Para uns seria sempre um sucesso e uma vitória dos trabalhadores, para os outros seria sempre uma manifestação legítima e compreensível de insatisfação mas que nada mudava.
Só que, desta vez, os números foram mesmo confortáveis para ambas as partes. A Fenprof porque os números foram acima do que costumam ser as suas manifestações-base (c. 25.000), com ou sem bloqueios na auto-estrada. O MEC e o Governo porque podem sempre apontar que foram menos de metade de outrora.
Entalados no meio dos actores? Os do costume, tenham ido, tenham ficado ou tenham sido bloqueados.
A manifestação de professores nos noticiários dos 3 canais
Janeiro 27, 2013 at 9:57 am
Tanta preocupação com os números!
O que interessa reflectir é o que se retirou de positivo desta manifestação. Qual a imagem que ficou para a opinião pública? Penso que a de uma manifestação excessivamente “colada” aos interesses político-partidários da CGTP e do PCP. Arménio Carlos bem que poderia ter ficado calado, assim como aquele sindicalista argentino tão ao estilo cubano! Quanto a Mário Nogueira não há novidades: é a cassete habitual dos vigaristas, bandidos e outros impropérios. Quanto a alternativas, nada…
Para a próxima ponham a falar professores que realmente dão aulas e sabem do que se passa nas escolas!
Janeiro 27, 2013 at 10:01 am
tanta preocupação com os números’
Vindo de quem vem… o grande defensor e demonstrador dos 14% de redução de alunos do ministro Crato, deve ser anedota.
Janeiro 27, 2013 at 10:07 am
Se forem como o Pedro sabem mais de accountability do que alunos…
http://bulimunda.wordpress.com/2013/01/27/a-esterilidade-do-odio-e-e-algo-que-anda-muito-por-ai-latente-a-espera-de-explodir/
Janeiro 27, 2013 at 10:08 am
QUANTO A ALTERNATIVAS DO OUTRO LADO É SÓ UMA CORTAR CORTAR CORTAR CORTAR…SEJA O QUE FOR…CORTE-SE..
Janeiro 27, 2013 at 10:16 am
http://bulimunda.wordpress.com/2013/01/27/a-espera-dos-barbaros/
Janeiro 27, 2013 at 10:46 am
“Para a próxima ponham a falar professores que realmente dão aulas e sabem do que se passa nas escolas!”
Estavam lá muitos desses. A esmagadora maioria até. A opinião pública está inquinada por ums m3rdi4 mercado-orgamásticos. Até a coisa correr para o torto de vez.
Estive lá também a acompanhar a minha esposa e não só. A representar também os do superior que foram “corridos”. E vi também alguns investigadores, pela primeira vez. Se um dia a manif incluir bolseiros, profs convivas et al, ai é que o Crato torce o rabo de vez.
Para mim estou pouco me borrifando para as questões de politiquice arménias e pcps. A direita austerradora não esconde ao que vai, não se importa de usar todos os meios ao seu alcance para conseguir os seus objectivos. Não se encolhe com amizades de conveniência e até as estimula até que as deixe de lado quando tiver o que pretende.
Porque é que os professores se sentem incomodados por estas questões terceiras? It’s a war out there, it’s more important what we have in common than what we have in different manner
Janeiro 27, 2013 at 10:48 am
Dos “40000” do costume deverão ter sido metade ou um pouco mais. Nada impede que a entidade promotora refira 100000 ou 200000, o que disser os media repetem.
Voltando aos “40000”, quantos destes eram reformados de serviço? e ex? e controleiros/funcionários do partido?
Janeiro 27, 2013 at 10:48 am
Não esteve mal…
Contava com menos.
Na merenda, manhã e regresso, a malta que levou umas garrafitas de tinto era mais “pró-Fenprof”. Do lado do pessoal da FNE (grupo significativo) e “desempregados sindicais” – o meu caso – apareceram as pataniscas, os panadinhos e os salgadinhos. O presunto também apareceu, mas não identifiquei a fonte.
Na manif e no rescaldo a união do grupo manteve-se, no essencial, pese algumas pequenas “divergências processuais”.
Moral da história: Suficiente +.
Minutos antes da meia noite e 750 Km depois, estávamos em casa. A recolha de donativos para ajudar a pagar o transporte também não esteve mal.
Janeiro 27, 2013 at 10:50 am
Quanto aos números e sabendo que a classe etária sub-35 foi corrida do sistema ou já só sente o sistema como operadores párias de calleducation-center, já se sabe que são sempre inferiores ao passado recente. Aliás, uma boa parte da estratégia também reside aí, quer pelo lado das reformas antecipadores, quer pelo lado da supressão dos contratados. Desmobilização para desbravação.
O problema dos defensores acérrimos anti-manifs ou anti-greves ou anti-anti é que ainda não se aperceberam que já comeram o hamburguer contaminado. E só saberão isso quando for tarde demais.
Janeiro 27, 2013 at 10:57 am
#8
Não concordo com o Suf +. dar-lhe-ia Bom.
#7
jp, tem toda a razão. Eu, por exemplo, sou controleira do partido, dou aulas só para registar quem são os idiotas e, logo que a esquerda esteja no poder, mandá-los a todos para o raio que os parta.
(ponha-se a pau, estou aqui a sacar a sua identidade…)
Janeiro 27, 2013 at 10:57 am
Ai, que gira que estou…
Janeiro 27, 2013 at 10:58 am
só mais um.
Janeiro 27, 2013 at 10:58 am
13
Janeiro 27, 2013 at 11:01 am
#9,
Essa metáfora do “hamburguer” é para disfarçar a das “pizzas”?
🙂
Há uma diferença entre não ser praticante devoto e ser anti.
Por exemplo: não sou cristão, mas não me custa entrar numa Igreja e respeitar os que lá estão.
Outra é querer demolir as igrejas e lançar os crentes aos leões.
enquanto isso não for percebido…
Janeiro 27, 2013 at 11:09 am
“Outra é querer demolir as igrejas e lançar os crentes aos leões.”
Yep, isso tem acontecido infelizmente. Mas os tempos não estão para brincadeiras. Daí a minha “revolta” anti-anti-revolta.
E o que me têm surrurrado aos ouvidinhos(uns laranjinhas ex-colegas de curso que, apesar de não pertencerem ao núcleo duro relvocoelhitogaspassos, vão sabendo das tácticas) deixam-me bastante pessimista e muito preocupado.
Digamos que, se os professores não se prepararem para a guerra(e escrevo isto sem aspas), vai ser tarde demais.
Janeiro 27, 2013 at 11:11 am
Por que se perde tanto tempo a maldizer os anti-manifestação e tão pouco a compreender as razões que os afastaram da Igreja sindicalista?
Janeiro 27, 2013 at 11:11 am
No presente contexto fez todo o sentido a presença e a mensagem do sindicalista argentino. Para quem quiser inteirar-se sobre o que aconteceu na Argentina – e que está a repetir-se por cá – aqui fica o link para verem o filme “Memórias do Saque, 2003”
Concordo que tenha havido uma excessiva colagem aos interesses partidários, mas também sei que é essa a imagem que o governo quer que passe, nem que seja preciso fabricar coisas que não aconteceram, como dar-se conta num bloco noticioso (Renascença, noite de 26-01-2013) da presença do Jerónimo de Sousa.
Quanto ao discurso do Nogueira penso que esteve muito bem e foi assertivo no modo como catalogou os farsantes que nos vêm (des)governando.
Neste PREC (processo reaccionário em curso) os números e os actores serão a expressão possível das reacções a acções tão violentamente empreendidas por um governo tão desqualificado, tão pouco corajoso e tão sem ética.
Alternativas, estamos fartos de saber que existem. Lembrando um cartaz que apareceu ontem na manif. “Inevitável é a tua tia, pá!”.
Bom domingo para todos.
Janeiro 27, 2013 at 11:12 am
#6 Pode ser coincidência, mas é curioso que, pela primeira vez, vi professores do superior.
Como já disse a enviada especial, Caneta, os que não foram fizeram falta.
Como também já alguém disse, para fazerem um cálculo apurado sobre quantos estavam no Rossio, deveriam averiguar as tascas nas ruas adjacentes, após o Arménio começar a falar.
Como sindicalizada que sou, reivindicarei junto dos dirigentes a não presença de Arménio em futuras actividades de professores.
Janeiro 27, 2013 at 11:15 am
Bien, je m’en vais.
Bon dimanche a tous.
Deixo a banda sonora do dia
Saravá
Janeiro 27, 2013 at 11:21 am
E, ao contrário do que muitos afirmam, os porcos não eram porcos fascistas, eram enviados controleiros do partido, estavam lá para, posteriormente, os camaradas poderem afirmar com propriedade, que não havia mais profes por causa do acidente. Sei-o de fonte segura.
Janeiro 27, 2013 at 11:24 am
#10
Atendendo ao recurso da caneta e depois de reunido o conselho da “coisa” cá de casa poderei e altero o suficiente +, para bom.
Assina; o controleiro, o velho e outras coisas.
PS – O momento mais pesado da jornada de luta foi ter que ouvir, ao longo do percurso, o direto do Benfica – Braga….
Janeiro 27, 2013 at 11:34 am
Tenho uma amiga (controleira do partido) que está em Davos, a tirar fotos com o príncipe da Dinamarca -só cá entre nós, nem é nada de especial mas ela afirma o contrário- e, então correu-me que a próxima manifestação poderia ser em Davos, mesmo sem príncipe.
Janeiro 27, 2013 at 11:37 am
acho uma aberração que o Estado continue a gastar dinheiro com as ESE’s (e com os departamentos para formação de educadoras de infância que funcionam em univs!), para formação de profs do ensino básico que vão para o desemprego, quando o sector privado pode fazer exactamente o mesmo (pois as matérias leccionadas são mais ou menos básicas, para não ser demasiado desagradável, não havendo necessidade de grande “crâneos” para as ensinar), sem custos ou com custos muito reduzidos para o Estado! Trata-se de um desperdício absurdo e indecente.
Janeiro 27, 2013 at 11:41 am
Não foram os professores que desistiram dos sindicatos. Os sindicatos é que desistiram dos professores.
E já se ouve nos corredores, à boca pequena, que também os sindicatos estão “a prazo”.
Janeiro 27, 2013 at 12:24 pm
#0
A única organização que pode garantir a exactidão do número de participantes é a maratona de lisboa que atribui dorsais mediante inscrição.
Todos os outros cálculos são baseados no olhómetro e na conveniencia de atirar para o ar um número maior ou menor.
De qualquer modo, o meu olhómetro do helicóptero da RTP regista que os 20 mil participantes da maratona ocupam toda a extensão da travessia da ponte, todo o garrafão e ainda há pessoas junto à ponte do Pragal. E aqui não existe “gestão dos espaços”, porque os corredores estão compactos na medida do possível, pois querem chegar-se à frente.
Esta é a minha única referência séria para comparar multidões por bitaite, palpite ou achismo.
A partir daqui, ponho-me a comparar os espaços do Terreiro do paço, da Avenida da Liberdade, da praça do Rossio, da Avenida de Berna e Praça de Espanha, dou os descontos aos espaços técnicos e clareiras tapadas com muitas bandeiras e cheguei às minhas conclusões.
Janeiro 27, 2013 at 12:32 pm
A Fenprof e a FNE têm ligações partidárias é um facto. Também é um facto que aproveitam as manifestações e lutas dos professores para dar visibilidade às orientações dos respectivos partidos (mais a Fenprof). Mas ONDE ESTÃO os OUTROS sindicatos de professores? O que têm feito? Bem ou mal, a Fenprof é a única que tem tentado mobilizar os professores. Dos outros, só se ouve o silêncio.
Janeiro 27, 2013 at 12:35 pm
Rescaldo de um dia em cheio:
1. Grande manifestação dos professores que não desistem, nem pactuam com os que estão a destruir a Escola Pública
2. Vitória do Benfica
3. Para acabar o dia em beleza, uma forte crise de fígado do idiota capacho do Passos que vai ficar semanas a destilar ´odio contra os sindicatos
Janeiro 27, 2013 at 12:53 pm
Pois eu acho que há pessoas que não vão às manifestações porque não podem. Uns porque têm filhos pequenos, outros porque não querem, outros porque não podem gastar dinheiro, por pouco que seja, outros porque não gostam de multidões, outros porque não se revêem… Cada um sabe de si e eu respeito.
O demónio são aqueles que, mesmo indo às manifestações, apunhalam, a torto e a direito, os colegas. Não olham a meios para atingir os fins, ultrapassam todos, vão, pela calada do dia, entregar OIs, deixam nas actas declarações que prejudicam os outros…
Janeiro 27, 2013 at 12:55 pm
Deixem-me louvar, mais uma vez, todos aqueles que vieram de longe e abdicaram do seu repouso. Tenho muita admiração por vocês.
Janeiro 27, 2013 at 1:58 pm
Resultados da manifestação já se notam.
“Governo baixa salários na Função Pública
Cortes salariais temporários devem passar a definitivos.”
Para ler no CM
Janeiro 27, 2013 at 2:07 pm
Eu compreendo todos os que se afastaram dos sindicatos (e que se calhar também nunca lhes foram muito próximos)….eu próprio estive em reunião geral de professores, depois do acordo das Pizzas, onde o acordo foi quase unanimemente condenado, mas o que aí vem é de uma gravidade tal, que, tal como aconteceu durante a 2ª guerra mundial, as alianças mais improváveis são necessárias.
Pessoalmente sinto um sabor agridoce, por um lado de missão cumprida, a título individual, por outro claramente insuficiente a título coletivo.
Como disse anteriormente, este era o momento chave, pois ainda não foram anunciadas medidas concretas.
Por outro lado, durante o consulado de MLR, na 1ª manifestação convocada por vários sindicatos (incluindo o meu) estivemos 5000 em frente ao ministério, e depois quando foram avançadas as medidas em concreto foi o que se viu….
Temo é que desta vez seja tarde de mais…
Janeiro 27, 2013 at 2:14 pm
Eu estive lá, mesmo quase, quase no meio dos porcos. Não quero que me apanhem a dormir!
Janeiro 27, 2013 at 2:26 pm
2013 01 26 manifestação de professores RTP SIC TVI
Janeiro 27, 2013 at 2:28 pm
Também lá estive. Concordo com muitas das apreciações do Alt e da Caneta.
Impressionante o facto de não se verem muitos professores “jovens” – já foram aniquilados, já não se devem sentir parte – até os compreendo. E lamento.
Depois, mesmo não me agradando certas agendas politiqueiras sindicais, mesmo não agarrando a bandeira, sinto que devo estar lá. Porque não quero sentir que baixei os braços, que me deixo contaminar pelo fel, interno e externo.
Deveríamos estar todos. O que se avizinha é calamitoso: deveríamos expulsar estes fulanos. E rápido.
No nosso caso, chegámos a Braga às 2.30… tivemos porcos à entrada (no nosso caso, como estávamos bem à frente, só ficámos meia hora em fila e passámos antes do bloqueio) e à saída 😉 Confirmado, prefiro os da Bairrada.
Janeiro 27, 2013 at 2:37 pm
#26
Alguns dos outros sindicatos não podem lembrar a toda a hora as filiações partidárias. Seria um contra-senso, um paradoxo sindicalista… Os incestos estão lá, com os dentes a cair de podres.
Agora, se querem representantes menos descamisados mentais, comecem por dar o exemplo – ao contrário do que dizem, o exemplo vem sempre de baixo! Da maneira que as coisas andam, o silêncio parece assustar mais do que os cânticos.
Janeiro 27, 2013 at 2:37 pm
#28 Caneta, está dito.
Janeiro 27, 2013 at 2:43 pm
Com sindicatos coladfos a partidos políticos não vamos lá.
Eu estive lá, mas penso que não teve o impacto que deveria…
Janeiro 27, 2013 at 2:45 pm
Nem uma palavra para o drama individual de cada porco, agonizante, abreviado o tempo da matança certa. Imaginem se fossem coelhos!
Por mim, os sobreviventes poderiam ter ido à manifestação, tal foi o seu valor metafórico da matança anunciada.
Janeiro 27, 2013 at 2:46 pm
Ir a uma manif porque não se tem melhor proposta é como pedir a um aluno que faça palavras cruzadas porque ele não sabe resolver equações.
Janeiro 27, 2013 at 3:28 pm
Ou então…
Como já há tantos que sabem resolver equações ( ie, logarítmicas e exponenciais) o melhor mesmo, para espairecer, é ir a manifestações! 😀
Janeiro 27, 2013 at 3:29 pm
CREA, não percebo o que quer dizer….propostas há muitas, exequíveis muito menos, e com impacto político-mediático ainda menos….
E acredite que se for impossível de todo que o aluno resolva equações, é muito melhor que resolva palavras cruzadas do que não fazer nada…
Desenvolve as capacidades que tem…
Mas se tem propostas concretas pode apresentá-las…
Janeiro 27, 2013 at 3:34 pm
Pois,essa é a parte mais difícil… o melhor, é chamar o tal aluno!
Ou,enquanto se espera,rever o jogo do SLB
Janeiro 27, 2013 at 3:35 pm
Respeitando todas as opiniões, vou reservando a minha, exactamente por causa das alianças menos prováveis que já vi serem feitas.
Por outro lado, se quem está fora dos sindicatos não pode falar do seu funcionamento, poderão os controleiros de serviço falar sobre as pessoas que decidem não ter amarras?
Por mim, não me incomodo de negociar o meu contrato, prescindindo dos inestimáveis serviços negociais do Mário e do João, ex-professores e sindicalistas profissionais.
Janeiro 27, 2013 at 3:39 pm
O que é certo é que não se têm visto nenhuma iniciativa vinda de outros sectores!
Janeiro 27, 2013 at 3:41 pm
“tem”
Janeiro 27, 2013 at 3:45 pm
Janeiro 27, 2013 at 3:51 pm
Já temos aqui, pelo menos 2 a desvalorizar a iniciativa. Um até é professor, ou uma espécie…O outro, nem professor é, não faz uma ideia do que é ser professor…. e vem aqui, inflamado, deixar postas de arengue podre.
A inveja é uma coisinha muito triste…
Janeiro 27, 2013 at 3:53 pm
#27,
O teu ganir já nem me desperta a vontade de uma pisadela nos calos. Passei a ter pena da tua obsessão personalizada. Já te disse que não sou dado ao homo-erotismo. Dedica-te ao chico.
Janeiro 27, 2013 at 3:56 pm
A manifestação decorreu conforme o figurino que lhe estava destinado – PCP, INTER e comparsas a procurarem capitalizar a onda do descontentamento -, até porque os sindicatos e os “lutadores oficiais” não gostam de surpresas. Ou não constituissem a rotina e a previsibiliade, precisamente, o seu quadro referencial. Por aqui não vale a pena insistir: nada de novo.
Agora o que se deve ter em consideração é que, mesmo sabendo daqueles riscos de instrumentalização, é bem preferível esse e todos os gestos públicos de descontentamento – e por isso políticos, desde logo – do que a paz cemiterial e podre do “grande consenso nacional” que o governo pretende para assistir à sua campanha de empobrecimento estrutural (“reformas estruturais”, no jargão ideológico oficial) do país, e que “os privilegiados que vêm para a rua” tão desagradavelmente insistem em perturbar.
Creio que é isso que, hoje, deve ser sobretudo salientado e valorizado, deixando para o aparelho de spin governamental os destaques para o lado incidental e de guerrilha ideológica deste acontecimento político que foi, de facto e em todos os sentidos, a manifestação dos professores.
Janeiro 27, 2013 at 4:00 pm
😉
Onde a luta se faz todos os dias é na escola onde cada um trabalha.
Aí se pode ver que a escravização das pessoas avança e os que continuam a resistir se sentem cada vez mais sós e o medo é que ergue o punho cada vez com mais força.
Gostava de ver todos os professores levantarem a voz em conjunto nas suas escolas, com força e sem medo.
Seria uma grande manifestação de coragem e coerência.
Vamos a isso?
Janeiro 27, 2013 at 4:00 pm
# 49
“é bem preferível esse e todos os gestos públicos de descontentamento – e por isso políticos, desde logo – do que a paz cemiterial e podre do “grande consenso nacional” que o governo pretende para assistir à sua campanha de empobrecimento estrutural do país, e que “os privilegiados que vêm para a rua” tão desagradavelmente insistem em perturbar.”
Exatamente. Brilhantemente exposto. É assim que penso, da minha parte.
Janeiro 27, 2013 at 4:03 pm
Basta de lamúrias. Não sejam lamechas. O palco (ou o mercado?) está disponível para todos os actores. Tanto queixume, tanta inveja, tanta intriga. Os actores que já ajudaram a fazer tremer o poder, que façam! Mais e melhor! Os professores e a população portuguesa ficar-lhe-ão eternamente gratos. Ficamos à espera.
Nós ficamos expectantes, porque sinceramente não sabemos como se faz. Já quem sabe…
Janeiro 27, 2013 at 4:05 pm
#49,
Mas para isso teremos de criar uma grelha de actos públicos de descontentamento.
Por exemplo.. quantos “créditos” ir no meio do grupo e sentir-se corajos@ e quantos vale assumi-lo à vista de todos, em nome individual?
Janeiro 27, 2013 at 4:16 pm
#53
“Governo baixa salários na Função Pública
Cortes salariais temporários devem passar a definitivos”. (CM).
– É esta a “grelha” que nos preparam. Se os zecos se deixarem cair nela – com mais ou menos “créditos de luta” ou “coragem” que ostentem -, ficarão todos bem estorricados.
Janeiro 27, 2013 at 4:21 pm
#54,
Ficarás como já estás.
Ou pior.
Tens dúvidas?
Enquanto as coisas forem feitas como está previsto… tudo decorre como o previsto.
O “efeito surpresa” perdeu-se ao virar para 2009 e foi enterrado em 2010.
Janeiro 27, 2013 at 4:21 pm
# 53, estás a ser cínico, dear.
Quanto “vale”, então, fazer “ambas as duas” coisas? :p
Janeiro 27, 2013 at 4:23 pm
# 55 “O “efeito surpresa” perdeu-se ao virar para 2009 e foi enterrado em 2010.”
Aí também concordo, mas se a cada derrotada o Homem tivesse baixado os braços…
Janeiro 27, 2013 at 4:29 pm
#56,
Sim, darling… eu sei… mas queres apostar que eu ainda faço duas e há quem só faça meia?
#57,
Baixar os braços é uma coisa, seguir por outro caminho é outra.
Ao intervalo, a baliza que interessa muda de sítio.
Janeiro 27, 2013 at 4:36 pm
Sei sei… por isso mesmo falava 🙂
Janeiro 27, 2013 at 4:44 pm
vamos ao que interessa: estiveste por lá guinas? e o livresco??? a caneta já sabemos que está em todas…
Janeiro 27, 2013 at 4:49 pm
#55
Como deves saber, não tenho grandes ilusões sobre as iniciativas dos “lutadores oficiais”. Sei bem – por dentro… – que as grandes manifestações eclodiram sem o seu guião prévio.
Mas também sei que sempre é preferível iniciativas que mantenham vivo o sinal do decontentamento do que a acomodação mesmo que incomodada interiormente; isto é, que o desontentamento tenha uma expressão pública, polítca, e não apenas subjectiva, individual.
E também já reparei que este governo abana, mas abana mesmo, qundo a contestação é forte.
Tinha curiosidade em ver se eles se aguentavam com 100000 zecos na rua ou numa grevezinha de alguns dias…
Janeiro 27, 2013 at 4:53 pm
#60,
A ti, por especial favor e deferência para com as tuas pancadas porno, vais pacientemente para o spam.
Janeiro 27, 2013 at 4:53 pm
“Por mim, não me incomodo de negociar o meu contrato, prescindindo dos inestimáveis serviços negociais do Mário e do João, ex-professores e sindicalistas profissionais.”
Olhe que é isso mesmo que estão a implantar aos poucos. Não me parece que contratos individuais sejam bons. Fazem lembrar o trabalhar à jorna, o recibo verde e coisas semelhantes.
Janeiro 27, 2013 at 4:54 pm
“Os actores que já ajudaram a fazer tremer”
Devo ter falhados as notícias nesse dia. Ou ainda não era nascido.
Janeiro 27, 2013 at 4:56 pm
#63,
Sei disso e não estou a menorizar a negociação colectiva.
Só que há uns tempos, quer um, quer outro (ou o Proença, sinceramente já nem me lembro), encenaram umas ameaças do género… “só terão as vantagens das negociações os associados”.
Cansado de tantas vantagens, prefiro, a título individual, que a minha vida seja negociada pro mim.
Janeiro 27, 2013 at 5:04 pm
Não sou professora, mas estive lá (e não foi apenas como “mirone”)…
Pequeno apontamento:
– O discurso dos sindicatos, no caso específico, Fenprof e CGTP, está desactualizado, é enfadonho e redundante?
É. Lá isso é…Mas neste momento qualquer iniciativa minimamente organizada me parece válida como forma de demonstrar desacordo e indignação face às medidas que têm vindo a ser tomadas na área da educação, nomeadamente na Escola Pública, que muito prezo por razões que não vou aqui especificar.
Portanto, o mais importante neste momento é “não ficar no sofá” e participar. O exilado em Paris fez-me levantar do sofá e, pelos vistos, não me vou sentar tão depressa…
Janeiro 27, 2013 at 5:05 pm
«Prelados, e vós, padres, sentai-vos – disse-lhes. – Ciente da importância do ponto de disciplina que vos divide, desde a conferência que se realizou perto do nosso trono, não deixámos de implorar as luzes do alto. Na noite passada, à hora em que Brama se digna a comunicar com os homens que ama, tivemos uma visão; pareceu-nos ouvir a conversa de duas graves personagens, julgando uma ter dois narizes no meio do rosto e a outra dois buracos no cu; eis o que diziam. Foi a personagem com dois narizes a primeira a falar.
– Levar a toda a hora a mão ao traseiro, aí está um tique assaz ridículo…
– É verdade…
– Não consegue libertar-se dele?…
– Não mais que você dos seus dois narizes…»
Diderot – As jóias indiscretas.
Janeiro 27, 2013 at 5:28 pm
A todo o momento, o minúsculo e insignificante desejo de uma criança faz tremer qualquer poder. Isto não é comunicação. E quem nasce morto, nunca saberá ler este tipo de sinais.
Janeiro 27, 2013 at 6:48 pm
Aos colegas eternamente preocupados com os “sindicalistas profissionais”, convido a ver, a partir dos 8 minutos, a reportagem da SIC que incide sobre a minha colega Isaura Madeira, uma dirigente sindical do SPRC que é professora a tempo inteiro. Como aliás acontece com a esmagadora maioria dos dirigentes da Fenprof.
Os jovens que aparecem são também meus alunos e foi naquele autocarro que me desloquei a Lisboa à manifestação. Mas a câmara nunca me filmou de perto, pelo que não dá para “descobrir o Wally”…
Janeiro 27, 2013 at 6:53 pm
#69,
Sabes bem de quem estou a falar quando falo de “sindicalistas profissionais”.
Não atires para canto.
A verdade é que a tua colega teve essa oportunidade, ao fim de anos enquanto outros, ao fim de anos fora de uma sala de aula, falam pelos cotovelos e artelhos e ainda convidam quem não é professor para dizer parvoíces.
Lá por isso, no SPGL tb toda a gente (ou quase) dá aulas… mesmo que não seja a tempo inteiro (e bem que a um ou outro calharia bem darem todas…).
Janeiro 27, 2013 at 6:54 pm
O Mário e o João se fossem deixados a si mesmos numa escola desconhecida (chega uma eb23 de tamanho médio) saberiam sobreviver?
Janeiro 27, 2013 at 7:11 pm
Ena!
Amanhã vou saber quem é o António Duarte. 😉
A Isaura Madeira é, também, minha colega.
Ao contrário do António, eu entendo que se perdeu uma oportunidade rara de dar a conhecer a rotina de um professor, bem como a quantidade e qualidade de tarefas diferentes que é preciso realizar ao longo de um dia de trabalho. Explicar, por exemplo, que ao professor é exigido que “pique o ponto” a cada 45 ou 90 minutos; é exigido que se desloque entre escolas em carro próprio para cumprir o seu horário sem qualquer ajuda de custo; enfim… um cem número de aspectos que se perdeu a oportunidade de demonstrar.
Em nome de quê?
Pois bem… em nome da actividade sindical e da promoção da manif.
Foi pouco. Foi pena!
Janeiro 27, 2013 at 7:14 pm
À ESPERA DOS BÁRBAROS
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
Konstantinos Kaváfis
1911
Janeiro 27, 2013 at 8:53 pm
A solução hoje é fugir. E enquanto fugimos, na exaltação e na felicidade da fuga. inventar uma arma eficaz.