A ver se nos entendemos: o combate à burrocracia não passa apenas pela “desmaterialização” da papelada, pois preenchê-la online não deixa de ser burrocracia e perda de tempo.
O essencial mesmo é aligeirar os procedimentos…
É que em papel um tipo ainda preenche aquilo em qualquer lado… sendo online tem de haver pc disponível e com o programa ou aplicação certa e…
Dezembro 17, 2013 at 9:12 pm
Aligeirar procedimentos?!
Ó Santo Inácio, os profes idolatram a burocracia (já sei, nós não, são os outros…)
Dezembro 17, 2013 at 9:22 pm
Infelizmente, a burocratização que está entranhada nas escolas – e sobretudo nas mentalidades… – torna muitas vezes, e cada vez mais com as mega turmas, a pratica docente num ritual padronizado, as aulas numa rotina pesada, as acções e os gestos previsíveis, cronometrados e mecanizados.
A tal ponto que quem ousa introduzir algo diferente ou simplesmente pouco visto nas sua tarefas pedagógico é visto com algum receio ou desdém (“está a armar-se em bom!”), senão como um “baldas que está a disfarçar”…
O “trabalho pedagógico” está crescentemente sujeito aos padrões de “produtividade”, “desempenho” e de “eficiência” – que pode assim ser “medido” e “classificado” (não confundir com avaliado, que tem um carácter qualitativo) -, importados e impostos pela ideologia tecno-gestionária do universo empresarial, de que o modelo examocrático cratiano é subsidiário. (É também por isso que eu não dou muita importância aos rankings, aos PISA e afins).
Quando eu insisto em que o paradigma de escola que temos está esgotado, é sobretudo nisto que estou a pensar: numa escola burocratizada, mecanizada, que produz um ensino cada vez menos humanizado e humanizador. Que é também um caldo de cultura para a indisciplina, essa que sobrevém com a saturação da rotina.
Mas enquanto a ideologia e o economicismo dominarem as políticas educativas (como as outras políticas no geral – até porque a escola mantém uma relação dialéctica com o meio envolvente), este paradigma de escola continuará a produzir mais do mesmo…
Dezembro 17, 2013 at 10:01 pm
Dou lições de burrocracia digital a quem precisar.
Este ano, com o mega-ajuntamento a que fomos sujeitos, atingimos o top da especialidade: sumários electrónicos a preencher em horário útil, com Internet a vapor (ligada ao servidor remoto a mais de 500 metros de distância, ou seja, na escola-sede), lançamento de avaliações em programa informático disponível apenas em dois computadores na sala de professores, com a mesma Internet a vapor que cai de poucos em poucos minutos, relatórios de apoio dos alunos em formato digital obrigatórios até para os professores que apoiam os próprios alunos aos quais lecionam uma disciplina, não dispensando uma apreciação a constar em acta de conselho de turma… etc, etc, etc. Mas há os que vão para lá quase de madrugada para apanhar vez e menor tráfego de Internet e os que ficam lá até desoras para o mesmo, logo, muitos têm o que merecem. E os que chateiam e se insurgem são avisados pelos pares de que correm o risco de constar numa espécie de lista negra. Deve ser digital esta lista negra, pois ainda não lhe pus a vista em cima.
Dezembro 17, 2013 at 10:14 pm
Burrocracia:
– “Vamos digitalizar estes documentos!”.
– “Boa ideia! Aliviamos o arquivo.”
– “Mas pelo sim pelo não, tira fotocópias aos documentos”…
Dezembro 17, 2013 at 10:38 pm
“É que em papel um tipo ainda preenche aquilo em qualquer lado… sendo online tem de haver pc disponível e com o programa ou aplicação certa e…”
Obrigada, Paulo, por estas palavras (e de todo o post). É que às vezes sinto-me marciana a falar mandarim dentro de uma caixa-forte…
Dezembro 17, 2013 at 10:46 pm
#4
Dezembro 17, 2013 at 10:49 pm
Os computadores, para quem é burrocrata, ainda permitem produzir mais papéis e burrocracia. O que conta é a mentalidade.
É bem verdade o que se escreve em #2.
Dezembro 17, 2013 at 11:17 pm
Os computadores perpetuam a burrocracia…
Dezembro 17, 2013 at 11:30 pm
As máquinas não trabalham sozinhas. E isso é verdadeiro não apenas em relação à burrocracia escolar institucionalizada.
Ao contrário do que pensavam Sócas e MLR, o que é fundamental na Educação é o factor humano. Os Magalhães, os quadros hiperactivos, etc., na maioria dos casos, não possibilitaram o salto qualitativo do nosso ensino porque as bases (pedagógicas e relacionais) – que o facilitismo lurdiano minou – não foram efectivamente alteradas.