Precisamos de fazer um exame, que em nada vai demonstrar a nossa competência ou capacidade pedagógica, apenas porque o Sr Ministro da Educação assim o decidiu. Esse mesmo senhor, que não conhece a realidade das nossas escolas, e que todos sabem que tudo está a fazer tudo para acabar com a Escola Pública. E não é com uma escola pública qualquer, é com uma escola pública de qualidade.
Tenham coragem, senhores que governam… tenham coragem e fechem os cursos sem qualidade, façam uma avaliação séria às universidades e à qualidade dos cursos/formação que oferecem…
Se pensarmos, analisarmos seriamente este assunto, esta prova é um atestado de humilhação a todos os professores contratados e um atestado de incompetência às universidades que têm os cursos via ensino. De nada serve o certificado que as Universidades nos passam? De nada serve a formação e qualificação PROFISSIONAL dada pelas universidades?
Deixem-nos ensinar.
Deixem-nos ter paz para fazermos o que sabemos fazer – dar aulas, estar com os nossos alunos, investirmos nas nossas próprias opções de formação para melhorarmos a nossa qualidade de ensino!
Deixem-nos em paz, para que possamos tranquilamente refletir sobre o que de facto importa:
– as nossas práticas;
– os conteúdos a lecionar e como lecioná-los de forma a chegar a todos os alunos;
– as nossas interações com as escolas e com os alunos;
– os nossos projectos escola-comunidade…
sim, paz para pensarmos no que é importante!!
Sinto-me indignada e farta do constante ataque aos professores por parte do governo e perplexa com tamanha passividade da nossa parte – vamos ficar quietos a ver a nossa vida a ser roubada?
Chamo-me Tânia Sardinha Vieira e sou professora contratada há dezasseis anos.
Sou professora de Artes Visuais (3ºCEB e SEC), especializada em Educação Especial (EE) – profissionalizada!
Por todas as escolas por onde passei, vesti a camisola… sempre!
Implementei projetos e colaborei em tantos outros.
Levei as escolas à comunidade. Trouxe a comunidade tantas vezes às Escolas.
Sim.. tudo o que faço (e continuarei a fazer, se me deixarem!), é porque ADORO SER PROFESSORA!
Porque uma sala de aula é para mim um palco vivo de interações, de partilha de saberes e um espaço sério, muito sério… que tem de ser olhado e tratado com muito RESPEITO, pois é um palco onde se cresce em tempo real, onde se aprendem valores e princípios (tantos deles implícitos nas nossas práticas como docentes). Um palco vivo onde o outro é um SER QUE MERECE TODA A NOSSA ATENÇÃO, o nosso olhar atento aos seus feedbacks, às suas aprendizagens, às suas alegrias e às suas tristezas.
Tantos silêncios que gritam dentro das nossas salas, das nossas escolas.
Tanta esperança que cresce à nossa frente… tanta voz que se faz na nossa presença… e precisamos de paz para podermos escutar tudo isto!
Precisamos de tranquilidade na carreira, precisamos de não perder tempo com coisas que não são importantes.
Nunca parei de investir em mim (como tantos outros colegas que conheço – contratados ou não!). Fiz a profissionalização em serviço (terminei com 19 valores), fiz o mestrado já há alguns anos e presentemente encontro-me a fazer o doutoramento. Nada disto serve, senhor Ministro da Educação??
Neste 16 anos de ensino fui sempre avaliada (com classificações de Excelente e MB)… avaliada segundo as regras criadas pelo ME e agora este percurso de nada vale??
Como eu, há muitíssimos professores (meus colegas) com percursos análogos. Temos uma escola cheia de excelentes professores (independentemente da sua categoria ou grupo).
Professores que tantas vezes não têm condições, nem os recursos necessários e mesmo assim FAZEM.
Professores que ainda acreditam que vale a pena investir, porque é pela educação que um país marca a diferença.
Professores que sabem que a EDUCAÇÃO é muito mais que o português e a matemática… muito mais! [E com isto não pretendo diminuir a importância destas disciplinas, mas são mais duas de um currículo diverso – não são as únicas]
Professores que sabem que só se pode crescer de forma plena quem desenvolve outras competências, tais como: as competências emocionais, as sociais e as relacionais (entre tantas outras).
Professores que sabem e que acreditam que os alunos que desenvolverem a capacidade de ver o mundo, com o olhos de quem sente e conhece as estrelas, que desenvolverem a qualidade de serem solidários serão homens e mulheres diferentes, mais capazes, mais interventivos, mais conscientes e críticos.
Esta é a escola que eu defendo. A escola onde cada criança e jovem pode aprender a SER um cidadão com sentido crítico, livre, solidário e sensível ao outro. Esta é a escola à qual pertenço e pela qual irei sempre lutar.
Uma escola “de”, “com” e “para” todos, onde a palavra diferença é substituída pela palavra diversidade… onde há espaço para todos!
Juntos podemos fazer a diferença… acredito nisto!
Tânia Sardinha | 21 DE NOVEMBRO DE 2013
(professora contratada do Agr. de Escolas de Albergaria-a-Velha 2013/2014)
Novembro 21, 2013 at 4:38 pm
«esta prova é um atestado de humilhação a todos os professores contratados »
Acho que sim. Mas ainda mais humilhante para quem vai prestar a prova é ir ver à sua frente colegas vigilantes e saber que vai haver também carrascos/classificadores, de caneta vermelha em riste, prontos para descarregarem nos gestos a raiva da incompetência. O ensino está cheio de ramiros marques.
Novembro 21, 2013 at 4:41 pm
“…esta prova é um atestado de humilhação a todos os professores contratados…”
Eu diria que é um atestado de humilhação a toda a classe docente. 😦
Novembro 21, 2013 at 4:47 pm
#1 e 2,
Espero para ver os rodopios de muita gente que agora clama contra a dita.
Só espero não os ver a recwer os 3 eurinhos…
Não falo de vós, mas de outros que… já no passado vilipendiaram a ADD e acabaram em lutadores-avaliadores.
Novembro 21, 2013 at 4:57 pm
O problema é terem deixado correr décadas com escolas abertas a formas professores sem a menor exigência, universidades e institutos que competiam entre si para verem qual dava as notas mais elevadas, qual era menos exigente. Agora o nível de preparação dos professores formados em diferentes escolas é muito diferente.
Agora querem minorar os danos de décadas de laxismo do ministério da educação.
Novembro 21, 2013 at 5:08 pm
Agora querem fingir o rigor e a exigência que continuam a não ter, porque não o impõem a quem o devem, ó ovni.
Nada de vir para aqui deitar poeira aos olhos do pessoal…
Novembro 21, 2013 at 5:09 pm
#1
Parece-me que humilhante vai ser os professores vigilantes e classificadores verificarem que afinal todos vão comparecer para fazer a proveca… e que afinal tanta conversa fiada para nada…
Ladram muito, mas não mordem… na hora certa aparecem todos…
O filme já é antigo!
Novembro 21, 2013 at 5:27 pm
Sou advogada. O meu Bastonário também teve a ideia de “controlar” o acesso à profissão da advocacia com um exame – concorde-se ou não, não é o que está em causa. O facto é que ele entende que muitas universidades preparam mal os alunos, não têm nívei de qualidade suficientes, mas nada pode fazer quanto a isso, visto não ter qualquer poder de avaliar cursos, fechá-los, exigir o que quer que seja…
Mas o senhor Ministro da Educação se entende que as universidades não estão a fazer um bom trabalho tem o poder de fazer muitas coisas: de avaliar os cursos, de impôr regras, inclusive de fechar cursos por falta de qualidade técnica…
Agora a desculpa de fazer uma prova para selecionar os melhores é demasiado esfarrapada. Então todos tinham de a fazer! A minha filha este ano tem uma professora de Matemática, do quadro, que se fosse fazer um exame, não sei se se safava – então e estes??
Bons e maus profissionais há em qualquer profissão. Até há aquelas pessoas que na Universidade tiveram notas excelentes e depois na prática são um zero à esquerda – e vice versa…
Vendo a “coisa” como mãe – se algum dos meus filhos quiser seguir um curso na área da educação para ser professor, vou pensar: oh diabo, então e se ele depois do cursozito todo feito, tem o azr de chumbar no exame?? Lá se vai o investimento todo à vida, pois se não puder ser professor vai fazer o quê com o curso??
Como cidadã, sou contra tal prova. É puramente demagógico vir dizer que a mesma serve para melhorar o sistema de ensino!
A minha humilde sugestão de “oposição pacífica” à mesma: os corretores darem 20 valores (a nota máxima) a todas as provas – se toda a gente tiver a nota máxima o que é que o senhor Ministro faz?
Novembro 21, 2013 at 6:06 pm
Do mesmo modo que a Tânia diz que espera que os professores do quadro não aceitem fazer a correção dos exames, também eu espero que todos os professores contratados não compareçam a fazê-lo. Muito me espanta o silêncio das universidades. Como permitem tal coisa? Que atestado de incompetência!
Novembro 21, 2013 at 6:14 pm
Colocar o ónus da culpa nos colegas que vão fazer as vigilâncias da prova e/ou nos colegas que vão corrigir a referida prova?! Não me parece a melhor estratégia. Então, por que não se recusam os professores contratados a fazer a prova?! A ADD é uma farsa. E continua…
Estou certa que todos os professores terão os seus próprios casos pessoais de injustiças para relatar. Injustiças que se devem às más políticas educativas desde 2005! Ora, então quem serão os culpados? Os colegas, contratados, os colegas do quadro? É deste modo que vai continuando a divisão deste grupo profissional, virando uns contra os outros…
Por exemplo, ouvi dizer que em algumas escolas, os professores vão agora leccionar aulas com colegas: um observa e o outro lecciona! Ah ah aha ah e também é para melhorar a qualidade do ensino ah aha ah ah ah ah
Novembro 21, 2013 at 6:20 pm
Força Tânia.
Não desistas de ser a excelente professora que eu sei que és.
Ao fim de 16 anos de docência e com o currículo que tens, fazer uma prova de avaliação de competência só poderia passar pela cabeça de algumas pessoas…
Infelizmente, são os políticos que temos.
Novembro 21, 2013 at 6:34 pm
#8
“Do mesmo modo… também eu espero que todos os professores contratados não compareçam a fazê-lo”.
Eu também.
Esta é mais uma estratégia do MEC, a mesma de sempre: virar os professores uns contra os outros!
Novembro 21, 2013 at 6:40 pm
Novamente, virar professores contra professores!
Novembro 21, 2013 at 6:42 pm
Ainda bem que há colegas como a Tânia que continuam a sentir esse encanto…”O que há em mim é sobretudo cansaço”, e também muita desilusão por olhar à minha volta e ver robots comandados, cabeças que não fazem questão de arranjar tempo para REFLECTIR…
E fiquei sem perceber se a colega Tânia vai fazer a prova ou não….Eu não a vou vigiar!
Novembro 21, 2013 at 7:59 pm
#8.
Tenha paciência. Sabe muito bem que entre perder duas horas por greve a um vigilância e perder a hipótese de trabalhar para o ano que vem, a diferença é gigantesca!!! Não ponham no mesmo barco as duas posições, evitem encontrar desculpas esfarrapadas para ir vigiar colegas e ganhar 3 euritos à prova!
Novembro 21, 2013 at 8:01 pm
Mas não há quem ponha este “pau mandado” deste ME na rua?
Será que, finalmente, aparece alguém externo (CE) que lhe dê a orelhada que há muito merece?
Chega de tanta incompetência…
Novembro 21, 2013 at 10:22 pm
14
A questão é antes de mais de convicção e, consequentemente, de coragem e tenacidade de agir de acordo com ela!
Essa do esperar pelo “quem perde mais e quem perde menos” conduziu-nos àquilo que somos hoje… e quando já não houver quem perca mais que nós e já todos tivermos perdido tudo?
Estou de acordo com a prova? Não! – então, não me candidato
Estou de acordo com a prova? Não! – então não a vigiarei nem a classificarei!
Novembro 21, 2013 at 10:40 pm
Vamos ver…temo as voltas de 360º, das duas partes…
Já vi este filme…
Novembro 21, 2013 at 10:49 pm
Nem mais!
Novembro 21, 2013 at 11:49 pm
… esta prova é um atestado de humilhação a todos os professores e não só aos professores contratados…”
Novembro 22, 2013 at 12:26 am
Já há guia da prova:
http://pacc.gave.min-edu.pt/np4/14.html
Novembro 22, 2013 at 3:42 am
“Juntos podemos fazer a diferença… acredito nisto”… Eu também !!!
.Por isso, recusei-me no caso da ADD e não tive avaliação, claro!!! Quantos fomos? Poucos, muito poucos,,,,
Pois, se tivéssemos sido muitos, talvez não estivéssemos nesta situação…Acredito nisto!
..
Novembro 22, 2013 at 7:52 am
#7, Maria M., se a sua filha ou outra pessoa qualquer fizer um curso para ser professora tem a probabilidade de ser colocada com prova ou sem prova de acesso.
A probabilidade é a mesma porque o nº de lugares disponíveis é igual e atualmente formam-se muito mais professores do que os lugares disponíveis.
Por exemplo, se sem prova entrarem 112 professores, com prova entram também 112 professores. Podem é entrar outros professores, no lugar daqueles que reprovarem na prova. Entrarão formados de escolas que são mais exigentes e não aqueles que frequentaram universidades PPP (Pagou as Propinas, Passou).
Reconhece que há professores, não sei se muitos se poucos, penso que poucos, que não têm competência para o serem, mas quem agravar o problema em lugar de o minimizar?
Novembro 22, 2013 at 8:19 am
Item 9
Um indivíduo pretende comprar uma máquina fotográfica. Fez uma prospeção de mercado e encontrou
a máquina que procurava em duas lojas, com preços diferentes.
Loja X: O preço da máquina é 120 €, acrescido de uma taxa de 10%.
Loja Y: O preço da máquina é 180 €, mas sobre esse valor aplica-se uma promoção de 30%.
A escolha da loja será feita em função do preço mais baixo.
🙂
Tudo isto é uma vergonha !!!!!!!!!!
Novembro 23, 2013 at 8:09 pm
Sempre está em causa a nossa falta de união profissional.Sabemos muito bem que ninguém sai de uma universidade sem ter terminado o curso para exercer a sua profissão. É mais uma medida economicista/capitalismo. A sociedade civil devia exigir uma prova de exame aos políticos, e aos demais. Por este andar vamos andar aqui a pedir uns aos outros que justifiquem a sua competência para exercerem Boa reflexão!
Novembro 25, 2013 at 10:09 am
9
Pois. E no fim fazem uma acta! A escola onde estou este ano vai fazer isso… Iac!