… desta vez em torno de uma espécie de holograma ou, melhor, de uma quimera: uma prova de acesso ao exercício de uma profissão imposta pelo mesmo ministério que tem feito tudo para que a profissão tenha cada vez menos efectivos e nenhumas novas contratações.
Público, 24 de Agosto de 2013
É como se um vegetariano fizesse uma prova de acesso às carnes que podem ter lugar na sua dieta.
Entre os simulacros e fogos de artifício na área da Educação este bate o da ADD.
Porque o que está em causa não é seleccionar os melhores – não é uma prova escrita que define a qualidade de um professor, em especial se for feita por quem não se sabe se é bom professor ou outra coisa – é apenas criar um pré-mecanismo de exclusão, que nem chega a ser populista, pois qualquer pessoa percebe que se há gente profissionalizada especificamente para a docência que não tem condições para o fazer é porque alguém – os seus formadores, as Universidades, os Politécnicos, que fornecerão quase certamente os autores da tal prova – falharam na sua missão.
Não é a avaliação da qualidade dos professores que contesto, é a metodologia preguiçosa e intelectualmente pouco séria, em especial quando defendida por gente que fez carreira a formar (e a aprovar) os professores de que agora dizem desconfiar.
Agosto 24, 2013 at 3:33 pm
Circo com artistas bem pagos: os sindicalistas profissionais e os Granchos troca-tintas.
Agosto 24, 2013 at 3:56 pm
PAC – (P)rova de in(A)cesso de do(C)entes sem vínculo
Agosto 24, 2013 at 4:00 pm
Eles lá sabem o tipo de formação que é dada aos futuros docentes.
No que respeita ao 1º ciclo, sei que a preparação/formação dada deixa muito a desejar em muitos casos.
Muita teoria que pouco serve para uma prática cada vez mais exigente e complexa.
Os DOUTORES das universidades colocam nas cadeiras de formação um pouco de tudo do que sabem na sua área, não havendo grande preocupação que a mesma pouco tenha a ver com o que é lecionado na prática.
Sei de colegas que recebem estagiárias, que sentem muita dificuldade na planificação de uma aula assim como em abordar determinadas temáticas na sua prática pedagógica. A matemática talvez seja ainda a área que representa maior grau de dificuldade , dada a formação que lhe foi dada especificamente. A culpa é talvez tenha a ver com quem faz os currículos, quem os homologa.
No meu entender e muito especificamente em cada nível de ensino que um professor se especialize, a formação devia ser dada de acordo com os programas vigentes.
Devia haver uma parte teórica sim, mas a parte prática devia constar de forma a ser dado um maior enfoque, pois esta é fundamental para o futuro profissional.
Os professores universitários devem criar currículos que estejam em conformidade com a realidade que espera cada docente e não optar por um conjunto vasto de informação que como instrumento de trabalho futuro pouca utilidade tem.
Para tal muitos professores universitários teriam que deixar de dar aulas em tanto sítio, pararem para pensar se tudo o que faz parte dos currículos que conceberam faz sentido e é de extrema importância para o futuro professor…
Não seria importante informarem-se, para saberem o que se passa atualmente numa sala de aula em matéria de programas curriculares?
Quem sabe se no final de tudo isto não teriam que fazer uma formação, e um exame para prestarem provas da sua competência para poderem dar aulas aos futuros professores?…
Há aqui qualquer coisa mal explicada e uma ira infundada ( mais uma vez) sobre professores que todas as provas prestaram ao longo do curso que fizeram.
Afinal duvidam da competência de quem?…
Agosto 24, 2013 at 4:36 pm
Luana
Assim sendo, o melhor é resolver o problema logo a montante:
Prova de Acesso aos profes do ES. 😉
Agosto 24, 2013 at 5:01 pm
#3
Luana, o seu estilo de escrita e a sua ética deixam bastante a desejar, exemplifico: “Sei de colegas que recebem estagiárias, que sentem muita dificuldade na planificação de uma aula assim como em abordar determinadas temáticas na sua prática pedagógica. A matemática talvez seja ainda a área que representa maior grau de dificuldade , dada a formação que lhe foi dada especificamente. A culpa é talvez tenha a ver com quem faz os currículos, quem os homologa.”
Parece consensual dizer-se que é preciso seleccionar melhor os professores, mas depois não queremos nada que tenha que ver com provas. O método tradicional de avaliação no estágio profissional não funciona, raramente chumba alguém (mesmo colegas sem qualquer inteligência pedagógica), os afectos e a tradição determinam as classificações, em geral, aliás, mais elevadas do que as restantes (então se for na Aberta, quase se rebenta a escala).
O argumento martelado até à exaustão de que já fomos avaliados no percurso académico só serve para cegos ou surdos: a diferença de classificações e qualidade de ensino (quanto pior, aliás, mais elevadas as médias) é tão evidente que não percebo como se continua a recusar liminarmente uma prova igual para todos os candidatos a professores.
Em termos de opinião pública, veja-se a caixa de comentários de o “Público” sobre a prova de acesso, só os professores defendem o seu carácter pecaminoso.
Agosto 24, 2013 at 5:29 pm
Para aceder à Ordem dos Advogados é preciso ser aprovado no exame. A Ordem dos Médicos (que controla totalmente o número de alunos a entrar e as faculdades onde o curso é administrado) pondera a criação de exame de acesso à profissão. A Ordem dos Engenheiros tem cada vez menos cursos/faculdades com acesso directo à profissão, são cada vez mais os cursos cujos alunos se têm de submeter a exame. Com o número de instituições/cursos de formação de professores que temos faz todo o sentido um exame de acesso à profissão. Se a qualidade das instituições/cursos de formação de professores deveria ser mais controlada? Se a GAVE (agora IAVE) é capaz de implementar estas provas de forma satisfatória? Se quem passa na prova é bom professor? (quem não passa seria seguramente mau). São algumas das muitas questões que podemos levantar mas não inviabilizam a questão central, a prova de acesso (se for bem elaborada) só pode trazer prestígio à profissão. Concordo que seja uma prova de acesso à profissão, portanto sem dispensas.
Agosto 24, 2013 at 5:49 pm
As questões que deveriam estar na ordem do dia são afastadas com a cumplicidade sindical que se põe a jeito com pedidos de reuniões da treta.
Sai MN da postura institucional (pcp) e ajuda o 1ºciclo? (posso esperar sentado).
O que interessa este assunto quando o 1º ciclo é tratado abaixo de cão. As compensações aos profs do 1º ciclo aos 25 anos e 33 anos de serviço não estão a ser aproveitadas (por desconhecimento em alguns casos ou com medo de perder a turma e entrar para horário zero ou ficar com uma turma da tais de com 2 anos de escolaridade e 26 alunos) prejudicando outros colegas.
Há escolas onde as AEC passam a ser também lecionadas por titulares de turma (uma vergonha) Em parte nenhuma da europa um professor acompanha uma turma seis hora seguidas por dia.
5#Cometa
Com sorte a Emília ainda de topa e recruta para ajudar nas provas!
Agosto 24, 2013 at 6:12 pm
Quando grande parte dos professores dos quadros vai ser dispensado, justificar uma prova de acesso é de totó!
O MEC visa reduzir, artificialmente, o n.º de professores desempregados, dar uns bons milhares a amigos fazedores de exames e fingir perante a opinião pública que tem “legumes”, tal qual a Sra. Lurdes fez com a ADD.
Agosto 24, 2013 at 6:38 pm
Para além da urticária que o assunto provoca, dá também que pensar o seguinte:
– irão dar a conhecer a matriz?
– os critérios de correção serão fiáveis?
– os corretores/classificadores quem serão?, “pertencerão” a quê?
– poder-se-á pedir a reapreciação da prova?, pedir recurso?
Oh, pá! Sei lá…
Só sei que por menos do que agora acontece em Portugal (não só na educação), “limparam o sebo a um rei”!!!
Ressuscite-se o Buíça! Já!
Agosto 24, 2013 at 7:02 pm
Para quem quiser conhecer os números de contratados que eventualmente podiam ser dispensados da prova com 15 anos de serviço, pode ver este post.
http://www.arlindovsky.net/2013/08/numero-de-contratados-por-anos-de-servico/
Agosto 24, 2013 at 7:38 pm
#6,
O que é que o Apache acha desta outra opinião?
“(…)Comecemos pelo exame e por um aspecto menos tratado, expediente comum à dupla Lurdes-Crato(…) Recuperando-a agora, o Ministério da Educação e Ciência vem, como anteriormente escrevi, reiterar dois factos: que não confia nas instituições de ensino superior que formam professores e que os professores não podem confiar no Estado. Com efeito, as universidades e os politécnicos que formam professores não são organizações clandestinas. Foram reconhecidas pelo Estado como competentes para tal. Para operarem têm que obedecer às exigências do Estado, designadamente no que respeita aos planos de cursos. O Estado fiscaliza-as e pode fechá-las, se deixar de lhes reconhecer qualidade. O Estado é, pois, tutor de todas. Mas, mais ainda, o Estado é dono da maioria. Neste quadro, a prova de avaliação de conhecimentos e competências mostra que o Estado não confia nelas nem em si próprio. E não venha o secretário de Estado Grancho com os argumentos que usou para responder à matéria, na última edição do Expresso. Dizer que noutras profissões também é assim, citando magistrados, médicos ou arquitectos, patenteia ignorância ou desonestidade intelectual. Das escolas de formação de professores sai-se, legalmente, com um título profissional e uma licença para exercer uma profissão. Das faculdades de direito não se sai magistrado. Sai-se com um conhecimento que abre portas para diferentes profissões, a que se chega mediante formação e exames complementares. Das faculdades de medicina não se sai médico, como das escolas de arquitectura não se sai arquitecto. Uma e outra profissão são tituladas pelas respectivas ordens, que as regulam. Dado o envolvimento de longos anos do secretário de Estado Grancho na criação de uma Ordem de Professores, ainda que falhado, a pirueta que protagonizou no Expresso inclina-me a concluir que, das duas hipóteses, se trata de desonestidade intelectual. Sustentar, como sustentou, no refinado “eduquês” que Crato combatia, a necessidade de usar a prova de acesso para aferir “capacidades transversais”, que, especificou, visam “a mobilização do raciocínio lógico, a resolução de problemas ou a capacidade a nível da leitura e da escrita”, em professores que somaram um mestrado (alguns até um doutoramento) a uma licenciatura, exercem a actividade docente, sucessivamente avaliada com as notas máximas, há 10 e mais anos e agora são equiparados a crianças do ensino básico, é atirar lama sobre quem devia respeitar e cobrir de ridículo as tretas, vemos agora, que apregoava quando era presidente da Associação Nacional de Professores(…)”
http://aventar.eu/2013/08/14/as-swapadelas-de-crato-e-as-piruetas-de-grancho/#more-1201777
Agosto 24, 2013 at 8:48 pm
… e assim é criada a “Ordem dos Professores”, por decreto. Sim, porque, mais cedo ou mais tarde, apenas estarão na carreira os professores que fizeram o exame/prova/teste. Que tristeza… como o movimento para a criação de uma Ordem nunca subscreveu adeptos suficientes nesta classe que, por muito maltratada, ainda tinha alguma visão de futuro, vêm agora estes senhores dôtores (da mula ruça) e pimba… é que nem dão hipóteses. Se por um momento conseguíssemos vislumbrar para além do nosso umbigo (não, aqui não há nenhuma indireta), em vez de estarmos para aqui a discutir “o sexo dos anjos”, já estávamos a pressionar os nossos representantes sindicais para uma grande mobilização contra esta medida e a preparar a nossa defesa. Por mim vou confrontar o meu micro sindicato e questioná-los sobre o que pensam fazer.
Agosto 24, 2013 at 9:06 pm
O debate deveria centrar-se nas condições de funcionamento das escolas e não no acesso a uma qualquer profissão. Há muitas profissões a que uma pessoa que resida em Portugal não tem acesso.
Agosto 24, 2013 at 9:29 pm
“A morte de Moritz Erhardt, o jovem alemão que estagiava no Bank of America em Londres e que perdeu a vida ao fim de praticamente 72 horas consecutivas de trabalho, relançou o debate sobre as condições laborais no mundo financeiro.”
Muito difícil competir com os chineses?
Agosto 24, 2013 at 9:41 pm
mui dado a números circenses
o arrobas é um jumento
cogitou taxar a prova
quer sacar pró ajustamento
Agosto 25, 2013 at 1:25 am
#11
“o Ministério da Educação e Ciência vem, como anteriormente escrevi, reiterar dois factos: que não confia nas instituições de ensino superior que formam professores e que os professores não podem confiar no Estado.”
Não são factos, não podem ser observados. Serão, quando muito, juízos de valor, subjectivos, até porque são falaciosamente fundamentados.
“Com efeito, as universidades e os politécnicos que formam professores não são organizações clandestinas. Foram reconhecidas pelo Estado como competentes para tal. Para operarem têm que obedecer às exigências do Estado, designadamente no que respeita aos planos de cursos. O Estado fiscaliza-as e pode fechá-las, se deixar de lhes reconhecer qualidade. O Estado é, pois, tutor de todas. Mas, mais ainda, o Estado é dono da maioria. Neste quadro, a prova de avaliação de conhecimentos e competências mostra que o Estado não confia nelas nem em si próprio.”
As escolas (básicas e secundárias) não são organizações clandestinas. Para operarem têm que obedecer às exigências do Estado, designadamente no que respeita ao cumprimento dos programas. O Estado fiscaliza-as e pode proceder disciplinarmente sobre quem não cumpra as regras estabelecidas. O Estado é, pois, tutor de todas. Mas, mais ainda, o Estado é dono da maioria. Neste quadro, os exames nacionais mostram que o Estado não confia nelas nem em si próprio.
Deixando a retórica de lado…
O Estado é uma pessoa colectiva, que sentido tem dizermos que não confia “em si próprio”?
Partindo do princípio que todas as instituições cumprem as “exigências do Estado” tal não garante, por exemplo, que dois alunos com a mesma classificação final, com professores diferentes, tenham adquirido iguais conhecimentos. Uma prova igual para todos (e convém recordar que os professores concorrem entre si seriando-se (além do tempo de serviço) pelas classificações obtidas nas formações iniciais) serve para aferir os conhecimentos de todos em idêntico contexto (minimizando injustiças). Serve também de prova de aferição do trabalho produzido nas várias instituições.
“Das escolas de formação de professores sai-se, legalmente, com um título profissional e uma licença para exercer uma profissão. (…) Das faculdades de medicina não se sai médico, como das escolas de arquitectura não se sai arquitecto. Uma e outra profissão são tituladas pelas respectivas ordens, que as regulam.”
A diferença está na existência de uma Ordem? Se existisse uma Ordem de Professores e ela exigisse um exame de acesso à profissão estaria tudo bem mas como a Ordem não existe o Estado não pode exercer essa função?
“Sustentar, como sustentou, no refinado “eduquês” que Crato combatia, a necessidade de usar a prova de acesso para aferir «capacidades transversais», que, especificou, visam «a mobilização do raciocínio lógico, a resolução de problemas ou a capacidade a nível da leitura e da escrita»”
O eduquês está na expressão “capacidades transversais”? Mas saber ler, escrever, resolver problemas não deverão ser capacidades/competências transversais a todos os docentes, independentemente da disciplina que leccionem? Além disto, a prova não terá também uma parte específica da disciplina que o docente lecciona?
“exercem a actividade docente, sucessivamente avaliada com as notas máximas, há 10 e mais anos”
Dispensavam-se os docentes com 10 e mais anos de serviço e a prova passaria a ser boa? E a ADD que avalia (todos?) com as notas máximas e com a qual a maioria discorda (eu incluído) já produz resultados válidos, mesmo quando o avaliador é pior que o avaliado?
Agosto 25, 2013 at 5:08 am
Apache,
Vai desculpar-me, mas nenhum dos argumentos que apresentou me convencem sobre a necessidade de uma prova de acesso. E as perguntas que vai fazendo ao texto, acrescentam mais confusão do que explicitação.
Quer a ADD quer esta agora prova de acesso não têm como objectivo o mérito. Nunca tiveram.
Agosto 25, 2013 at 7:03 am
Artimanhas para despedimentos.
Agosto 25, 2013 at 10:22 am
Nem vai ser necessaria a bosta desta prova.Dentro de dez doze anos, no máximo ,vão mas é precisar de incentivos para captarem professores tal como aconteceu noutros países.
Enquanto isso entretemo-nos com pão e circo como de costume.Professor ,serà a curto/médio prazo uma profissão equivalente a um mero funconàrio de uma repartição com um ordenado maximo de mil euros se tanto.
Agosto 25, 2013 at 12:00 pm
#5 e #6 . Com Vossa Licença, vocências são umas bestas quadradas (Salvo melhor opinião) que não sabem o que dizem.Fui.
Agosto 25, 2013 at 5:56 pm
Conclusão: este Governo assume que a ADD é uma brincadeira… chato, foi terem, anteriormente, governantes, “analistas”, “opinião pública”, comentadeiros e outros índios, insistido tanto nisso… é para acabar?
Agosto 26, 2013 at 1:55 am
#17
“mas nenhum dos argumentos que apresentou me convencem”
Fernanda, eu não estou a tentar convencê-la de nada, nem a si nem a ninguém. Regra geral, quando comento, limito-me a expressar a minha opinião, fundamentando-a, uma ou outra vez tento ajudar colegas respondendo às dúvidas que colocam. Não sou político nem candidato a qualquer eleição, pelo que, não tenho que tentar convencer ninguém. Neste texto limitei-me a comentar, a seu pedido, o texto do Aventar, esse sim, útil a qualquer político, para persuadir potenciais eleitores, pelas contradições e pela retórica vazia de conteúdo.
#20
Se se esforçar um bocadinho vai ver que um dia consegue encontrar um argumento que lhe permita defender uma ideia.
Agosto 26, 2013 at 3:34 am
#22,
Ok, Apache. Retiro o “me convencem” e reformulo:” mas discordo dos seus argumentos”