… daquele que se estuda nas Universidades boas, cá dentro ou lá fora.
- Um grupo profissional, como é o caso dos professores, através dos seus sindicatos e respeitando a lei, marca uma greve, se possível de forma a ter um impacto que possa chamar a atenção para a sua causa e causar alguma perturbação.
- O empregador, por exemplo o Estado, faz tudo o que a lei permite (incluindo recurso a Colégios Arbitrais ou mesmo aos Tribunais) para impedir que os efeitos da greve.
- As negociações não correm bem e a greve mantém-se.
- Grevistas e empregadores devem respeitar a lei em vigor durante o seu decurso.
O que se passou nos últimos dias no sector da Educação não seguiu esta lógica, com os professores em greve a respeitarem as leis em vigor e o Estado – que deveria ser o seu garante – a atropelá-las e a ameaçar com a mudança das regras a seu favor.
Neste momento, o Estado é refém de uma clique política com uma visão instrumental da democracia, o que, não sendo novo, está a atingir níveis nunca experimentados entre nós pelo menos nos últimos 35 anos.
Acrescento, a pedido de várias famílias, que este é apenas um passo largo num caminho iniciado por aqueles que agora se armam em vestais atormentadas.
Junho 18, 2013 at 12:40 pm
Na mouche, como é seu apanágio.
Bem-haja pelas suas, lúcidas e múltiplas, intervenções de ontem e de sempre. Nunca lhe agradecerei o bastante. 🙂
Junho 18, 2013 at 12:44 pm
“Neste momento, o Estado é refém de uma clique política com uma visão instrumental da democracia, o que, não sendo novo, está a atingir níveis nunca experimentados entre nós, pelo menos, nos últimos 35 anos.”
Aiaiaiai e diziam vocês mal da MILU. Volta Sócrates. este é só para chatear
Mas a sério não acham que é tempo de mudar de dirigentes sindicais.
Toda a gente está farta do Nogueira.Neste momento o homem só prejudica.. Alguém novo que conheça as escolas, porque este nem sabe o que isso é.
Junho 18, 2013 at 12:49 pm
Reféns de uma clique… e de uma claque: a dos enconstados 😉
Junho 18, 2013 at 12:51 pm
Está aqui uma “embrulhada” do caneco, é o que é….
Junho 18, 2013 at 12:57 pm
Isto é uma visão muito redutora que se fica pela lógica patrão-empregado e que, creio, não deverá ter aplicação directa no sector da educação. A Escola não pode ser reduzida aos professores que recebem o salário do patrão Estado; os alunos (pelo menos) fazem parte integrante e de pleno direito dessa mesma Escola e têm (ou deveriam ter) direitos muitíssimo importantes a ser (ou deviam) levados em conta; os direitos dos alunos não podem ser esmagados levianamente pelos direitos profissionais dos outros elementos da Escola. Quando alguns elementos da Escola atropelam tudo pensando só no seu benefício, muito mal estará a Escola e há que repensar o conceito “produtivo”; talvez aqui comece a ter cabimento a gestão vertical que trate os pares (e os ímpares) como nas Escolas privadas e que produzem os resultados de todos conhecidos.
Junho 18, 2013 at 1:03 pm
quando uns têm tudo…outros não têm quase nada….
Junho 18, 2013 at 1:06 pm
Hoje confirmei as minhas suspeitas – no meu mega-agrupamento, muito muito recentemente constituído, os professores da secundária fizeram greve, (excepto 13, número que não assegurava o serviço de exames).
O secretariado fez greve.
Professores dos 1º, 2º e 3ºciclos, acorreram à convocatória, foram fazer substituição e asseguraram o serviço!
A maioria dos professores do 2º e 3º ciclo também fizeram greve mas os exames foram todos feitos.
Hoje ninguém escondia o sentimento de revolta e de vergonha do que se prestaram fazer na “casa” alheia…
Sr. ministro NC, lamento. Em democracia não vale tudo, nomeadamente os meios que utilizou.
Ficou muito mal na fotografia.
Junho 18, 2013 at 1:06 pm
Alberto, começou bem mas foi por aí abaixo ….
Junho 18, 2013 at 1:09 pm
5
Isso pretendia ser um raciocínio airoso? Você acha mesmo que se generalizasse a coisa saía mais barato ao estado, tinha melhor serviço e tal? Porque não funcionou nos outros sectores onde houve privatizações? Porque não funciona onde sempre foi privado? Qual é o modelo civilizacional que defende ao certo? Depois de sabermos isso podemos prescindir da discussão público/privado.
Junho 18, 2013 at 1:10 pm
#5
Isto não tem nada de «visões redutoras» ou de «achismos»; é a lei.
Dura lex sed lex.
O meu filho já mo havia explicado de forma bem clara e simples (meu grande orgulho! fez Direito na Fac. de Direito da Univ. Nova de Lisboa; não numa dessas suspeitas…).
Junho 18, 2013 at 1:11 pm
Quem tirou os alunos e EE do conselho pedagógico? Os mesmos que agora dizem estar a defendê-los.
Junho 18, 2013 at 1:12 pm
#11
Ora, pois…
Bem observado.
Junho 18, 2013 at 1:15 pm
#5
É extraordinário como raramente se lembram de invocar os direitos dos doentes, quando os médicos gozam, também, do seu direito legítimo (passe a redundância) à greve!
Será porque não se atrevem a meter com os srs. Drs. médicos? É mais fácil de o fazer com os srs. Drs. professores, não é?
Junho 18, 2013 at 1:28 pm
#5,
Eu sei que o projecto de muita gente que anda no MEC e na órbita e transformar a lógica de gestão das escolas públicas na lógica privada da exploração ao máximo dos trabalhadores para acumulação de lucro, utilizando os alunos como argumento.
No caso da Educação a lógica é a mesma de todas as greves no sector dos serviços.
O que no seu caso não deve ter sido percebido é que a mão de obra actualmente é predominantemente no terciários e não em unidades fabris oitocentistas.
Junho 18, 2013 at 1:31 pm
#13
Pois… ele há drs e Drs.
Revelador de uma sociedade obscurantista, dominada por preconceitos, teias de aranha, ódios de estimação…
Junho 18, 2013 at 1:39 pm
não adormeçais na forma:
A AEEP (Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo) está neste momento a negociar um novo Contrao Coletivo de Trabalho que muda drasticamente as regras comummnente aceites: Horário de trabalho alargado para 40h; Componente letiva entre as 30 e as 33h; Uma hora letiva corresponderá a um período de 60 m; Criação de um Banco de Horas (200 horas a funcionar durante um ano letivo); Alteração das tabelas salariais; A componente não letiva abrange a realização de trabalho a nível individual e a prestação de trabalho a nível do estabelecimento de ensino (Atividades de apoio educativo; Acompanhamento e apoio aos alunos em espaços não letivos.).
Read more: http://www.arlindovsky.net/2013/06/sobre-o-inquerito/#ixzz2WZSiCeNf
Junho 18, 2013 at 1:40 pm
# 5 # 14
O “conceito produtivo”, pois… Mete-se o porco, saem salsichas.
Junho 18, 2013 at 1:42 pm
Vale a pena espreitar o blogue do Pacheco Pereira e o post que publicou hoje. Genericamente defende que é um erro os professores justificarem a luta pela “defesa da escola pública”, conceito demasiado abstrato para o vulgo, e que não deviam ter vergonha de justificarem a luta por não quererem ser despedidos “apenas porque sim”, isto é, a recusa de que o despedimento se torne trivial, a defesa do valor e da dignidade do trabalho.
http://abrupto.blogspot.pt/2013/06/a-greve-o-que-esta-em-causa-para-o.html
Junho 18, 2013 at 1:44 pm
# 16
Ou seja, já não é missão. É escravização.
Bem diz o Paulo, regresso ao séc. XIX, ou mesmo a tempos mais remotos.
Será que também vão cortar a luz e água canalizada?
Junho 18, 2013 at 1:49 pm
#18,
O que o JPP escreve agora já aqui foi escrito há muito.
A não vergonha em se assumir uma causa corporativa.
Junho 18, 2013 at 1:59 pm
Já lá vão mais de dez anos, ministrava o Cavaco, quando defendia junto de uma advogado de Coimbra que vivíamos num regime de “ditadura democrática”. Não consigo classificar este país de outra forma: o governo é ditador, o povo apenas escolhe qual o ditador que quer, ou que não quer… depende da perspetiva eleitoral.
Junho 18, 2013 at 2:04 pm
O fascínio pelo Cunhal e pelo PCP conhece-se bem, mas esta faceta corporativa do Pacheco Pereira…
Resta saber se o move a convicção ou uma insuportável azia por estes jotinhas.
Junho 18, 2013 at 2:16 pm
Quando só tivermos ensino privado e os pais pagarem a peso de ouro a educação dos filhos ,onde professores não serão livres, mas quase escravos ( salvo raras exceções) aí sim, vão ver os filhos e o salário deles reféns….
E quanto à lei é o que sabemos depende de quem a escreve e de quem a aplica. e lê….
Junho 18, 2013 at 5:35 pm
Há uns dias, a propósito não sei de que post, comentei que me parecia que nem Ministro nem professores se iam sair bem desta greve
Os professores saíram vitoriosos porque conseguiram uma adesão histórica a uma greve (pena é que a aparente união se desmorone quando se leem os comentários, designadamente acerca daqueles que não fizeram greve – fazer greve é um direito, mas não a fazer também o é!). Irá tal ter consequências ao nível de conseguirem o que reividicavam? Dúvido um bocado…Por outro lado, penso que não conseguiram convencer inteiramente a opinião pública – as “pontes” que tentaram fazer com os pais e encarregados de educação, à boca das urnas, começaram tarde e o que está em jogo para os nossos filhos é demasiado importante…
O Ministro também não ficou bem na fotografia, por ter deixado a situação ao ponto a que chegou.
Quem perdeu, claramente, foram os alunos do 12º ano. Numa fase crucial da vida deles, em que muitos lutam pelas notas às décimas para entrarem no curso que escolheram, veem-se envolvidos numa luta em que eles é que apanharam com os estilhaços. O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita e nada do que se possa fazer vai devolver a equidade entre todos que se deveria ter verificado. Na escola do meu filho todas as salas fizeram exame, não houve perturbações externas ( não sei se foram as telefonistas que vigiaram os exames…)(e não, não é um colégio…)- se é justo que ele tenha feito e outros não? Não é! Se seria justo anular o exame? Não seria – seria desdenhar do trabalho deles, dos seus professores, de todos os professores da sua escola que – quer se concorde ou não – proporcionaram aos seus alunos a realização do exame, sem contratempos. Os que irão fazer exame no dia 2 têm mais tempo para se preparar… é justo? Os que já fizeram poderão repetir o exame nessa data? Mas os outros(os do dia 2) não tiveram 2 oportunidades…
Enfim nada é justo… mas é o que temos e quanto mais se mexer, pior.
E quem saiu a ganhar nesta contenda???
É ver o comentário do 5!!! Os “defensores” da liberdade de escolha na Educação, quem quer “privatizar” as escolas – esses estão a esfregar as mãos… que EE não gostou de ouvir aquela professora do Valssassina a dizer que compreendem os colegas mas que ali entenderam que o interesse dos alunos se sobrepunha a tudo o mais… Infelizmente, parece-me que a Escola Pública saíu a perder…
Junho 18, 2013 at 5:40 pm
será mas dia dirão também a continuarem assim as coisas.. olha aqueles que estão para lá do muro nos condomínios de luxo ..sonha filho/a porque é só isso que vais poder fazer sonha….
Junho 18, 2013 at 8:17 pm
Excelente post! Agradecida pela enorme lucidez… eheheh… não é fácil de manter nos dias que correm…