Tem sido notícia desde ontem que o salário dos professores portugueses aumentou 12% entre 2005 e 2011 (RTP, SIC).
Qualquer professor sabe que isso não é assim, que desde 2005 ninguém passou a ganhar mais 12%, nem em termos nominais, nem em termos reais.
A comparação é simples de fazer, usando os dados com as tabelas salariais para a carreira docente nas duas datas, em especial se usarmos não apenas o valor nominal do salário, mas também o valor real, após a dedução da sobretaxa criada ainda em tempos de Sócrates e mantida por Passos Coelho.
Como se pode verificar a evolução nominal foi de 8% para todos os escalões comparáveis e 3-4% em termos reais, após a aplicação da dita sobretaxa, com o maior ganho no índice 167 (7%) e uma progressão nula no índice 340.
O que devemos ter em atenção é que a estrutura global da carreira se alterou com a eliminação dos 3 primeiros escalões (no JN de hoje apareço a falar na eliminação de dois, mas é erro meu), a introdução de dois escalões intermédios (actuais 5º e 7º), destinados a tornar a progressão mais lenta e a criação de um novo 10º escalão, com o índice salarial 370 (o tal que servia de cenoura para os titulares e quem estivesse no antigo 10º escalão aceitar certo topo de funções) no qual nenhum professor se encontra, em virtude dos sucessivos congelamentos terem inviabilizado qualquer progressão.
É possível que esse cálculo de 12% tenha sido feito usando toda a massa salarial paga aos professores, dividindo pelo número de professores em exercício. É possível que tenha feito uma outra forma de média com comparações dos índices ou valores salariais nominais…
É possível isso tudo. O que não é facilmente demonstrável é um aumento de 12% no salário dos professores entre 2005 e 2011 com os dados objectivos disponíveis.
Junho 26, 2013 at 2:43 pm
É uma obrigação moral de todos denunciar estas campanhas de desinformação que partem do governo e visam fragilizar as posições dos professores.
Neste clima de guerrilha temos que estar atentos.
Junho 26, 2013 at 2:51 pm
Por acaso não gosto dessas tabelas porque confundem a opinião pública..
porque para além do salário real e nominal… ainda há o que líquido que se ganha, e esse sim deveria ser comparado na relação titulares e n.º de filhos.
Junho 26, 2013 at 2:51 pm
* sem que
Junho 26, 2013 at 2:54 pm
#2,
Essas tabelas estão nos sites sindicais.
Junho 26, 2013 at 3:09 pm
aumentaram….para os politicos .
quem esta há uma decada no ensino,ganha o mesmo…e,tem licenciaturas como as dos srs doutores…não são de bolonha nem á relvas.
tenham vergonha,ALDRABÕES.
Junho 26, 2013 at 3:15 pm
Números ,sempre números, torcidos e distorcidos conforme o vento.
Junho 26, 2013 at 3:28 pm
É mesmo engraçado… o meu desceu cerca de 8%.
Junho 26, 2013 at 4:08 pm
Cuidado…o líquido desceu para todos, não se esqueçam do 1/12 do sub de Natal.
Junho 26, 2013 at 4:21 pm
Na carreira de 2005 um professor com 15 anos de serviço estaria no antigo 6º escalão, indice 205, €1722,33.
Na carreira de 2011 um professor com 15 anos de serviço estaria no atual 4º escalão, indice 218, €1982,40 e valor real €1913,02.
É certo que professores com 15 anos de serviço estão no 2º escalão e não no 4º.
1982,40/1722,33=1,15 (15% a mais) e 1913,02/1722,33=1,11 (11% a mais) se colocarmos o subsídio de refeição irá dar 12%, penso que foi assim que fizeram as contas.
Penso que foi assim que fizeram as contas e daqui a 30 anos um professor com 15 anos de carreira ganhará isso.
Junho 26, 2013 at 5:44 pm
Confesso que não percebo muito bem essas tabelas.
Parece-me que o que chamam valor real é o valor do salário líquido do corte definido no tempo do Sócrates. Como em 2011, não houve 13.º e 14.º mês, o corte da remuneração é bem superior: em termos comparáveis com 2005, ter-se-ia de multiplicar o vencimento efectivo de 2011 (valor do índice menos o corte da remuneração mensal) por 12 e depois dividir por 14 para apurar a remuneração mensal equivalente; ou então tem de se fazer a comparação com base na remuneração anual.
Por outro lado, quando se fala em valor nominal e valor real da remuneração o conceito económico de valor real é o do valor nominal após se descontar o efeito da infação e concomitante perda de poder de compra (ou ganho, se houver deflação, o que não é o caso no período).
Junho 26, 2013 at 6:08 pm
Em Novembro de 2008 o meu salário bruto era de 1.661.41€ e recebia 1329.38 €
O salário real do mês passado era o do 2º escalão, e o que recebi teve um um decréscimo de mais de 100€, apesar dum tal subsídio que dizem andar por aí…
Estas conversas dão-me vómitos!!!
Junho 26, 2013 at 6:34 pm
😈
Junho 26, 2013 at 6:34 pm
13.
Junho 26, 2013 at 6:48 pm
#13 A regra senhor Fafe (e dona caneta), é fazer um treze sem bisar. Se faz o doze, não pode fazer o treze. É batota. Vou estar à espreita.
Junho 26, 2013 at 6:50 pm
#14
Pois!
O gajo é um batoteiro…
Junho 26, 2013 at 6:51 pm
Fui dar uma vista de olhos ao “Education at a glance, 2013” e, para Portugal, aquilo não pode estar correcto.
Primeiro, como deve ser, as comparações temporais são feitas em termos reais (preços constantes de 2000), embora como se trata de comparação internacional os valores monetários estejam expressos em USD$ PPP. Ora, assim sendo, aqueles valores são estranhos pois os salários tendem sempre a aumentar, o que contraria o facto de ter havido inflação e congelamento de salários nominais.
Segundo, eles dizem que aquilo são salários médios anuais antes de impostos e taxas e, por isso, talvez não tenham sido considerados os cortes, mas acho que nem sempre o governo lhes chamou imposto extraordinário ou contribuição de solidariedade, etc
Por outro lado, fazem uma caixa para os efeitos da crise (Box D.3.2) onde não referem o caso de Portugal, o que é estranho dado estarmos sob resgate (só referem Estónia, Grécia, Hungria, Irlanda e Espanha).
Concluo que os estudos da OCDE deixam hoje muito a desejar!
Junho 26, 2013 at 7:01 pm
“É possível que esse cálculo de 12% tenha sido feito usando toda a massa salarial paga aos professores, dividindo pelo número de professores em exercício”.
Sim, Paulo. A estatística tem destas coisas.
Não esquecer de que os profes contratados ( menor vencimento auferido), neste período em análise, foram cada vez em menor número.
Assim sendo, se dividirmos a massa salarial pelo total de nº de profes, obviam/ que o valor médio obtido será superior.
“Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras abomináveis e as mentiras estatísticas.” – Mark Twain
Junho 26, 2013 at 7:03 pm
Sempre achei um exagero “sacralizar” os estudos da OCDE, aceitá-los sem qualquer sentido crítico. Ás vezes surgem tão a propósito, com um “timing” incrível!
Junho 26, 2013 at 7:43 pm
Estas estatísticas dão-me vómitos.
Junho 26, 2013 at 7:50 pm
“Qualquer professor sabe que isso não é assim, que desde 2005 ninguém passou a ganhar mais 12%, nem em termos nominais, nem em termos reais”
Pois….qualquer professor sabe isso mas, para quem olha de forma objetiva as tabelas, a conclusão só poderá ser a do relatório. A questão, a meu ver, é saber se estaremos ou não perante mais uma ilegalidade porque uma irregularidade é de certeza. Senão vejamos: uma pessoa com 20 anos de serviço foi reposicionada de acordo com o índice (218) que, normalmente, é atingido depois de 15 anos. Na prática foram eliminados, 5 anos em termos de remuneração que nunca poderão ser recuperados e com o congelamento a prolongar-se ad`eterno duvido mesmo que alguém nesta situação tenha oportunidade de chegar, nesta vida, ao topo de carreira, a não ser que aumentem a idade da reforma para os 70 anos :-)) .
Junho 26, 2013 at 7:53 pm
#17@bc
Vinha comentar exactamente isso . Devem estar a fazer a divisão simples da massa salarial pelo número de professores.
Já o ano passado, creio que lá por Agosto, vieram umas notícias parecidas.
Junho 26, 2013 at 8:23 pm
Como a Isabel (#10) já disse, é preciso contar com a inflação (mais de 20% nesse período):
http://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+Inflacao+%28Taxa+de+Variacao+++Indice+de+Precos+no+Consumidor%29-138
E se entrarem nas contas as várias alterações ao IRS que só são visíveis no ano seguinte quando é liquidado o valor a reembolsar ou a pagar, as perdas são muito significativas.
Junho 26, 2013 at 8:49 pm
Sw ao valor anual bruto se subtraírem os descontos obrigatórios,(IRS e Segurança Social ADSE), um professor do 218 ficou em 2012 com sensivelmente o mesmo que em 2003, quando era do 205.
A Acrescentar a isto há que referir que os preços não estão iguais a 2003, como é óbvio.
Junho 26, 2013 at 8:50 pm
http://bulimunda.wordpress.com/2013/06/26/um-ser-revoltante-e-falso/
Junho 26, 2013 at 9:00 pm
Sim, é possível fazer muito mais cálculos, mas eu apenas usei o mais simples e evidente.
Claro que não entrei em conta com o corte de subsídios, etc.
Junho 26, 2013 at 9:11 pm
Mas se ainda tiver as declaraçõrs de IRS de anos anteriores guardadas faça as comparações. Verá que andou uns 10 anos, ou perto disso, pata trás, em rendimento líquido de descontos.
Junho 26, 2013 at 9:18 pm
#26,
Para o caso de estar distraído em alguns momentos do ano, eu já fiz essa comparação várias vezes, recibo a recibo, incluindo o de Dezembro com o total acumulado.
Junho 26, 2013 at 9:21 pm
Mas se comparar o valor anual a diferença é maior. Corte dos subsídios.
Junho 26, 2013 at 9:26 pm
#28,
Já fiz isso.
Mas podem sempre dizer que esses são casos individuais.
Junho 26, 2013 at 9:47 pm
Já agora : e os salários de 2012 – um professor no 10º escalão ganhava líquidos cerca de 2000 euros em 2010, em 2012 ganha cerca de 1800 euros. Será que estou errado? E nos outros escalões? Isto é subida de salários para baixo.
Junho 26, 2013 at 10:03 pm
Valores líquidos disponíveis . Índice actual, desde meio 2005, o 218
2003- 16427
2004- 16441
2005- 17491—subida de índice
2006- 18236
2007- 18777
2008- 19340
2009- 19870
2010- 19610 ???
2011- 18340
2012- 16234
Os valores apresentados foram obtidos assim
Valor líquido= Valor bruto anual-Reteções na fonte de IRS- Segurança Social-ADSE
Valor bruto 2005 24975
Valor bruto 2011 26782
Valor bruto 2004 23595
Bruto 2004X1,12= 26426- é assim que se obtém um valor próximo de aumento de 12%. Repare-se que houve aqui uma subida de Indice em 2005, a meio do ano. Se se considerar mesmo o ano de 2005 temos que 12% seriam 27972..
Devem estar mesmo a considerar o bolo salarial bruto da totalidade dos professores.
Junho 26, 2013 at 10:56 pm
Martelam-se os números. Nem que chiem!
Junho 26, 2013 at 11:21 pm
O pessoal lá das ocdés deve ter aprendido a fazer contas com o Gaspar.
E admitamos, como exercício loucamente académico, que as contas estavam certas. Que significado teria tal conclusão se nenhum professor está no escalão em que deveria estar?
Junho 27, 2013 at 1:39 am
O Gaspar deve ter mandado “plantar” isto, para ver se corta mais qualquer coisinha.