Isto não é a troika, é uma vendetta particular, de quem usa o aparelho de Estado com intuitos de eugenia social e profissional.
É indispensável reagir com intensidade semelhante, porque a guerra foi declarada e parece não ter quartel.
Salários caíram 16,1% no último trimestre de 2012
(…)
O INE afirma que a redução dos custos com os salários no quarto trimestre de 2012 resulta, por um lado, da queda de 17% dos custos médios com o trabalho, mas também da redução de 2,4% do número de horas efectivamente trabalhadas.
A queda nos custos de trabalho notou-se particularmente na Administração Pública e Defesa, em que caíram 28,4% só no último trimestre de 2012. O sector da educação é o segundo mais afectado, sofrendo a segunda maior quebra, de 25% do custo do trabalho.
Só quatro das 18 áreas de trabalho consideradas pelo INE é que escaparam à redução nos custos de trabalho. Nas áreas ligadas às actividades financeiras, aos serviços administrativos, às actividades artísticas e ao sector do aquecimento e electricidade os custos com o trabalho aumentaram.
Excluindo a Administração Pública, os custos com o trabalho caíram apenas 5,7% e não os 14,9% globais. Fora ainda do sector do Estado, as maiores quedas no custo do trabalho sentiram-se no Norte e Centro, onde o índice do INE caiu 11,4% e 9%. Só o Alentejo escapou às quedas.
Fevereiro 15, 2013 at 4:42 pm
Brutal, eu que julgava poder fazer uma biblioteca decente de ciências humanas. Eu que julgava não assistir mais, ou pressentir mais, que ao meu lado (numa geografia variável e generosa em extensão) alguém passa fome. Eu que julgava que os meus filhos podiam ter orgulho (moderado, sem patrioteira) em ser portugueses. Eu…
Fevereiro 15, 2013 at 5:05 pm
Ah! Será que vamos, finalmente, passar das lamentações no Muro (ou no Umbigo, desculpem lá a franqueza) para as ações?…
Tem que se compreender, e interiorizar e exteriorizar, que, face a esta guerra declarada (a “luta de classes” ao pé disto parece brincadeira), se tem que responder com força e sem rodeios.
Dizem alguns que “não se pode querer tudo”. Mas quando se está tão próximo de perder quase tudo, pode querer-se o quê?!
Ainda ontem chamava a atenção para a puerilidade tática, e que, pior do que isso, para o erro estratégico que é, com a melhor das intenções, não se discute, estar a apresentar propostas sobre “cargas horárias/lectivas”, quando os professores estão com um pé no pescoço, com as carreiras destroçadas e o seu horizonte de expectativas e de realização pessoal (também conta, apesar de esquecida) completamente fechado (isto para os que ainda ficaram, os que saíram foram já imolados, saibam-no ou não), e se deixaram conduzir a uma posição de inferioridade que o que poderá provocar no MEC é, quando muito, comiseração e dó e jamais vontade de negociar.
Meus caros: NÃO SE NEGOCEIA COM UM INTERLOCUTOR INFERIORIZADO, IMPÕE-SE.
Os professores vão ficar a lamentar-se eternamente da “traição dos sinidicatos” (ainda não perceberam que isso, agarrar-se a esse momento e dar-lhe tão exclusiva importância, acaba por ser a pior vitória que podiam conceder aos sindicatos?), a comprazer-se a lamber as suas feridas?…
Fevereiro 15, 2013 at 5:29 pm
somos governados à 30 anos por pulhas.
Fevereiro 15, 2013 at 5:39 pm
Fevereiro 15, 2013 at 6:28 pm
#4
Sem amálgamas, temos pouco a ver com a Argentina, em primeiro, e talvez sobretudo, porque estamos na Europa, em segundo porque a continuação do processo argentino, numa esquerda nacionalista e criadora de uma neo-classe dominante, não resolveu grande coisa.
Fevereiro 15, 2013 at 6:50 pm
A ausência de comentários/reações neste post, em contraste com a catadupa no que discutia as cargas letivas/horárias (ou nos que falam dos fait divers), é o melhor e mais significativo dos comentários…
VENHAM, PASSOS COELHO E CRATO, E FAÇAM O QUE QUISEREM!
COITADOS DE NÓS!
Fevereiro 15, 2013 at 6:53 pm
#6,
Já pensou controlar-se um pouco e reparar que ontem o post foi colocado depois do horário laboral e este foi colocado pouco depois das 3 da tarde?
Fevereiro 15, 2013 at 8:00 pm
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/funcao_publica/detalhe/metade_dos_trabalhadores_que_sairam_do_estado_em_2012_sao_professores.html
Fevereiro 15, 2013 at 8:24 pm
E em relação às pensões a quebra também foi enorme. Também surgiu nas notícias de hoje!
Queremos o divórcio! É um caso nitido de violência “doméstica”!
Ladrões! 👿
Fevereiro 15, 2013 at 8:30 pm
#7
Exacto… agora temos outro a controlar-nos os comentários?
Se quiser arranjo já uma meia dúzia de comentários neste post, para ficar contente.~
E há pessoas que estão tão danadas e descontentes com a situação que reagem não querendo falar desta coelheira e nem encontram forças ou palavras para comentar! 😦
Eu por acaso sou dos que acho que devemos protestar e reagir de todas as formas em vez de enterrar a cabeça na areia, mas respeito quem o faz. A opressão e o medo já são mais que a dose… 😦
Muita gente chegando a casa nem viu este post(e estarão muitos a jantar ainda). Só os que percorrem a página do “Umbigo”.
Fevereiro 15, 2013 at 8:31 pm
Vou usar o truque da caneta…. Ora vejamos….
Fevereiro 15, 2013 at 8:31 pm
…. 12 … só falta um… e…
Fevereiro 15, 2013 at 8:31 pm
TREZE! 😀
Fevereiro 15, 2013 at 8:32 pm
Então, ficou mais cheinha,a caixa de comentários deste post?
Fevereiro 15, 2013 at 8:32 pm
o banco alimentar tratar de nós não se preocupem…temos de aguentar..é a vontade de deus…temos de carregar a nossa cruz…aguentamos meio século de ditadura está-nos na pele…
Fevereiro 15, 2013 at 8:42 pm
Niguém quer controlar ninguém nem os seus comentários.
Deixem-se é de tretas! E de se enganar a vocês próprios!
A questão é esta, gostem ou não:
Os professores vão ficar a lamentar-se eternamente da “traição dos sinidicatos” (ainda não perceberam que isso, agarrar-se a esse momento e dar-lhe tão exclusiva importância, acaba por ser a pior vitória que podiam conceder aos sindicatos?), a comprazer-se a lamber as suas feridas?…
Meus caros: NINGUÉM NEGOCEIA COM UM INTERLOCUTOR INFERIORIZADO, IMPÕE-LHE!
Fevereiro 15, 2013 at 9:38 pm
#16,
Vai-me desculpar uns quantos reparos.
1) Mais inferiorizado do que os sindicatos que assinaram acordos, entendimentos e coisas afins é difícil encontrar.
2) Tenho dificuldade em levar lições de coragem de quem nem sequer se assume como pessoa de nome próprio.
3) Não percebo a sua posição sobre o que deveremos fazer. Ficar imóveis ou chamar “branquelas” ao Crato? Exigir exactamente o quê?
Fevereiro 15, 2013 at 9:46 pm
#15
Mas até Jesus, da única vez que se enervou mais e desatou à pancada foi para expulsar os vendilhões do templo, os que faziam negócio e dinheiro desrespeitoso à sombra do que considerava mais sagrado.
Estes desrespeitam e cospem na na Constituição e ainda não foram corridos! 😦
Fevereiro 15, 2013 at 10:22 pm
#17
Não se pretende dar lições de moral a quem quer que seja (e muito menos a si), mas de expressar o espanto e a consternação perante a acomodação e a inação da classe com maior formação superior no país perante o mais brutal e concertado ataque à sua situação e estatuto.
Esse argumento contra os sindicatos, desculpe lá, já o usei eu também aqui ontem:
“O ponto essencial é este: não se consegue negociar a partir de uma posição de fraqueza assumida ou de desvantagem estratégica.
Os sindicatos claudicam exatamente também por esse motivo.
Toda a gente sabe, e os ME ainda melhor, que eles querem apenas manter a sua posição institucional de negociadores e representantes oficiais. A sua ambição não vai além disso: dê-se-lhe um acordo, isto é, reconheça-se-lhes importância, e eles assinam logo!”
O problema está, precisamente, em que os professores ficaram, primeiro, reféns dos sindicatos, como que parados no tempo, prisioneiros da sua “traição” (que o Acordo objectivamente foi) e, depois, também reféns de si próprios, quando se vitimizam e desculpam incessantemente, eternamente por isso.
Quanto a propostas de formas de luta, não é preciso grandes invenções ou extraordinárias originalidades nessa matéria.
Basta, por exemplo, ver o que alguns comentadores como o Fapas e a Teresa Antunes têm aqui sugerido, formas de luta por dentro do sistema, uma espécie de greves de zelo, mas sem os obstáculo legais inerentes, que seriam eficazes por fazerem sentir aos alunos e às famílias o quão prejudicial para todos, e não apenas para os professores, é esta política educativa.
Sejamos francos, Paulo: o que falta mesmo é VONTADE para lutar!
AGUENTAM, AI SE AGUENTAM!
Fevereiro 15, 2013 at 10:23 pm
Quanto ao nº de comentários e ao interesse que o post suscitou…
Fevereiro 15, 2013 at 10:26 pm
Já tinha colocado num post lá de baixo, mas aqui fica outra vez, para enfatizar a ideia certeira de «vendetta particular»:
“Mais de 28 mil trabalhadores abandonaram a Função Pública em 2012, anunciou o Ministério das Finanças, que indicou que 15500 destes funcionários deixaram o Ministério da Educação.
Ainda segundo o ministério liderado por Vítor Gaspar, o setor das Administrações Públicas mais do que duplicou a meta de cortes definida com a troika, ao reduzir o número de funcionários para menos de 584 mil.”
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3056013
Fevereiro 15, 2013 at 10:28 pm
#19,
Há muito que descreio de formas “colectivas” de luta que não resultem de imperativos individuais que se juntam numa vontade forte.
Mas não sei quanto duram e resistem.
Sinto renascer alguma fúria, mas ainda vejo muito medo e mansidão.
Não sei o que isto dará. Portugu~es suave ou explosão?
Ainda não sei.
Mas não receio a explosão.
Fevereiro 15, 2013 at 10:50 pm
#19
Compreendo o seu ponto de vista e subscrevo, no essencial, o que você diz, bica.
Poderia, para ser politicamente mais correcto, invocar a nossa “resiliência profissional”, mas o que é facto é que os zecos aguentam e vão aguentar por tempo indefinido esta situação desastrosa.
Só espero que a mim, ao Paulo, à Teresa e a outros não falte a paciência e o ânimo para não desistirmos de elevar a nossa voz contra o “inevitável”…
Fevereiro 15, 2013 at 10:55 pm
Olhem esta do negócios…
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/funcao_publica/detalhe/funcionarios_publicos_ganharam_em_media_1595_euros_por_mes_em_2012.html
Fevereiro 15, 2013 at 11:14 pm
Julgo perceber a argumentação do/a Bica, que não anda longe de algumas ideias que também já por aqui tenho defendido.
De facto o Paulo Guinote é muito eficaz a detectar e a apontar o dedo aos erros, às insuficiências, às contradições dos sindicatos e federações de professores. Exagerando por vezes, na minha opinião, outras nem tanto, mas a questão principal nem é essa.
Essencial é perceber que os sindicatos são emanações e representações dos professores e como tal representam a classe também nos seus receios, nas suas hesitações, nas suas incongruências.
Podemos criticar quem passa uma vida profissional quase inteira destacado no sindicato. Mas a partir do momento em que eles, pelo seu pé, não saem, e quem critica também não gostaria de estar no lugar deles, muito menos de ter de lhes conquistar o lugar, ou abrir novo estabelecimento e fazer-lhes concorrência, penso que está quase tudo dito.
A crítica, ou antes a forma como se critica, também pode ser um poderoso impulso para um acantonamento de posições que só prejudica a classe no seu todo. Para dividir em vez de unir. Para enfraquecer a posição negocial de quem, bem ou mal, representa a classe, perante o adversário político que se apresenta na dupla condição de governo/patrão e, num quadro político mais amplo, na tripla condição de maioria/governo/presidente…