Andam por aí umas linhas de argumentação muito interessantes sobre os pedidos de análise da constitucionalidade do orçamento.
Como um qualquer valentim ou isaltino que sabe que fez o que fez, passam-se para truques de ordem formal ou para abordagens criativas para que a Justiça funcione como outra coisa.
São contra a judicialização da Política, mas favoráveis à politização da Justiça. Entre um Di Pietro e o Berlusconi estão, sem sombra de dúvida, do lado deste. Entre um Garzon e um Pinochet… até são capazes de invocar os direitos humanos em defesa do segundo.
Nem falo da questão do anacronismo da nossa Constituição por parte de quem apoia os princípios dos devotos republicanos que exaltam a Constituição Americana nos seus artigos originais e únicos do século XVIII. É sempre patético ver quem apoia aqueles que defendem a letra restrita de uma Constituição com mais de 200 anos criticar uma revista há menos de 25.
Falo daqueles que afirmam que qualquer decisão do TC é necessariamente política e não jurídica, porque tudo é político e o TC, no fundo, deve prolongar o artifício do ano passado, abdicar das suas funções e escancarar mais uma excepção, com base na contingência financeira, à maneira do §2 do nº 20 do artigo 8º da Constituição de 1933.
Ou seja, toda a gente tem direitos até que se decida que não têm.
O que estes analistas, que em outras matérias são muito legalistas e clamam pelos direitos adquiridos de certos interesses instalados, querem é que a maioria seja sacrificada em prol de minorias e que funcionários, aposentados ou desempregados paguem pelos erros de gestores incompetentes (no mínimo) e governantes ineptos (para não dizer bem pior).
Vamos lá ver se a coisa se explica de um modo que seja perceptível para adultos imbecis, menos capazes do que um aluno de 6º ano para perceber a separação de poderes:
- O poder judicial tem a obrigação de analisar a legalidade dos actos dos cidadãos (no caso do TC é dos próprios legisladores) à luz do enquadramento jurídico e constitucional existente.
- Aos políticos e aos governantes em particular cumpre encontrar soluções para os problemas existentes. Se não são capazes de ultrapassar as dificuldades gerando soluções alternativas que não sejam apenas mudar taxas de impostos e reduções salariais, demitam-se, não aceitem os cargos, ide à vossa vida. A política é isso mesmo… tentar resolver os problemas graves da vida da polis, dentro do quadro legal existente.
Aos juízes está atribuída a função judicial e a sua independência destina-se exactamente a não serem vulneráveis a pressões de secretários de estado adjuntos.
Querer agora fazer dos juízes submissos auxiliares de políticos ineptos, não sendo novidade, é apenas a admissão clara que sabem estar a torpedear a lei.
Janeiro 13, 2013 at 12:40 pm
fui…chegamos a um vale tudo…a um tempo em que não há soluções mas apenas uma solução não há caminhos mas unicamente um caminho…one road.. a road to perdition..fui..
Janeiro 13, 2013 at 12:42 pm
Janeiro 13, 2013 at 12:52 pm
Diz Paulo:
“O poder judicial tem a obrigação de analisar a legalidade dos actos dos cidadãos (no caso do TC é dos próprios legisladores) à luz do enquadramento jurídico e constitucional existente”.
Estará ele certo?
Não. Não está.
Vejamos,
“na apreciação que fará das normas do OE 2013 submetidas para fiscalização, o Tribunal Constitucional tem de atender não só à Constituição mas também ao Tratado Orçamental da União Europeia, com valor constitucional.
Este entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2013 — portanto é a primeira vez que o Tribunal Constitucional se debruçará sobre ele nas suas apreciações sobre os OE.
A questão ainda poderá suscitar mais polémica face ao primado do Direito da União Europeia.
Há juristas de renome, como é o caso do alemão Klaus-Dieter Borchardt ( com um ABC do Direito da União Europeia bastante completo, acessível on line), que defendem o primado do Direito da União Europeia sobre o próprio Direito Constitucional nacional, com base na jurisprudência do Tribunal de Justiça.
Ou seja, o Tribunal Constitucional poderá ter de avaliar os princípios da Constituição de Abril em submissão ao Tratado Orçamental.
Ora este define a chamada regra de ouro
O artigo 3º diz que os países signatários, caso de Portugal após ter ratificado o Tratado na Assembleia da República – com os votos do PSD, CDS e PS – têm de cumprir o défice de 0,5% do PIB.
O artigo 4º refere que um país com uma dívida pública superior a 60% do PIB fica sujeito a determinados procedimentos sancionatórios.
Como é possível Portugal caminhar para o cumprimento deste défice sem cortes profundos na estrutura da despesa pública, nomeadamente nas pensões?
Desta vez o Tribunal Constitucional vai precisar de muito mais imaginação para, estando vinculando ao cumprimento da regra de ouro, apresentar alternativas sólidas aos cortes do Governo, tal como fez no seu acórdão político sobre o OE 2012.”
http://expresso.sapo.pt/regra-de-ouro-trama-tribunal-constitucional=f777857
Estou certa que o Dr. Paulo vai resolver a questão ainda hoje ou não fosse ele capaz de redigir um Relatório para a (re)definição das funções do Estado (idêntico ao do FMI) em dois dias como por diversas vezes afirmou.
Janeiro 13, 2013 at 1:00 pm
Nova tese…
…os vendedores da soberania nacional, orgulham-se do facto e usam-nos como argumento.
Esquecimento: não é aos juízes que cumpre tomar decisões de natureza orçamental, mas aos políticos e aos assessores a que pagam subsídios.
No caso do MEC há alguns bem novinhos e que podem exercitar a imaginação.
Quanto à porcaria das 11 páginas do relatório do FMI sobre Educação, para mais com dados fornecidos e nem pesquisados, vamos reduzir a coisa para 1,5 dias.
Janeiro 13, 2013 at 1:08 pm
#4
Dr. Paulo
A situação do Nosso País não é compatível com devaneios.
V. Ex. tem obrigação de pensar um pouco sobre as postagens que aqui coloca, dadas as possíveis consequências em “mentes pouco informadas”.
Janeiro 13, 2013 at 1:12 pm
sim que a sua foi iluminada pela sua santidade o BORGES…
Janeiro 13, 2013 at 1:14 pm
#5,
“V Ex” só se aplica a gente de berço que more acima do Tejo, caro emílio ranhoso.
Janeiro 13, 2013 at 1:27 pm
A tese que o Pestanudo aqui invoca – do primado do Direito da União Europeia sobre o próprio Direito Constitucional nacional – é uma interpretação notoriamente de sentido maximalista, precisamente o sentido que convém aos alemães, ou não constituisse a actual “política europeia” apenas uma extensão da política alemã.
Que Pestanudo a invoque com tanta presteza só confirma o que tem sido a linha de orientação da actual maioria governativa: subordinação total, acéfala e serviçal, aos desígnios hegemónicos da senhora Merkel e dos seus cúmplices na UE, alinhando totalmente na cruzada moralista de punição aos calaceiros e irresponsáveis do Sul.
E que confirma também outra coisa: a visão baixamente instrumental que PC e seus acólitos têm da democracia: se ela convém aos seus interesses, muito bem; se não, não serve para nada e deve deixar-se de lado – e viva a plutocracia!
Janeiro 13, 2013 at 1:33 pm
Fora de post (OFF TOPIC também, portanto), ou talvez não:
http://margarida-alegria.blogspot.pt/2013/01/esta-noite-sonhei-com-edp.html
Janeiro 13, 2013 at 1:48 pm
#7
Dr. Paulo
V. Ex. anda muito agitado porque já interiorizou que, neste momento, o seu “poder de fogo” é diminuto. Estes seus poderes precognitivos são positivos porque lhe permitem perceber por antecipação o real significado da mudança de paradigma no Serviço Público de Educação.
Esta “ruptura paradigmática” está em pleno desenvolvimento e, por isso, V. Ex. quando redige as postagens deve ter sempre presente que aos interesses corporativos sobrepõem-se o Interesse Nacional.
“Abdicar” em função do Interesse Nacional é um imperativo.
Agora já vai entender melhor o que referi:
https://educar.wordpress.com/2013/01/12/opinioes-farpas-31/#comment-826530
Janeiro 13, 2013 at 2:03 pm
“O que estes analistas, que em outras matérias são muito legalistas e clamam pelos direitos adquiridos de certos interesses instalados, querem é que a maioria seja sacrificada em prol de minorias e que funcionários, aposentados ou desempregados paguem pelos erros de gestores incompetentes (no mínimo) e governantes ineptos (para não dizer bem pior).”
Estava a ler isto e dei por mim a lembrar-me da velha retórica salazarista:
“Temos obrigação de sacrificar tudo por todos: não devemos sacrificar-nos todos por alguns.”
Ou seja, o mesmo por outras palavras, pois já nesse tempo a lógica era a do “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”…
Janeiro 13, 2013 at 2:10 pm
#10
E o que é o “interesse nacional”?
O eurocrata de Bruxelas tornado ministro das finanças, o académico do Canadá, o turista de Copacabana, são representantes e defensores do interesse nacional?
Enterrar em bancos falidos dinheiro que terá de ser pago pelo contribuinte, desviar em benefício das clientelas do partido e do regime receitas públicas que deveriam financiar os serviços e os profissionais que efectivamente servem os cidadãos, é interesse nacional?
Janeiro 13, 2013 at 2:19 pm
a resposta a isso -interesse nacional ou nacionais- está e estará sempre aqui António..e tem mais de 30 anos..acrescente.se ao discurso os euros..
Janeiro 13, 2013 at 2:59 pm
(…)“mentes pouco informadas”!!??
#5:
És tão estúpida, mas, tão estúpida que até dá dó.
A vossa presença é a prova que estão ficar completamente entalados.
O engraçado é que vocês não tem consciência da vossa ignorância…
Janeiro 13, 2013 at 3:00 pm
têm
Janeiro 13, 2013 at 3:33 pm
enquanto a classe política tuga tiver imunidade e não responder criminalmente por danos ao país, não se si do marasmo.
Paulo, concordo 101% com o teu Texto, esta gente não sabe o que é a Pólis. a res publica mas adoram a tirania de Pisistrato e desejosos de serem seus filhos esquecem o destino que tiveram….
agora vou ali acima ver sa deliciosas comidinhas. mnhamammamama
Janeiro 13, 2013 at 3:38 pm
Há um bom texto, em contra-ponto (é muito importante, repito-o, mandar às urtigas o “pensamento único”) de Alberto Gonçalves no DN (http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2990551&seccao=Alberto%20Gon%E7alves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco) sobre as maravilhas de sermos constitucionalistas. Deixo aqui um excerto:
[…] “Aos portugueses, compete respeitar escrupulosamente a Constituição. Aos europeus do Norte, cabe-lhes desprezar as constituições deles a fim de nos sustentar a folia, perdão, o padrão de vida de que não abdicamos. É a solidariedade unilateral.” […]
Janeiro 13, 2013 at 3:45 pm
VINDO DE UM MENINO BETO NASCIDO EM BERÇO DE OIRO..TEM A SUA GRAÇA..ATENÇÃO ATÉ GOSTO DOS TEXTOS DO TIPO E ACHO UMA CERTA PIADA À SUA ESCRITA MAS POR VEZES RESVALA PARA PARVOEIRA …MAS ESCREVE BEM.. É CERTO…
Janeiro 13, 2013 at 4:45 pm
#3
Quer dizer que o OE 2013, como não permite cumprir nem um défice de 0,5 nem uma dívida de 60%…vai ser chumbado pelo TC. Certo?
Andassem suas finezas mais a pé.
Janeiro 13, 2013 at 5:43 pm
#12
Duarte, seu tonto, quem enterrou o dinheiro dos contribuintes num banco falido foram os seus amigos socialistas.
Estes, agora, emprestaram dinheiro, que é coisa bem diferente. E a um juro muito interessante.
Isto de misturar tudo é mesmo de comuna…