Greve às avaliações: modos de usar
A uma semana do início da greve às avaliações, e quando nalgumas escolas os professores se organizaram e sabem já o que pretendem fazer, noutras as dúvidas, indecisões e receios são ainda bastantes. Decidi por isso alinhar e partilhar algumas ideias, numa parte resultantes da minha própria reflexão pessoal, noutra parte expressão daquilo que, na escola onde trabalho, decidimos fazer.
1. O objectivo da greve à avaliação não é, ao contrário das greves tradicionais, conseguir elevados níveis de adesão individual. O que se pretende não é travar mais uma “guerra de números” com o MEC mas sim impedir o funcionamento dos conselhos de turma, que necessitam da presença de todos os seus membros docentes para atribuir as notas finais aos alunos. Para conseguir esse fim, basta que falte pelo menos um professor a cada reunião.
2. A melhor forma de conseguir o máximo de eficácia desta luta contra a política do governo e ao mesmo tempo minimizar os prejuízos para os professores será, tendo em conta a calendarização das reuniões de cada escola e a composição de cada conselho de turma, encontrar os professores que tenham mais reuniões em cada dia e se disponham a fazer greve.
3. O facto de apenas ser necessário um pequeno número de professores em greve para que esta cumpra o seu objectivo, não deve significar o alheamento dos restantes, nem que os grevistas assumam a sua condição como um “sacrifício”. Fará todo o sentido que os restantes colegas se solidarizem a nível da escola para a constituição de um fundo de greve. Aliás, promover a solidariedade entre a classe é algo de que andamos precisados e é também, seguramente, das coisas que mais temem os governos que têm tomado a classe docente como inimigo e feito da educação campo de batalha. Criar um fundo de greve é também a forma de chamar à participação efectiva nesta luta todos os que se têm “queixado” de não estar abrangidos por ela.
4. Muito mais se poderia acrescentar quanto à forma de concretizar estas e outras acções no âmbito da greve aos exames, mas parece-me que há demasiados pormenores que dependem das especificidades de cada escola e do respectivo corpo docente. É preciso que as pessoas falem de viva voz, confrontem diferentes ideias, posições, formas de agir. Também há que ter presente que este é um espaço de discussão público, maioritariamente frequentado por professores, é certo, mas onde qualquer assessor ministerial pode vir facilmente “tirar ideias”.
5. Importantes para os professores parecem-me ser, acima de tudo, duas coisas: uma, não se isolarem, discutindo e decidindo em conjunto as melhores formas de contribuir para o êxito desta greve, com a qual o governo eventualmente se prepara para “tomar o pulso” aos professores e avaliar até onde pode ir com as suas malfeitorias. Outra, resistir, denunciar e a todo o custo não compactuar com ilegalidades que direcções escolares ou serviços ministeriais venham a sugerir ou a tentar impor aos professores para torpedear esta acção de luta que, ao contrário de outras que se travaram no passado, tem potencial para perturbar seriamente e condicionar a acção futura do governo.
António Duarte
Maio 31, 2013 at 6:47 pm
sangueeeeeeeeeeeeeeee
Maio 31, 2013 at 7:53 pm
Talvez … harakiri?
http://www.profblog.org/2013/05/novos-programas-de-matematica-do-basico.html
Maio 31, 2013 at 7:55 pm
harakiri é continuar com este governo
Maio 31, 2013 at 8:29 pm
#0
Claríssimo.
É pena que não se discuta nas escolas abertamente. Na minha escola não há nenhum esquema montado e quando se toca no assunto, a discussão não tem continuidade!
Hoje, a discussão era sobre as antecipações das datas das reuniões, que habitualmente acontecem. Dizia uma colega, quando nos dá jeito é legal (antes de natal), quando não nos dá jeito é ilegal. E terminou com um “tenham juízo”! Tocou, houve dispersão ………
Era necessário que o pessoal dos sindicatos aparecessem mais nas escolas. Deixou de existir um elo de ligação, ou pior, ninguém quer nada com eles!
E, na minha opinião, a genica inicial está a esmorecer. Temo até que isto não dê em nada, ou pior, que saiamos de cabeça baixa.
Oxalá não tenha razão.
Maio 31, 2013 at 8:31 pm
#4 a tua escola é muito diferente das outras
Maio 31, 2013 at 8:35 pm
Concordo, António.
Maio 31, 2013 at 8:36 pm
#5, neste caso, ainda bem 🙂
Maio 31, 2013 at 9:10 pm
Subscrevo!
Maio 31, 2013 at 9:17 pm
De acordo. O problema é encontrar, em cada escola, colegas disponíveis para “colocar a sineta na pescoço do gato”.
Uns, estão cansados de guerras antigas; outros foram delegados sindicais, fartaram-se de “levar porrada” e cruzaram os braços; outros desistiram de andar nos “cornos do boi”; outros….ainda vão tentando.
Esperemos que a coisa pegue. Na minha escola, ou ninguém alinha ou pára tudo. Vou tentar convencer o meu eu de outros tempos e agitar as águas. Vou tentar….não prometo.
Maio 31, 2013 at 10:31 pm
Na minha escola também não há qualquer mobilização. Hoje sondei alguns colegas e, para minha surpresa, os que têm mais a perder foram os que me responderam logo que não iam aderir!!!
Outros puseram a tónica no interesse dos alunos e famílias, que a opinião pública vai estar contra nós, etc. etc. Bom, ainda faltam uns dias, vamos esperar para ver a evolução de tudo isto.
Maio 31, 2013 at 10:53 pm
Em completo acordo com o António Duarte.
E sublinho o último ponto: não nos deixemos isolar, usemos a cabeça, que é o nosso métier, e o pensar no (e com) outro, que é nossa característica.
Maio 31, 2013 at 11:26 pm
Concordo com o António Duarte e até já partilhei no Facebook (eu sei que ele não frequenta aqueles sítios, mas andam por lá muitos professores).
Na minha escola, até com alguma surpresa minha, já está tudo praticamente confirmado para que a greve às avaliações seja um sucesso. Está feita uma escala e garantida a falta de um professor a cada reunião. O fundo de greve também está acordado, só que ainda não se decidiu bem como operacionalizar isso. À manifestação deveremos ir muitos, apesar das centenas de quilómetros. Relativamente aos exames, ainda aguardamos desenvolvimentos. Para a próxima semana reuniremos de novo e logo acertaremos mais umas pontas.
Sei de outras escolas que, por cá pelo Norte, se estão a organizar também e, parece-me que, apesar de aparentemente andarmos todos bastante desanimados, está a renascer uma vontade forte de lutar. A ver vamos…
Junho 1, 2013 at 1:49 am
Tal como #0 e #12 referem, também já nos organizámos e para a semana vai haver novo encontro para apontar as baterias para 17. Uma vez que não temos exames, a aposta está na repetição da “organização” para as reuniões desse dia. O fundo de greve está assinado por praticamente toda a gente, há um número reduzido a garantir, portanto, os “custos” vão ser baixos. Penso que, mais do que entrar numa guerra de números, interessa “travar” e “baralhar” os esquemas, a tal guerrilha cirúrgica consequente como já alguém disse por aqui. Estamos conscientes de que seremos nós quem mais vai arcar com esta “desorganização”, mas não podemos continuar a deixar avançar o que nunca deveria ter começado.
Figas para tod@s!!!
Junho 1, 2013 at 2:09 am
No meu agrupamento todo não se fará nem um conselho de turma. Também organizámos um fundo e estamos já a planear a logística para a ida a Lisboa, no dia 15 – objectivo – uma escola, uma camioneta. 🙂
Boas lutas. A união faz a força!
Junho 1, 2013 at 2:58 am
Já dei para este peditório nos anos 80 e lembro-me bem dos resultados.
Junho 1, 2013 at 11:13 am
Na MINHA escola… NÃO EXISTIRÃO REUNIÕES PURA E SIMPLESMENTE.
Está tudo organizado por forma a que assim aconteça!
Para dia 17 tenho uma dúvida…
Mesmo com req. cívil (e veremos o que são os serviços mínimos para uma área em que não estão previstos…) umas dúvidas me surgem…
A) um professor em greve a vigiar exames terá que assinar documentação?
B) Se todos estiverem em greve (mesmo a direção) quem decreta quem vigia o q e em que sala?
É que há quem pense que TODOS os diretores e direções estão do lado do governo… mas sei de várias que não!
Junho 1, 2013 at 12:28 pm
Fico satisfeito ao ver, pelos vários testemunhos de quem foi comentando a este texto, que já há muitas escolas onde a organização da greve às avaliações está em marcha.
A ideia também é essa, contribuir para que todos os que resistem e não desistem perante o que parece ser o maior ataque de sempre à nossa profissão sintam que não estão isolados, e que por todo o país nos vamos preparando para lhes fazer frente.
E ao mesmo tempo incentivar os outros, os que ainda não se organizaram, para que se juntem à luta…
Junho 1, 2013 at 1:12 pm
Alguns pensam nas férias, mas com o atraso das reuniões relativamente ao novo ano lectivo entre Direcções e Ministério avizinha-se coisa má.
Eles querem-nos adormecidos nas férias para depois nos saltarem cima, tipo inimigo na calada da noite.
O Pessoal ou deixa de pensar nas férias e acorda ou pode ficar ETERNAMENTE em férias.
Junho 1, 2013 at 2:02 pm
Na minha Escola vamos tentar fazer a greve por turnos, de modo a que só lá para julho apareçam as notas dos alunos; há gente a fazer a lista de quem faz greve e estamos a tentar fazer um fundo financeiro para apoio aos participantes da greve. Quanto à greve aos exames, tenho mais dúvidas, depois do que se passou no 1º ano da Milu…