas suas próprias forças para ganhar as eleições e muito menos governar sozinho. Um acordo PS-PSD feito pela fraqueza e assente na continuidade da política actual prenuncia apenas que, seja o PS, seja o PSD, a governarem em 2015, cada um procurará no outro um seu aliado natural, não para uma política de reformas, mas para garantir a política que interessa ao sector financeiro, que capturou de há muito a decisão política em Portugal.
O PS de Seguro mostrou que não é confiável como partido da oposição e que ou não percebe o sentido de fundo da actual política de “ajustamento”, de que este abaixamento do IRC é um mero epifenómeno, ou, pelo contrário, percebe bem de mais e quer ser parte dela. Inclino-me, há muito, para a segunda versão. Seguro e os seus criaditos diligentes estão ali para servirem as refeições aos que mandam, convencidos que as librés que vestem são fardas de gala num palanque imaginário. Vão ter muitas palmas e responder com muitos salamaleques.
Estamos assim.” (JPP).
… Ou será “o prazer suplementar de ser surpreendido a cada passo por “momentos de lucidez” esporádicos que afectam até os mais declarados adversários”?…
Dezembro 23, 2013 at 7:10 pm
Agradeço os comentários e retribuo os votos de boas festas a todos os que por aqui vão lendo e comentando.
#7
Maurício, lamento desiludir, mas não me verás a fazer apelos directos ao voto neste ou naquele partido. Não sou militante partidário e o meu voto decide-se em cada eleição. No resto, cada um que decida por si e vote em consciência em quem entender.
Quanto às organizações sindicais, escrevo aquilo que penso, e se distingo o sindicalismo da Fenprof daquilo que é a postura habitual da FNE ou do oportunismo e inacção da maioria dos micro-indicatos, não vou assumir a demagogia fácil de dizer que “os sindicatos são todos iguais”.
De resto, tento escrever com clareza aquilo que penso e as minhas ideias e a sua coerência, ou falta dela, estão aí à vista de todos no histórico deste blogue, se alguém tiver dúvidas-
#10
Até concordo com algumas das críticas que faz à esquerda. Do que discordo é da ideia de que reforçar eleitoralmente a direita seja o caminho para construir a uma alternativa de esquerda credível e mobilizadora.
#12
O 25 de Abril e o período revolucionário não foram o Paraíso, longe disso, e aqueles tempos, esses sim, excepcionais, não poderiam prolongar-se por muito tempo. Não tenho ilusões a esse respeito.
Mas olhando hoje para aqueles anos, o que vemos sobretudo é um curto período da nossa História em que o povo sacudiu o jugo daquela vintena de famílias que dominava o país há mais de cem anos e se começou a tornar dono do seu destino.
Não digo que as “conquistas de Abril” tenham criado o Paraíso na terra portuguesa, o que afirmo é o estrondoso falhanço do modelo político, económico e social que os vencedores do 25 de Novembro criaram como alternativa aos excessos revolucionários e cujos resultados estão hoje bem à vista.
Dezembro 23, 2013 at 7:11 pm
O contributo do PS vai apenas num sentido: aumentar a mais-valia do Capital de pequena e média dimensão, numa perspectiva de recolher fundos e robalos para a máquina de gestão dos interesses do sistema capitalista, quando Seguro chegar ao poder.
E a lenga-lenga do JPP serve para ocultar a radical impossibilidade de o Capital e o Trabalho saírem ambos a ganhar num sistema de exploração assente no valor abstracto e no trabalho-mercadoria.
Claro que JPP já não é marxista nem tão pouco revolucionário. mas um simples social democrata com preocupações sociais, e mais não se lhe deve exigir.
A liturgia é similar à do António Duarte, quando ambos choram lágrimas de crocodilo sobre o impiedoso neo-liberalismo e sonham com a auto-regeneração do sistema pela via da luta controlada por representantes legítimos ligados a máquinas de gestão do sistema capitalista.
Dezembro 23, 2013 at 8:02 pm
Comparar o AD ao JPP é no mínimo ridículo! A diferença e as motivações são tão evidentes que se torna estranha uma analise tão simples e na minha opinião completamente ao lado.
Dezembro 23, 2013 at 9:48 pm
Gostei de ler o texto.
Bom Natal!
Dezembro 23, 2013 at 10:10 pm
Olha, António, é pedires ao Menino um brinquedo em 3D, que essa amargura ainda se vai tranformar em sonho. Depois acordas, que isso da ficção tem prazo de validade. Mas enquanto durar o brinquedo, podes muito bem ser feliz. 😉
Bom Natal!
Dezembro 23, 2013 at 10:27 pm
Admiro a calma e a sensatez com que responde às mil e uma provocações que lhe vão fazendo, quer os “residentes”, quer os “passantes”.
Feliz Natal
Dezembro 23, 2013 at 10:35 pm
#16
Loures ali tão perto…